A INCLUSÃO DOS ALUNOS SURDOS NO CONTEXTO ESCOLAR: As iniciativas da Escola Estadual Joanira Del Castillo de Santana-AP

 

Edilma de Carvalho Benicio

Alciani  Silva  Pacheco²

 

Resumo: Este artigo expõe diferentes posicionamentos de precursores pedagógicos com relação a inclusão do aluno surdo no contexto escolar, mas que convergem num mesmo pensar, que são as iniciativas de escolas que fazem a diferença na prática pedagógica escolar para que haja interação de alunos surdos e ouvintes, visando analisar os resultados desta interação refletindo na qualidade do ensino do país. Conforme as diversas bibliografias utilizadas neste trabalho verificou-se que as principais variáveis que dificultam a inclusão e obstaculizam o aprendizado do aluno surdo e que levam a decadência do processo de inclusão do aluno surdo, estão relacionadas a falta de intervenções feitas nas escolas para que o corpo docente e discente participem do processo de integração do aluno. DemonstrarSubsídios que nos levem e refletir como uma escola que trabalha para reduzir as barreiras educacionais e incluir surdos no ensino regular pode estar à frente na garantia do efetivo processo de ensino-aprendizagem, como Incentiva os professores a fazer cursos de capacitação para uma qualidade do trabalho executado e, por consequência, êxito na educação inclusiva, é intuito deste trabalho. A ausência destes subsídios constituem em obstáculos para uma educação emancipadora do aluno surdo, mas que pode ser revertido com exemplos de iniciativas de escolas que conseguiram resultados satisfatórios dependendo do esforço da equipe pedagógica em elevar a qualidade do ensino.

Palavras-chave: Inclusão. Práticas pedagógicas. Iniciativas

1 INTRODUÇÃO

Este artigo busca uma reflexão de como se dá a inclusão do aluno surdo no cotidiano escolar, tendo como exemplo a ser seguido, uma escola da rede pública do município de Santana-AP, a Escola Estadual Joanira Del Castillo, que tem a visão de incluir as pessoas com deficiência dentro do ensino regular, visto que, é um pressuposto básico da educação no Brasil. Alçaremos breve exposição de como se dá o processo de interlocução entre os alunos surdos e os funcionários, alunos ouvintes e todos os que fazem parte do contexto escolar e entender como funcionam as adaptações curriculares voltada para a questão e sobretudo, conhecer os projetos desenvolvidos para que o processo de inclusão tenha maior êxito.

No que se refere à inclusão dos surdos na escola, trazer à tona o conhecimento da língua brasileira de sinais - libras é o caminho para uma escola cidadã. Dentro dessa perspectiva, a pesquisa se dará em como a escola faz a sensibilização da comunidade escolar para inclusão de alunos surdos, como ela prepara o ambiente escolar e como capacita os professores, e ofertam esse aprendizado aos alunos para que a interação com o aluno surdo aconteça, bem dentre outros mecanismos, que tornam fácil o aprendizado dos alunos, viabilizando a comunicação em libras e a inclusão educacional de surdos. 

Diante disto, entende-se que a responsabilidade pela inclusão dos surdos é de toda sociedade, mas a escola desempenha um papel de protagonismo nessa tarefa. Foi o que pensou a coordenação pedagógica da escola Joanira, a qual já desempenha este projeto de inclusão desde 2015. Na visão de que Libras não é exclusividade dos surdos. Os ouvintes também devem ter o direito de conviver com os surdos e aprender sua primeira língua. E isso só se torna possível se todos trabalharem juntos para fortalecer a inclusão. O estudo tratará de analisar as possíveis as dificuldades que o aluno surdo enfrenta ao chegar em qualquer escolaregular e como esta escola que recebe este alunointervém para que a inclusão aconteça. E na reflexão de subsídios que serão possíveis respostas para diversas indagações que permeiam a prática pedagógica.

Em primeira instância, trataremos de expor as principais indagações que persistem no contexto escolar. Para início de assunto, é se uma escola, que recebe este aluno, dispõe de interprete de libras para que o aluno surdo possa acompanhar as aulas. Este fator, infelizmente, tem levado muitos pais a irem ao ministério público no estado do Amapá para que seu filho surdo tenha acompanhamento. A realidade se agrava pelo fato de não ter profissionais desta área no quadro efetivo tanto do governo do Estado, como do município, o que leva a uma deficiência e consequentemente um quebra do ensino e a dependência de contratos administrativos para professores interpretes.

