1 INTRODUÇÃO

O brincar garante a oportunidade à criança de descobrir, criar, descobrir e reorganizar o que já sabe, gerando novos conhecimentos ou assimilando a sua maneira o que acontece cotidianamente, ampliando o vocabulário, desenvolvendo o pensamento, contribuindo para que o tempo do brincar senha otimizado e melhor aproveitado pelas crianças. Este trabalho traz uma abordagem sobre a ludicidade na educação infantil, pois o lúdico traz conhecimento e vivências em grupo e com ela mesma, reforçando as habilidades sociais, enfrentando os obstáculos, os ganhos e as perdas. Através do brincar no “lúdico” a criança conquista um crescimento saudável, intelectual e emocional, fazendo com que se tornem adultos responsáveis e de boa conduta, pois passam-se anos e ficam presentes na memória e nas lembranças, fazendo parte da história marcando as épocas da vivência infantil. Mas será que os educadores estão preparados para ensinar o lúdico? É de responsabilidade do professor proporcionar a ludicidade no momento das aulas, fazendo com que os alunos aprendam de uma maneira mais atrativa e que os resultados sejam de melhor qualidade. A referente pesquisa tratou do lúdico no desenvolvimento de alunos da Educação Infantil e teve a primícia de compreender o lúdico e o brincar no processo da aprendizagem; abordou-se a importância do lúdico no desenvolvimento e na formação do professor, no cotidiano escolar, nos pontos fortes e fracos da aplicabilidade do ensino lúdico e verificou-se como a ludicidade interfere na assimilação de conhecimentos do cotidiano e no exercício da profissão. A brincadeira lúdica nas escolas ainda não ocupa um lugar de destaque, mas é um importante meio de aprendizagem, já visto que renomados autores, entre eles Vygotsky, Kishimoto e Piaget, comprovam o lúdico como uma estratégia positiva para o desenvolvimento infantil, pois enquanto se desenvolve e se socializa, a criança descobre, assim, seu papel na sociedade. Se durante algum tempo o lúdico foi considerado uma atividade “dispensável” às crianças, hoje se percebe justamente o contrário, não se pensa mais na criança longe do brincar. Crianças necessitam, além de um espaço cuidadosamente planejado e materiais disponíveis e acessíveis, ter liberdade para escolher livremente aquele brinquedo que deseja, sem ter tempo marcado para pegar e devolver o que ocasionará um prejuízo para a liberdade do criar.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO TEMÁTICA

O lúdico na educação infantil Segundo o PCN (BRASIL, 2012), a palavra lúdico remete-se ao significado do brincar e jogar, servindo para identificar o ato da criança pular, brincar, desenhar, e fazer tudo mas frente a brincadeiras que lhe agradam. Há muitas brincadeiras que passam de gerações para gerações, servindo para serem exploradas nas escolas, e o mais importante é que durante as brincadeiras, crianças têm medo nenhum de cometer erros, se sentem livres sem preocupação alguma. Autores que podemos dizer que são vistos como referências, são Piaget e Vygotsky que tratam do universo lúdico, conceituando a ação do brincar (BRASIL, 2012). É interessante notar que na infância, a criança mostra não ter preocupação alguma no ato do brincar, e assim passam a vivenciar seu universo lúdico, mas vale ressaltar que os brinquedos devem seguir sua faixa de idade das crianças até a idade de dois anos, lembrando que elas se interessam mais por brinquedos que contenham cores claras, que emitem algum som, e entre cinco a seis anos, preferem brinquedos que exigem mais raciocínio lógico, como no caso brinquedos de montar, e próximo aos dez anos de idade, passam a se interessar por brinquedos mais modernos como, vídeo game, computadores, enfim, jogos eletrônicos (BRASIL, 2012). As crianças estão prezando mais brinquedos e jogos que lhe chamam a atenção, que despertem a curiosidade, que estimulam o querer brincar cada vez mais com o mesmo brinquedo, por isso é importante selecionar o brinquedo dentro da educação para a criança brincar (BRASIL, 2012). Segundo o PCN (BRASIL, 2012), atualmente os brinquedos industrializados são os que mais passam a interessar às crianças, mas não há necessidade de ser, basta ter uma diversidade de brinquedos e trazer prazer à criança. Algo interessante é que se tanto os pais como os professores poderem confeccionar os brinquedos junto com as crianças, pode ter a certeza que esses brinquedos seriam bem mais prazerosos para eles. Os brinquedos que devem ser evitados são: arminhas que podem acarretar a violência, espadas e outros que podem influenciar para o lado do mal ou chegar a machucar as crianças no ato de brincar (BRASIL, 2012). Segundo Miranda (2002), um professor deve ter a capacidade de despertar em seus alunos o interesse pelo lúdico, transformando a prática em conhecimento propício, descobrindo a verdadeira base do trabalho pedagógico, assim a criança pode se socializar com outras crianças também através de brincadeiras, chegando a desenvolver o físico e o mental da criança. O