Educação a Distância

Curso: Pedagogia

Resumo

Considera-se que a complexidade que permeia as relações humanas ainda são partes essenciais na realização comportamental do indivíduo. A análise que se faz dos relacionamentos entre professor-aluno envolve interesse e intenções, sendo esta interação a parte essencial da construção do saber, pois se entende que a educação é uma das fontes primordial do desenvolvimento comportamental e agregação de valores nos membros da espécie humana. No entanto, o professor como mediador dessa construção deve estar sempre reavaliando sua concepção pedagógica. É preciso não limitar este estudo em relação ao comportamento do professor com resultados do aluno. Nessa linha de raciocínio, se faz necessário que o professor tenha uma concepção clara quanto à sua posição de não detentor do saber, deve antes, situar-se na posição de quem não sabe tudo. È despertar a curiosidade dos alunos, acompanhando suas ações no desenvolver das atividades, levando em conta a relação professor- aluno. Diante de tal contexto se realizou o trabalho com o propósito de refletir a questão da indisciplina do ponto de vista educacional, tendo como base de reflexão a concepção dos professores quanto a sua vivência em sala de aula. O estudo tem como eixo metodológico uma pesquisa teórica bibliográfica e de campo. Assim a pesquisa visa como resultado uma análise reflexiva através de vários autores que abordam o tema e, também a elaboração de um questionário contendo perguntas sucintas do ponto de vista do tema abordado para analisar a concepção da prática cotidiana dos professores envolvidos. Busca por meio da reflexão uma discussão que envolve aspectos de como se relacionar no âmbito escolar com os alunos para obter bons resultados de aprendizagem, dando-lhes autonomia, segurança, sem perder de vista a autoridade que o professor deve ter em sala de aula.

INTRODUÇÃO

A pretensão com o tema: A Indisciplina no contexto do ensino fundamental: anos iniciais se deu diante da necessidade e complexidade que o próprio tema se impõe no contexto escolar atual. Teve-se por objetivo refletir a questão da indisciplina do ponto de vista educacional, tendo como base de reflexão a concepção dos professores quanto a sua vivência em sala de aula.

É na relação amistosa entre professor e aluno que se inicia o clima de liberdade, pois o professor pode discordar do aluno, e vice-versa, mas cada um defende o direito de outro expor seu ponto de vista. Quando há liberdade, desenvolve-se um clima de respeito mútuo de valorização da pessoa do outro. Compreende-se que respeitando em seu direito de divergir, o indivíduo também considere necessário respeitar os demais e sua liberdade.

É preciso que esteja claro na concepção dos professores que os alunos não são inimigos ou adversários que cumpre derrotar, submeter a todo custo, controlar a ferro e fogo. Professores e alunos aliados, necessitando trabalharem juntos cooperativamente na concretização de um objetivo comum - conhecer e transformar o mundo.

É nessa linha de raciocínio que se procurou desenvolver o trabalho, levando em conta aspectos significativos, na busca da superação da indisciplina em sala de aula.

 A problemática norteadora desta pesquisa parte da necessidade de buscar respostas à questão: "Por que ocorre o processo de indisciplina n os anos iniciais do Ensino Fundamental?"

Os objetivos específicos deram conta de:

  • Conhecer a questão da indisciplina do ponto de vista prático;
  • Saber a concepção dos professores quanto à indisciplina na sala de aula;
  • Construir um conceito mais aprofundado quanto à indisciplina, para melhorar a prática em sala de aula;

A pesquisa foi realizada com professores do Ensino Fundamental nas escolas urbanas do município de Sorriso – MT. Todos os profissionais são graduados em pedagogia, sendo que a maioria deles pós-graduados em áreas afins.

 O trabalho está dividido em três partes; Desenvolvimento, Análise e Discussões e Considerações Finais.

No primeiro momento da fundamentação se faz uma abordagem sobre a relação professor-aluno no processo de ensino aprendizagem. Procura-se fazer uma reflexão na qual a relação professor aluno depende fundamentalmente do olhar do professor na relação empática, na capacidade de ouvir, de refletir e compreender os alunos. Para dar suporte às reflexões apropria-se das obras de Siqueira e Freire, Abreu e Massetto, Gadotti.

Envolveu-se no segundo momento a reflexão quanto a Indisciplina: questão social e familiar. Aborda a importância do papel da família no processo de construção da personalidade dos seus filhos, tendo a escola como complemento moral do que é vivido no meio familiar. Em busca fundamentação pesquisou-se autores como Aquino, Tiba e Peredes e outros.

