A IMPORTÂNCIA DAS TECNOLOGIAS ASSISTIVAS

EVERSON AUGUSTO MARQUES

RESUMO

A inclusão é um tema muito discutido atualmente, pois todo individuo independente de ter alguma deficiência ou não é portador de uma série de direitos que devem ser respeitados por todos, principalmente o que diz respeito a uma educação de qualidade. Todavia o que constrange muitos deficientes, é a dependência de outra pessoa para realizar atividades rotineiras do dia-a-dia ou de seu trabalho, portanto o presente artigo tem como objetivo analisar a importância das Tecnologias Assistivas, como ferramenta para proporcionar à pessoa com deficiência maior independência, qualidade de vida e inclusão social, através da ampliação de sua comunicação, mobilidade, controle de seu ambiente, habilidades de seu aprendizado e trabalho. Para a elaboração desse trabalho foi realizada pesquisas bibliográficas sobre estudos dentro dessa perspectiva, pois nos dias de hoje tem se discutido muito sobre o assunto Tecnologias Assistivas, e o presente trabalho irá expor que essas ferramentas devem ser compreendidas como resolução de problemas funcionais em uma perspectiva de desenvolvimento das potencialidades humanas, valorização de desejos, habilidades, expectativas positivas e da qualidade de vida. As diversas modalidades de Tecnologias Assistivas incluem recursos de comunicação alternativa, de acessibilidade ao computador, de atividades de vida diária, de orientação e mobilidade, de adequação postural, de adaptação de veículos, Órteses e próteses, entre outros.

Palavras-chave: Inclusão, autonomia e ferramentas.

INTRODUÇÃO

A educação de alunos com necessidades educativas especiais que, tradicionalmente se pautava num modelo de atendimento segregado, tem se voltado nas últimas duas décadas para a Educação Inclusiva. Esta proposta ganhou força, sobretudo a partir da segunda metade da década de 90, com a difusão da conhecida Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), que entre outros pontos, propõe que "as crianças e jovens com necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas regulares, que a elas devem se adequar...", pois tais escolas "constituem os meios mais capazes para combater as atitudes discriminatórias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos..." (p. 8-9).
Atualmente tem se discutido muito sobre métodos, ferramentas e tecnologias que podem ser utilizadas para o trabalho com alunos que possuem necessidades especiais, dentro do sistema regular de ensino.
As TA, Tecnologia Assistiva, é um termo novo e esta sendo utilizado para se referir a ferramentas que podem auxiliar no cotidiano de pessoas com deficiência.
Portanto o presente artigo tem por objetivo analisar a importância das Tecnologias Assistivas como ferramenta pedagógica, para proporcionar à pessoa com deficiência maior independência, qualidade de vida e inclusão social, através da ampliação de sua comunicação, mobilidade, controle de seu ambiente, habilidades de seu aprendizado e trabalho. No decorrer do trabalho será visto como as TA se constituem dentro do ambiente escolar e como as chamadas Tecnologias Assistivas, seria uma maneira concreta de neutralizar as barreiras causadas pela deficiência e inserir esse indivíduo nos ambientes ricos para a aprendizagem e desenvolvimento, proporcionados pela cultura.

O USO E A CATEGORIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS ASSISTIVAS

