Fílon de Alexandria.

Nasceu 20 anos de Cristo possivelmente.

Uma rara figura do pensamento clássico.

Fundamental para entender a evolução da cultura no ocidente.

Judeu de origem ficou famoso pelos seus comentários filosóficos a respeito das escrituras. De origem sacerdotal, muito influente na cidade de Alexandria.

 Lisímaco seu irmão tinha função importante na casa de uma das Filhas de Antonio, quem governava a região na época. Um dos seus filhos casou com Agripa, filha do rei Herodes.

Fílon recebeu educação judaica, entretanto, desenvolveu com eficiência estudos grego. Suas obras mostram que ele tinha conhecimento profundo da filosofia grega em diversos aspectos dessa filosofia. Sobretudo, a respeito de Platão e dos estoicos.

O grande conhecimento que ele sempre teve a respeito da filosofia grego-romana possibilitou colocar em defesa da cultura judaica. Ele estava interessado em compreender o livro de Moises, e, de modo geral o Antigo Testamento.

Seu conhecimento nunca foi muito aceito, entre as pessoas do seu tempo, isso no próprio mundo judaico, até mesmo para os primeiros cristãos, mas é de fundamental importância para entender toda formulação em que se desenvolveu o cristianismo.

Em razão da leitura desenvolvida por ele do velho testamento em particular do livro de Moises, contém modificações de conceitos fundamentais, relacionados com a filosofia platônica, de modo especial o Platão do Timeu, em lugar de obras posteriores, as que foram consideradas em outros tempos.

A primeira ideia fundamental de Fílon de Alexandria, de influência grega, helênica, é que o homem foi criado por Deus, com a forma Dele na mente, o que foi denominado de logos, ou seja, algo puramente racional, em seguida influenciada por Platão, como um ser constituído de corpo.

Entretanto não bastava para Fílon de Alexandria a ideia de corpo, porque isso não significava muito teologicamente, pois o corpo para ser criado por Deus precisaria de um segundo elemento, que seria a ideia de alma herdada de Platão, algo incorpóreo, o que determinaria a ideia permanente do homem enquanto ser,  depois da  morte.

Nessa nova visão do homem elaborada por Fílon a que vingou posteriormente em Plotino e posteriormente em parte em Santo Agostinho, o homem estaria situado entre dois extremos, um deles o seu lado humano, a questão da matéria, o outro o aspecto divino ao que se referia à alma.

Existiam em Platão dois tipos de almas, uma que localizava dentro do homem, a que localizava dentro, contemplava o mundo das formas, a alma fora do homem, funcionava com o mundo do instinto humano.

A definição dada por Fílon, como saída para esse dualismo irracional para epistemologia,  foi natural e obviamente platônica, a qual foi herdada por Agostinho.

O corpo pertence a esse mundo, apenas esse mundo por ser uma realidade desse mundo, portanto de certo modo não seria divino.

A mente que corresponde com a ideia da alma, seria divina e pertence a outro mundo, ao que referia as formas da perfeição platônica, nas quais o corpo é tão somente uma imitação sensorial.

A explicação dada por Platão a respeito da alma na sua visão helênica do mundo, a mesma é dividida em duas partes, aquela que é racional e está dentro do homem, voltada para o entendimento do mundo das formas e não das copias.

O que corresponderia com o mundo empírico, o segundo entendimento do conceito da alma, a relação com o instinto.

A primeira etimologia, a ideia que corresponde com o conceito divino da alma, a que influenciou Fílon de Alexandria e posteriormente Plotino, mais tarde Agostinho na formulação escola patrística.

As semelhanças com a filosofia grega entre Fílon e Platão, não finalizam apenas nesses aspectos. Considerando as ideias de Platão em A República com traços de Aristóteles, Fílon defende que o télos, que significa em grego a meta do homem, é tornar se Deus, chegar ao divino pela contemplação, refere-se ao primeiro conceito.

Dessa forma por meio desse mecanismo retornar-se a fonte divina, o quanto possível. Esse era o preceito básico da sua exegese, no entendimento da antropologia desenvolvida por ele em análise ao Antigo Testamento.

Ele também foi influenciado pelos estoicos, no uso inteligente das alegorias, para o desenvolvimento filosófico exegético das escrituras.

Com efeito, as mesmas não devem ser lidas literalmente, diz Fílon, mas como um texto, com verdades escondidas que precisam ser interpretadas, por aqueles que conseguem compreendê-las, como elementos críticos da cultura.

Tudo isso leva a questão fundamental, até que ponto as escrituras são verdadeiras. Fílon é muito original, grande filosofo, ortodoxo, influenciado pela cultura grega.

Mas é muito mais que isso, ao sintetizar a cultura grega e judaica, ele procura mostrar o que é de importante na cultura grega, ao mesmo tempo demonstra que já estava presente na cultura judaica.

Toda elaboração do helenismo, o que de certo modo tinha razão em diversos aspectos, dado a herança comuns das culturas indo europeias.

Esse modo de pensar que até certo ponto era verdadeiro favoreceu a cristãos primitivos a seguir a sua elaboração, entre eles Orígenes do século II depois de Cristo.

O grande perigo para Fílon que o influxo da filosofia grega foi tão forte sobre ele que as bases religiosas construídas por si mesmo, na defesa do judaísmo no entendimento da construção do pensamento helênico e das ideologias desse pensamento.

Posteriormente, ao entender o conceito construído da alma, que não corresponderia com o que seria a alma, dado a inexistência da realidade da alma como objeto.

Prevaleceria então o ateísmo, na nova formulação da cultura, com o desvelar do helenismo como produto mimético de uma evolução bastante antiga que teve sua origem em outros povos, já citados, hoje impregnados no mundo contemporâneo.  

Mas é indispensável entender Fílon de Alexandria para compreender como de fato foi elaborado posteriormente o pensamento ocidental fundamentado no cristianismo que teve também como base a cultura helênica.

Edjar Dias de Vasconcelos.