A INDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL NA DÉCADA DE TRINTA E A EJA
Por ROSÂNGELA DIAS DA SILVA | 28/10/2016 | EducaçãoRESUMO:
O presente Artigo tem o objetivo de fazer um recorte histórico da Educação Brasileira, sobre o início da Industrialização no Brasil, na década de trinta e o relato significativo da alfabetização dos adultos, sendo este um dos propósitos a serem observados neste artigo, que é resultado de pesquisa bibliográfica. Ressaltando a importância de compreender como iniciou o processo de alfabetização no Brasil, a partir do surgimento das indústrias mudando o tipo de economia que antes era baseada na agricultura, e passou a ser industrializada, em decorrência da crise do Café de 1929. O que motivou a grande Depressão no mundo. Assim tornou-se necessário a Emigração de afro-descendentes, italianos e espanhois, que viviam nas áreas rurais como agricultores e que migraram para os grandes centros, destacando as suas culturas, as suas diversidades, e origens, que através da escolarização, deixaram de serem agricultores e tornaram-se operários de fábricas.
INTRODUÇÃO:
Começaremos um breve estudo sobre a repercurssão da Industrialização no Brasil, na década de trinta, e as influências para as classes populares oriundas das áreas rurais, visando o processo educativo, para que os mesmos pudessem ingressar nas novas formas de trabalho que era caracterizado pelo capitalismo: A reconstrução do país e a redemocratização educacional, foram formas de mudanças a partir da década de trinta. O Brasil não possuía mão de obra qualificada. Com essa reconstrução nacional o país criou uma nova história para estabelecer uma nova economia que se reciclou fortalecendo as suas tecnologias cada vez mais em todo o mundo. Na Década de trinta, o Movimento da Escola Nova tornou-se público com o lançamento, em 1932, do Manifesto dos Pioneiros, assinado por 26 educadores, entre eles, Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira. Esse documento sustentava, com razões e argumentos, a universalização da escola pública, laica , gratuita, como obrigação do Estado, a ser realizada através de um programa educacional dirigido a todos os “Estados Brasileiros”. O Manifesto dos Pioneiros, possivelmente redigido por Anísio Teixeira, apresentava como objetivo romper o caráter dualista e antidemocrático do ensino brasileiro – “ ensino profissional para as classes populares e ensino acadêmico para as classes dominantes”. 3
1 - A Historia da Educação: Primeira República e o Golpe de Getúlio Vargas
Percebe-se que a primeira República ou República Velha/Oligárquica/República dos Coronéis iniciou-se em 1889 e foi até 1930, marcada pelas classes dominantes da época, sempre prevalecendo os interesses dos latifundiários . Nesse momento, observase que a economia do país era voltado para agricultura e exportação do Café. A quebra da “Bolsa em Nova York”, em 1929, como revelação da crise do capitalismo internacional, provocou a do “café no Brasil”. Em decorrência desses fatos econômicos e históricos, surgiu a reação positiva interna, a da estimulação do desenvolvimento da economia industrial. Os anos de 30 vão demarcar com clareza o processo de mudanças estruturais na ordem política, econômica e social do Brasil. Os grupos que apoiaram Getúlio Vargas e o “Golpe de 1930” destituíram o presidente Washington Luiz e fizeram a opção pelo modelo do desenvolvimento fundamentado na industrialização em larga escala em substituição ao modo de produção agro-exportador. Finaliza, assim, a denominada Primeira República. A educação na década de trinta A ampliação dos três níveis de ensino (fundamental, secundário e superior) da rede escolar, inclusive com a proposta de melhor integração entre eles, deveu-se à expansão da indústria e do comércio, à diversificação das profissões técnicas e dos quadros burocráticos na administração e organização dos negócios (ARANHA, 2006, p. 246). 4 Com a industrialização houve a necessidade de criar escolas públicas, gratuita e obrigatórias, pois devido a expansão das indústrias, e dos grandes centros, precisou alfabetizar a classe popular, principalmente os migrantes rurais, que não tinham acesso aos códigos das escritas. Nesse momento, surgiu a classe média formada pelos “colarinhos brancos” que são representados pelas funções de gerentes, vendedores profissionais liberais assalariados etc. “Além disso, ainda hoje a escola procura o prumo entre as duas orientações da educação para o trabalho e a educação humanista, que têm configurado o dualismo escolar, responsável pela perpetuação da desigual repartição dos saberes”. (ARANHA, 2006, pag.245). A autora fala na intenção proposital da Organização Educacional Brasileira em ”preparar” a classe popular, desde a infância, de maneira muito singela, sem que as pessoas não percebam o controle que é feito através da mente e dos sentimentos, banalizando, direitos, que o indivíduo tem, e não reconhecendo como sujeito de direitos, que paga seus impostos, e que para desfrutar dos mesmos com qualidade, precisa pagar duas vezes, a primeira é em forma de imposto e a outra para ter realmente direitos nos serviços como por exemplos: segurança, saúde, escola etc... De acordo com Jorge Najjar Ex (Diretor da UFF da Faculdade de Educação ) no (V Congresso do Plano Municipal de Educação de São Gonçalo PME). “O Plano Nacional da Educação foi falado desde a década de 20, e há um crescimento educacional através de um processo histórico gradativo. A Educação Básica não era interesse para as elites. Na virada do século XX para XXI, 80% da população era analfabeta. No governo de Getúlio Vargas, na década de 30, surgiu o Manifesto dos Pioneiros” e a 1ª Proposta do PNE em 1934, e que foi extinta com a chegada do Estado Novo em 1937. Nesse momento iniciou uma ditadura.”
Percebe-se que o poder estava nas mãos dos executivos, e a característica principal desse período foi a centralização do poder com a chegada da industrialização que contribuiu para que as pessoas do campo migrassem para os grandes centros urbanos em busca de trabalho. Mas, infelizmente, a proposta de 1930 não se efetivou com a democratização do conhecimento, apenas ampliou um tipo de educação que adestrassem as pessoas e reproduzissem nas fábricas sem pensar ou ter senso crítico, na verdade o Estado criou uma forma de fortalecer o sistema econômico do país que é uma prática utilizada no sentido de explorar a mão de obra barata, das classes trabalhadoras visando lucros, e mantendo o sistema dualista no sistema capitalista.
2 - As tecnologias Africanas na Formação Brasileira
“A divulgação da história de nossas raízes, que sistematicamente nos foi negada ou manipulada de acordo com os interesses eurocentristas de quem a escrevia “ esquecendo” de narrar acontecimentos inteiros da presença e contribuição negro africana na formação do Brasil “(CUNHA, 2010, pg.5). “Percebo que a invisibilidade é um estigma na história do negro, caracterizando o preconceito racial, no sentido de querer desvalorizar as suas origens e culturas, apagando a real história de anos de escravização criminosa que contribuiu com o desenvolvimento do Brasil.” 6 “Os ciclos econômicos agrícolas são de produtos tropicais desconhecidos da Europa antes de 1400, e de grande expansão em amplas regiões africanas. As culturas da cana-de-açucar e do café são culturas de complexidade na sua base técnica, envolvendo diversos conhecimentos, quanto à escolha do solo, no plantio, tratamento de planta, colheita e processamento da África, através de obra africana”.(CUNHA, 2010, p.22). “Essa fala me recorda os meus avós, pois, eram filhos de imigrantes e ambos, trabalhadores rurais e analfabetos. O meu avô, Manoel Ângelo, filho da africana Maria Honória, que também era trabalhadora rural na plantação de café, e a minha avó Ovídia da Conceição Ângelo, filha da portuguesa Maria Rita”.