A INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA EM ESCOLAS DE EDUCAÇÃO BÁSICA: UM ESTUDO DE CASO

Alisson Brito Lopes

Daiane Cristina da Silva

Vânia Silveira de Souza

RESUMO

A inclusão de pessoas com deficiência tem sido pauta de debate nos vários segmentos da sociedade. Na perspectiva da inclusão, devemos pensar a educação como um processo em que se amplia o acesso, a permanência, a participação e a aprendizagem de todos os estudantes nos estabelecimentos de ensino regular. Partindo desses pressupostos é que resolvemos escrever este artigo, intitulado: A inclusão de alunos com deficiência em escolas de educação básica: um estudo de caso, partindo de um problema de pesquisa assim delineado: Há alunos com deficiência nas escolas regulares do município de Pedra Preta-MT? O objetivo geral foi investigar se há alunos com deficiência freqüentando as escolas públicas do município de Pedra Preta e os específicos: constatar quantos alunos com deficiência freqüentam as escolas do município; averiguar quais os tipos de deficiência os alunos apresentam e verificar se os professores possuem formação adequada para trabalhar tal clientela. Quanto aos aspectos metodológicos, a pesquisa foi orientada pelos princípios da abordagem qualitativa, mediada pelo referencial bibliográfico pertinente ao tema e pela pesquisa de campo exploratória nas escolas do município de Pedra Preta/MT. O aporte teórico-metodológico foi embasado em alguns autores como: Mazzota (2001), Bogdan e Biklen (1994), STEINEMANN, (1994) (2004), TIERNEY (1993), dentre outros que abordam a temática da escola inclusiva. A pesquisa foi organizada em capítulos, nos quais abordamos o histórico, os princípios e marcos legais que a norteiam o movimento da inclusão.

 

Palavras- Chave: Inclusão; alunos com deficiência; escola regular.

 

 

           1. INTRODUÇÃO

Muito se tem discutido nas últimas décadas acerca da inclusão de pessoas com deficiência nos vários segmentos da sociedade.

Durante a realização dos estágios supervisionados do curso de Pedagogia, que precedeu a pós-graduação, observei que, mesmo com tantas campanhas, discussões e políticas públicas voltadas à inclusão de pessoas com deficiência nas redes de ensino, constatei a ausência de alunos com deficiência nas escolas públicas do município de Pedra Preta.

Partindo desses pressupostos é que resolvemos escrever este artigo intitulado: Inclusão escolar de alunos com deficiência em escolas de educação básica: um estudo de caso, cujo problema de pesquisa foi assim delineado: Há alunos com deficiência nas escolas regulares do município de Pedra Preta - MT?

A pesquisa objetivou, de modo geral, investigar se há alunos com deficiência freqüentando as escolas públicas do município de Pedra Preta - MT.

Quanto aos aspectos metodológicos, a pesquisa foi orientada pelos princípios da abordagem qualitativa, mediada pelo referencial bibliográfico pertinente ao tema e pela pesquisa de campo exploratória nas escolas do município de Pedra Preta/MT.

            2. INCLUSÃO: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Muito se tem ouvido nos últimos tempos acerca da palavra inclusão, seja na mídia, nos espaços educacionais, ou mesmo nas instituições especializadas para pessoas com deficiência.

Isso tem fomentado a defesa e o surgimento da educação inclusiva, que expõe em juízo de valor, por um lado, o pensamento existente sobre necessidades especiais e, por outro, marca uma forte crítica às práticas da educação em geral.

As alusões frequentes feitas à inclusão na educação refletem as dimensões pedagógicas e legais da prática educacional vigente.

A realização de uma educação inclusiva é uma tarefa complexa. É necessário que os profissionais envolvidos no contexto reflitam sobre estas questões, para operar as transformações dentro da escola e que a prática social e profissional esteja sustentada por ações interdisciplinares, que entrelacem no trabalho com as necessidades educacionais especiais dos alunos.

Segundo Mazzotta (1996) a preocupação com a educação das pessoas portadoras de necessidades especiais no Brasil é recente, tendo se iniciado efetivamente no século XIX, inspirado em experiências norte-americanas e européias.

