1- Introdução

          Planejar é uma ação indispensável à vida pessoal e também a profissional seja da área da educação ou das demais áreas, alguns fatores que apontam a importância do professor fazer uso do planejamento na prática de suas atividades profissionais. Todo o docente que assim faz torna sua aula mais dinâmica, atraente e os objetivos traçados têm mais chance de serem alcançados. Além disso consegue tornar a sala de aula um verdadeiro local de pesquisa e de aprendizagem mutua (de professor para aluno e de aluno para o professor). Na construção do planejamento o professor tem como checar mais precisamente as características de sua turma bem como suas dificuldades, para a partir daí saber como passar os conteúdos disciplinares com maior êxito tanto para si como para o alunado. Outra expectativa da lei sobre a educação está nela formar cidadãos críticos capazes de interagirem no contexto social no qual está inseridos, também esta proposta educacional pode ser, melhor, aplicada na sala de aula quando o professor faz uso do planejamento educacional. o educador que se empenha e considera o ato de planejar suas aulas, demonstra ser um profissional capacitado, responsável, consciente e que ama o que faz. Por isso revela grandes indícios de trilhar uma promissora e feliz carreira profissional e pessoal, e com isto respeitando a condição humana.

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2- A importância do Planejamento Escolar

          Para desenvolver  a função didática, o professor é responsável pelo planejamento, organização, direção e avaliação das atividades que compõem  o processo ensino aprendizagem, Considerando a aula como a forma  que predomina no processo de ensinar e aprender, onde se criam, se desenvolvem e se transformam as condições necessárias  para que os alunos assimilem conhecimento, habilidades, atividades e convenções, desenvolvendo competências nos âmbitos profissional e pessoal.

          Cada aula é uma situação didática especifica e singular, onde objetivos e conteúdos são desenvolvidos com métodos de realização da instrução e do ensino, de maneira a proporcionar aos alunos conhecimentos  e habilidades, expressos por meio da aplicação de uma metodologia compatível com a temática estudada. Esta metodologia deve ser aplicada no processo didático do curso. A aula deve estar vinculada às temáticas abordando um conteúdo especifico. O professor responderá às demandas relacionadas ao aprendizado do aluno, deve integrar conhecimento com os princípios da LDB.Cumprir a sua função educativa é um método de construção continuo e não isolado, o percurso se faz junto aos alunos, sustentando a partir da abertura para o novo, com  flexibilidade e autonomia para ambos os lados, valorizando o trabalho, a ciência, a tecnologia e respeitando a condição humana. O contato direto com professores tem revelado um certo grau de insatisfação destes em relação ao trabalho de planejamento. O que se ouve, com certa freqüência, são falas do tipo: "Eu acho importante planejamento, mas não da forma como vem sendo realizado"; "Eu acho que dá para trabalhar sem planejamento"; "Do jeito que as coisas estão, impossível planejar o meu trabalho docente; vivo de constantes improvisações; "Eu não acredito nos planejamentos tecnicistas que a Rede vem elaborando mecanicamente e que nada têm a ver com a sala de aula"; "Eu sempre transcrevo o planejamento do ano anterior, acrescento algo quando dá, entrego e pronto. Cumpri a minha obrigação". Diante desta realidade, uma questão necessita ser colocada: por que os professores percebem e apresentam estas atitudes diante do planejamento do trabalho pedagógico, Mais isto não seria uma ponta do problema, concebido sob a forma de indagações e tentativas de respostas, faz parte do esforço de buscar aclarar um pouco o nó da questão e estimular a

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recuperação do planejamento na prática social docente, como algo importante para a conquista da democratização do Ensino Público.

3- Conceito no Planejamento de Ensino

          Na medida em que se concebe o planejamento como um meio para facilitar e viabilizar a democratização do ensino, o seu conceito necessita ser revisto, reconsiderado e redirecionado.

          Na prática docente atual, o planejamento tem-se reduzido à atividade em que o professor preenche e entrega à secretaria da escola um formulário. Este é previamente padronizado e diagramado em colunas, onde o docente redige os seus "objetivos gerais", "objetivos específicos”, "conteúdos", "estratégias" e "avaliação". Em muitos casos, os professores copiam ou fazem fotocópias do plano do ano anterior e o entregam à secretaria da escola, com a sensação de mais uma atividade burocrática cumprida.

