A INFLUÊNCIA DA RELAÇÃO INTERPESSOAL NO ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO

Blunilde Brito Bernardo Brasil

 

RESUMO

Esta pesquisa teve por objetivos abordar a influências das relações interpessoais no atendimento educacional especializado, bem como investigar as contribuições que as relações interpessoais podem oferecer ao atendimento educacional especializado. Teve-se como metodologia pesquisa bibliográfica e de campo, da observação que tem como recursos: livros, sites, trabalhos acadêmicos, visita e observações in loco. Procurou-se tratar pontos imprescindíveis para a compreensão do tema, como o conceito das relações interpessoais; o atendimento educacional especializado relacionando com as relações interpessoais; a influência das relações interpessoais no atendimento educacional especializado, enfatizando o envolvimento do aluno, família e escola neste processo. Obteve-se, como resultados, proposições com contribuições para as relações interpessoais dos professores dos alunos que tem deficiência e recebem atendimento educacional especializado, sendo sugeridas ações para o desenvolvimento de atividades assim como, mudanças de atitudes entre o professor da Sala de Recursos Multifuncionais e as partes envolvidas (família e diversos profissionais da escola) no processo do atendimento ao aluno, ou seja, família e escola.


Palavras chave: Relacionamento Interpessoal, Atendimento Educacional Especializado, Inclusão.

 

 

 

 

 

 

 

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¹- Aluna, Técnica Pedagógica, da SEMC. Graduada em Pedagogia, pela Universidade da Amazônia – UNAMA;  Especialista em Pedagogia Empresarial, pela faculdade FACI; e em Atendimento Educacional Especializado – AEE, pela faculdade FACIBRA.

 

INTRODUÇÃO

          

O presente artigo tem como tema “A influência das relações interpessoais no atendimento educacional especializado” que foi desenvolvido a partir de observações realizadas no cotidiano escolar, perceber que o clima organização agradável, depende das relações existentes entre os próprios profissionais, assim como dos alunos e seus familiares, o que é chamado de relações Interpessoais, infelizmente algumas escolas ainda não compreenderam sua importância e o que a mesma exerce sobre as pessoas, influenciando diretamente a produtividade dos colaboradores em suas atividades cotidianas.

O estudo teve como objetivo geral Investigar a importância da relação Interpessoal no e para o Atendimento Educacional Especializado-AEE. E objetivos específicos - Analisar as influências da Relação Interpessoal no Atendimento Educacional Especializado – AEE. - Identificar as diversas maneiras que a Relação Interpessoal pode contribuir para a atuação do professor do AEE.

Entretanto a partir das vivencias ainda é possível ouvir relatos de insatisfação, não salarial, mas, organizacional, funcionários insatisfeitos com o ambiente de trabalho, pois possivelmente tem dificuldades no relacionamento com os colegas, familiares do aluno ou ainda, com uma pessoa em específico, o que o deixa cabisbaixo, desmotivado e/ou desconfiado, sentimentos esses gerados a partir de uma relação pouco saudável no ambiente de trabalho. Infelizmente, casos deste tipo são comuns de serem encontrados, uma vez que lidamos com pessoas diferentes umas das outras, que têm histórias, culturas, valores, crenças distintas, e com interesses diversos.

E, ao direcionar à educação especial estas diversidades se multiplicam, tanto nas perspectivas educacionais quanto familiares, aumentando as dificuldades encontradas pela escola, família, e pelo aluno. Cabendo, muitas vezes, ao professor do Atendimento Educacional Especializado – AEE buscar caminhos para possíveis superações.

No entanto considera-se que, ser proativo, dinâmico e sensível às necessidades do aluno, deve ser suas características do professor do AEE.  E, encontrar meios para ajudar o aluno que atende depende, muitas vezes, das relações que mesmo tem com os demais funcionários e familiares.

Mediante as circunstancias, surgiram algumas indagações sobre a influência das relações interpessoais no Atendimento Educacional Especializado, bem como, de que maneiras que essas relações podem contribuir na atuação do professor do AEE. Desta forma, neste artigo abordarei o significado das Relações Interpessoais, o aluno e a família no atendimento educacional especializado, A escola e o Atendimento Educacional especializado, Relações interpessoais e suas contribuições para atuação do professor no atendimento educacional especializado com inclusão. E, para elaboração deste artigo utilizou-se como metodologia leituras, interpretações e produções de texto, como também observações constante durante os assessoramentos aos professores das escolas e das Salas de Recursos Multifuncionais-SRM.

