RESUMO

O intérprete tem a função de estabelecer uma relação entre o professor e o aluno, uma vez que a aprendizagem é mútua. Dessa forma, o discente surdo, necessita da intervenção de um profissional qualificado, com o intuito de romper com as barreiras no processo de ensino e aprendizagem da Língua Brasileira de Sinais – Libras. Então, é importante compreender o papel do intérprete em relação ao discente surdo na escola e, consequentemente, a aceitação do intérprete como parte essencial da instituição escolar. Nessa perspectiva, este artigo trata-se de um relato de experiência em torno da vivência de uma aluna surda no ensino regular, com o intuito de analisar a importância do intérprete de Libras na sala de aula, procurando destacar as vantagens e as desvantagens da profissão, uma vez que o intérprete é papel fundamental no processo de ensino e aprendizagem.

INTRODUÇÃO

O ambiente escolar é um local de diversas descobertas e experiências. Mas também pode ser o palco de muitos desafios. Se para um aluno “ouvinte”, a rotina escolar apresenta grandes dificuldades. Para o aluno surdo, esses problemas são intensificados, pois, além das barreiras impostas pela sociedade, o surdo encontra-se inserido em um ambiente repleto de ouvintes, que desconhecem a Libras, e a comunicação em sala de aula é intermediada por um intérprete, que é o responsável permitir, ao surdo, acesso ao conhecimento e as interações dentro do espaço escolar. A postura assumida por tal profissional será responsável pelo crescimento tanto cognitivo quanto afetivo do aluno surdo, tendo em vista que o sujeito não é uma máquina de conhecimento, mas, pelo contrário, ele é um sujeito constituído de sentimento e emoções. Nessa perspectiva, o presente trabalho trata-se de um relato de experiência em torno da vivência de uma aluna surda no ensino regular, com o intuito de analisar a importância do intérprete de Libras na sala de aula, procurando destacar as vantagens e as desvantagens da profissão, uma vez que o intérprete é papel fundamental no processo de ensino/aprendizagem. É preciso considerar, também, que a falta do intérprete compromete todo o aprendizado do aluno surdo, pois a comunicação é obstruída.

Língua Brasileira de Sinais: abordagem histórica

De acordo com a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002,: Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. Dessa forma, a Língua Brasileira de Sinais apresenta aspectos linguísticos como qualquer outra língua. Dessa forma, ela é constituída por um sistema de regras que segue os mesmos princípios das línguas orais (PEREIRA, 2011, p. 59). “A trajetória percorrida para alcançar direitos legais na educação dos surdos tem sido árdua e laboriosa” (ALMEIDA e SILVA, 2009, p.81). Durante muito tempo, eles sofreram para constituírem sua identidade e adquirir os seus direitos. Conforme ressalta Pereira (2011, p. 25) “os Surdos tiveram, historicamente, sua identidade estigmatizada e se sentiram desvalorizados pela sociedade ouvinte, que não aceitava a língua de sinais, considerando apenas mímica e gesto”. Dessa forma, os Surdos foram colocados à margem da sociedade, pois sua identidade foi negada. De acordo com Almeida e Silva (2009, p. 81), a Constituição de 1967 e a Constituição de 1988 em conjunto com a nova LDB, de 1996, contribuem no direito à educação para os surdos. Porém a maior contribuição foi o Decreto 5.626, de 22 de dezembro de 2005, pois ela institui o ensino aos surdos na Língua Brasileira de Sinais – Libras. Dessa forma, a partir do Decreto 5.626/2005, o surdo passa a ter sua identidade garantida, pois “a aquisição de uma língua – e de todos os mecanismos afeitos a ela – faz creditar à língua de sinais a capacidade de ser a única que pode oferecer uma identidade ao Surdo” (PEREIRA, 2011, p. 25). Portanto, a Libras foi crucial para a sociedade e a comunidade surda, uma vez que colocaram o surdo em posição de igualdade com o ouvinte. Dessa forma, a escola se constitui como a instituição responsável por propagar o conhecimento em relação à Língua de Sinais, pois é na escola que podemos, de fato, transformar a sociedade. Nessa perspectiva, a Libras é importante no processo de ensinoaprendizagem do surdo, uma vez que é por intermédio da Libras que os alunos interagem em sala, e, somente assim, podem adquirir autonomia, que é indispensável para qualquer sujeito. [...]