Neste pensar, outra discussão é se os professores tem algum conhecimento básico de libras, para que na falta de interprete, o aluno não fique com uma lacuna de conhecimento curricular. Este fator está muito ligado a preocupação do professor em estar preocupado com o êxito de sua prática pedagógica, e também sobre o incentivo por parte dos gestores e equipe pedagógica de sensibilizar o professor a buscar conhecimentos.

Em concomitância a estas questões, existe a preocupação de que intervenções uma escola pode fazer para que os alunos ouvintes possam aprender libras para que haja a integração. Como a escola realiza formas de convivência entre alunos surdos e ouvintes, que tragam benefícios efetivos para ambos os grupo. Este subsidio tem a ver com o interesse da gestão em apoiar projetos dentro da escola para que esse aluno faça interação com alunos ouvintes e toda a comunidade escolar.

Em sequência, a preocupação se a escola dispõe de uma sala de recursos para atendimento a esses alunos em suas necessidades especiais para promover seu processo mínimo de aprendizagem e de integração. 

Diante de todas estes subsídios que podem elevar a qualidade do ensino fazendo a diferença no processo de aprendizado e inclusão do aluno surdo ou promover um grande retrocesso na emancipação desse aluno, pensamos que precisamos olhar os exemplos de intervenções pedagógicas realizados por escolas como a Escola Estadual Professora Joanira Del Castillo, e refletir sobre nossa prática pedagógica, para que se tenha sucesso na inclusão do surdo na escola regular, e estes exemplos podem ser um norte para a educação atinja este objetivo.

 

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A dificuldade que as escolas tem para se adequarem a inclusão do surdo na escola de ensino regular, desafio este que a qual a Escola Estadual Joanira Del Castillo tem superado mediante projetos desenvolvidos na escola, sendo um modelo a ser seguido no município de Santana. Os alunos surdos necessitam de métodos, recursos didáticos e equipamentos especiais para correção e desenvolvimento da fala e da linguagem, para que, assim, a inclusão possa ser integral, fluindo desde a estimulação essencial até os graus superiores de ensino, integrando a educação especial ao sistema educacional vigente que é o meio de formar cidadãos conscientes e participativos. A integração educativa deve partir, precisamente, da possibilidade que a sociedade fornece a cada indivíduo, de integrar-se nela com iguais direitos, mesmo com possibilidades diferentes, sustentadas em uma escola para todos, com igualdade em tudo; ou seja, para que a emancipação do indivíduo seja alcançada é necessário que haja a emancipação humana, como Marx e Engels (1976, p. 10) fazem referência: 

 

A emancipação dos indivíduos, sua libertação das condições opressoras só poderia se dar quando tal emancipação alcançasse todos os níveis, e, entre eles, o da consciência. Somente a educação, a ciência e a extensão do conhecimento, o desenvolvimento da razão, pode conseguir tal objetivo. 

 

Expor a maneira como esta escola estruture-se quanto aos recursos humanos, físicos e materiais para receber este aluno, e como intervém para que todos tenham o conhecimento da sua forma de comunicação; como ela garante a complementação curricular sem sala de recursos, professores itinerantes ou intérprete de libras; como se dá o trabalho sistemático, mediante projetos na escola que oportunizam os alunos a conhecerem libras para que haja a interação do aluno surdo com os alunos ouvintes, bem como a participação da família no processo educacional; como ela faz a mediação para incentivar a construção do conhecimento através da interação com ele e com os colegas, enfim,todas estas discussões são de suma importância para o sistema educacional ter como exemplo estas práticas pedagógicas para se obterem resultado satisfatório no que tange a inclusão.

Decorrente de toda a problemática que norteia a inclusão do surdo, dentre eles, a falta de conhecimento de libras tende a gerar conflitos de comunicação básica entre alunos surdos e professores, alunos ouvintes, e o ensino fica prejudicado e totalmente dependente da presença do interprete, conflitos esses que seriam amenizados com projetos de interação feitos na escola através do ensino básico de libras. A gestão escolar deve incentivar os professores a buscar o conhecimento em libras para a qualidade do trabalho e melhor resultado no objetivo do alcance da inclusão. 