RELAÇÃO INTERPESSOAL

Relacionamento interpessoal hoje é um dos temas mais abordados no cotidiano escolar e não escolar, pois atuamos diariamente com diversas pessoas, entre colegas de trabalho, alunos, familiares e sociedade como um todo. E percebi a necessidade cada vez mais desenvolver esta competência. O que Moscovici (2011) ratifica quando diz que “Pessoas convivem e trabalham com pessoas e portam-se como pessoas, isto é, reagem às outras pessoas com as quais entram em contato” (p 66).

Assim, percebe-se que o ser humano é movido não apenas pela razão, porém, por tudo que está ao se redor, e principalmente pelo que sente e percebe. Então, a partir do instante que a pessoa sente estar em um ambiente apropriado e confiável tenderá a produzir mais e melhor, uma vez que estará a vontade para isso.

A partir da compreensão da importância das relações humanas é possível perceber que melhores resultados poderão ser alcançados no desenvolvimento das atividades do cotidiano seja na vida diária, ou nas atividades profissionais.

Desta forma, passei a questionar de que forma essa relação interpessoal pode influenciar no desempenho das atividades pessoais e profissionais? Uma vez que somos cognitivamente capazes de distinguir o que é bom do ruim. Todavia, para melhor compreendermos Antunes conceitua Relacionamento Interpessoal como sendo:

O conjunto de procedimentos que facilitando a comunicação e as linguagens estabelece laços sólidos nas relações humanas. É uma linha de ação que visa, sobre bases emocionais e psicopedagógicas, criar um ciclo favorável à empresa e garantir através de uma visão sistêmica a integração de todo pessoal envolvido por meio de uma colaboração confiante e pertinente. (ANTUNES 2007, p 9)

Portanto, esta relação gira ao redor as ações do próprio ser humano, sendo positivas haverá uma relação positiva e construtiva, porém se as atitudes forem negativas, consequentemente esta relação será negativa e carregada de frustrações.

Antunes ainda destaca que “cada pessoa é, e sempre será um verdadeiro universo de individualidade, suas ações e pensamentos constituindo paradigmas únicos” (2007, p. 09). Ratificando desta forma, a individualidade e maneira de ser de cada pessoa, a qual traz consigo além da carga genética, há também sua cultura, hábitos e visão de mundo diferente uns dos outros.

Esta individualidade além de enriquecer a diversidade tão importante na realização das atividades do cotidiano, também dificulta a comunicação interpessoal e com ela todo esquema de relações humanas que envolvem o segredo do conviver, uma vez que a não compreensão do pensamento do outro interfere e prejudica tal relação.

Para ratificar o pensamento de Antunes, pode-se analisar o ponto de vista de Carvalho, uma vez que para ela “os seres humanos são essencialmente seres sociais, instintivamente motivados por uma necessidade de se relacionar” (2009, p18), confirmando desta forma, que todos precisam uns dos outros para a própria sobrevivência da espécie humana.

A habilidade de lidar com situações interpessoais engloba várias outras habilidades, como: flexibilidades perceptivas e comportamentais, que significa procurar observar por vários ângulos ou aspectos da mesma situação e atuar de forma diferenciada, não rotineira, experimentando novas condutas percebidas como alternativas de ação.

Concomitantemente é desenvolvida a capacidade criativa para soluções ou propostas menos convencionais, obtendo resultados duplamente compensadores: da resolução dos problemas e da autorrealização, pelo ato de criar, o que é gratificante. Outras habilidades consistem em dar e receber feedback, sem o qual não se constrói relacionamentos humanos autênticos.

Outro ponto da competência interpessoal se refere ao relacionamento em si e compreende a dimensão emocional-afetiva, predominantemente. O equilíbrio entre cognitivo e emocional devem existir. Portanto, competência interpessoal é o resultante de situações interpessoais e de habilidades especificas comportamentais, que conduzem a um relacionamento duradouro e satisfatório para as partes envolvidas. Para Prette e Prette (2007, p. 32): “As relações interpessoais devem levar em conta a tríade pensamento, sentimento e comportamento, independente de estes se apresentarem de forma coerente no desenvolvimento do individuo...”

Desta forma, pode-se dizer que uma pessoa é coerente quando seus pensamento e sentimentos se refletem em suas ações e interações com os demais.

