ALMEIDA, Léia Mazuchini.

1. INTRODUÇÃO

Existe uma grande complexidade envolta no tema que se pretende discutir neste trabalho. Ao mesmo tempo em que temos que lidar com essa realidade crescente, que é a indisciplina, tem que nos atentar para as suas possíveis causas e ver, em alguns momentos, que também somos culpados em expandi-la nos alunos. Certamente, o que acabo de anunciar nestas poucas linhas iniciais abala o leitor, deixa-o com sérias dúvidas sobre a verdadeira intenção que tem este compacto artigo. Mas acreditem. As respostas para a maioria das perguntas encontram-se em nós mesmos, assim como uma boa parcela de culpa pelos problemas ocorridos ao longo das nossas vidas pertence a nós.

A indisciplina nas escolas brasileiras é um fato. Alastrando-se em diferentes instituições e segmentos do ensino, a falta de limites, o desrespeito e as ocorrências de violência e vandalismo são queixas que se multiplicam entre pais, professores e gestores. Mas, afinal, de quem é o problema e como lidar com ele?

São vários os fatores que apontam para uma possível crise nas salas de aula das nossas escolas: professores estressados, alunos descrentes e desacreditados, ensino falido, violência física e psicológica, grande número de reprovação, evasão etc. Esses são fatores interligados entre si, ou seja, o aumento de um ocasiona o aumento do outro. Da mesma forma, ao conseguirmos a redução deste, estaremos também reduzindo aquele.

Se, por outro lado, a indisciplina fosse compreendida na sua complexidade, entendendo-se, em cada caso, a conjugação de fatores sociais, institucionais, pedagógicos, afetivos e relacionais, o desafio poderia ser enfrentado na parceria responsável entre famílias, escolas e poder público.

Assim, a disciplina deixaria de ser um requisito para a eficiência escolar, passando à meta do projeto pedagógico, tão legítima quanto ensinar conteúdos.

Enfrentar a indisciplina requer medidas conjugadas em diferentes planos de intervenção. Na esfera sociopolítica, cabe o investimento na valorização da vida, do trabalho, da educação e da escola.

A cooperação entre pais e educadores é, igualmente, indispensável para a reconfiguração da vida estudantil, pois a negociação de metas e linhas de conduta favorece a educação em valores e a conquista da postura crítica entre os alunos. Sob essa ótica, talvez, a questão possa ser respondida de modo mais efetivo: a indisciplina na escola é um problema de todos nós.