Neste pensar, o reflexo na esfera nacional do objetivo de inclusão social se dá por gestores e professores que enfrentam o desafio de encaminhar um aluno para a classe de ensino regular com o pensar de que a verdadeira integração implica em reciprocidade. O aluno surdo poderá iniciar seu processo de integração participando de atividades sócio recreativas, culturais ou religiosas com outros alunos e adultos, que fazem parte do corpo docente escolar “ouvintes” e dar continuidade a esse processo na escola especial ou regular, de acordo com suas necessidades especiais.
 

2.1 Educação inclusiva: Concepções e breve histórico

Em primeira instância, temos que entender a Educação inclusiva. Esta é uma modalidade de educação que inclui alunos com qualquer tipo de deficiência ou transtorno, ou com altas habilidades em escolas de ensino regular. A diversidade proposta pela escola inclusiva é proveitosa para todos. De um lado estão os alunos com deficiência, que usufruem de uma escola preparada para ajudá-los com o aprendizado e do outro, os demais alunos que aprendem a conviver com as diferenças de forma natural, a desenvolver o sentido de entreajuda, o respeito e a paciência. O público-alvo do plano nacional de educação (PNE) no que diz respeito à educação inclusiva, são alunos com deficiência (intelectual, física, auditiva, visual e múltipla), com transtorno do espectro autista e com altas habilidades (superdotados).

Neste pensar, a inclusão ajuda a combater o preconceito buscando o reconhecimento e a valorização das diferenças através da ênfase nas competências, capacidades e potencialidades de cada um. Esse conceito tem como função a elaboração de métodos e recursos pedagógicos que sejam acessíveis a todos os alunos, quebrando assim as barreiras que poderiam vir a impedir a participação de um ou outro estudante por conta de sua respectiva individualidade. Um dos objetivos da inclusão escolar é o de sensibilizar e envolver a sociedade, principalmente a comunidade escolar.

Fazendo uma breve recordação sobre como se deu o processo de consolidação da educação inclusiva, esta foi implementada pelo MEC (ministério da educação e cultura) no sistema de ensino brasileiro em 2003. Antes disso, o sistema educativo brasileiro ainda era segmentado em duas vertentes: Escola especial: para alunos com qualquer tipo de deficiência ou transtorno, ou com altas habilidades. Escola regular: para alunos que não tinham nenhum tipo de deficiência ou transtorno, e nem altas habilidades. O plano nacional de educação (PNE) atual integra os alunos que antes iriam para a escola especial na escola regular.

Como sabemos, o Atendimento educacional especializado, de acordo com o MEC, a educação inclusiva abrange todos os níveis de escolaridade (educação infantil – ensino superior) e dispõe de atendimento educacional especializado (AEE) para orientar professores e alunos quanto à utilização da metodologia. É importante ressaltar que a escola especial não foi extinta. É nela que os alunos dispõem do AEE como complemento e apoio ao ensino regular, sempre que necessário, mas não como substituição da escola regular. Desta forma, a educação especial deixou de ser uma modalidade substitutiva e passou a ser uma modalidade complementar, mas não deixou de existir.

Então, se além do que é oferecido pela escola inclusiva por padrão um aluno tiver necessidade de uma abordagem diferenciada para que seu aprendizado seja facilitado, podem ser requeridos recursos de NEE (necessidades educacionais especiais). Esses recursos consistem em um acompanhamento direcionado, fora do horário normal que o aluno frequenta na escola inclusiva. 

Pensando na garantia de se fazer realidade a educação inclusiva no contexto escolar, nos deparamos com os principais desafios: A idealização do ensino inclusivo e seus objetivos são conceitos extremamente válidos, porém a realidade com a qual os alunos, professores e demais pessoas envolvidas no projeto enfrentam no dia a dia são bem diferentes. A estrutura física dos estabelecimentos nem sempre é adequada. Falta de introdução de recursos e de tecnologia assistiva. Número excessivo de alunos por turma. Preconceito em relação à deficiência. Falta de formação para as equipes das escolas. Falta de professores especializados ou capacitados. 

