Para se entender um fato histórico deve-se compreender o contexto de sua época e os acontecimentos que o antecederam. Uma revolução, guerra ou revolta não acontecem sem motivos, por capricho. Fatos vão se acumulando até convergirem para um momento histórico. Momentos esses, muitas vezes representados por um nome ou liderança que é apenas um símbolo dos anseios de gerações inteiras de homens e mulheres anônimos que, aos poucos, vão fazendo a história. A independência do Brasil, comemorada em 7 de setembro de 1822, é um exemplo dessa dinâmica.

A rejeição ao absolutismo monárquico e ao colonialismo aumentava internacionalmente e dentro do Brasil. O crescimento do livre comércio induzia a um clima contrário às vantagens econômicas dos portugueses e ao excesso de impostos.

A transferência da Corte Portuguesa para o Brasil, em 1808, ocasionou a elevação do território à condição de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, proporcionando maiores relações comerciais e diplomáticas com nações estrangeiras, permitindo aos brasileiros uma autonomia política e econômica que até então não possuíam e da qual não permitiriam diminuição.

A independência não foi reconhecida imediatamente por todas as regiões do Brasil. Nas províncias do Grão-Pará, Maranhão, Piauí e principalmente na Bahia e Cisplatina (atual Uruguai), os governos locais permaneciam leais à Portugal. O processo de emancipação do Brasil não foi violento como o dos vizinhos da América espanhola ou a independência dos Estados Unidos da América, mas não quer dizer que tenha sido pacífico.

A chamada Guerra da Independência estendeu-se no Brasil de 1882 a 1824. Pode ser considerada uma guerra civil luso-brasileira, já que portugueses e brasileiros combateram em ambos os lados, defendendo seus interesses e convicções.

Militares e civis portugueses pegaram em armas para evitar a independência do Brasil, em lealdade à Coroa Portuguesa e ao rei D. João VI, enquanto outros portugueses perceberam como mais vantajoso unirem-se aos que defendiam a libertação, até mesmo porque o soberano do Império do Brasil pertencia à casa portuguesa dos Bragança. Havia ainda um reduzido número de brasileiros, geralmente ligados aos magistrados portugueses da alta cúpula da administração, que defendendo seus privilégios financeiros ou políticos eram solidários à Coroa Portuguesa.   

Esta guerra caracterizou-se por ameaças, combates com reduzido número de mortes e cercos às cidades onde os portugueses resistiram até se renderem devido à fome ou doenças. Além de um rápido confronto naval próximo a Salvador, apenas as batalhas de Pirajá (Bahia) e Jenipapo (Piauí) movimentaram grandes exércitos.

Favoreceu a independência do Brasil o fato de Portugal passar na época por uma divisão política, onde parte da população defendia o modelo vigente de monarquia constitucional, onde o rei tinha seus poderes limitados por uma Constituição redigida por representantes escolhidos pelo povo; outra parte defendia o retorno da monarquia absolutista, com os reis possuindo poderes ilimitados; e uma terceira corrente defendia a instauração de uma república em Portugal. Essa divisão gerava tensões internas que impediram o envio de tropas e navios para o Brasil.