          É preciso esclarecer que planejamento não é isto. Ele deve ser concebido, assumido e vivenciado no cotidiano da prática social docente, como um processo de reflexão. Refletir é o ato de retomar, reconsiderar os dados disponíveis, revisar, vasculhar numa busca constante de significado. É examinar detidamente, prestar atenção, analisar com cuidado. O plano de ensino deve ser percebido como um instrumento orientador do trabalho docente, tendo-se a certeza e a clareza de que a competência pedagógico-política do educador escolar deve ser mais abrangente do que aquilo que está registrado no seu plano. A ação consciente, competente e crítica do educador é que transforma a realidade, a partir das reflexões vivenciadas no planejamento e, conseqüentemente, do que foi

proposto no plano de ensino. Um profissional da Educação bem-preparado supera eventuais limites do seu plano de ensino. O inverso, porém, não ocorre: um bom plano não transforma, em si, a realidade da sala de aula, pois ele depende da competência-compromisso do docente. Desta forma, planejamento e plano se complementam e se interpenetra, no processo ação-reflexão-ação da prática social docente.

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4- Formalizando Plano de Ensino

          É preciso assumir que é possível e desejável superar os entraves colocados pelo tradicional formulário, previamente traçado, fotocopiado ou impresso, onde são delimitados centímetros quadrados para os "objetivos, conteúdos, estratégias e avaliação".

A escola pode e deve encontrar outras formas de lidar com o planejamento do ensino e com seus desdobramentos em planos e projetos. É importante desencadear um processo de repensar todo o ensino, buscando um significado transformador para os elementos curriculares básicos:

• objetivos da educação escolar (para que ensinar e aprender?);

• conteúdos (o que ensinar e aprender?);

• métodos (como e com o que ensinar e aprender?);

• tempo e espaço da educação escolar (quando e onde ensinar e aprender?);

• avaliação (corno e o que foi efetivamente ensinado e aprendido?).

          O fundamental não é decidir se o plano será redigido no formulário x ou y, mas assumir que a ação pedagógica necessita de um mínimo de preparo, mesmo tendo o livro didático como um dos instrumentos comunicacionais no trabalho escolar em sala de aula. A ausência de um processo de planejamento do ensino nas escolas, aliada às demais dificuldades enfrentadas pelos docentes no exercício do seu trabalho, tem levado a uma contínua improvisação pedagógica nas aulas. Em outras palavras, aquilo que deveria ser uma prática  eventual acaba sendo uma "regra", prejudicando, assim, a aprendizagem dos alunos e o próprio trabalho escolar como um todo.

         Faz que os docentes discutam a questão da "forma" e do "Conteúdo" no processo de planejamento e elaboração de planos de ensino, buscando alternativas para superar as dicotomias entre fazer e pensar, teoria e prática, tão presentes no cotidiano do trabalho dos nossos professores. Vale a pena enfrentar este desafio e pensar a respeito.

          O preparo das aulas é uma das atividades mais importantes do trabalho do profissional de educação escolar. Nada substitui a tarefa de preparação da aula em si. Cada aula é um encontro curricular, no qual, nó a nó, vai-se tecendo a rede do currículo escolar proposto para determinada faixa etária, modalidade ou grau de ensino.

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5- Desenvolvimento de trabalho com livro Didático.

          Um ponto que necessita ficar bastante claro é que o livro didático é um dos meios de comunicação no processo de ensinar e aprender. Como tal, ele faz parte do método e da metodologia de trabalho do professor, os quais, por sua vez, estão ligados ao conteúdo que está sendo trabalhado, tendo em vista o atingimento de determinados objetivos educacionais (pontos de chegada).

