O tema currículo tem sido alvo de debate nos palcos de discussão sobre assuntos educacionais no Brasil e no mundo. Kramer (1995, p. 12) concebe o currículo como “[...] uma palavra polissêmica, carregada de sentidos construídos em tempos e espaços sociais distintos.” Por ser essa palavra carregada de sentidos e significados, ela vai sendo construída pelo significado e compreensão que cada ator do processo educativo lhe atribui.

A educação está vivendo uma era de incertezas, o mundo está mudando e a rapidez onde o cenário muda nos força a interrogar, fazer, testar, refazer, avaliar e aplicar nossas estratégias de ensino. É nesse contexto de mudanças que o educador, principalmente o que trabalha com o público infantil, deve estar atento às suas práticas, observando se são mesmo eficazes e se garantem um ensino de qualidade.

Com base no fato de que o currículo de Educação Infantil propõe métodos e ordem que delimitam e regulam os conteúdos a serem trabalhados no âmbito escolar, procurou-se dar ênfase a essa ferramenta, de modo a compreender sua concepção, e a importância da construção de um projeto de trabalho bem pensado para o público infantil.

Sendo assim, a necessidade de compreender e discutir o currículo na Educação Infantil é oriunda dos anseios advindos da prática docente, esse estudo se torna relevante enquanto proporciona ao professor compreender a criança no espaço de aprendizagem, o fazer pedagógico e ter uma melhor reflexão no que há para ser ensinado à criança nos primeiros anos de vida escolar, assim como conhecer seus limites e potencialidades é tarefa indispensável para o educador compromissado com o trabalho docente, portanto, um olhar atento, permite ao professor, eliminar do seu plano de trabalho aquelas práticas que bloqueiam os diferentes modos de pensar e agir do aluno.

Desse modo entendemos que, pensar em currículo e pensar no que envolve as práticas pedagógicas e ações, é considerar o sujeito, as práticas sociais que consideram que a criança tem uma história, aprendizagem, experiências e conhecimento de mundo. O professor precisa olhar a criança como sujeito de direitos, que apesar de ser ainda pequena, traz consigo grandes experiências e conhecimentos e faz parte de um contexto social. Enquanto mediador desse processo, o professor precisa fazer essa articulação para então oferecer uma aprendizagem de qualidade e significância para a criança. Então, tudo isso tem que ser pensado enquanto currículo. As crianças estão imersas nas experiências do mundo que as cercam, aprendendo a cada dia com as situações que vivem, observam e com os objetos que exploram. 

Nesse sentido, quanto mais enriquecedoras, satisfatórias e prazerosas forem as práticas pedagógicas, maiores serão as oportunidades para que a afetividade, a criatividade e a autonomia sejam vivenciadas e desenvolvidas por elas. 

Quero dizer, que os resultados de um currículo escolar não estaciona exclusivamente na ação educativa, mas nas intervenções feitas diretamente ou indiretamente pelo professor nos segmentos, nos quais o aluno como indivíduo faz parte e está integrado, fazendo com que os conhecimentos de mundo adquiridos no meio em que está inserido servem como base e instrumento de facilitação de seu aprendizado escolar.

Dessa forma, percebe-se que o currículo efetivamente acontece no chão da escola e no contexto escolar. É ele que conduz o processo de ensino aprendizagem, estando expresso por meio das propostas pedagógicas da escola. A escola e o professor devem considerar a criança como protagonista e como o centro do planejamento curricular. A ação docente precisa dar voz e ouvir as crianças na elaboração e a efetivação do currículo, sendo que é para essas crianças que, enquanto professor, tem de se pensar direito de aprendizagem e desenvolvimento, campos de experiências e objetivos de aprendizagem. Sendo que na ação mediadora da instituição de Educação infantil como articuladora das experiências e saberes das crianças e os conhecimentos que circulam na cultura mais ampla e que despertam o interesse das crianças. Tal definição inaugura então um importante período na área, que pode de modo inovador avaliar e aperfeiçoar as práticas vividas pelas crianças nas unidades de Educação Infantil. 

O cotidiano dessas unidades, como contextos de vivência, aprendizagem e desenvolvimento, requer a organização de diversos aspectos: os tempos de realização das atividades os espaços em que essas atividades transcorrem, os materiais disponíveis e, em especial, as maneiras de o professor exercer seu papel (organizando o ambiente, ouvindo as crianças, respondendo-lhes de determinada maneira, oferecendo-lhes materiais, sugestões, apoio emocional, ou promovendo condições para a ocorrência de valiosas interações e brincadeiras criadas pelas crianças etc.). Tal organização necessita seguir alguns princípios e condições apresentados pelas DCNEI( 2009 ), onde define currículo como um conjunto sistematizado de práticas culturais no qual se articulam as experiências e saberes das crianças, de suas famílias, dos profissionais e de suas comunidades de pertencimento e os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, científico e tecnológico.

Assim sendo, precisamos ter claro que, para a elaboração de um currículo que atenda as necessidades e expectativas do aluno e do processo escolar, não podemos deixar de agregar este trabalho ao planejamento, tendo coerência e solidez, pois ambos são vinculados com a mesma finalidade e um propósito que é a educação, o desenvolvimento e aprendizagem do aluno. No entanto, para elaborar o currículo e a proposta pedagógica, a escola e o professor têm que ter uma concepção de criança e infância e como as crianças são vistas dentro desse contexto, para poder desenvolver uma prática que atenda a necessidade dessas crianças. 

Desse modo, nenhuma prática pedagógica pode acontecer se o professor não tiver essa concepção de criança e infância. Sendo assim, professor e escola, precisam compreender que cada criança é um ser único, individual, que ora tem habilidades para alguma coisa e ora para outra, mas que estão em constante desenvolvimento. 

Portanto, fica evidente que o processo de aprendizagem e desenvolvimento que acontecem na infância são primordiais para a construção do sujeito, pois, a infância é uma etapa da vida para toda a formação humana.

Professoras da Rede municipal de educação de Rondonópolis: Arlete Moreira, Daiane Cristina da Silva, Fátima Silva Albuquerque, Lucicleide Maria e Vânia Silveira de Souza.