Pensando na preparação do profissional de educação que irá atender este aluno, verifica-se que temos dos tipos de profissionais: o professor especializado e o capacitado. O professor especializado é aquele que possui licenciatura em educação especial ou em uma de suas áreas, já o professor capacitado é o professor que teve incluídos no seu curso de ensino médio ou superior conteúdos e/ou disciplinas sobe educação especial.

2.2 Projetos da Escola Estadual Joanira: 

Pensando nas necessidades de comunicação do aluno surdo, bem como seu desenvolvimento cognitivo e social, as escolas precisam pensar em meios de fazer com que a inclusão aconteça, embora, sabemos que apesar dos esforços, a inclusão do aluno surdo tem que avançar em muitos aspectos, principalmente no que tange a formação do professor, segundo Moura (2000), a educação e inserção social dos surdos constituem um sério problema, e muitos caminhos têm sido seguidos na busca de uma solução. Faltam à grande maioria das escolas professores com esse conhecimento para receberem alunos surdos em suas turmas.

Com base nesse entendimento, algumas escolastem se destacado em projetos que permitem com que o aluno surdo possa interagir, mostrar as suas capacidades intelectuais e também fazer com que os alunos ouvintes tenham contato com libras através desses projetos desenvolvidos na escola. 

 

As crianças que não são expostas a uma língua, através das relações sociais, do diálogo, não internalizam todo o instrumental linguístico Necessário para o desenvolvimento do pensamento, provocando assim dificuldades cognitivas, como a possibilidade de falar sobre assuntos ausentes ou abstratos que é um dos elementos da língua, o deslocamento. (GODFIELD, 1997, p.102).

 

Os projetos que são desenvolvidos nas escolas com o intuito da interação do aluno surdo, abri uma extensão para o ensino de libras despertando o interesse de muitos alunos pela carreira de intérprete de libras. As canções ensaiadas, uma apresentação de teatro e etc., são os primeiros passos para as primeiras interpretações. Assim, oportuniza o aluno surdo de ter sua interação com o aluno ouvinte durante o desenvolver do projeto. Diante disto, o aluno ouvinte tem seu primeiro contato com o aluno surdo. A importância desta interação pode ser confirmada no pensamento de SÁNCHEZ:

 

A comunicação humana é essencialmente diferente e superior a toda outra forma de comunicação conhecida. Todos os seres humanos nascem com os mecanismos da linguagem específicos da espécie, e todos os desenvolvem naturalmente, independentemente de qualquer fator racial, social ou cultural. (SÁNCHEZ, 1990, p.17)

 

O projeto de ensino de libras através da música dispõe de professor de música e canto, com curso de especialização em libras, com ajuda de um interprete em libras. Nesta oportunidade, os alunos ouvintesinscritos no projeto adquirem conhecimentos básicos de comunicação em libras, os mesmos alunos participam de apresentações em libras nas modalidades de música, dança, teatro e etc. Nestas atividades, o aluno surdo se interage com os alunos ouvintes e também adquire conhecimento de ritmos musicais e tipos de danças, dentro da sua capacidade de entender vibrações e embalos corporais.

De acordo com Botelho (2002, p.21): a experiência humana é cultural, determina semelhanças em nossas formas de pensar e julgar. Valores são categorias socialmente compartilhadas, e o mundo é visto com as lentes da cultura, mesmo que as diversidades de nossas condições de ouvintes e surdos estabeleçam experiências diferenciadas. 

Ensinar libras para os alunos ouvintes que se interessam pela comunicação com o aluno surdo é de estrema importância para que o aluno se sinta confortável, baseando-se nos relatos de Labourit, seus desabafos a respeito da interação limitada: “Quero entender o que dizem. Estou enjoada de ser prisioneira desse silêncio que eles não procuram romper. Esforço-me o tempo todo, eles não muito. Os ouvintes não se esforçam. Queria que se esforçassem” (Labourit, 1994, p. 39). 

O depoimento de Labourit explicita um conflito: um esforço unilateral (dos surdos) para interagir com os ouvintes, e estes, por não se esforçarem, por discriminarem os surdos, acabam dando visibilidade a essa segregação e permitindo a “constituição” de um grupo diferente que acredita ter também uma cultura diferente.

