A INFLUÊNCIA DA PROGRAMAÇÃO TELEVISIVA NA FORMAÇÃO DAS CRIANÇAS
Publicado em 09 de julho de 2009 por Profº Raul Cuore
A INFLUÊNCIA DA PROGRAMAÇÃO
TELEVISIVA NA FORMAÇÃO DAS CRIANÇAS
Profº Raul Enrique
Cuore Cuore
RESUMO
Este trabalho trata da forma
como as emissoras de televisão influem no desenvolvimento das crianças e
pré-adolescentes através da programação, induzindo a comportamentos, crenças e
modismos presentes na sociedade, ou seja, valores de sexualidade e gênero.
Palavras-chave: Gênero;
Sexualidade; Televisão.
1 INTRODUÇÃO
Antes de
nada serão definidos gênero e sexualidade que conforme com as palavras de Louro
(1999):
“Gênero é a
construção social dos significados para as diferenças do sexo biológico, que
são pensadas a partir da oposição entre as masculinidades e feminilidades, e a
sexualidade se refere a uma serie de crenças, comportamentos, relações e
identidades socialmente construídas e historicamente modeladas que se
relacionam com o que Michel Foucault denominou “o corpo e seus prazeres””.
Deixando
claros esses conceitos é necessário destacar também que as emissoras de
televisão não só exibem programação nociva para as crianças. Existem, dentro
das grades, programas educativos e informativos, enfim, interessantes que
desenvolvem a curiosidade e enriquecem o conhecimento e com o intuito bem claro
de formar pessoas conscientes da sua responsabilidade dentro da sociedade da
qual fazem parte.
Porém, cabe
ressaltar que uma exposição exagerada das crianças e pré-adolescentes aos
diversos estímulos de ordem erótica, violenta e, as vezes, preconceituosa que freqüentemente
são exibidos na televisão pode resultar em conseqüências adversas ao
desenvolvimento integral dos meninos e meninas já que esse tipo de conteúdos
expostos no vídeo, remete-se aos aspectos físicos, em detrimento dos
componentes afetivos.
2 OS REFERENCIAIS DA PROGRAMAÇÃO TELEVISIVA INFANTIL
Dentre os
variados referenciais de sexualidade e gênero dentro da programação televisiva
podem-se enumerar alguns que possuem maior destaque:
a) Os programas infantis, na sua grande maioria, são
apresentados por mulheres, que basicamente se dedicam a atividades de pura
diversão e/ou entretenimento, as quais promovem jogos e competições de “meninos
contra meninas”, induzindo à percepção de que cuidar das crianças e entretê-las
seria uma tarefa essencialmente feminina, enquanto aos homens estariam
reservadas responsabilidades “mais nobres ou sérias”.
b) A imagem das apresentadoras é cuidadosamente
trabalhada, de modo que elas representem exemplos de beleza, sensualidade,
charme, elegância e sensibilidade. Estes atributos são tradicionalmente
associados ao papel feminino, e desta maneira mostra às meninas quais atitudes
e comportamentos deverão adotar quando se tornarem adultas.
c) Aos meninos o exemplo se dá por meio de atributos de
virilidade, força, liderança e coragem comumente referenciadas nos jogos,
competições e desenhos animados – principalmente as produções japonesas que tem
invadido o universo infantil nos últimos anos – e que reproduzem, em geral, a
idéia de que os problemas podem ser resolvidos através da força física. Em
geral, o referencial erótico é machista e preconceituoso, sendo que os
estereótipos sexuais ou de gênero são usados para “fazer rir”.
d) A maioria dos programas infantis na televisão
constituem veículos para a promoção de uma moralidade sexual mais tradicional,
que reproduz modelos de masculinidade e feminilidade baseados nos conceitos
atividade/passividade, liberdade/dependência, opressão/submissão.
Muito embora os
programas infantis na televisão não se constituam no único fator de
disseminação de estereótipos e preconceitos sexuais ou de gênero, eles
constituem um referencial poderoso para as crianças e pré-adolescentes comunicando-lhes
os costumes, tradições culturais, valores morais e éticos intermediando as
relações das crianças com a realidade social, através dos jogos, brincadeiras,
roupas, danças, canções, enfim uma infinidade de ícones.
Portanto, é
justificada a grande preocupação com que os pais e educadores vêem a questão da
exibição de determinada programação em horários considerados “de pico”, pois a
influência exercida por estes programas pode não ser tão benéfica como se
desejaria e, ao principio, as crianças e pré-adolescentes estariam em casa
nestes horários.
Sendo cada
vez mais comum os pais trabalharem fora de casa, a televisão vem se tornando a
única forma de entretenimento e companhia para os jovens. Como diz Simonetti
(1994), “Verifica-se que quase 80% das crianças e pré-adolescentes
telespectadores assíduos não têm a companhia da mãe ou do pai quando assistem a
TV. Este fato justifica o título de “babá eletrônica””.
3 CONCLUSÃO
Não se
pretende, com este trabalho, julgar, justificar e/ou condenar quaisquer
programas ou emissoras de televisão. A televisão, sem dúvida, vem contribuindo
para que se discuta, mais abertamente, sobre os mais diversos temas, antes
considerados tabus, como; sexualidade, violência, diferenças sociais, o que
torna este processo de debate por si só positivo.
Porém, assim
como ocorre na realidade social concreta, também nas emissoras de televisão
coexistem múltiplas éticas e diferentes moralidades, dando-se lugar a
diferentes interpretações. Esse pluralismo de idéias contribui para a formação
e a transformação da sociedade como um todo de uma forma positiva, mais às
vezes também de forma negativa.
Os conteúdos
de qualidade duvidosa e apelativa não somente são encontrados na programação
televisiva, é possível encontrá-los também em revistas, gibis, internet,
cinema, enfim na mídia em geral.
Cabe, então,
aos pais conjuntamente com os educadores dosar a exposição das crianças e
pré-adolescentes aos conteúdos impróprios para a sua faixa etária, assim como
diversificar as alternativas de entretenimento e cultura, e desta forma criar o
equilíbrio adequado para que o futuro homem ou mulher possa julgar o que é de boa e de má qualidade
conforme o bom senso.
4 REFERÊNCIAS
LOURO, G.L. Gênero,
Sexualidade e Educação: Uma perspectiva pós-estruturalista.
Petrópolis: Vozes, 1999.
SIMONETTI, C. Influência da
Mídia no Comportamento Infantil. São Paulo: Cortez, 1994.