Também é possível atribuir outras competências a relação interpessoais, tais como: a manutenção ou melhora da autoestima, da qualidade da relação; maior equilíbrio de ganhos e perdas entre os parceiros da interação; bem como o respeito e ampliação dos direitos e deveres de forma ampla. A manutenção ou melhoria da qualidade das relações interpessoais também é um indicador de competência social.

Desta forma, afirmamos que as relações interpessoais são importantes não apenas para o desenvolvimento das tarefas profissionais, mas também na relação na sociedade e familiar. Uma vez que aprendida e desenvolvida pode e dever ser praticada em todos os momentos da vida.

Para Moscovici (2011, p.72), “competência interpessoal é a habilidade de lidar eficazmente com as relações interpessoais, de lidar com outras pessoas de forma adequada às necessidades de cada uma”. Certamente não é simples o desenvolvimento desta competência, porém é algo que deve ser trabalhado e valorizado a cada dia.

As probabilidades de aprender e transferir a aprendizagem sobre competência interpessoal aumenta quando o individuo consegue desenvolver autoconscientização e aceitação para produzir informações com o mínimo de distorção, quando passa a aceitar e confiar mais nos outros, dando e recebendo feedback útil.

Portanto, “competência interpessoal não é, pois, um dom ou talento inato da personalidade, e sim uma capacidade que se pode desenvolver por meio de treinamento próprio” (MOSCOVICI, 2011, p. 78). Sendo assim, o diferencial entre os que desenvolvem esta competência e os que não conseguem, é a disposição, o querer e o fazer.

Neste olhar de querer fazer, é que abordarei a seguir sobre o atendimento educacional especializado e as relações interpessoais, uma vez que ambos estão diretamente ligados e dependentes um do outro.

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO E AS RALAÇÕES INTERPESSOAIS

A educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas da educação, “sendo assegurado aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação”, conforme a LDBEN (2014) o atendimento educacional especializado.

“O atendimento educacional especializado-AEE deve integrar a proposta pedagógica da escola” (decreto, 7611/11), o qual tem o papel fundamental de transformação da escola comum, para que a mesma atenda a todos com qualidade, auxiliando no rompimento das barreiras impostas culturalmente, pela escola comum. Para isso, o atendimento educacional especializado deve se fundamentar nas habilidades e competências do aluno, considerando sua condição específica para realizar determinadas tarefas.

O professor do AEE terá o dever de conhecer a realidade do aluno a ele encaminhado, suas histórias de vida, suas preferências, limitações, dificuldades, e isso significará conversar com a família, com o professor da Sala Regular, coordenação da escola, com a comunidade escolar, para que então possa ser planejado um trabalho para desenvolver as potencialidades destes alunos.

O primeiro passo é procurar saber o que o aluno com deficiência já sabe e quais são as possibilidades que ele tem de aumentar esses conhecimentos, por isto é importante descobrir como tem sido a experiência da criança, pesquisando seu histórico escolar e trocando informações com os pais e os professores das séries anteriores. (CAMPBELL, 2009)

Todavia, para que esse professor possa obter informações satisfatórias, é importante que consiga conversar com os que são necessários, sabendo ouvir, respeitando e valorizando a cada um dos envolvidos neste processo, visto que geralmente, os mesmos já se encontram cansados pela lida diária.

 O saber lhe dar com outro é de fundamental importância, para que o trabalho possa ser desenvolvido com eficácia. “É preciso se dispor a conhecer cada um deles para auxiliá-los” (Chalita 2004, p 139). Para isso o professor do Atendimento Educacional Especializado tem grandes desafios, os quais se iniciam no próprio momento de matrícula das crianças na escola, visto que em muitos casos a família desconhece a deficiência de seus filhos e/ou escondem esta informação com o receio dos mesmos não terem o direito da educação garantido. Este pensamento pode ser ratificado por Mantoan (2011, p 19), quando diz que “o AEE... pode ser o instrumento que leva a concretização do direito a educação”.

Assim, a partir da compreensão da importância das relações humanas é possível perceber que melhores resultados poderão ser alcançados no desenvolvimento do trabalho do professor, como também das potencialidades do aluno. Cumprindo desta forma o que o decreto nº 7611/11 traz em seu art. 2º: Trata dos serviços especializados com o intuito de eliminar as barreiras para que as pessoas com deficiência tenha m melhor qualidade de vida e mais acessibilidades em seus estudos.