O depoimento de Labourit nos faz entender o que Paulo freire quis dizer com opressão, a comunicação é essencial para a liberdade em amplos aspectos: Para Freire, (1987, p.34), “uma práxis educativa centrada nos valores e consciência, será capaz de libertar o homem de toda situação de opressão”.

2.3 Adaptações no espaço físico escolar.

A sinalização no ambiente escolar é de suma importância para que, em primeira instância, o aluno surdo se sinta familiarizado e valorizado, também para que os alunos ouvintes aprendam os espaços em libras para facilitar a comunicação, auxiliando também a alfabetização do aluno surdo, em concomitância a este aprendizado, os professores ou auxiliares educacionais e todos que fazem parte do contexto escolar, que ainda não tiveram oportunidade de participar de um curso de libras tenham a comunicação facilitada.

A escola também, faz questão que cada espaço com sua respectiva nomenclatura: sala de aula, sala de vídeo, diretoria, coordenação pedagógica e etc., tenha também, a especificação em libras, fazendo o ensino de libras e o uso de sinais parte do cotidiano escolar. O que, na verdade, é o mínimo para que o aluno surdo se sinta valorizado, pois de acordo com a lei 10.436/02, libras foi reconhecida e oficializada como língua no território brasileiro, e vem abrindo caminhos para que as pessoas surdas sejam respeitadas e se integrem ao meio em que vivem e a escola é o principal ponto de partida para que esse reconhecimento seja disseminado na sociedade. Para que exista a educação inclusiva é necessário que haja educadores capacitados, escola adaptada às necessidades desta criança com deficiência, que necessita de atendimento especializado, como a Secretaria de Educação Especial (2004, p. 07) expõe:

 

[...] a escola, o espaço no qual se deve favorecer a todos os cidadãos, o acesso ao conhecimento e o desenvolvimento de competências, ou seja, a possibilidade de apreensão do conhecimento historicamente produzido pela humanidade e de sua utilização no exercício efetivo da cidadania. É no dia-a-dia escolar que crianças e jovens, enquanto atores sociais, têm acesso aos diferentes conteúdos curriculares, os quais devem ser organizados de forma a efetivar a aprendizagem. Para que este objetivo seja alcançado, a escola precisa ser organizada de forma a garantir que cada ação pedagógica resulte em uma contribuição para o processo de aprendizagem de cada aluno. 

2.4 Apoio pedagógico

A escola dispõe de sala de apoio integrada ao AEE,a chamada “casa pedagógica”, com espaços de adaptações de sala, quaro e cozinha, no intuito de adaptação do aluno especial, na qual o interprete em libras faz uso dela, assim como a sala de música como apoio para apresentações artísticas. No entanto, a lei 10.436/02 e orienta ações para o atendimento à pessoa surda e este conhecimento não têm sido suficientes para propiciar que o aluno surdo, que frequente uma escola de ouvintes, seja acompanhado por um intérprete. Além disso, a presença do intérprete de língua de sinais não é suficiente para uma inclusão satisfatória, sendo necessária uma série de outras providências para que este aluno possa ser atendido adequadamente: adequação curricular, aspectos didáticos e metodológicos, conhecimentos sobre a surdez e sobre a língua de sinais, entre outros. Mas os esforços para que ao menos o mínimo de educação de qualidade seja ofertado a este aluno ainda é pequeno nas escolas. Fazer com que os direitos humanos, não sejam violados ainda é pretensão a longo prazo.

 

Inclusão não significa, simplesmente, matricular os educandos com necessidades especiais na classe comum, ignorando suas necessidades especificas, mas significa dar ao professor e à escola o suporte necessário à sua ação pedagógica (MEC-SEESP, 1998).

 

No que se refere a adaptação curricular, os profissionais do AEE, que pertencem a escola, estão sempre cobrando dos professores a adaptação de provas em libras, dando o suporte no caso de dificuldades. No entanto, para facilitar essa adaptação, muitos professores já estão buscando conhecimentos, procurando cursos ofertados para de forma gratuita na localidade pela UNIFAP, para desenvolver a habilidade de adaptação. Assim como fizeram os professores de projetos artísticos e musicais. 

