Resumo: Este artigo traz uma reflexão sobre as diferentes percepções da inclusão escolar no ensino regular. Esta obra foi escrita a partir de uma pesquisa feita com as famílias, os monitores, os professores e as coordenadoras pedagógicas de cinco escolas de ensino fundamental no município de São Marcos, Rio Grande do sul. Diante da pesquisa realizada percebemos que existem diferentes formas de perceber a inclusão, essa forma de olhar aponta caminhos e opiniões diferentes em relação ao tema inclusão. Com esse trabalho notou-se nos grupos pesquisados que apesar de muitas opiniões divergentes, a maioria das pessoas entrevistadas percebe a inclusão como algo positivo e reconhecem o atendimento educacional especializado como instrumento importante e que dá suporte para quem trabalha nas instituições educacionais. Notou-se até mesmo um sentimento de “quero mais”, ou seja, desejam mais horários de atendimento no Atendimento Educacional Especializado, essa vontade foi expressa por um ou mais integrantes dos entrevistados e em todos os grupos pesquisados. Diante disso percebeu-se a potencialidade do atendimento Educacional Especializado, dentro das instituições. Palavras-chave: Atendimento educacional especializado. Inclusão escolar.

INTRODUÇÃO

Este trabalho é o resultado de uma pesquisa realizada em cinco escolas do município de São Marcos, Rio Grande do Sul, que possui na rede de ensino desde a Educação Infantil ao 9º ano do ensino fundamental. A escolha pelas escolas foi devido a todas de ensino fundamental possuir matriculados no ensino regular, alunos com diferentes tipos de deficiência. Em todas as escolas pesquisadas possuem um profissional monitor, em algumas mais que um, depende de quantos alunos necessitam desse acompanhamento, este profissional fica à disposição dos alunos com deficiência. Nessas escolas esse acompanhamento é exclusivo para alunos que possuem alguma limitação para higiene, alimentação ou locomoção, entretanto esses profissionais também auxiliam os alunos dentro da sala no seu processo de aprendizagem. Apesar da ser assegurada na constituição, desde 2015 que a Lei Nº 13.146 que trata da Inclusão da Pessoa com Deficiência, podemos classificar a inclusão ainda como algo complexo na sociedade atual. Percebemos isso quando olhamos a nossa volta e constatamos que até mesmo a acessibilidade arquitetônica ainda deixa muito a desejar, por isso nota-se que muitos lugares assim como muitas pessoas ainda não estão “preparados” para a inclusão de forma ampla e verdadeira. Diante do que está previsto na constituição partimos do pressuposto que também é necessário querer incluir, esse movimento precisa partir da instituição e também dos profissionais que nela atuam.

1. A NECESSIDADE DE QUERER INCLUIR

Segundo o dicionário Aurélio de modo rápido, inclusão significa ato ou efeito de incluir, entretanto sabemos que inclusão engloba muito mais do que simplesmente incluir. Em relação à inclusão, a sociedade caminha a passos lentos, entretanto nas escolas a inclusão acontece de forma mais efetiva, isso é visível quando tem-se um olhar mais atento a este espaço, apesar da inclusão ter um caminho longo a ser trilhado. Imagina-se em um futuro não tão distante possamos afirmar em alto e bom tom que temos uma sociedade realmente inclusiva. O caminho da inclusão perpassa pela instituição escolar, espaço importantíssimo na vida de qualquer pessoa, e mais ainda na vida da criança, ou adolescente com deficiência. É na escola que “plantamos ou podamos” a semente da inclusão, por isso é tão importante que a inclusão seja algo positivo para todos que convivem com essa realidade. Não basta plantar a semente da inclusão, é importante regar, acompanhar e “aparar” quando necessário. Para incluir é preciso enfrentar as diferenças, sair da zona de conforto, fazer com a pessoa que está sendo incluída se sinta parte integrante e atuante do meio em que se encontra, por isso neste contexto é fundamental que exista um “movimento” de ambas as partes, um movimento de querer incluir e de querer ser incluído, este sentimento não se “descola” da atitude que precisa existir para que a inclusão seja efetiva e saudável. Segundo Perrenoud (2001): “Para enfrentar as dificuldades de uma criança, muitas vezes é preciso sair dos caminhos conhecidos, distanciar-se do programa e da didática, para reconstruir suas noções básicas, incutir-lhe confiança, reconciliá-la com a escola. Às vezes, diferenciar é assumir riscos, afastar-se da norma, sem nenhuma certeza de ter razão e de chegar a resultados visíveis”. (p. 44) Quando Perrenoud fala em sair dos caminhos conhecidos, entendemos que o professor deve libertar-se das amarras contidas em um currículo que muitas vezes não contempla nem as crianças que não possuem deficiência, muito menos as que possuem alguma dificuldade de aprendizagem, seja ela devido a algum transtorno, síndrome ou deficiência. Segundo Peresson (2006) “A didática, se deseja ser transformadora, precisa assumir-se como um saber que assume a sua dimensão projetiva” ou seja, revisitar as práticas pedagógicas e com isso assumir e apontar as falhas, pois desta forma o ser humano enriquece e aprimora o seu conhecimento, ampliando as possibilidades de funcionamento. Assim como Peresson defende uma didática transformadora, Piaget também traz a ideia de uma educação transformadora, capaz de criar, inventar e criticar se necessário. “a principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe” (Piaget, 1982, p.246). Sabe-se que não existe receita pronta, a vida é um caminho de escolhas, e quando se trabalha com inclusão, percebe-se que neste caminho existem muitas “lacunas” que nem sempre estão bem delineadas. Todo o ser humano de uma forma geral em algum momento de sua vida já enfrentou ou vai enfrentar dificuldades. A pessoa com deficiência além das dificuldades de rotina, ainda precisa encarar a rejeição que muitas vezes aparecem em vários ambientes, diante disso é importante que a pessoa esteja preparada para enfrentar a vida também nas adversidades que aparecem ao longo da vida. O espaço da escola na maioria das vezes é a oportunidade da pessoa se libertar para viver e conviver em sociedade da melhor forma possível. Segundo Bueno (2001): “...a escola como espaço de convivência social, se torna um centro de referência pessoal que marca os sujeitos que por ali passam, pelo simples fato de estar nessa e não em qualquer outra, fruto de traços que a identificam, a tornam única: as oportunidades de convívio, as atividades das quais participam, as formas pelas quais “vivem” o cotidiano escolar”. (p.06) Concordamos com os pensadores que é fundamental possibilitar o aprendizado e a convivência social de todas as crianças, jovens e os adolescentes, sem deixar ninguém de fora dessa socialização. Diante disso percebemos a importância de saber como as pessoas que estão vivenciando essa realidade pensam sobre esse contexto, para isso realizamos a presente pesquisa que busca ver os quatro olhares da inclusão dentro da escola. [...]