jogo não deve ser subordinado, pois isso faz com que o lúdico da criança tire sua motivação. Os jogos se dividem em categorias: funcional (os que exploram os movimentos) ficção (envolvem faz de conta), aquisição (mostra a capacidade que a criança tem) e fabricação (jogos confeccionados a partir da criatividade) (BRASIL, 2012). No referencial de PCN (BRASIL, 2012), diante de Wallon, Piaget e Vygotsky, cada autor tem uma visão sobre os jogos, onde Wallon prezava jogos de ficção, aquisição e de fabricação, Piaget prezava jogos que buscavam o prazer, representação e que buscavam relações sociais e Vygotsky não prezava por classificação. Segundo PCN (BRASIL, 2012), um problema que muitas vezes é ressaltado pelos pais, é referente sobre a mídia, que acaba influenciando as crianças através de propagandas enganosas, assim acabam de certa forma influenciando-as no momento em que elas estão na idade do lúdico. A educação tem como forma de desenvolvimento do aprendizado do aluno, a forma de brincar, mas isso é relevante a ter horários apropriados para este momento. As crianças não percebem no momento da brincadeira que estão sendo avaliados dentro do campo escolar, pois o que eles querem neste exato momento é vivenciar o prazer que os brinquedos e jogos os beneficiam (BRASIL, 2012). A criança tem necessidade de viver conforme sua faixa etária de idade e deve deixar o lúdico fazer parte de sua infância, somente assim saberá a diferença entre o mundo dos adultos e o mundo infantil (BRASIL, 2012). Ainda PCN (BRASIL, 2012), antes era quase impossível brincar e aprender ao mesmo tempo, mas graças aos professores capacitados, as escolas pedagógicas, e as mudanças que foram ocorrendo ao longo do tempo dentro do campo educacional, hoje é possível trazer para a sala de aula os dois ao mesmo tempo (brincar e aprender). O significado do brincar para criança Toda criança tem o direito de brincar. Tão grande é sua relevância que este direito está garantido no RCNEI – Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Com a brincadeira, a criança se comunica com o mundo e explora seu pensamento podendo também desenvolver o movimento, a cognição, a afetividade, o conhecimento do próprio corpo e a aprendizagem da interação com os outros. Portanto, o brincar acaba sendo uma maneira da criança mostrar o que está aprendendo e como está se desenvolvendo. Pela oportunidade de vivenciar brincadeiras imaginativas e criadas por elas mesmas, as crianças podem acionar seus pensamentos para a resolução de problemas que lhe são importantes e significativos. Propiciando a brincadeira, portanto, cria-se um espaço no qual as crianças podem experimentar o mundo e internalizar uma compreensão particular sobre as pessoas, os sentimentos e os diversos conhecimentos. (BRASIL, 1998, p.28) Desde a tenra idade a criança começa a buscar os primeiros significados para dar sentido à vida, aos poucos vai integrando a sua personalidade, se conhecendo e tudo isto acontece por meio do brincar, desde as primeiras relações com o adulto nos cuidados e também nas primeiras brincadeiras propostas. Segundo Machado (1994), desde a pouca idade, a criança costuma buscar significados para dar sentido a sua vida, e já vai integrando a personalidade por meio do brincar. A participação dos adultos neste processo é fundamental. Pois, de acordo com a forma que foi cuidada e as brincadeiras que vivenciou com os adultos pode ser determinada a sua relação com o seu próprio corpo. Um objeto muito rico para a criança ter contato e que ajuda em suas descobertas é o espelho. A autora comenta que aos poucos a criança começa se perceber como existente interdependente, percebe que pode ampliar os movimentos de seu corpo como engatinhar e andar. E vencendo as etapas vai experimentando novos desafios. Kishimoto diz que a criança utiliza a memória para organizar sua mente, inserir personagens e ações em estruturas que já conhece, subsidiadas pelas emoções, pelo envolvimento no brincar. Todas as crianças gostam de brincar e isso faz parte da infância, do mundo infantil, é divertido e está presente em várias culturas, a partir dos primeiros meses da vivência humana. No Referencial Curricular Nacional para a Educação infantil (1998) a brincadeira está colocada como um dos princípios fundamentais, defendida como um direito, uma forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação entre as crianças. Brincar é uma atividade mental, uma forma de interpretar e sentir determinados comportamentos humanos. Nessa perspectiva a noção de brincar pode e deve ser considerada como representação e interpretação de determinadas atividades infantis, explicitadas pela linguagem num determinado contexto social (WAJSKOP, 1995.p.65). Assim, o brincar, é cada vez mais entendido como uma abordagem que envolve a liberdade infantil para criar, fazer e refazer, adaptar ou simplesmente ignorar. Segundo com Brougère (2006, p.91) “ao ler Froebel, herdeiro do pensamento romântico que fundamentou sua filosofia na educação das