As dificuldades vivenciadas pelas pessoas portadoras de deficiência em nossa comunidade, os preconceitos e as exclusões sofridas, tornam urgente a construção de novas soluções para a redução dessas desigualdades sociais. Os progressos da ciência, os novos estudos e descobertas, oferecem ferramentas para a busca de soluções. As Tecnologias de Informação e Comunicação vêm se tornando instrumentos fundamentais de nossa cultura e, sua utilização, um meio concreto de inclusão e interação no mundo. E como destacou Vygotsky, é sumamente relevante, para o desenvolvimento humano, o processo de apropriação, por parte do indivíduo, das experiências presentes em sua cultura. O autor enfatiza a importância da ação, da linguagem e dos processos interativos, na construção das estruturas mentais superiores. O acesso aos recursos oferecidos pela sociedade, pela cultura, escola, tecnologias, etc., influenciam determinantemente nos processos de aprendizagem e desenvolvimento da pessoa. Entretanto, as limitações do indivíduo com deficiência tendem a tornar-se uma barreira a estes processos. Desenvolver recursos de acessibilidade, as chamadas Tecnologias Assistivas, seria uma maneira concreta de neutralizar as barreiras causadas pela deficiência e inserir esse indivíduo nos ambientes ricos para a aprendizagem e desenvolvimento, proporcionados pela cultura. Tecnologia Assistiva é um termo novo e esta sendo utilizado para se referir a ferramentas que podem auxiliar no cotidiano de pessoas com deficiência. Ela também pode ser definida como "uma ampla gama de equipamentos, serviços, estratégias e práticas concebidas e aplicadas para minorar os problemas encontrados pelos indivíduos com deficiências" (Cook e Hussey ? Assistive Technologies: Principles and Practices ? Mosby ? Year Book, Inc., 1995).
No Brasil, o Comitê de Ajudas Técnicas - CAT, instituído pela PORTARIA N° 142, DE 16 DE NOVEMBRO DE 2006 propõe o seguinte conceito para a tecnologia assistiva: "Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social" (ATA VII - Comitê de Ajudas Técnicas (CAT) - Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE) - Secretaria Especial dos Direitos Humanos - Presidência da República).
Como pode se perceber as Tecnologias Assistivas são instrumentos facilitadores para garantir uma aprendizagem qualitativa e uma maior autonomia do individuo na vida em sociedade. Esses recursos são classificados e organizados de acordo com a sua finalidade, pois vão desde objetos que auxiliam na vida prática até os que servem como meio de comunicação do indivíduo.
Abaixo será explicitado as categorias que se subdividem as Tecnologias Assistivas, todavia esta divisão pode variar de um autor para outro

? Auxílios para a vida diária.

São recursos que auxiliam os deficientes no seu dia-a-dia, os quais garantem uma maior autonomia ao indivíduo, pois permite ter mais acessibilidade e realizar tarefas simples como cozinhar, vestir-se, alimentar-se, tomar banho sem o auxílio de outra pessoa.
Suportes para utensílios domésticos, barras de apoio, talheres e materiais escolares adaptados, são exemplos de Tecnologias Assistivas que auxiliam na vida prática do deficiente.

? Comunicação aumentativa e alternativa

Esses recursos são destinados a pessoas que possuem problemas de comunicação relacionada à falta da fala ou com limitações da mesma. Os recursos mais utilizados são as pranchas de comunicação, vocalizadores ou computadores com softwares específicos, os quais garantem grande eficiência à função comunicativa.

? Recursos de acessibilidade ao computador

Esses recursos são utilizados para garantir a pessoa com deficiência o acesso ao computador, através de hardware e software que tornam essa ferramenta mais acessível.
São exemplos de recursos de acessibilidade ao computador os equipamentos de entrada como os teclados modificados, os teclados virtuais com varredura, mouses especiais e acionadores diversos, softwares de reconhecimento de voz, ponteiras de cabeça por luz entre outros.
Como equipamentos de saída podemos citar: a síntese de voz, monitores especiais, os softwares leitores de texto (OCR), impressoras braile e linha braile.


? Sistemas de controle de ambiente

Os sistemas de controle de ambiente garante ao deficiente uma maior autonomia, pois permitem que ele controle, por meio de um controle remoto, aparelhos eletro-eletrônicos, sistemas de segurança, entre outros mecanismos dentro de sua residência, escritório ou arredores.

? Projetos arquitetônicos para acessibilidade

Englobam recursos estruturais que facilitam o acesso e a permanência de pessoas deficientes aos lugares em que freqüenta como sua casa, ambiente de trabalho, locais públicos entre outros. Esses projetos arquitetônicos se referem a rampas, elevadores, banheiros adaptados, peças de mobiliário entre outras adaptações que garantem a funcionalidade e a mobilidade dentro de qualquer ambiente.

? Órteses e próteses

Próteses são peças artificiais que substituem partes ausentes do corpo.
Órteses são colocadas junto a um segmento corpo, garantindo-lhe um melhor posicionamento, estabilização e/ou função. São normalmente confeccionadas sob medida e servem no auxílio de mobilidade, de funções manuais (escrita, digitação, utilização de talheres, manejo de objetos para higiene pessoal), correção postural, entre outros.