A escola oportuniza os projetos culturais para que as habilidades multidimensionais do surdo sejam aprimoradas. Tanto cognitivo, como artístico. E nesses eventos fazem a culminância da interação entre alunos surdos e ouvintes. O aluno surdo tem a oportunidade de participar de dança, teatro e até mesmo apresentações musicais. 

2.5 Formação dos professores

A maioria dos professores da Escola Joanira tiveram acesso a libras durante a formação acadêmica, de forma breve, através de uma das disciplinas do curso de formação acadêmica, mas segundo relatos, não foi suficiente para promover uma comunicação e sim apenas para proporcionar conhecimentos básicos das diretrizes educacionais, e por isso, motivados a conhecer mais libras para a não total dependência do interprete, pois a maioria desses profissionais que atuam nas escolas do estado do Amapá são do contrato administrativo e quando o contrato termina as escolas ficam na espera de outro profissional para suprir a lacuna, participaram de cursos de libras oferecidos pelaUNIFAP, através do projeto “libras para a comunidade” totalmente gratuito.

3 MATERIAL(IS) E MÉTODOS

Além de pesquisa bibliográfica para a produção deste artigo, foi utilizada pesquisa de campo que propiciou observar como a escola estadual Joanira Del Castillo têm colocado em prática suas políticas de inclusão dos alunos surdos e quais as adaptações têm sido incorporadas para que a comunicação em libras aconteça.

O artigo vem enriquecer significativamente o a visão pedagógica de muitos profissionais da educação e aumentará sua contribuição para ser exemplo para outras escolas. O método será o qualitativo. 

A pesquisa qualitativa apresenta características que correspondem às necessidades de nosso estudo, pois: envolve pequenas exemplos de práticas pedagógicas da escola Joanira no contexto da inclusão.

Para a coleta de dados, foi encaminhadaentrevistas com perguntas abertas para os profissionais responsáveis pelos alunos surdos na escola, o interprete em libras, bem como para o corpo discente da escola.

O levantamento e a coleta de dados foramrealizados por meio de observação indireta, com entrevista, além de levantamento e análise de relatórios e materiais coletados junto aos entrevistados.  

Todos os dados foram submetidos a análise interpretativa, sendo que as conclusões serão aquiexpostas apresentando um resumo das análises mais importantes, além de expor as limitações e as recomendações. 

4 RESULTADOS

Como todos os projetos realizados em escolas de ensino fundamental, este trata-se de um projeto em andamento e espera-se obter, como resultado, a sensibilização dos docentes quanto à inclusão do aluno surdo no sistema escolar, Também espera-se um maior número de docentes preparados ao ensino bilíngue, em que a libras possa ser sua língua de instrução sempre que houver alunos surdos em classe. A maioria dos professores não são fluentes em libras, apesar de terem feito o curso, por isso a presença do interprete continua sendo essencial na sala de aula.

Todavia, no quesito interação, a escola está um passo à frente de muitas escolas por causa do projeto de música que tem extensão em ensino de libras através da música, que está com um projeto ainda mais inovador de adaptar a sala de música com materiais pedagógicos, muitos deles produzidos pelos próprios alunos para o uso do aluno surdo e ouvintes que se interessam por libras.

5 DISCUSSÃO

As escolas estão realizando projetos de visamformas de convivência entre alunos surdos e ouvintes que tragam benefícios efetivos para uma educação emancipada do aluno surdo? A resposta para esta pertinente pergunta é repensar a proposta de educação vigente, a qual ainda não oferece garantia e condições satisfatórias para ser considerada efetivamente “inclusiva”. Estão equivocados os insistem no pensarque a educação inclusiva é somente em relação à criança com deficiência, como se todas as outras já fizessem parte, efetivamente, do processo educacional. Assim como Mittler (2003, p. 32) reflete, “[...] essas crianças são consideradas especiais apenas porque o sistema educacional até então não foi capaz de responder às suas necessidades”. 