Esta garantia parte das relações, a qual na maioria dos professores ainda ocorre de maneira simplória, sem a percepção da importância que esta tem, uma vez que é a partir deste contato com a família, professores, comunidade que o professor do AEE poderá planejar e desenvolver os atendimentos adequadamente. Integrando “a proposta da escola e envolvendo a participação da família para garantir pleno acesso e participação dos estudantes (decreto nº7611/11)” público alvo da educação especial.

Portanto, a seguir abordarei sobre a forma que as relações interpessoais podem influenciar no Atendimento Educacional Especializado.

A INFLUÊNCIA DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS NO ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO

O relacionamento interpessoal é, sem sombra de dúvida, um dos fatores que influenciam no dia-a-dia e no desempenho de um grupo, seja de trabalho ou de amigos, cujo resultado depende de parcerias para obter melhores frutos.

No Atendimento Educaional Especializado, isto não é diferente, para que o professor possa atingir os objetivos propostos a cada aluno, se faz necessario ter boa relação interpessoal com todos os envolvidos no processo. Para Moscovici (2011, p 69):

As interçãoes interpessoais desenvolvem-se em decorrencia do processo de interação. À medida que as atividades e interações prosseguem, os sentimentos despertados podem ser diferentes dos indicados inicialmente – inevitavelmente – os sentimentos influenciarão as interações e as proprias atividades.

Com isso, é possivel adimitir que a partir das interações uns com os outros, amadurecemos os sentimentos, aprendemos, conhecemos  e confiamos no outro. É este processo que também ocorre durante os atendimentos educacionais especializados, oferecidos nas salas de recursos multifucionais.

Para Relvas (2011, p 128) “o comportamento da pessoa é orientado em direção as conveniencias emocionais momentaneas”, o que torna claro que o ser humano é movido por seus próprios interesses e que alcançar um objetivo dependerá das relações mantidas ao longo de nossas experiencias, pessoais e/ou profissionais. Tal relação pode ser aplicada ao atendimento educacional especializado, no qual tanto professor quanto aluno estão envolvidos em um mesmo propósito, o de desenvolver habilidades e competências.

E neste processo estão presentes o aluno, a família e escola, portanto, este profissional deverá envolver as três partes nesta ação, já que o AEE complementa a formação do aluno, não substituindo a sala regular de ensino. Conforme decreto nº 7611/11, em seu art. 2º §1º, I –“complementar à formação dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, como apoio permanente e limitado no tempo e na frequência dos estudantes às salas de recursos multifuncionais”.

Portanto, o envolvimento não apenas do aluno, como também da família e da escola como um todo, nos atendimentos educacionais especializados, assegura o bom atendimento do mesmo pela Sala de Recurso Multifuncional da qual faz parte.

Sendo assim, tratarei brevemente sobre a influência das relações interpessoais entre aluno e Atendimento Educacional Especializado.

 

O ALUNO, A FAMÍLIA E O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO

       Convém elencar como fator de grande relevância o envolvimento da família e do  aluno numa relação de afetividade e acolhida pela escola em especifico no AEE, considerando que o aluno, em sua própria especificidade é fonte de observação, para que suas potencialidades possam ser desenvolvidas, desta forma, seja a deficiência, transtorno e/ou síndrome, incitará à pesquisa, à inovação, à mudanças de atitudes, durante os atendimentos no AEE. Para isso, o professor precisará conquistar a confiança deste discente juntamente com a família.

 No entanto a criança deseja ser amada, aceita, acolhida e ouvida para que possa se sentir confiante, essa proximidade afetiva propicia a interação com os objetos e a construção de conhecimento altamente envolvente e significativo. Desta forma, considerar o conhecimento que a criança traz de suas experiências é fundamental para que esta integração ocorra da melhor forma. Para Porto (2011, p 26): “A interação envolve também a afetividade, a emoção como elemento básico e essencial... Onde certos padrões afetivos se desenvolvem, fornece o substrato para a ocorrência de transformações no comportamento da criança”.

 Entende-se a partir dessas considerações que é na busca desta relação que o professor da Sala de Recursos Multifuncional – SRM fundamentará suas ações, planejando seus atendimentos de maneira individual, considerando suas especificações, valorizando e respeitando este aluno.

Conforme a resolução nº 04/09, são atribuições do professor do Atendimento Educacional Especializado, em seus incisos...