Da fundação desses primeiros Institutos até hoje, a história da educação especial no Brasil foi se estruturando, adotando quase sempre modelos que primam pelo assistencialismo, pela visão segregativa e por uma divisão em segmentos das deficiências.

A evolução dos serviços de educação especial caminhou de uma fase inicial, eminentemente assistencial, visando apenas ao bem-estar da pessoa com deficiência para uma segunda, em que foram priorizados os aspectos médico e psicológico. Em seguida, chegou às instituições de educação escolar e, depois, à integração da educação especial no sistema geral de ensino. Hoje, finalmente, choca-se com a proposta de inclusão total e incondicional desses alunos nas salas de aula do ensino regular.

As últimas décadas do século XX configuram-se como período marcado pela globalização da economia, ampliação de valores e culturas, bem como momento de fortalecimento dos movimentos sociais organizados em defesa da inclusão e eliminação das situações de exclusão.

A crescente valorização dos direitos humanos e dos conceitos de igualdade de oportunidades, do direito à diferença, da solidariedade e da justiça social, motivou o desabrochar de uma nova mentalidade, provocando uma educação que considere a diversidade cultural, a heterogeneidade e a inclusão de todos os cidadãos na escola e na sociedade.

A partir do movimento pela inclusão no Brasil, as escolas passaram a receber, de forma indiscriminada, crianças com deficiências físicas e mentais as mais variadas.

 

      3 EDUCAÇÃO INCLUSIVA: MARCOS LEGAIS

A Declaração de Salamanca é considerada, mundialmente, um dos mais importantes documentos que visam à inclusão social. Nessa convenção, os países proclamaram que toda criança tem direito fundamental à educação, devendo ser-lhe dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem.

A Declaração de Salamanca (1994) enumera alguns princípios, políticas e práticas a serem considerados, entre os quais destacamos:

  • Cada criança tem o direito fundamental à educação e deve ter a oportunidade de conseguir e manter um nível aceitável de aprendizagem;
  • Os sistemas  de  educação  devem  ser  planejados  e  os  programas  educativos implementados tendo em vista a vasta diversidade destas características e necessidades;
  • As escolas regulares, seguindo esta orientação inclusiva, constituem os meios capazes para combater as atitudes discriminatórias, criando comunidades abertas e solidárias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos.

Em 1948, a Assembléia Geral das Nações Unidas, promulgou  a  Declaração Universal dos Direitos Humanos, com o objetivo de promover o respeito e direito à liberdade de todos os cidadãos.

No Artigo 7° declara que todos são iguais perante a lei e têm direito a igual proteção da mesma e no Artigo 26° proclama que todos têm direito à educação, devendo esta ser gratuita, pelo menos no ensino elementar fundamental, que deve ser obrigatório. Segundo a Declaração, a educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do homem e das liberdades fundamentais.

Em linhas gerais, a declaração dos direitos humanos ampara as pessoas com deficiências e garante os mesmo direitos à dignidade, educação, desenvolvimento pessoal e social como as demais pessoas.

A Declaração Mundial sobre Educação para Todos, de 09 de março de 1990, aconteceu em Jomtien, Tailândia e reuniu mais de 1.500 participantes de 155 países. Tendo como tema central "Educação para Todos: Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem", a Declaração foi aprovada com o objetivo de satisfazer as necessidades básicas da aprendizagem de todas as crianças, jovens e adultos.

A Convenção da Guatemala, de 08 de junho de 1999, aprovou a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, também conhecida como a Convenção   da Guatemala, ratificada e promulgada pelo Brasil por meio do Decreto nº 3.956, de 08 de outubro de 2001.

O Brasil também tem demonstrado preocupação para a construção de uma sociedade para todos, tanto que elaborou dispositivos legais para orientar as políticas públicas e sociais.