          O livro didático é apenas um dos instrumentos comunicacionais do professor no processo de educação escolar a  capacidade do professor deve ser mais abrangente, não se limitando ao mero recorrer ao livro didático. Um livro de categoria média, nas mãos de um bom professor, pode tornar-se um excelente meio de comunicação, pois a capacidade do docente está além do livro e de seus limites. Já um bom livro nas mãos de um profissional pouco capacitado acaba muitas vezes reduzindo-se à função de um "pseudodocente", o livro didático acaba sendo considerado o "professor", o que não deve ocorrer, tendo em vista a especificidade comunicacional escolar de transmissão/assimilação, de interação ligada aos conteúdos de ensino e aprendizagem, que deve expressar-se entre o docente e seus alunos, mediada metodicamente por livros e outros meios de comunicação, nas aulas, para atingir os objetivos educacionais escolares.

6- Prioridade no processo de Planejamento.

          Três tipos de plano se complementam, se interpenetram e compõem o corpo do plano de currículo da escola. Entretanto, na prática das escolas, devido à quase total falta de condições de trabalho docente, a elaboração dos planos escolar, de curso e de ensino tem-se revelado complexa, fragmentada, longe mesmo, em alguns casos, daquela organicidade desejada para o processo ensino-aprendizagem. É preocupante a situação dos professores; eles têm de entregar planos gerais das disciplinas, planos de ensino e, no entanto, não possuem condições para o preparo das aulas, o que é o mais fundamental. Vale retomar, contudo, a questão colocada e tentar respondê-la. Algo precisa ser feito para reverter o quadro, e um dos pontos de partida, dentre outros, é o de recuperação  do  plano de ensino,  no sentido de preparo das aulas, facilitando,   assim, o

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trabalho docente no processo ensino-aprendizagem. Na atual conjuntura problemática em que se encontra a escola, vamos estimular os professores a prepararem as suas aulas, garantindo, deste modo, um trabalho mais competente e produtivo no processo ensino-aprendizagem, no qual o professor seja um bom mediador entre os alunos (com suas características e necessidades) e os conteúdos do ensino.

7- Elementos Conceituais do Plano de Aula.

          São elementos conceituais do plano de aula:

Estrutura Didática: Compreende organizar e desenhar a estrutura básica do plano de aula a ser desenvolvido. Para isto o professor deve planejar, coordenar, dirigir e avaliar todas as atividades por meio de uma dimensão educacional critica, política, ética e social.

Temática: O tema da aula deve  estar inserido no conteúdo programático do curso e vinculado ao objetivo geral do mesmo, devendo refletir a realidade, podendo apresentar-se de forma abrangente ou especifica.

Objetivo: Consiste na organização de conteúdos orientado procedimento que circunscrevem e antecipam possíveis resultados. Os objetivos devem der formulados de forma clara, dos mais simples para os mais complexos, de maneira concreta e pratica. Os verbos devem ser escritos no infinitivo, evitando varias interpretações. A validade, a precisão e o significado dos objetivos estão vinculados ao conteúdo programático, ao período especifico de tempo disponível e principalmente ao preparo dos alunos para aprendizagem.

Conteúdo Programático: o conteúdo programático deve estar subdividido em Apresentação, Introdução, desenvolvimento do tema, Síntese e Avaliação.

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Apresentação: Significa o mapeamento preliminar do conteúdo selecionado que deve ser apresentado numa seqüência determinada. referindo à preparação dos alunos, provendo condições favoráveis para o desenvolvimento do estudo, introduzindo o assunto e a colocação didática dos objetivos,

Introdução: deve oferecer suporte conceitual para a compreensão do tema que será  desenvolvido durante a aula, relacionando os principais assuntos, conceitos básicos, fatos e exemplos, propiciando ao aluno uma orientação sobre o que será desenvolvimento durante a aula , tendo como premissa ser um espaço que habilite o aluno a pensar sobre o tema.

Desenvolvimento do tema: Significa discorrer sobre o conteúdo especifico com abordagem teórica pratica que possibilite a conscientização e a construção do conhecimento.

Síntese: Conclusão do trabalho, ressaltando os pontos mais importantes que foram trabalhados em aula, fixando os principais conceitos e conteúdos apresentados.

Avaliação: A avaliação da aula deve ser contextualizada de acordo com a concepção de homem e de mundo, podendo ocorrer em diferentes momentos com finalidades distintas.

8- Planejamento do ensino:

Plano - "Processo de tomada de decisões que estimula a aprendizagem; processo hierárquico capaz de controlar a ordem na qual a seqüência de operações deve ser realizada.