I – identificar, elaborar, produzir e organizar serviços recursos pedagógicos, de acessibilidade e estratégias considerando as necessidades específicas dos alunos público alvo da Educação Especial;

II – Elaborar e executar plano de Atendimento Educacional Especializado, avaliando a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade;

III – Organizar o tipo e o número de atendimento aos alunos na sala de recursos multifuncionais.

            Desta forma, é possível afirmar que o professor de recursos é importante, pois ele traz o conhecimento sobre a deficiência da criança atuando como o facilitador da inclusão, ajudando o aluno a interagir com o meio.

            Todavia, o professor da Sala de Recursos não pode trabalhar isoladamente, com já abordamos anteriormente, por esta razão, a seguir trataremos da influencia que as relações interpessoais causa entre a família dos alunos atendidos e o próprio AEE.

A família é imprescindível neste Atendimento Especializado, uma vez que é a referência do aluno, a base de todo conhecimento, é quem acompanha e compreende essa criança/jovem desde o nascimento, conhece sua história de vida, seus costumes, manias, gostos e desgostos. E esta relação deve ser respeitada e valorizada pelo professor do AEE, já é quem poderá auxiliar no decorrer dos meses. Para Chalita (2004, p17) “qualquer projeto educacional sério depende da participação familiar, em alguns momentos, apenas do incentivo e em outros, de uma participação efetiva no aprendizado”. É esta participação que diferenciará o desenvolvimento deste aluno.

Contudo, muito que temos percebido é um trabalho com as famílias de forma intuitiva, “seguindo modelos implícitos e aprendidos muitas vezes pela própria experiência com alunos, pacientes ou usuários” (COLL 2004, P 337) é isto que deve ser modificado, pois, uma vez que esta família seja valorizada e tratada com o respeito de direito, todas as partes serão beneficiadas.

 No entanto a família desempenha um importante papel na formação da personalidade, na evolução mental e social da criança. Muitas representam apoio, compreensão e aceitação, garantem a individualidade e buscam a auto-realização de seus membros.

Ser pai e mãe na sociedade atual vem se tornando cada vez mais uma tarefa difícil e solitária. O mundo oferece oportunidades variadas para o crescimento e desenvolvimento das crianças. Entretanto, nunca tivemos tão inseguros quanto o futuro de nossos filhos e da melhor forma de educá-los. Especialmente para pais de crianças especiais, os quais precisam de maior atenção e compreensão.

Contudo, a maioria das famílias das crianças especiais está desgastada emocionalmente, cansada da lida diária, o que é confirmado por Chalita (2004, p 25), quando relata: “Eis à família a difícil tarefa. A convivência diária pode ser desgastante. É preciso criatividade, é preciso amor”.

E é com esta visão que o professor da Sala de Recursos, durante o Atendimento Educacional Especializado deve levar em conta, no momento que os pais e/ou responsáveis procurarem por orientações ou por uma simples conversa. Uma vez que esta responsabilidade quando repartida se torna mais leve e mais agradável.

Portanto, a eficaz relação interpessoal é imprescindível para o trato com as famílias, visto que são as mesmas o alicerce das crianças especiais. A seguir tratado sobre a influência da relação interpessoal entre a escola e o AEE.

 

A ESCOLA E O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO

O pilar da educação segundo Chalita (2004, p 230) “é a habilidade emocional, uma vez que não possível desenvolver a habilidade cognitiva e a social sem que a emocional seja trabalhada”. E ao visualizar a educação especial é difícil não relacionar tal habilidade, uma vez que lidamos com os anseios e fragilidade das famílias que confiam seus filhos às escolas que visa o atendimento de qualidade e igualitário.

Portanto, não podemos fingir que incluímos, é necessário fazê-lo. “A escola é um lugar de aprendizado, logo a criança se está na escola deve aprender” (Brito e Teixeira, 2011 p. 17). A importância da escola é incontestável, uma vez que este aluno faz parte do quadro de matriculados, sendo de sua inteira responsabilidade.

Para Relvas (2011, p 96) “o papel da escola é de resgatar o prazer de aprender, promovendo desafios, possibilitando a oportunidade de aprendizado, por meio da educação”. Sendo, portanto, um processo que se dá através do relacionamento e do afeto para que se possa frutificar.

A educação especial segundo Campbell deve se basear em “princípios, como a preservação da dignidade humana, busca de identidade e exercício da cidadania e tem como objetivo quebrar as barreiras que impedem a criança de exercer a sua cidadania” (2009, p.135). Incluir, portanto, significa aprender e promover a interação entre alunos de outro modo de compartilhar um mesmo todo.