No Brasil, a Constituição da República de 1988 dispõe sobre o atendimento educacional especializado às pessoas com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino. O Artigo 205 da Carta Magna preconiza o direito de todos à educação, enquanto que o Art. 206 aborda acerca do direito à igualdade de condições de acesso e permanência na escola a todos que estiverem em idade escolar. O Art. 208, por sua vez, é o que trata do Atendimento Educacional Especializado, preferencialmente, na rede regular de ensino, garantindo para os alunos com deficiência os mesmos direitos dos demais alunos.

O Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº 8.069/90 regulamentou o artigo 227 da Constituição Federal que atribui, à criança e ao adolescente, prioridade absoluta no atendimento aos seus direitos como cidadãos brasileiros.

É importante ressaltar que o Estatuto da Criança e do Adolescente é um instrumento importante nas mãos do Estado Brasileiro para transformar a realidade da infância e juventude, historicamente vítimas do abandono e da exploração econômica e social.

Nesse entendimento, seu artigo 4° afirma que

 

 

É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

 

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei 9394/96, sancionada em 20 de dezembro de 1996 define e regulariza o sistema educacional brasileiro com base nos princípios presentes na Constituição.

A atual LDB, baseada no princípio do direito universal à educação para todos, trouxe diversas mudanças em relação às leis anteriores, como a inclusão da educação infantil como primeira etapa da educação básica, garantindo ainda, em conformidade com a Constituição Federal, o atendimento educacional especializado.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional prevê nos artigos 58, 59 e 60 as condições de atendimento em relação à educação especial e ao atendimento educacional especializado, todavia deve-se ter claro que tais atendimentos não substituem o direito à educação oferecida em turmas comuns da rede regular de ensino, nem devem ser oferecidos em ambiente escolar à parte. Todavia, vale ressaltar que a formação e a qualificação dos professores não têm caminhado no mesmo patamar que o movimento da inclusão dos alunos.

Promulgada em 20 de Dezembro de 1999, a Política Nacional da Pessoa Portadora de Deficiência adotou no Artigo 5°, os seguintes princípios:

 

  1. - desenvolvimento de ação conjunta do Estado e da sociedade civil, de modo a assegurar a plena integração da pessoa portadora de deficiência no contexto sócio- econômico e cultural;
  2. - estabelecimento de mecanismos e instrumentos legais e operacionais que assegurem às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciam o seu bem-estar pessoal, social e econômico;
  1. - respeito às pessoas portadoras de deficiência, que devem receber igualdade de oportunidades na sociedade por reconhecimento dos direitos que lhes são assegurados, sem privilégios ou paternalismos.

      O acesso à educação das pessoas com deficiência está previsto no Art. 24, o qual destaca que os estabelecimentos públicos de ensino devem ofertar um ensino satisfatório para as pessoas com deficiência.

No dia 8 de outubro de 2001, sob o decreto nº 3.956, a Convenção Interamericana para eliminação de todas as formas de discriminação contra as pessoas com deficiência teve por objetivo prevenir e eliminar todas as formas de discriminação e propiciar a sua plena integração à sociedade.

Por meio desse Decreto o Brasil comprometeu-se a:

  1. Tomar as medidas de caráter legislativo, social, educacional, trabalhista, ou de qualquer outra natureza, que sejam necessárias para eliminar a discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência e proporcionar a sua plena integração à sociedade (...):                                                                                  a) medidas das autoridades governamentais e/ou entidades privadas para eliminar progressivamente a discriminação e promover a integração na prestação ou fornecimento de bens, serviços, instalações, programas e atividades, tais como o emprego, o transporte, as comunicações, a habitação, o lazer, a educação, o esporte, o acesso à justiça e aos serviços policiais e as atividades políticas e de administração;
  2. Trabalhar prioritariamente nas seguintes áreas:
  3. prevenção de todas as formas de deficiência previsíveis;
  4. detecção e intervenção precoce, tratamento, reabilitação, educação, formação ocupacional e prestação de serviços completos para garantir o melhor nível de independência e qualidade de vida para as pessoas portadoras de deficiência; e
  5. sensibilização da população, por meio de campanhas de educação, destinadas a eliminar preconceitos, estereótipos e outras atitudes que atentam contra o direito das pessoas a serem iguais, permitindo desta forma o respeito e a convivência com as pessoas portadoras de deficiência.

