O homem contemporâneo tem demandado uma nova postura da inserção do psicológico na sociedade, necessitando desse profissional mais comprometimento ao contexto social, em que exige ao psicólogo uma prática mais reflexiva e um posicionamento ético e político. Esse estudo tem como objetivo refletir sobre o encontro do terapeuta e a pessoa que busca pelo Plantão Psicológico na procura de um serviço de urgência.

O Plantão Psicológico é uma modalidade inovadora na Clínica que veio contribuir uma prática adequada às demandas atuais, proporcionando em uma escuta e acolhimento à pessoa no momento da crise, sendo o psicólogo alguém disposto, presente e disponível como detentor do conhecimento.

O cuidado proporciona condições para o encontro com a alteridade estando o psicólogo clínico, se deparando com múltiplas alteridades na qual o profissional acaba minimizando o quadro clínico do paciente fechando em uma única prática ou teoria, definindo a clínica e sua relação com o outro adequando saberes que deveriam adequar habilidades práticas que funciona o conhecimento explícito como conhecimento tácito (REBOUÇA, 2010).

O plantonista no exercício de sua profissão deve ter uma conduta voltada para ética, responsabilidade, disponibilidade em atender as situações inesperadas emergenciais em um espaço caracterizado por uma escuta terapêutica sem julgamento de valores e preconceitos com atenção psicológica, paciência, concentração e esclarecer as informações acerca da situação em reflexão da dificuldade vivenciada (SILVA, 2020).

O Plantão Psicológico sofreu influência no modelo de Aconselhamento Psicológico por Carl Rogers que propôs mudanças tornando o cliente seu foco principal, compreendendo seu espaço criado para o acolhimento e a escuta do cliente que necessita de ajuda. No atendimento do plantão psicológico é relevante analisar o bem-estar físico, mental e social.

O Plantão Psicológico oferece ao cliente, ferramentas concisas para se depara com as situações conflituosas e possibilitando uma intervenção psicológica breve e focal diante de casos urgentes e emergentes. Sendo uma modalidade de atendimento clínico-psicológico emergencial possui novas demandas fazendo com que os profissionais repensem uma prática frente a busca de verdade que seja absoluta e inquestionável trazendo grandes transformações no meio científico (REBOUÇAS, 2010).

Segundo Doescher (2012), a subjetividade passa por condições de conhecimento e compreensão dos fenômenos humanos abrindo estrutura para novos paradigmas de conhecimento, pois o mundo contemporâneo provoca rupturas no ser humano levando a um sofrimento sem entorno, fazendo com que viva sem sentido, em um estado de agonia, que clama por transformar essa experiência em algo que lhe dê vontade de viver sem sofrimento.

Segundo Chaves (2017), a clínica comprometida com a emergência e a singularidade na obrigação de ousar, arriscar, inventar para atender a demanda da modernidade, que nos ensina novos caminhos que irão nos levar à revelação da condição humana. Após a procura do atendimento, a pessoa não precisa passar por uma triagem ou se submeter a uma entrevista, ela será atendida prontamente; algo diferente da psicoterapia que prevê um acompanhamento por um período longo, em que o cliente tem um número limitado de possibilidades para retorna a consulta, porém no plantão psicológico o paciente fica livre para escolher quando irá retorna.

A psicoterapia de emergência tem indicação ao tratamento da dor emocional intensa, em circunstâncias graves levando o indivíduo a enxergar suas necessidades e limitações conduzindo a uma reflexão e entendimento da realidade. A escuta qualificada que se relaciona com diversas maneiras e tipos de diálogos, na construção de vínculo terapêutico e acolhimento nas dificuldades, ou seja, permitindo identificar o sofrimento psíquico através da fala do indivíduo, valorizando a dor e as experiências relatadas (PAPARELLI, 2007).

REFERÊNCIAS

BORJA-SANTOS, Cecília. Abordagem centrada na pessoa-relação terapêutica e processo de mudança. Psilogos, v. 1, n. 2, p. 18-23, 2004.

CHAVES, Priscila Barros; HENRIQUES, Wilma Magaldi. Plantão Psicológico: de frente com o inesperado. Psicologia Argumento, v. 26, n. 53, 2017.

DOESCHER, Andréa Marques Leão; HENRIQUES, Wilma Magaldi. Plantão psicológico: Um encontro com o outro na urgência. Psicologia em Estudo, v. 17, p. 717-723, 2012.

FURIGO, Regina Célia Paganini Lourenço et al. Plantão psicológico: uma prática que se consolida. Boletim de Psicologia, v. 58, n. 129, p. 185-192, 2008.

MOREIRA, Virginia. Revisitando as fases da abordagem centrada na pessoa. Estudos de Psicologia (Campinas), v. 27, n. 4, p. 537-544, 2010.

PAPARELLI, Rosélia Bezerra; NOGUEIRA-MARTINS, Maria Cezira Fantini. Psicólogos em formação: vivências e demandas em plantão psicológico. Psicologia: ciência e profissão, v. 27, p. 64-79, 2007.

REBOUÇAS, Melina Séfora Souza; DUTRA, Elza. Plantão psicológico: uma prática clínica da contemporaneidade. Revista da Abordagem Gestáltica: Phenomenological Studies, v. 16, n. 1, p. 19-28, 2010.