crianças pequenas,” [...] o brincar é percebido como a expressão direta da verdade na criança que se deve incentivar: “A brincadeira é o mais alto grau de desenvolvimento infantil nessa idade, porque ela é a manifestação livre e espontânea do interior, a manifestação do interior exigida pelo próprio interior.” (BROUGERE, 2006, p.92). O brincar é visto como atividade principal da infância, que além de oferecer a ludicidade e o prazer, estimula a aprendizagem, o físico, cognitivo, criativo, social e a linguagem das crianças. Promover o desenvolvimento global das crianças, incentivar a interação entre os pares, a resolução de conflitos e a formação de um cidadão crítico e reflexivo, também fazem parte do discurso do ato de brincar. Segundo Brougère (2006, p.105) a brincadeira é uma confrontação com uma cultura. “A criança não brinca com as substâncias materiais e imateriais que lhe são propostas. Ela brinca com o que tem a mão e com o que tem na cabeça”. Levando-se em conta a importância do brincar para o desenvolvimento infantil, Vygotsky (1998), afirma que o brincar reside no fato da atividade contribuir para a mudança da relação da criança com o objeto. Para Brougère (1990, p. 90), a brincadeira é uma ação lúdica, é uma associação entre uma ação e uma ficção, ela não pode ser limitada ao agir, o que a criança faz tem sentido, é a lógica própria do faz de conta. No brincar a criança está firmando valores e sentimentos morais e éticos, percebendo o que é certo e errado, formando sua personalidade. Ela, na brincadeira, internaliza os conhecimentos de sua cultura, aprendendo a conhecer os outros com quem convive e conhece a si mesma. Considerando que a criança se desenvolve através das interações que estabelece com o seu meio social, a brincadeira não é concebida como algo inato da criança, e sim como uma atividade na qual as crianças são introduzidas constituindo-se em um modo de assimilar e recriar a experiência sociocultural dos adultos. É através das brincadeiras que a criança tem oportunidade de estabelecer um canal de comunicação com o adulto e com outras crianças, de uma forma prazerosa tirando dúvidas e desenvolvendo uma relação de confiança consigo mesma e com os outros. Segundo Brougère (2006), as crianças modificam, transformam e renegociam as regras da brincadeira com seus parceiros, construindo um universo de faz de conta que gira em torno das decisões das próprias crianças. O papel do educador nesta atividade, ainda segundo Gilles Brougère, é a observação, porque é preciso respeitá-la bastante para poder se desenvolver dentro de sua própria lógica, quando é interessante intervir. A brincadeira nasce da necessidade de um desejo não possível de ser realizado imediatamente. É baseado no fato da criança, ao brincar, ter a capacidade de modificar a realidade que Vygotsky considera que a brincadeira cria uma” zona de desenvolvimento proximal”. A zona de desenvolvimento proximal é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob orientação com companheiros mais capazes. (VYGOTSKY, 1994, p.112) Vygotsky concluiu por meio de suas pesquisas que as brincadeiras infantis são promotoras de desenvolvimento das funções psicológicas tipicamente humanas, e que a capacidade para se envolver em determinadas brincadeiras, demanda certo nível de desenvolvimento. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) o brincar além de trazer avanços cognitivos é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. O fato da criança desde muito pequeno poder se comunicar através de gestos e sons e depois representar um determinado papel na brincadeira, faz com que ela desenvolva sua imaginação e criatividade.

1.2 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DO PROBLEMA

A problemática em questão a ser discutida foi a ludicidade na educação infantil e a real importância dos jogos e brincadeiras para o desenvolvimento da criança, sabendo que a ludicidade amplia na educação infantil uma base social de conhecimento amplo através do pensar, do sentir e do falar. O lúdico é uma metodologia de grande relevância para conduzir o conhecimento de crianças na educação infantil. Por si só, os jogos abordam a problemática através de regras e conceitos, fazendo com que o conhecimento do seu meio, proporcionem uma aprendizagem de uma forma significativa gerando assim, vastos conhecimentos. Seu uso como instrumento pedagógico é válido, vendo que propõe, com a diversão o conhecer, desenvolve a intelectualidade, âmbitos emocionais, motores e contatos sociais não desenvolvidos, porém, que para que funcione é preciso ser realizado um plano de aula com objetivos claros, metodologias ativas e que haja relação entre as atividades desenvolvidas e a meta estabelecida. O professor nesse momento se torna de total importância, agindo como mediador das brincadeiras e reprodutor de conhecimentos. Mesmo sendo muito falado, ainda se sabe pouco de exato sobre sua prática. Se nota que os docentes têm tentado a cada dia mais se aprimorar com esta bas