Cumpre salientar que há outros documentos que fundamentam e garantem os direitos das pessoas com deficiência, todavia elencamos aqueles que consideramos de maior importância.

 

          4. PERCURSO METODOLÓGICO: Um olhar sobre o fenômeno

Durante nossa trajetória escolar na educação básica, nunca nos deparamos com colegas de classe ou mesmo na escola que apresentassem uma deficiência, seja de natureza mental, sensorial, ou motora.

Na graduação, mais precisamente na realização dos estágios supervisionados, podemos observar que, mesmo com tantas campanhas, discussões e políticas públicas voltadas à inclusão de pessoas com deficiência na rede de ensino, constatamos a ausência de alunos com deficiência nas escolas públicas do município de Pedra Preta-MT.

Foi nesse contexto que surgiu a idéia de realizar esta pesquisa, buscando investigar se no município de Pedra Preta havia alunos com deficiência incluídos nas escolas regulares.

A seguir apresentaremos o caminho metodológico percorrido durante a investigação, ressaltando que, com a escolha da temática, já fizemos a opção metodológica da pesquisa.

         4.1 Natureza da Pesquisa

Esta investigação foi desenvolvida por meio de uma abordagem qualitativa, de caráter descritivo, a qual foi resultante da prática no estágio supervisionado.

Por outro lado, esse tipo de abordagem é a mais utilizada em pesquisas realizadas na área da educação, além de apresentar as características apontadas por Bogdan e Biklen (1994). Conforme esses autores, os estudos qualitativos estão diretamente relacionados a aspectos da vida educativa, de forma que no trabalho de coleta e interpretação de dados, os significados que as pessoas dão as coisas e à vida representam focos da atenção do pesquisador.

Primeiramente foi realizado um levantamento bibliográfico envolvendo a temática da inclusão de deficientes no âmbito escolar. Tal levantamento possibilitou aprofundamentos em aspectos relacionados à inclusão bem como o conhecimento da bibliografia publicada a respeito.

De acordo com Marconi e Lakatos (2004, p. 34) a pesquisa bibliográfica compreende ao:

 

Levantamento de toda bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo que foi escrito por determinado assunto.

 

No segundo momento partimos para a investigação nas escolas onde procuramos saber o número de alunos com deficiência já incluídos, que tipos de deficiências possuem e se as mesmas estão preparadas, tanto em nível de recursos humanos, quanto em nível de estrutura física para o atendimento adequado.

 

             4.2 Os procedimentos de coleta de dados

Nesta fase da pesquisa os dados foram coletados em escolas das redes municipal e estadual e em uma instituição especializada no atendimento a alunos com deficiência mental do município de Pedra Preta – MT.

Durante o mês de março do ano de 2009 dirigimo-nos às unidades escolares e aplicamos um questionário fechado aos diretores ou coordenadores pedagógicos. No total foram 08 (oito) escolas e uma instituição especializada.

Para Marconi e Lakatos (2004, p. 76- 77), o questionário é uma técnica de recolhimento de dados por meio da qual o participante pode dar as informações mediante duas possibilidades: a opção de afirmar sim ou não ou descrever o que for solicitado, conforme sua opinião.

            4.3 O contexto do estudo: breve histórico do município

O povoamento do município de Pedra Preta, localizado no estado de Mato Grosso, distante 27 quilômetros de Rondonópolis, principal centro econômico da porção sul mato-grossense, teve início em 1950, quando Noda Guenko adquiriu extensa área de terras na região.

Do período de colonização até a emancipação política, o município teve três denominações. Inicialmente, o povoado denominou-se Jurigue, nome indígena do rio que banha a região, formando o Vale do Jurigue.