Para alcançar esta escola inclusiva é necessário mudar a forma de ensinarmos, tornando mais atraente os conteúdos a serem ministrados, não só integrando a realidade, mas também transformando, aliando os interesses dos alunos, tornando prazeroso e mais efetivo o ato educativo.

Buscando mudança nas atitudes escolares é a LDBEN 9394/96 garante às escolas públicas o “atendimento educacional especializado, aos educandos com deficiência...” (2014, p. 10). Todavia, é importante que a escola regular institucionalize o Atendimento Educacional Especializado-AEE em seu Projeto Político Pedagógico prevendo sua organização, conforme orienta a resolução nº04/2009.

Sabe-se, porém, que AEE não substitui o ensino regular, conforme dito anteriormente. Desta forma, para Campbell (2009. P 139). “Incluir significa aprender, reorganizar grupos e classes, promover a interação entre alunos de um outro modo onde compartilhamos um mesmo todo”. Ratificando o pertencimento deste aluno ao grupo escolar.

É nesta perspectiva que a relação entre Sala de Recurso Multifuncional-SRM e Escola deve ocorrer. Com esta ação conhecer e se apropriar da realidade do discente se torna possível e fidedigna. Assim, professores, pessoal de apoio, coordenação e direção da escola e SRM podem desenvolver propostas para melhor atender os alunos especiais.

“Articular com os professores das salas de aula comum, visando a disponibilização dos serviços, recursos pedagógicos e de acessibilidades que promovam a participação dos alunos nas atividades escolares”, este é uma das atribuições do professor de atendimento educacional especializado, conforme a resolução nº 04/2009

Desta maneira, mais uma vez a relação saudável entre o professor da Sala de Recursos Multifuncionais e demais funcionários da escola se torna imprescindível para o sucesso dos atendimentos educacionais especializados oferecidos.

Visando este sucesso é que abordarei as contribuições que a Relação Interpessoal para o AEE.

 

RELAÇOES INTERPESSOAIS E SUAS CONTRIBUIÇOES PARA A ATUAÇÃO DO PROFESSOR NO ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO COM INCLUSÃO

A inclusão implica uma mudança de posturas, pensamentos, comportamentos educacionais e sociais, que geram uma reorganização das nossas práticas escolares ou não. Para Mantoan (2011, p 31) “os desafios que a inclusão empõe ao ensino regular é que mobilizam o professor a rever e a recriar suas práticas e atender as possibilidades trazidas pela escola”.

Todavia, nenhum processo de mudança é facil de acontecer, muitas vezes é algo sofrido e penoso, visto que será necessario abrir de pensamentos, ações e atitudes que se tinha como verdadeiro e absoluto.

Antes o professor era o detentor do saber, hoje, este mesmo profissional precisa saber observar seu aluno, conhecer suas preferencias, dificuldades e habilidades para então desenvolver seu trabalho com eficácia. “O respeito pelo aluno é elemento fundamental a ser obitido se se quer formar uma geração com capacidades simultanea de sonhar e executar” (CHALITA, 2004 p. 137).

Para formar futuras gerações criticas e humanas é importante que o professor considere a historia de vida de seus alunos, pois a mesma indica a potencialidade destes. Estas posturas cabem não apenas ao professor de sala regular que lida com várias crianças ao mesmo tempo, mas também e pricipalmente ao professor da Sala de Recursos Multifuncionais, durantes os Atendimentos Educacionais Especializados, os quais ocorrem individualmente e/ou em penos grupos, dependendo da necessidade do aluno atendido.

No atendimento educaional especializado, o desenvolver as habilidades funcionais e autonomias dos alunos priorizam em suas metas e objetivos, uma vez que o convivio em sociedade de maneira autonoma é imprescindivel ao ser humano, já a “habilidade soscial é a preparação para a convivencia em uma sociedade plural” (CHALITA, 2004 p. 212).

Portanto, aprender a conviver e a se relacionar com pessoas que possuem habilidades e competencias diferentes é condição necessária para o desenvolvimento de valores éticos, como a dignidade do ser humano, o respeito ao outro, a igualdade e a solidariedade. Sendo assim, é válido afirmar que a vida em sociedade é necessária e escencial, pois o homem não consegue se desenvolver sozinho. Tornando-se fundamental enfrentar a diversidade e conseguir costurar relacionamentos.

