RESUMO

Um dos principais problemas com os professores de Educação Física na atualidade é o excesso de competitividade dos nossos alunos. Para tentar mudar o efeito que a sociedade e o esporte têm neste aspecto, os professores podem lançar mão de uma série de atividades ou jogos que podem ajudar os alunos a compreender a importância da cooperação, trabalho em equipe e a necessidade de comunicação e interação entre membros de uma classe ou grupo. É nesse aspecto que surgem os jogos cooperativos, onde nossos alunos aprendem a importância do trabalho em equipe, ao mesmo tempo em que se se divertem. O estudo caracterizou-se como pesquisa de natureza quantitativa e qualitativa fundamentada no campo do estudo, cuja base teórica e conceitual foi feita através de uma pesquisa bibliográfica. Porém podemos concluir que é possível, trabalharmos uma Educação Física de qualidade, proporcionando aos alunos socialização, nos aspectos cognitivos, físico e motor, tendo como base os jogos cooperativos.

Palavras-chave: Cooperação. Jogos cooperativos. Educação Física.

1 INTRODUÇÃO

O uso de jogos como um meio educativo é uma das melhores formas de se ensinar em todos os sentidos, tanto na Educação Física como em todas as outras disciplinas curriculares, por isto neste artigo temos como objetivo mostrar o uso dos jogos cooperativos como meio de ensino-aprendizagem e principalmente conscientizar os alunos quanto à importância da cooperação e participação.
Jogos cooperativos podem ser definidos como aqueles em que os jogadores dão e recebem apoio para ajudar a alcançar objetivos comuns ou como propostas que buscam diminuir a agressão e, ao mesmo tempo tentando promover atitudes de sensibilização, cooperação, comunicação e solidariedade entre os diferentes atores que o desenvolvem. (CASTRO, 2013, p. 56).
Assim, as atividades de cooperação em jogos, em geral, é de cooperação, em particular, podem tornar-se um recurso importante para promover um conceito de
1 TCC de Pós-Graduação FEMAF
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"educação física" mais ampla do que a educação física porque não se concentra apenas no âmbito do assunto trabalhado na disciplina, mas vai além de ser possível em qualquer evento esportivo, e valores, e isso nos dá a orientação e fornece orientações sobre a conduta das pessoas, e que estejam envolvidos os sentimentos e emoções que permitem aceitação dos outros. (CARVALHO, 2004, p. 37). Como todos participam, o que predomina é relação do todo frente ao um, e se converte em metas coletivas e não no individual. Jogam todos contra todos e jogam para superar desafios e obstáculos e não para os oponentes. (CARVALHO, 2004, p. 39)
São vários os autores que ressaltam as vantagens de incorporar atividades e jogos cooperativos aos programas de Educação Física formal como uma forma de ensino-aprendizagem que amplia os horizontes dos alunos mostrando a importância de se respeitar os adversários em qualquer situação.
De acordo com CASTRO (2015, p. 59), algumas premissas são necessárias para se trabalhar com jogos cooperativos como:
* O papel do professor é de guia e facilitador da aprendizagem;
* O alunado se constitui como o centro do processo de ensino aprendizagem, adotando um papel ativo nos processos de avaliação. * As atividades de ensino-aprendizagem se cercam de situações reais, fomentando assim um significado e uma funcionalidade ao que se é aprendido.
* O processo de aprendizagem implica conquistas tanto a nível motor como a nível cognitivo e afetivo-social, dando ênfase à compreensão das ações. É decidir, o que se tem que fazer e por que se deve fazer.
Neste sentido, vários autores consideram o jogo cooperativo como uma atividade que tem como objetivo alcançar uma meta comum, que se busca a participação de todos com a inclusão em vez da exclusão. Aonde as regras são flexíveis e próprios participantes podem muda-las para favorecer uma maior participação ou diversão.
Dessa forma, os jogadores tem em suas mãos a decisão de participar, de mudar as normas, de regular os conflitos, dado que o resultado se alcança pela união de esforços, desaparecendo os comportamentos agressivos que existiram ou poderiam existir.