Posteriormente, recebeu o nome de Alto Jurigue, tendo em vista que o traçado original da cidade, criado pelo fundador, sofreu alterações, ganhando dimensões mais modernas, porém, a comunidade já tinha sua preferência para denominar o lugar - Pedra Preta. É simplesmente uma referência geográfica, mas que marca realmente o sítio urbano, pois inúmeras pedras de cor preta emergem do leito de um córrego que corta a cidade. Conta-se que os colonos, em suas idas e vindas, cruzavam permanentemente o lugar, chamando o vilarejo de Pedra Preta. A princípio pertencia à comarca de Rondonópolis, sendo elevada à categoria de “município”, por meio da lei nº 3.688, de 13 de maio de 1976. Pela lei nº 4004, de 30 de julho de 1988, foi elevada a comarca, sendo instalada no ano de 1989.

 

            4.4 Apresentação e análise dos dados

O Município de Pedra Preta possui aproximadamente quinze mil habitantes, atendendo a 4.868 alunos na rede básica de ensino.

A rede municipal de educação possui 11 escolas, sendo 04 na zona urbana: Campos Sales I, Campos Sales II, São Sebastião e Pingo de Gente. As escolas da zona rural são: Canudos, Marechal Rondon, Nilo Peçanha, Rui Barbosa, Francisco Ferreira Gonçalves, Ari Griesang e Regente Feijó.

 

 

Nome

Quantidade de Alunos

Quantidade Alunos

com Deficiência

Escola Municipal 1

309

05

Escola Municipal 2

253

04

Escola Municipal 3

280

07

Escola Municipal 4

300

01

Total

1142

17

Quadro I – Escolas Municipais Fonte: Dados da pesquisa/2009

 

Nas escolas municipais da zona urbana, a clientela consiste em 1142 (Um mil cento e quarenta e dois) alunos, sendo que o número de alunos com deficiência no total atendido é de 17 (dezessete).

Além das escolas, a rede municipal possui uma creche que atende crianças de 0 a 05 anos e um Centro de Informática, com acesso à Internet, para atendimento a alunos e comunidade.

Nome

Quantidade Alunos

Quantidade Alunos com

Deficiência

Escola Estadual 1

315

10

Escola Estadual 2

429

3

Escola Estadual 3

976

5

 

 

Escola Estadual 4

895

8

Total

2610

26

Quadro II- Escolas Estaduais Fonte: Dados da pesquisa/2009

 

No município de Pedra Preta, também há 04 (quatro) escolas Estaduais, cuja clientela atendida totaliza 2610 (Dois mil seiscentos e dez) alunos, compreendendo o ensino fundamental e médio.

Constatamos que na Rede Estadual há uma pequena parcela de alunos, 26 (vinte e seis) ao todo, que apresenta algum tipo de deficiência, seja sensorial, mental ou motora.

Cumpre salientar que as escolas estaduais destacadas nesta pesquisa pertencem à zona urbana.

 

 

Idade

Quantidade

De 6 a 10 anos

31

De 11 a 14 anos

12

Total

43

Quadro III – Idade dos alunos com deficiência. Fonte: Dados da pesquisa/2009

 

Do total de alunos com deficiência, atendidos na educação básica de Pedra Preta, 31(trinta e um) possuem idade que varia de 06 (seis) a 10 (dez) anos e 12 (doze), com idade entre 11(onze) aos 14 (quatorze) anos.

 

 

Tipo de Deficiência

Quantidade

Deficiência Visual/ Baixa visão

11

Surdez

08

Deficiência Mental

07

Deficiência Física

07

Transtorno global de desenvolvimento

08

Outras

02

Total

43

Quadro IV – Tipos de Deficiência. Fonte: Dados da pesquisa/2009

 

Constatamos que há alunos com vários tipos de deficiência, mas somente a deficiência mental tem suporte de atendimento em Pedra Preta. Os alunos que apresentam deficiência visual, física, múltipla ou surdez devem se deslocar para Rondonópolis-MT, cidade vizinha, para receber acompanhamento específico, caso necessitem.

 

 

Nome

Quantidade Alunos

Alunos que frequentam escola

regular

APAE

75

0

Total

75

0

Quadro V – Instituição Especializada. Fonte: Dados da pesquisa/2009

 

Em Pedra Preta a única instituição especializada em atender os alunos com deficiência mental é a APAE - Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais. O que nos chamou atenção foi que nenhum dos 75 (setenta e cinco) alunos atendidos pela mesma frequenta a rede regular de ensino do município.