Para Maia (2011, p.18) “é exatamente a diferença a principal característica que iguala os homens”. São as diferenças que nos mostram o quanto temos a aprender uns com os outros. Com isso, se as diferenças são aceitas e tratadas em aberto, a comunicação flui facilmente, sem conflitos ou interpretações erroneas. Assim, o relacionamento interpessoal pode tornar-se e manter-se hamoniosamente e prazerosamente, permitindo um convivio em equipe com integração e esforços multuos.

Segundo Moscovici “Relações interpessoais e clima de grupo influenciam-se reciproca e circularmente, caracterizando um ambiente agradável e estimulante, ou desagradável e desestimulante”, conforme o tipo de comunicação existente no grupo.

O relacionamento interpessoal é, sem dúvidas, um dos fatores que influenciam o cotidiano e o desempenho de um grupo, cujo resultado depende de parcerias para obter melhores ganhos.

Durante os atendimentos educacionais especializados, grandes dasafios surgem ao professor que o realiza, e dos principais é que este especialista atende a necessidades especiais diversas e precisa estar preparado para atender adequadademente e qualitativamente, nao apenas o aluno, mas como sua família, e os funcionários da escola em que o aluno está inserido, direcionando e orientando as ções dos mesmos, de forma segura e condizente a demanda apresentada.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a realização dos estudos concuiu-se que o relacionamento Interpesoal é um assunto abrangente e complexo de ser abordado, visto que está voltado a subjetividade de cada um. Porém, seu estudo e compreensão são de fundamental importância, pois se trata de uma competência que pode influenciar positiva ou negativamente em nossas vidas, seja no âmbito profissional ou pessoal e todos estamos sujeitos às suas consequências.

            Nesta perspectiva o presente estudo teve como um dos focos investigar a influencia das relações interpessoais no atendimento educacional especializado, por meio de leituras e observações realizadas durante alguns atendimentos, em salas de recursos inseridas nas escolas municipais de Belém, do distrito administrativo de Icoaraci – DAICO percebi que muitos professores das referidas salas ainda veem as relações interpessoais sem a importância devida, a qual se dá, em sua maioria, de maneira não intencional e, portanto, sem objetivadade, resumindo-se ao bate papo.

Ao pensar nas pessoas envolvidas no processo do Atendimento Educacional Especializado e suas potencialidades, nas situações relatadas no correr deste artigo, assim como nas possiveis melhorias que poderão ocorrer nos atendimentos às nossas crianças nas Salas de Recursos Multifuncionais, deixa-se como proposição que o profissional a esta função desenvolver possa:

- Constantemente ouvir atentamente os relatos realizados pelos alunos atendidos, pelas famílias e/ou responsáveis por estes alunos, e pela escola (professores, gestão, apoio);

- Analise as informações transmiticas durante os relatos;

- Observe atentamente as falas e comportamentos dos alunos, das familias e da escola;

- Busque conhecer o aluno atendido;

- Converse com os professores das Salas Regulares, para compreender a real necessidade do aluno;

- Acolha carinhosamente este aluno durante os atendimentos, bem como a familia deste;

- Importe-se verdadeiramente com o desenvolvimento do aluno;

- Planeje seus atendimentos de forma diferenciada e prazerosa a este aluno;

- Pesquise recursos apropriados a necessidade do aluno;

- Valorize aqueles que buscam por suas orientações;

- Oriente eficazmente os profissionais da escola em que o aluno está inserido, bem como a familia do mesmo;

- Avalie suas ações, falas, trabalho, posturas, reações.

- Seja humilde ao ser avaliado

- Promova encontros entre as familias dos alunos atendidos, elas têm muito em comum.

            Estas e outras sugestões podem ser aplicadas no cotidiano dos atendimentos, visando o resgate e a valorização do outro neste processo. Desta forma, acreditamos que os profisionais do Atendimento Educacional Especialzado pode utilizar as relações interpessais para garantir a eficacia de seu trabalho.

Desta forma, conclui-se que as Relações Interpessoais no Atendimento Educacional Especializado (AEE) ainda não são percebidas por muitos profissionais como uma ferramenta que sustenta e fortalece o desenvolvimento das potencialidades e habilidades dos alunos junto às famílias e escola, no AEE.

Sendo assim, é possível afirmar que os objetivos desta pesquisa forma alcançados, contudo, o tema proposto ainda permite pesquisas mais aprofundadas.

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