Neste contexto, é fundamental que a instituição educacional fique atenta aos interesses, características, dificuldades e resistências apresentadas pelos alunos no cotidiano da instituição e no decorrer do processo de aprendizagem. Diante desta reflexão, o ambiente escolar precisa ser construído como um espaço aberto, acolhedor, preparado e disposto a atender às peculiaridades de cada um. Segundo Mazzotta (1998, p. 04): 

 

Construir uma educação que abranja todos os segmentos da população e cada um dos cidadãos implica uma ação baseada no princípio da não segregação, ou, em outras palavras, da inclusão de todos, Construir uma educação que abranja todos os segmentos da população e cada um dos cidadãos implica uma ação baseada no princípio da não segregação, ou, em outras palavras, da inclusão de todos, quaisquer que sejam suas limitações e possibilidades individuais e sociais. Todavia, para a conquista da educação escolar que não exclua qualquer educando, particularmente os portadores de deficiência, é preciso que se entenda que a inclusão e a integração não se concretizam pela simples extinção ou retirada de serviços ou auxílios especiais de educação. Para alguns alunos tais recursos continuam a ser requeridos no próprio processo de inclusão e integração, enquanto para outros eles se tornam dispensáveis. O ponto fundamental é a compreensão de que o sentido de integração pressupõe a ampliação da participação nas situações comuns para indivíduos e grupos que se encontram segregados. Portanto, é para alunos que estão em serviços de educação especial ou outras situações segregadas que prioritariamente se justifica a busca da integração. Para os demais portadores de deficiência, deve-se pleitear a educação escolar baseada no princípio da não segregação ou da inclusão. 

 

Norteiam a negativa da interação dos alunos surdos a falta de conhecimento de libras tende a gerar conflitos de comunicação básica entre alunos surdos e professores, alunos ouvintes, e o ensino fica prejudicado e totalmente dependente da presença do interprete, conflitos esses que seriam amenizados com projetos de interação feitos na escola através do ensino básico de libras. A gestão escolar deve incentivar os professores a buscar o conhecimento em libras para a qualidade do trabalho e melhor resultado no objetivo do alcance da inclusão. 

Nesta continuidade problematizada, tem-se reflexo na esfera nacional do objetivo de inclusão social se dá por gestores e professores que enfrentam o desafio de encaminhar um aluno para a classe de ensino regular com o pensar de que a verdadeira integração implica em reciprocidade. O aluno surdo poderá iniciar seu processo de integração participando de atividades sócio recreativas, culturais ou religiosas com outros alunos e adultos, que fazem parte do corpo docente escolar“ouvintes” e dar continuidade a esse processo na escola especial ou regular, de acordo com suas necessidades especiais. Garantir ao aluno surdo um processo de escolarização de qualidade é fator fundamental para uma educação emancipada.

6 CONCLUSÃO 

Para que a inclusão do surdo seja realidade no cotidiano escolar, espera-se um maior número de docentes preparados ao ensino bilíngue, em que a libras possa ser sua língua de instrução sempre que houver alunos surdos em classe. A maioria dos professores não são fluentes em libras, apesar de terem feito o curso, por isso a presença do interprete continua sendo essencial na sala de aula.

Todavia, uma escola que tem iniciativas de interação está sempre um passo à frente de muitas escolas, sempre com projetos inovadores de adaptar as salas com materiais pedagógicos, muitos deles produzidos pelos próprios alunos para o uso do aluno surdo e ouvintes que se interessam por libras.

O processo de inclusão do aluno surdo depende muito das intervenções feitas na escola para o corpo docente e discente participem do processo de integração do aluno. Uma escola que trabalha para reduzir as barreiras educacionais e incluir surdos no ensino regular, garantindo o efetivo processo de ensino-aprendizagem, incentiva os professores a fazer cursos de capacitação, propicia estudos e pesquisas na área da surdez, para a qualidade do trabalho executado tem êxito na educação inclusiva. Todas as escolas deveriam realizar projetos de sensibilização de alunos, os familiares e a população em geral para o dever de conhecer libras, deve propiciar meios para que as potencialidades do aluno surdo sejam notórias desencadeando o seu crescimento.

Diante disto, o apoio pedagógico a alunos surdos integrados em classe comum e o atendimento diário individualmente ou em pequenos grupos. Devem estar sempre no foco de uma equipe pedagógica. A mesma deve sondar as formas de oferta, na sala de recursos, de complementação curricular específica, visando, principalmente, ao aprendizado da língua portuguesa (leitura, interpretação e redação de textos variados). Asensibilização de toda comunidade escolar a respeito das potencialidades dos alunos surdos, deve começar pela gestão escolar.

REFERÊNCIAS

 

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