De acordo com a Resolução CNE/CEB, nº 2/2001:

 

 

Art. 2º - Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com   necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos.

 

 

O professor possui formação

específica

Quantidade

SIM

02

NÃO

06

Total

08

Quadro VI – Formação do professor Fonte: Dados da pesquisa /2009

 

Indagamos aos gestores se os professores possuem algum tipo de formação para trabalhar com os alunos com deficiência. O quadro acima mostra que das 08 (oito) escolas pesquisadas, 02 (duas) professoras possuem formação e 06 (seis) delas não possuem qualquer tipo de formação para trabalhar com tais alunos.

Diante da questão que levantamos: se tiveram dificuldades para trabalhar com os alunos deficientes em sala de aula, a maioria das gestoras respondeu que os professores possuem dificuldades em realizar um trabalho pedagógico com os alunos. Em contrapartida, afirmaram que os alunos que não apresentam deficiências se relacionam bem com seus colegas que possuem deficiência e respeitam suas diferenças.

Um aspecto que nos causou estranheza foi o fato de que nenhuma das escolas envolvidas na pesquisa recebe ou receberam qualquer tipo de acompanhamento ou orientações dos professores da APAE. Também não há um projeto de inclusão estabelecido entre o ensino regular e a instituição especializada. Disso se conclui que o atendimento especializado é tido como um serviço à margem do sistema regular de ensino.

             5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com a Política Nacional para a Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, a educação especial não deve estar limitada a um sistema paralelo de educação, e sim fazer parte da educação como um todo. Inclusão significa que a pessoa deficiente deve integrar-se à sociedade sim, mas a sociedade também deve adaptar-se às necessidades da pessoa com deficiência.

Partindo da preocupação com a inclusão dos alunos com deficiência na rede básica de ensino, este estudo teve como objetivo investigar se no município de Pedra Preta - MT havia alunos com deficiência incluídos na rede regular.

Ao término da pesquisa constatamos que nas Escolas Estaduais e Municipais de Pedra Preta - MT há, de fato, alunos inclusos. Em contrapartida, os alunos que frequentam a instituição especializada não estão inseridos no ensino regular.

Os dados revelaram, também, que a maioria dos professores não possui uma formação específica para trabalhar com alunos com deficiência.

Verificamos, contudo, que mesmo não tendo a formação específica, os professores demonstram empenho em aprender a trabalhar com crianças que apresentam deficiência, tendo em vista que ultimamente está aumentando a busca pelo acesso e permanência de crianças com deficiência nas escolas regulares.

Temos convicção de que necessitamos ampliar o leque de informações, aprofundar as buscas teóricas, juntamente com novas e possíveis vivências em espaços que desenvolvam a inclusão de alunos com deficiência, investindo, sobretudo, na formação docente para esse fim.

 

          REFERÊNCIAS

BOGDAN, Robert: BIKLEN, Sari. Investigação qualitativa em educação: uma introdução a teoria e aos métodos. Portugal: porto, 1994

 

BRASIL. Constituição (1988). Texto constitucional de 5 de outubro de 1988 com as alterações adotadas pelas emendas constitucionais de n.1, de 1992, a 43, de 2004, e pelas emendas constitucionais de revisão de n. 1 a 6, de 1994. 23. ed. Brasília, DF: Câmara dos deputados, Coordenação de publicações, 2004.

 

Declaração de Salamanca e Linha de Ação Sobre Necessidades Educativas Especiais. Brasília: Corde, 1994.

 

MARCONI, Maria de Andrade, LAKATOS, Eva  Maria.  Metodologia  científica.  São Paulo: Atlas, 2004.

 

MAZZOTTA, M. J. S. Educação Especial no Brasil.: história e políticas públicas.  São Paulo, Cortez. 1996.

 

PEDRA PRETA. Prefeitura Municipal. A História. Disponível em: http://www.pedrapreta.mt.gov.br - Portal da prefeitura Municipal de Pedra Preta - MT/acesso em 15/05/2009.

 

STEINEMANN, C. F. The Vocational Integration of the Handicapped. EASE, EUA, 1994.