A INDISCIPLINA NO COTIDIANO ESCOLAR
Publicado em 31 de janeiro de 2017 por Leia Mazuchini Almeida
ALMEIDA, Léia Mazuchini.
1. INTRODUÇÃO
Existe uma grande complexidade envolta no tema que se pretende discutir neste trabalho. Ao mesmo tempo em que temos que lidar com essa realidade crescente, que é a indisciplina, tem que nos atentar para as suas possíveis causas e ver, em alguns momentos, que também somos culpados em expandi-la nos alunos. Certamente, o que acabo de anunciar nestas poucas linhas iniciais abala o leitor, deixa-o com sérias dúvidas sobre a verdadeira intenção que tem este compacto artigo. Mas acreditem. As respostas para a maioria das perguntas encontram-se em nós mesmos, assim como uma boa parcela de culpa pelos problemas ocorridos ao longo das nossas vidas pertence a nós.
A indisciplina nas escolas brasileiras é um fato. Alastrando-se em diferentes instituições e segmentos do ensino, a falta de limites, o desrespeito e as ocorrências de violência e vandalismo são queixas que se multiplicam entre pais, professores e gestores. Mas, afinal, de quem é o problema e como lidar com ele?
São vários os fatores que apontam para uma possível crise nas salas de aula das nossas escolas: professores estressados, alunos descrentes e desacreditados, ensino falido, violência física e psicológica, grande número de reprovação, evasão etc. Esses são fatores interligados entre si, ou seja, o aumento de um ocasiona o aumento do outro. Da mesma forma, ao conseguirmos a redução deste, estaremos também reduzindo aquele.
Se, por outro lado, a indisciplina fosse compreendida na sua complexidade, entendendo-se, em cada caso, a conjugação de fatores sociais, institucionais, pedagógicos, afetivos e relacionais, o desafio poderia ser enfrentado na parceria responsável entre famílias, escolas e poder público.
Assim, a disciplina deixaria de ser um requisito para a eficiência escolar, passando à meta do projeto pedagógico, tão legítima quanto ensinar conteúdos.
Enfrentar a indisciplina requer medidas conjugadas em diferentes planos de intervenção. Na esfera sociopolítica, cabe o investimento na valorização da vida, do trabalho, da educação e da escola.
A cooperação entre pais e educadores é, igualmente, indispensável para a reconfiguração da vida estudantil, pois a negociação de metas e linhas de conduta favorece a educação em valores e a conquista da postura crítica entre os alunos. Sob essa ótica, talvez, a questão possa ser respondida de modo mais efetivo: a indisciplina na escola é um problema de todos nós.