A inconcebível jornada

Parte -01

No recôndito silencio do coração do sol central.
Na imutável luz que tudo ilumina sem mostrar a sua procedência, reverbera a consciência sonhos nunca sonhados no corpo efêmero da matéria e do espaço.
Uma brisa da eternidade premia mais um alvorecer para os que estão esperando desde sempre. Enquanto a hoste de anjos estelares viaja pelo infindável universo indo a cada ponto avisando a todos que tem ouvidos para ouvir para se manterem alerta para receberem a gota dourada do suor do criador que labutou dando forma à não forma.
Desde quando nada se via, ouvia ou sentia em todo o finito tempo.
Desde quando não existia nem o tempo, pelo qual se mede a eternidade, a própria existência do infinito e a efêmera vida dos homens.
Que o mesmo caminho é percorrido de diferentes formas, sendo a preferida a não forma, a forma do desconhecido alento.
Um fragmento de um grão de areia (um ponto) foi depositado no centro do nada sendo o emissário do inconcebível e, a jornada começou.
O peregrino dando volta pelo universo procura achar ainda hoje o grão original como prova de sua intenção.
No emaranhado de incontáveis sóis, na muda luz lá de um ponto qualquer os que estão esperando mastigam e devoram estrelas como que para tapar buracos negros dentro de si.
Já não sonham mais estão acordados para sempre fitando muito além do desconhecido.
Esperando com resignação o chamado vindo não se sabe de onde o que se sabe é que tudo está sendo vasculhado por aqueles estão ardendo por uma procura.
Enquanto trocam de vestes através da eternidade amadurecem o fruto na arvore da consciência.

Parte-02

Espíritos de pedra

Agora que um grão de areia governa a matéria e até o próprio espírito e as pedras tem mais consciência do sagrado que o homem. Tudo foi esquecido e as lembranças do agora estão enraizadas nas areias movediças da futilidade das mais primarias necessidades básicas.
O espírito embrutecido arrasta o corpo tal qual o rio arrasta dejetos indesejáveis ao longo de seu curso e às vezes é o corpo que arrasta o espírito em seu grande rio caudaloso e imtepestuoso.
Pouco importa a todos e a tudo, pois o futuro já está sendo desvelado e já esta ficando bem conhecido.
Enquanto zumbis marcham para a morte sonolenta, fazem parte desse esquema estranho ainda para muitos.
Seguindo um lema: seja como for, mas que seja rápido, pois nós todos vamos morrer de uma forma ou de outra.
Sem salvação, sem esperança, fé ou perseverança, indo de encontro com o inevitável. Desafiando cada momento a própria existência com angustia vingativa tirando proveito da vida apoiado no medo da própria morte.
Catapultado pela vontade de imperar e se impor, ser o melhor dos melhores neste vale de labirintos mortais, aprisionados por cadeias de enganos e vontades insaciáveis, perpetradas através do orgulho, egoísmo e cinismo, não se entregam jamais.
Agarram-se ao fictício Eu, ao torturador e mestre mor ego, aos milhares de desejos que incessantemente chicoteiam o cérebro e a mente ordenando satisfação imediata.
Fadados no fim a serem para sempre uma miragem num deserto de imagens esteríeis e irreais.
Mesmo sabendo de tudo isso finge que nada está acontecendo. E quem olha para o mundo pela primeira vez não sabe nunca o que pensar,
E é facilmente engolfado por vorazes seres ávidos por mais um momento de entretenimento macabro.
Quem olha dentro do olho de alguém não iria adivinhar nunca o esforço que ele faz para segurar o que passa dentro de si. A besta esfaimada preste a romper a carne e se lançar no espaço.
Ou talvez até desconfiasse até porque ele é farinha do mesmo saco, só que fazem o jogo bem conhecido entre de nós que é de não se revelar, ou melhor, não deixar passar o caos interno que arde internamente como que milhões de vulcões do inferno a rugir, um caldeirão inimaginável que contem todos os cataclismos interiores, de todos os deslizes que não conseguiu conter, de todos os não que deveria ser sim, todas as frustrações, desgostos pessoais que um dia fizeram diferença.
Mas olha! O sorriso idiota e amarelo continua no rosto.

Parte-03

A origem do ponto sem origem

Todo tempo é só uma fração de tempo dividida infinitamente na mente dos vivos.
E mesmo está fração de tempo implica na relação do que é ou não é real.
Como as nossas vidas estão intricsamente ligadas ao que se conhece dessa realidade, todos se moldaram a esta estrutura sem querer ao menos contestar.
Se conseguissem parar por uns segundos os seus insistentes diálogos internos perceberiam um espaço de silencio primordial que vem do fundo de suas almas.
Talvez percebessem que tal qual uma folha que bóia num límpido lago assim também algo indivisível em si mesmo flutua além do caos de seus pensamentos.
Se mergulha-se neste ponto descobriria que ele não está em algum lugar que seja e ao mesmo tempo abarca o que os olhos mais puro de alma consegue divisar.
Veriam que tudo não passa de um reflexo.
O que imaginavam que tinham como vida não passa de um reflexo condicionado vindo de seu próprio cérebro limitado.
O que achava que era a sua alma não era nada mais que um monte de conceitos pré - fabricados aprendidos através de outras gerações nas mesmas condições miseráreis de conhecimentos de si mesmos.
O que imaginava que fosse amor não passa de uma forma mesquinha e egoísta de idolatria a si próprio.
O que achava que era morte não passa de muitas idas e vindas ao jardim de infância para mais um aprendizado mais que necessário para a graduação de sua alma na escola do infinito.
Um milionésimo de segundo já basta. E quando retornasse já estaria plantado o germe que com o tempo fortaleceria as suas raízes e nem a dissolução de estrelas, nem a sua fatídica morte carnal importaria.
Percebe o que está acontecendo?
Mergulhar no ponto de origem é chegar aos ensolarados campos de sua própria unidade.
É encontrar finalmente depois de todos os percalços as chaves que lhe dará a liberdade de abrir e fechar todas as passagens entre os portais dos mundos espirituais.

Parte-04

O reflexo fragmentado da mente

Imerso no silencio do coração central.
A imutável luz ilumina as consciências.
Sonhado os sonhos o corpo fica efêmero.
Esperando desde sempre que a eternidade lhe premie com mais uma brisa.
Labutando o suor da forma enquanto viaja no universo criado pela gota de ouro.
O desconhecido é o caminho trilhado de diversas formas.
A jornada que começou do inconcebível centro do nada, para o centro de tudo.
O emissário é o peregrino dando voltas em si mesmo tentando achar o caminho através da eternidade.
Enquanto troca as veste os frutos podres caíram no solo infértil do Eu, o ego.
Deixando sementes nas areias movediças da ignorância material.
O espírito é o raio e o seu curso é a luz.
Enquanto o corpo é o volume e extensão do curso.
Acelerado para o inevitável, catapultado pela obrigatoriedade de existir.
Do eu vem a miragem do Eu sou, torturador e mestre da ilusão que se espelha na mente.
Jogado o jogo quem olha para o mundo é engolfado pela dor, do que é ou não é.
Só o real afirma existir.
Enquanto um vácuo flutua no límpido lago da alma.
No fundo o silencio aprisionado.
Mergulhe até o ponto divisor.
Verás que tudo não passa de um reflexo momentâneo fragmentado da mente.

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