Castro (2013, p. 63), destaca a possibilidade de se utilizar o jogo cooperativo para trabalhar, não só, a aprendizagem em tarefas individuais ou cooperativos, como também para realizar trabalhos com conteúdo competitivos, que podem ser mais
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motivantes para os alunos, tanto no âmbito da Educação Física como do ensino dos esportes, e que não resultam em incapacidade no contexto competitivo. Os jogos cooperativos consistem em ajudar a pessoas a se relacionar entre elas, ao realizar atividades em grupos que favorecem a criação de atitudes de confiança, colaboração e solidariedade alcançando objetivos comuns de maneira participativa. Podemos decidir que são importantes para que as pessoas aprendam a desenvolver-se a ajudar os outros. (SOUZA, 2011, p. 64).
A sociedade humana sobreviveu durante os tempos porque a cooperação entre seus membros fez ser possível a sobrevivência. A cooperação humana é mais importante para o ser humano do que para qualquer outra espécie, porque a ação humana tem um efeito direto sobre todas as outras espécies. Não só tem a capacidade de melhorar, preservar ou destruir a si mesmo, como também ao meio ambiente. (CASTRO, 2013, p. 66)
Os jogos cooperativos deixam de lado as práticas individualistas e competitivas que se utiliza continuamente na forma de ensino tradicional da Educação Física, realizando uma crítica aos modelos que primam pela competição, a exclusão, a recompensa em detrimento da ajuda e parceria entre os competidores.
(NEIRA, 2013, p. 59).
Segundo CASTRO (2013, p. 69), os valores mais importantes que se enfatiza mediante este tipo de jogo são:
* A construção de uma relação social positiva: gerando comportamentos sociais baseados em relações solidárias, afetivas e positivas.
* A empatia: capacidade para situar-se no lugar de outra pessoa para compreender seu ponto de vista, suas preocupações, suas expectativas, suas necessidades e sua realidade.
* A cooperação: necessária para resolver tarefas e problemas em conjunto através das relações baseadas na reciprocidade e não no poder ou no controle.
* A comunicação: Desenvolver a capacidade de se expressar deliberadamente e autenticamente estados de ânimo, percepções, conhecimentos, emoções e perspectivas.
* A participação: em uma cultura seletiva e discriminatória, os jogos cooperativos têm como valor e objetivo a participação de todos os seus membros.
* O apreço a autoestima: desenvolvimento de uma imagem positiva de si mesmo e reconhecendo, apreciando, e expressando a importância das outras pessoas.
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* A alegria: é um objetivo que não pode ser ignorado já que qualquer projeto educativo deve ter como finalidade fazer as pessoas felizes. Nos jogos cooperativos, desaparecem o medo do fracasso e a rejeição, geralmente associados aos jogos competitivos. (VICTOR, 2010, p. 89)
Ainda segundo CARVALHO (2004, p. 42), os jogos cooperativos também servem para que os alunos:
* Tenham mais confiança em sua capacidade e nos demais;
* Saber gerenciar conflitos entre eles e superar seus medos;
* Aprendam a compreender os demais;
* Permite que todos os alunos se sintam igualmente valorizados.
(CARVALHO, 2004, p. 43)
Os jogos cooperativos são muito importantes porque ajudam para que os alunos confiem em suas atitudes e conhecimentos e a colaborar com as demais pessoas para conseguir alcançar um objetivo comum. Também abandonam o individualismo e a competição fazendo com que a criança ou adolescente construa uma relação social positiva com os demais.
Um dos propósitos dos jogos cooperativos consiste em ajudar para que as pessoas se relacionem ao recuperar o sentido de grupo, colaboração e solidariedade alcançando objetivos comuns de maneira participativa, enquanto todos se divertem. (SOUZA, 2011, p. 78)
Os jogos cooperativos, também tratam de não excluir e nem humilhar ninguém, de conseguir diversão sem ter a ameaça de não conseguir o objetivo almejado, e de favorecer um ambiente de respeito mútuo, onde não se ver o outro como oponente, e sim como um parceiro de jogo. Em consequência, promovem a não discriminação das pessoas e permitem que crianças e adolescentes de culturas e hábitos diferentes se unam num só objetivo. (SOUZA, 2011, p. 81)
Neste tipo de atividade lúdica existe uma relação direta entre os objetivos e as possibilidades de êxito das distintas pessoas, de tal modo que cada um só alcança seu objetivo no jogo se este também é alcançado pelo resto dos participantes. (CASTRO, 2013, p. 28)
Por outro lado, são jogos que não requerem materiais de alto custo, ao contrário, de fato pode-se realizar uma infinidade de jogos cooperativos, que só requerem um profissional formado e imaginativo e um grupo de pessoas dispostos a participar.
