A Importância do Brincar no Desenvolvimento Infantil: Aprendendo Através da Ludicidade
Por SHM. | 05/05/2025 | EducaçãoDenise Martins Soares da Costa
Elizabete Ulbrick Jorge
Livia Rayel Antunes Rodrigues
Sueli Aparecida Bianchini Marolde
Tatiane Cristina Gomes de Lima
Viviane dos Santos Matricardi
Resumo
A ludicidade pode ser apresentada não apenas como meio de entretenimento, mas também como um recurso pedagógico fundamental para a aprendizagem significativa, destacando o papel do educador como mediador de experiências lúdicas que promovem o desenvolvimento, criatividade e a expressão das crianças. Com base em referenciais bibliográficos, discute-se como a atividade lúdica favorece aspectos cognitivos, emocionais, motores e sociais, sendo essencial para a formação dos sujeitos, desde a primeira infância. Diante desse cenário, este artigo tem como objetivo analisar a importância do brincar, como atividade lúdica no desenvolvimento integral da criança na educação infantil, contextualizando o tema, abrindo espaço para pesquisas mais aprofundadas.
Palavras-chaves: Atividade lúdica. Recurso pedagógico. Educador. Crianças.
Introdução
A infância é uma fase de extrema importância para o desenvolvimento humano, caracterizada por intensas transformações físicas, cognitivas, emocionais e sociais. Nesse contexto, o brincar surge como uma atividade fundamental que transcende o simples ato de se divertir. No ambiente da educação infantil, o brincar assume papel central na organização do currículo e nas práticas pedagógicas, sendo reconhecido como direito da criança e como um caminho privilegiado para a aprendizagem e o desenvolvimento integral (Vygotsky, 1984).
Segundo Kishimoto (2010), brincar é um ato de liberdade, de criação e de imaginação, que permite à criança se expressar, explorar o mundo ao seu redor e compreender as dinâmicas sociais nas quais está inserida. Ao brincar, a criança reconstrói e ressignifica experiências vividas, atribui sentidos às suas vivências e desenvolve habilidades essenciais para sua formação como sujeito autônomo e criativo. A brincadeira é, portanto, uma linguagem própria da infância, que precisa ser compreendida e valorizada no âmbito escolar, compreendendo a ludicidade.
Desse modo, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) reforça a importância das experiências lúdicas na formação das crianças, desde a primeira infância, destacando-as como essenciais para a construção de conhecimentos, valores e atitudes. A ludicidade é um dos eixos estruturantes das práticas pedagógicas na educação infantil, devendo estar presente de forma intencional e planejada no cotidiano das instituições de ensino. Isso implica reconhecer o brincar como direito e garantir tempo, espaço e materiais adequados para que a criança possa vivenciar plenamente sua infância.
Estudos de Piaget (1975), Vygotsky (1984) e Kishimoto (2010) demonstram que o brincar favorece a imaginação, a criatividade, a resolução de problemas, o desenvolvimento da linguagem e a interação social, caracterizando a ludicidade. Cada um desses autores, a seu modo, contribui para a compreensão da importância do brincar no processo de desenvolvimento infantil, apontando caminhos para a atuação pedagógica comprometida com o respeito à infância.
Diante deste contexto, o artigo tem como objetivo, refletir sobre a importância do brincar na educação infantil, evidenciando sua relevância como prática pedagógica que potencializa o desenvolvimento integral da criança. Para isso, parte-se de uma fundamentação teórica sólida que dialoga com a prática educativa e propõe uma ressignificação do papel do brincar na escola, entendendo-o como elemento estruturante da proposta curricular e como estratégia de ensino-aprendizagem que respeita as especificidades da infância.
A Ludicidade como estratégia de aprendizagem e desenvolvimento infantil
O brincar é uma atividade natural da criança e se constitui como elemento essencial para o seu desenvolvimento. De acordo com Piaget (1975), as brincadeiras são formas de a criança assimilar e acomodar experiências, construindo seu conhecimento de mundo por meio da interação ativa com o meio. A atividade lúdica, portanto, não pode ser considerada apenas um passatempo, mas uma ferramenta de aprendizagem essencial, especialmente na primeira infância, quando a compreensão do mundo é mediada por ações concretas e simbólicas.
Segundo Vygotsky (1984), essa compreensão do brincar é uma atividade social e culturalmente mediada, onde a criança internaliza normas, valores e comportamentos. Para o autor, o brinquedo cria uma "zona de desenvolvimento proximal", permitindo à criança agir em um nível superior ao que conseguiria de forma independente. Assim, o brincar se configura como um espaço de experiência enriquecedora, onde o adulto tem papel fundamental como mediador do processo de aprendizagem.