Objetivo educacional - É uma proposição sobre uma mudança comportamental desejada. (objetivos imediatos e objetivos últimos). Os objetivos devem ser operacionalizados em objetivos instrucionais, que são proposições específicas sobre as mudanças esperadas no comportamento dos alunos,  e  devem  prever  mudanças      nos

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domínios cognitivo, afetivo e psicomotor. Os objetivos comportamentais devem descrever o que o aluno precisa fazer ou realizar para mostrar que está atingindo o objetivo.

Conteúdos - No planejamento de ensino, após a definição dos objetivos instrucionais, deve-se selecionar o conteúdo  o conteúdo constitui o conjunto de conhecimentos acumulados. Envolvem fatos, conceitos, princípios, podendo abranger, também, os processos específicos de aquisição de conhecimentos em cada área de estudo.

Estratégia instrucional - Uma vez definidos os objetivos que constituem o ponto de partida para qualquer estratégia instrucional, cumpre ao professor e supervisor o planejamento de procedimentos, métodos e técnicas que visam engajar o aluno em situações capazes de produzirem aprendizagens. A proposição de estratégias instrucionais deve prever os seguintes momentos: fase de orientação de resposta.

Avaliação - A avaliação é a forma através da qual o professor procura determinar a natureza e a quantidade de mudanças efetuadas no comportamento, em função dos objetivos definidos e das estratégias planejadas  as situações de avaliação são mais facilmente escolhidas quando os objetivos instrucionais são bem definidos. O trabalho de treinamento de professores na teoria do planejamento envolvia a fase prática de resposta, na qual os docentes exercitavam a elaboração dos seus planos de ensino; para facilitar e padronizar os planos, foi apresentado um formulário, diagramado em colunas, onde, então, em cada uma delas, os professores deveriam apresentar os seus objetivos gerais e instrucionais, conteúdos, estratégias e Foi, portanto, dessa forma que teve início, pelo menos no Estado de São Paulo, a tendência tecnicista, influenciando a elaboração de planos de ensino, o que, de certa forma, explica a situação atual do planejamento do ensino na maioria das escolas públicas, desenvolvido de forma mecânica e burocrática. A reversão deste quadro envolve, necessariamente, a conquista de melhores condições de trabalho para os professores nas escolas; o aperfeiçoamento (transformação) do processo de formação do educador nas habilitações para o Magistério, Pedagogia e Licenciaturas; e, ainda, uma política que implante programas de formação dos educadores em serviço.

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9- Conclusão

 

          As respostas às indagações podem ainda servir de pretexto para maior aprofundamento, na medida em que o objetivo não foi o de esgotar as respostas  muito menos transformar cada uma delas num pequeno texto, apesar da vontade.

          .A prática social docente dos profissionais da Educação certamente questionará suas indagações e suas respostas provisórias, estimulando, assim, uma análise crítica do texto e da própria prática pedagógica dos educadores.

           É preciso que o grupo de educadores da escola sinta e assuma a necessidade de transformar a realidade da escola-sociedade e conceba o planejamento como um dos meios a serem utilizados para efetivar esta transformação. Vale insistir que o trabalho de planejamento e, conseqüentemente, a tarefa de preparar (pensar e redigir), vivenciar, acompanhar e avaliar planos de ensino são ações e reflexões que devem ser vivenciadas pelo grupo de professores e não apenas por alguns deles.

          Um segundo aspecto refere-se à necessidade de o grupo de educadores ter uma clara percepção dos problemas básicos da sua escola, curso, disciplina e, principalmente, das suas aulas. Os problemas devem ser identificados, caracterizados, tendo em vista a sua superação. Os educadores escolares necessitam, pois, desenvolver a atitude habilidade conhecimento de perceber as pontas dos problemas (manifestações) e, a partir delas, buscar as suas causas (raízes).

 

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10- Referencias Bibliográficas

Demo Pedro. Metodologia do conhecimento Cientifico. São Paulo:Atlas, 2000.

Villani, Alberto, Pacca, Jesuína Lopes de Almeida. Construtivismo, conhecimento Cientifico e habilidades no Ensino de Ciências. Revista da faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. São Paulo, v.23, nº 1-2,1997.