Envolve-se, num terceiro momento, o tema Visão vygoskiana na relação professor aluno, onde essa relação não deve pautar numa relação de imposição, mas sim numa relação de cooperação, de respeito e reciprocidade.

No quarto momento, se faz uma reflexão quanto o pensamento piagetiano no que diz respeito também à relação professor aluno numa visão de que a construção do conhecimento se deve dar através do diálogo, do debate e discussões entre iguais.

No quinto e último momento do desenvolvimento trás uma discussão sobre o relacionamento professor-aluno em sala de aula. Pois, acredita-se que a relação amistosa entre professor-aluno no meio escolar é fundamental para o processo disciplinar e, sobretudo, o respeito, a trajetória de vida de cada aluno: com seus hábitos e diferenças são sempre valorizados. Fundamentou-se em autores como Piletti, , Snyders e Freire.

Na segunda parte, desenvolve-se a argumentação e discussão no qual se faz a análise dos dados observando que os professores entrevistados mostram-se preocupados quanto a indisciplina em sala de aula, sendo segundo eles, um problema que precisa ser mais bem discutido no âmbito escolar e familiar.

Na terceira parte apresentam-se as considerações finais, onde se conclui que os professores veem a indisciplina como falta de limites por parte dos pais, de concentração, de saber regras de convivência. Ao mesmo tempo, acreditam que através do diálogo, da participação ativa dos pais e comunidade é possível a superação de muitos problemas de ordem disciplinar em sala de aula.

CAPÍTULO I

  • RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

É no dia-a-dia, através da relação que o homem vive com seu meio seja ele físico ou social é que é definida sua personalidade, forma de pensar e ver o mundo. Assim sendo, a análise dos relacionamentos entre professor/aluno envolve vários fatores que se tornam expoentes para o desenvolvimento comportamental e agregação de valores para os alunos.

Neste sentido, o papel do professor é de introduzir os processos construtivos como mediadores para superar as limitações dos paradigmas vistos como ultrapassados ponto de vista social. Isto é, que não contribui para  formação de um sujeito que saiba pensar e refletir seu contexto real.

Partindo de uma visão voltada para o âmbito escolar é percebível que a relação estabelecida entre professores e alunos deva ser ponto essencial do processo pedagógico. Haja vista que é impossível desvincular a realidade escolar da realidade de mundo vivenciada pelos alunos. Aí, entra o papel do professor não entendido como o “dono” do saber, mas sim o mediador que levará o aluno a construir seu próprio saber. Segundo Gadotti (1999: p. 2) reforça tal premissa ao abordar que:

Para por em prática o diálogo, o educador não pode colocar-se na posição de ingênuo de quem pretende detentor de todo o saber; deve, antes, colocar-se na posição humilde de quem sabe que não sabe tudo, reconhecendo que o analfabeto não é um homem “perdido” fora da realidade, mas alguém que tem toda a experiência de vida e por isso também é portador de um saber.

A prática pedagógica do professor não deve somente ficar no campo do repasse de conhecimento através da absorção de informações, mas também pelo processo de construção da cidadania do aluno. Para que isso ocorra na prática far-se-á necessidade da conscientização do professor de que seu papel é de facilitador de aprendizagem, aberto às novas experiências, procurando compreender, numa relação empática, também os sentimentos e os problemas de seus alunos e tentar levá-los à auto realização.

O desenvolvimento do trabalho do professor em sala de aula, seu relacionamento diário com os alunos é expresso pela relação que ele tem com a sociedade e com a cultura. Abreu & Masetto (1990; p. 115), afirma que:

É o modo de agir do professor em sala de aula, mais do que suas características de personalidade que colabora para uma adequada aprendizagem dos alunos, fundamenta-se numa determinada concepção do papel do professor, que por sua vez reflete valores e padrões da sociedade.

As palavras de Paulo Freire (1996: p. 96) vem reforçar ainda mais o que pretendo demonstrar:

O bom professor é o que consegue, enquanto fala trazer o aluno até a. Intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas do seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas.

Apesar da importância da existência de afetividade, confiança, empatia e respeito entre professores e alunos para que se possa desenvolver a leitura, a escrita, a reflexão, a aprendizagem e a pesquisa autônoma são preciso que os professores se tenham com clareza os limites de seus sentimentos para que não interfiram no cumprimento de seu dever enquanto professores formadores de opiniões. Siqueira (2005: p.1) afirma que:

Os educadores não podem permitir que tais sentimentos interfiram no cumprimento ético de seu dever de professor. Assim, situações diferenciadas adotadas com um determinado aluno (como melhorar a nota deste, para que ele não fique para recuperação), apenas norteadas pelo fator amizade ou empatia, não deveriam fazer parte das atitudes de opiniões.

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