A IMPORTÂNCIA DE CONHECER A ESTRUTURA LINGÜÍSTICA DA LIBRAS PARA O EDUCADOR
Publicado em 09 de julho de 2009 por Profº Raul Cuore
a IMPORTÂNCIA DE CONHECER A ESTRUTURA LINGÜÍSTICA DA LIBRAS PARA O EDUCADOR
Profº Raul Enrique
Cuore Cuore
Resumo
A importância de conhecer a estrutura da Libras para o educador busca uma nova abordagem sobre o estudo inclusivo, este trabalho propõe compreender o uso da LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), aplicado para alunos com necessidades auditivas específicas. Será analisado o papel do aluno, do interprete de Libras e do professor no contexto de sala de aula, o entendimento do português como fonte de alfabetização e letramento que serão de grande importância na discussão do ensino inclusivo dos deficientes auditivos em escolas regulares.
Palavras-chave:
Ensino; Libras; Surdez.
1 introdução
A inclusão vem tomando força cada vez mais, a realidade é esta, e é inegável e deve acontecer. Nessa perspectiva a Educação encontra-se num “duelo” muito particular entre dois profissionais que atuam diretamente com os surdos; o Professor e o intérprete de Libras, porém, nesse contexto inclusivo existem três personagens e não somente dois: os alunos surdos, o intérprete de Libras e o Professor. É vital que seja definido com clareza o papel de cada um destes no processo educacional.
Antes de abordarmos este tema e respondermos estas
questões é importante fazer uma breve resenha sobre a Libras (Língua Brasileira
de Sinais).
2
A LIBRAS –
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS
A necessidade da comunidade surda em se expressar vai muito além da busca por compreensão da língua, fazer parte do silêncio dos surdos é se manifestar na forma cultural e diversa da sua identidade na sociedade ouvinte. A LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) é um diferencial na identificação dos surdos, embora a expressão facial e corporal que acompanham os sinais, sejam também partes importantes na composição da cultura dos surdos. Para maior esclarecimento sobre o surgimento da LIBRAS, (MENEZES, 2006) afirma que:
“O
Brasil ainda era uma colônia portuguesa governada pelo imperador Pedro II
quando a língua de sinais para surdos aportou no país, mais precisamente no Rio
de Janeiro. Em 1856, o conde francês Ernest Huet desembarcou na capital
fluminense com o alfabeto manual francês e alguns sinais. O material trazido
pelo conde, que era surdo, deu origem à Língua Brasileira de Sinais (Libras).O
primeiro órgão no Brasil a desenvolver trabalhos com surdos e mudos surgiu em
1857. Foi do então Instituto dos Surdos-Mudos do Rio de Janeiro, hoje Instituto
Nacional de Educação de Surdos (INES), que saíram os principais divulgadores da
Libras. A iconografia dos sinais -ou seja, a criação dos símbolos -só foi
apresentada em 1873, pelo aluno surdo Flausino José da Gama. Ela é o resultado
da mistura da Língua de Sinais Francesa com a Língua de Sinais Brasileira
antiga, já usada pelos surdos das várias regiões do Brasil.”
Mesmo com língua própria, os surdos ainda sofrem com a diversidade e o preconceito. Infelizmente a concepção dos ouvintes é a do surdo como incapaz de opinar e de tomar decisões sobre seus próprios assuntos. O papel da língua de sinais na educação regular é um fator relevante na vivência social dos surdos, pois promoverá um maior entendimento entre a cultura ouvinte e não-ouvinte. Entretanto, o desafio de inclusão na sociedade estudantil tem se tornado algo efetivo, com oficialização da lei LIBRAS em abril de 2002 (Lei n.10.436, de 24 abril de 2002) que diz no artigo 1° “É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais -Libras e outros recursos de expressão a ela associados” e ainda define no parágrafo único:
“Parágrafo
único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais -Libras a forma de
comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visualmotora,
com estrutura gramatical própria, constituem um sistema lingüístico de
transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do
Brasil.”
O decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005
regulamenta esta Lei e estabelece a LIBRAS como disciplina curricular obrigatória
nos cursos de formação de Professores. A importância deste decreto está no
número de professores que desconhecem ou não se consideram com habilidades
adequadas para o uso desta língua. As justificativas são diversas, entre elas,
a inexistência de um curso de LIBRAS em algumas localidades dos estados
brasileiros, ou a falta de coordenação motora na configuração (posição) dos
sinais. Todavia, os deficientes auditivos, também são penalizados com essa falta
de adequação dos educadores. A expressão
real disso é o fracasso de muitos alunos na tentativa de leitura labial, a
incompreensão e falta de interpretação de textos de modo geral, a dificuldade
na escrita do português e, por conseqüência, a evasão escolar.
3
FUNÇÕES
COMUNICATIVAS E FUNÇÕES PEDAGÓGICAS
Dentro deste contexto de inclusão, o primeiro personagem é o aluno surdo. Este possui língua e cultura diferente daquela que o professor está acostumado a lidar. Também, por Lei, tem o direito de ser incluído em sala e Escola de ensino comum.
Embora
definidas as funções de cada profissional observa-se certa situação aflitiva
entre eles e tais necessitam ser sanadas. O Professor normalmente tem muitas
dúvidas ou mesmo desconfiança na tradução que o intérprete realiza, acreditando
ser improvável a concretização da interpretação pelo simples fato do intérprete
não haver feito licenciatura, pedagogia, magistério ou não ter intimidade com
os conteúdos escolares. O intérprete muitas vezes vai além de sua interpretação
interferindo naquilo para qual não foi lhe dado autoridade. Muitos intérpretes
são selecionados para trabalharem nas escolas de todo o país, porém nem todos
estão em condições profissionais para atuarem. Outro problema advindo do
professor é a desconfiança se o intérprete na hora da prova; está ajudando
(dando “cola”) ao aluno surdo ou não?
4
Conclusão
Muitos
acreditam que contratando professores que conhecem Libras os profissionais
intérpretes poderão ser substituídos. Esse é um grande erro de avaliação. Os
procedimentos técnicos são completamente diferentes. Por isso foram definidas
as funções comunicativas e as funções pedagógicas. Mesmo que o Professor
conheça muito bem a Libras ele é Educador, a não ser que tenha experiência
profissional dentro da área de interpretação, mesmo assim é melhor exercê-la em
momentos distintos.
5
referências
LEGISLAÇÃO DE LIBRAS. Linguagem Brasileira de Sinais. Disponível em: www.libras.org.br/leilibras.htm. Acesso: 01/04/2009
MENEZES, Ebenezer Takuno de. SANTOS, Thais Helena dos.”LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais)” (Verbete) . Dicionário Interativo da Educação Brasileira. Educa Brasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2006.