Já Kishimoto (2010), ao analisar o brincar na perspectiva pedagógica, destaca que o lúdico deve ser parte integrante da rotina escolar, articulando-se ao projeto político- pedagógico da instituição. Segundo a autora, o jogo e o brinquedo contribuem para o desenvolvimento da autonomia, da cooperação e da expressão criativa, sendo instrumentos que possibilitam a construção de conhecimentos e de relações sociais significativas. Assim,
Brincar na educação infantil deve ser compreendido como uma atividade essencial e não como um momento de descanso das atividades ‘sérias’. O lúdico precisa ser parte integrante do projeto político- pedagógico, envolvendo intencionalidade, planejamento e objetivos educativos claros. Ao brincar, a criança aprende a lidar com regras, a compartilhar, a expressar emoções e a experimentar diferentes papéis sociais. A ludicidade, portanto, constitui uma linguagem da infância que deve ser valorizada na prática docente. (Kishimoto, 2010, p. 25).
Logo, o brincar se faz essencial nas atividades diárias, como proposta no processo de aprendizagem. No âmbito da BNCC, o brincar é reconhecido como eixo estruturante das práticas pedagógicas na educação infantil. A ludicidade deve permear todas as experiências educativas, respeitando os tempos, interesses e necessidades das crianças. Isso implica repensar o papel do educador, que deve assumir uma postura sensível, atenta e investigativa, capaz de planejar e organizar ambientes desafiadores e instigantes, que favoreçam o brincar espontâneo e orientado (Brasil, 2017).
O papel do educador é, portanto, fundamental para garantir a qualidade das experiências lúdicas em sua totalidade. Conforme Oliveira (2002), é responsabilidade do professor promover situações que favoreçam o desenvolvimento das crianças em seus diversos aspectos, valorizando a brincadeira como meio de expressão, exploração e construção de saberes. Isso exige formação contínua, reflexão sobre a prática e compreensão das especificidades da infância. Sobre a especificidade da infância e a ludicidade, Oliveira (2002), afirma que:
A infância possui uma lógica própria de aprendizagem, baseada na ação, na experimentação e na brincadeira. Ignorar essa especificidade é comprometer a qualidade do processo educativo. O professor que compreende a importância do brincar assume o compromisso de criar contextos educativos que respeitem o tempo da criança, sua curiosidade e seu desejo de explorar o mundo de forma lúdica e prazerosa. (Oliveira, 2002, p. 75).
Assim, o brincar permite à criança experimentar diferentes papéis sociais, compreender regras, desenvolver empatia e solucionar conflitos, sendo que por meio de jogos simbólicos, como "faz de conta", as crianças expressam emoções, reelaboram experiências e constroem sentidos sobre o mundo ao seu redor. Essas atividades são fundamentais para o desenvolvimento emocional e social, contribuindo para a formação de sujeitos criativos, autônomos e cooperativos.
Segundo Kishimoto (2010), ao analisar o brincar na perspectiva pedagógica, destaca que o lúdico deve ser parte integrante da rotina escolar, principalmente na Educação Infantil, articulando-se ao projeto político-pedagógico da instituição. Segundo a autora, o jogo e o brinquedo contribuem significativamente para o desenvolvimento da autonomia, da cooperação e da expressão criativa, sendo instrumentos que possibilitam a construção de conhecimentos e de relações sociais significativas.
Ainda para Kishimoto (2010), o brincar não deve ser visto como uma atividade secundária ou meramente recreativa, mas como uma linguagem própria da infância, por meio da qual a criança interpreta, ressignifica e compreende o mundo à sua volta. Ao interagir com brinquedos, jogos e com seus pares em situações lúdicas, a criança mobiliza diferentes competências e habilidades, desenvolvendo sua imaginação, capacidade de resolver problemas, de negociar regras, além de fortalecer vínculos afetivos e aprender a conviver com as diferenças. Diante desse contexto, Kishimoto afirma que,
Os brinquedos e jogos não são apenas objetos de lazer, mas instrumentos de mediação na construção do conhecimento. Eles promovem a interação com o outro e com o mundo, possibilitando à criança desenvolver habilidades cognitivas e sociais, além de estimular a criatividade e a imaginação. A mediação do adulto nesses momentos é essencial para enriquecer o processo e transformá-lo em uma experiência pedagógica significativa. (Kishimoto, 2010, p. 40).
Diante dessa afirmação, o jogo mais uma vez ganha seu caráter de construção de conhecimento e aprendizagem. No âmbito da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2017), o brincar é reconhecido como um dos eixos estruturantes das práticas pedagógicas na educação infantil, ao lado das interações. Essa diretriz reforça a ideia de que as experiências lúdicas são fundamentais para o desenvolvimento integral da criança, pois promovem aprendizagens significativas, contextualizadas e voltadas à formação de sujeitos críticos, criativos e socialmente participativos. A ludicidade, portanto, pode permear todas as experiências educativas vivenciadas na escola, respeitando os tempos, ritmos, interesses, habilidades e necessidades das crianças.
Essa concepção implica em repensar o papel do educador, que vai além da função de transmissor de conteúdos e assume uma postura sensível, atenta e investigativa, sendo que o professor deve ser um mediador das muitas experiências infantis, capaz de planejar, organizar e ressignificar ambientes de aprendizagem que sejam desafiadores, instigantes
e acolhedores, favorecendo tanto o brincar espontâneo quanto o brincar orientado. É fundamental que o educador reconheça o brincar como direito da criança e o valorize como prática pedagógica potente, que promove a expressão da subjetividade, a construção do conhecimento e a ampliação das interações sociais (Oliveira, 2002).