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São jogos fáceis e que deixam de lado as práticas individualistas profundamente arraigados nos esquemas educativos, estabelecendo uma profunda crítica aos modelos que primam pela competição, a exclusão, o castigo e a recompensa. (BASTOS, 2012, p. 79)
Dessa forma, os jogos cooperativos estão associados a temas como a educação voltada para o trabalho em equipe, a resolução de conflitos, a solidariedade, a participação e a não violência.
Este tipo de jogo tem se tornado importante no âmbito educacional diante da necessidade de se influenciar, durante o processo de ensino-aprendizagem, os conteúdos referentes às atitudes, valores e normas. Dessa forma, se demonstra que não é necessário ganhar para se desfrutar do jogo. Os recursos específicos para trabalhar conteúdos de atitudes, valores e normas no meio educativo são muito escassos e por isso, os profissionais que trabalham com esse tipo de modalidade de ensino devem ser bastante criativos para enfrentar esse problema. (CASTRO, 2013, p. 88)
Os jogos buscam a participação de todos, sem que ninguém seja excluído, independentemente das características, condições, experiências previas ou habilidades pessoais, onde a proposta é criar um clima agradável para alcançar metas coletivas e não metas individuais, onde se centra na ideia de combater o pensamento dos jogos tradicionais de “um contra os outros”. (CARVALHO, 2004, p. 59)
Os jogos cooperativos são propostos que buscam diminuir as manifestações de agressividade nos jogos promovendo atitudes de sensibilização, cooperação, comunicação e solidariedade. Facilitam o encontro com os outros e a proximidade com a natureza. Buscam a participação de todos, predominando os objetivos coletivos sobre as metas individuais. As pessoas jogam com os outros e não contra os outros, jogam para superar desafios ou obstáculos e não para superar os outros. (BASTOS, 2012, p. 46)
O ser humano pode assumir distintos comportamentos. O comportamento é produto dos valores que socialmente recebemos desde o início de nossa vida, dos modelos que vemos ou estímulos que por fazer ou não certas coisas, somos produto de um processo de socialização no qual nos ensinam a valorizar comportamentos construtivos ou destrutivos. (BASTOS, 2012, p. 59)
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A proposta tem como base a participação de todos para alcançar um objetivo comum: a estrutura assegura que todos joguem juntos, sem a pressão gerada pela competição para alcançar um resultado; ao não existir a preocupação por ganhar ou perder, o interesse se centra na participação. Do ponto de vista educativo, o interesse se centra no processo e não no resultado. A proposta se alcança, porque o processo como elemento principal de atenção, permite contemplar os tempos individuais e coletivos para que as metas se cumpram com o apoio de todos. (BASTOS, 2012, p. 64)
Jogar cooperativamente permite superar medos, questionar conflitos e compreender a si mesmo e aos outros. As crianças ou adolescentes educados na cooperação, na aceitação e no sucesso compartilhado têm muitas chances de desenvolver uma personalidade saudável. No entanto, hoje a tendência do jogo não é precisamente a de jogos de tabuleiros com a família como há décadas atrás. Hoje os jogos eletrônicos inundam os espaços em que vivem as crianças e adolescentes. (NEIRA, 2013, p. 86)
Daí a importância de se promover jogos que valorizem o conjunto e não o individual, da não violência, da compreensão e do respeito pelas diferenças individuais. Neste sentido devemos destacar a importância dos profissionais de educação que trabalham com os jogos cooperativos e tentam de alguma forma combater os jogos que tanto influenciam as crianças e adolescentes como é o caso da maioria dos jogos eletrônicos.