Portanto, o papel do educador é, portanto, fundamental para garantir a qualidade das experiências lúdicas no contexto da educação infantil. Conforme Oliveira (2002), é responsabilidade do professor promover situações intencionalmente planejadas que favoreçam o desenvolvimento das crianças em seus múltiplos aspectos, sendo eles cognitivo, social, emocional, motor e linguístico, valorizando a brincadeira como meio legítimo de expressão, exploração e construção de saberes. A autora enfatiza que o brincar não deve ser visto apenas como uma atividade de passagem ou entretenimento, mas como um instrumento essencial para a aprendizagem significativa, que respeita a lógica e a essência de ser da criança. Dessa forma,
O professor, ao atuar na educação infantil, precisa reconhecer o valor da brincadeira como forma privilegiada de expressão e aprendizagem. Isso requer sensibilidade para ouvir e interpretar as ações das crianças, além de preparo teórico e prático para planejar experiências desafiadoras e significativas. A prática pedagógica exige, portanto, uma postura reflexiva, investigativa e comprometida com a formação integral da criança (Oliveira, 2002, p. 92).
Logo, para que isso se concretize, é necessário que o educador tenha uma escuta sensível e um olhar atento às percepções infantis, compreendendo o brincar como forma de comunicação e de elaboração das vivências e experiências do cotidiano. O professor deve estar preparado para interpretar as brincadeiras como indicadores do desenvolvimento infantil, bem como para propor intervenções adequadas que ampliem essas experiências, sem comprometer a liberdade e a espontaneidade próprias do universo lúdico.
Essa atuação docente exige formação contínua e qualificada, capaz de proporcionar ao educador ferramentas teóricas e práticas para refletir criticamente sobre suas ações pedagógicas. Também demanda uma postura investigativa e aberta à escuta, que permita compreender as especificidades da infância contemporânea, marcada por novos desafios, interesses e modos de interagir com o mundo. Assim, o educador torna- se um agente essencial na promoção de ambientes educativos ricos em ludicidade, que respeitam os direitos das crianças e potencializam suas aprendizagens de maneira prazerosa e significativa (Kishimoto, 2010).
Além disso, o brincar permite à criança experimentar diferentes papéis sociais, compreender regras, desenvolver empatia e solucionar conflitos, permitindo momento lúdicos valiosos. Por meio de jogos simbólicos, como "faz de conta", as crianças expressam emoções, reelaboram experiências e constroem sentidos sobre o mundo ao seu redor. Essas atividades são fundamentais para o desenvolvimento emocional e social, contribuindo para a formação de sujeitos criativos, autônomos e cooperativos.
Conclusão
O brincar se configura mais do que uma simples atividade infantil, sendo um processo essencial para o desenvolvimento humano em sua totalidade, sendo por meio da brincadeira que a criança constrói significados, desenvolve sua autonomia, amplia seu repertório cultural e fortalece suas competências cognitivas, motoras, emocionais e sociais. A valorização da ludicidade no contexto da educação infantil deve, portanto, ser uma diretriz central no planejamento e execução das práticas pedagógicas docente.
Com base nas contribuições teóricas de Piaget, Vygotsky, Kishimoto e nas orientações da BNCC, fica evidente que o brincar deve ser compreendido como direito da criança e também como meio legítimo de aprendizagem. A presença do lúdico nas instituições de ensino não pode ser vista como eventuala, mas precisa estar inserida de forma intencional e sistemática na rotina escolar, reconhecendo a criança como protagonista do seu processo educativo.
O docente, por sua vez, precisa atuar como mediador sensível e atento, capaz de criar ambientes acolhedores e desafiadores, onde o brincar possa acontecer de maneira livre, criativa e significativa. Isso requer não apenas preparo técnico, mas também uma postura ética e afetiva, que reconheça a importância do brincar para a construção da identidade e da subjetividade infantil.
Diante das análises, observa-se que em uma sociedade cada vez mais voltada para o desempenho e para resultados imediatos, garantir o direito ao brincar é também um gesto de resistência e de afirmação da infância como tempo de experimentação, de encantamento e de descobertas, promovendo um mundo de descobertas e conhecimentos importantes à idade.
Assim, a escola, como espaço privilegiado de socialização e aprendizagem, tem o compromisso de assegurar que toda criança possa brincar, aprender e se desenvolver plenamente. Dessa forma, promover o brincar na educação infantil é investir na formação de sujeitos mais humanos, sensíveis, criativos e preparados para viver em sociedade, fomentando a importância da ludicidade na Educação Infantil.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Ministério da Educação. Brasília, DF: MEC, 2017.
KISHIMOTO, T. M. Jogo, brinquedo e educação. 14. ed. São Paulo: Cortez, 2010. OLIVEIRA, Z. M. R. de. Educação infantil: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002.
PIAGET, J. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho; imagem e representação. Rio de Janeiro: LTC, 1975.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1984.