? Adequação postural

Os recursos de adequação postural têm a função de auxiliar os indivíduos na sua postura em diferentes posições: sentado, deitado e em pé.
É de extrema importância que todo individuo tenha uma boa postura, pois isso auxilia para que se tenha um bom desempenho funcional.
Almofadas e estabilizadores ortostáticos são exemplos de Tecnologias Assistivas.

? Auxílios de mobilidade


Andadores, carrinhos, bengalas, muletas, cadeiras de roda entre outros são exemplos de tecnologias que auxiliam os indivíduos com necessidades especiais a terem mais mobilidade pessoal.

? Auxílios para cegos ou para pessoas com visão subnormal

São todas as tecnologias que buscam auxiliar o deficiente visual a realizar sua atividades do dia a dia ou em seu local de trabalho com maior autonomia e independência.
São também Tecnologias Assistivas: auxílios ópticos, lentes, lupas e tele lupas; os softwares leitores de tela, leitores de texto, ampliadores de tela; os hardwares como as impressoras braile, lupas eletrônicas, linha braile (dispositivo de saída do computador com agulhas táteis) e agendas eletrônicas.

? Auxílios para pessoas com surdez ou com déficit auditivo

Auxílios que inclui vários equipamentos (infravermelho, FM), aparelhos para surdez, telefones com teclado-teletipo (TTY), sistemas com alerta táctil-visual, Telefone celular com mensagens escritas e chamadas por vibração entre outros.


? Adaptações em veículos

Acessórios e adaptações que possibilitam uma pessoa com deficiência física dirigir um automóvel, facilitadores de embarque e desembarque como elevadores para cadeiras de rodas (utilizados nos carros particulares ou de transporte coletivo), rampas para cadeiras de rodas, serviços de auto- escola para pessoas com deficiência.


METODOLOGIA

O presente trabalho teve início com a realização de pesquisas bibliográficas sobre literaturas que tem relação com o tema e pesquisas realizadas na internet.
O procedimento teve início a partir da leitura de textos selecionados, seguidos de uma dinâmica de análises e anotações, formando um arquivo de dados.
A partir da construção do arquivo de dados foi selecionado aqueles que possuem estreita relação com ferramentas e tecnologias que auxiliam e garantem uma maior autonomia e mobilidade para a pessoa com deficiência, através dos quais são possíveis a realização de atividades do cotidiano de qualquer indivíduo.
As pesquisas realizadas para embasar o presente artigo teve como objetivo principal exemplificar como podemos adaptar diferentes tecnologias em prol do bem estar e da inclusão de todos dentro da sociedade na qual se vive, pois qualquer pedaço de pau utilizado como bengala se caracteriza em Tecnologia Assistiva. De acordo com Manzini:
Os recursos de tecnologia assistiva estão muito próximos do nosso dia-a-dia. Ora eles nos causam impacto devido à tecnologia que apresentam, ora passam quase despercebidos. Para exemplificar, podemos chamar de tecnologia assistiva uma bengala, utilizada por nossos avós para proporcionar conforto e segurança no momento de caminhar, bem como um aparelho de amplificação utilizado por uma pessoa com surdez moderada ou mesmo veículo adaptado para uma pessoa com deficiência. (MANZINI, 2005, p. 82)


CONSIDERAÇÕES FINAIS


O conceito de Tecnologia Assistiva diferencia-se de toda a tecnologia utilizada na medicina ou na reabilitação de pacientes, pois ela se refere a recursos ou procedimentos pessoais, que atendem a necessidades diretas do indivíduo com deficiência, visando sua independência e autonomia. Já os recursos médicos ou de reabilitação visam o diagnóstico ou tratamento voltados para a área da saúde, sendo, portanto, recursos de trabalho dos profissionais dessa área. Os objetivos da Tecnologia Assistiva, apontam normalmente para mecanismos ou recursos que geram autonomia pessoal e vida independente do usuário.
A Tecnologia Assistiva também vem se tornando uma importante ferramenta na área educacional, pois cada vez mais serve como uma ponte para abertura de novos horizontes nos processos de ensino-aprendizagem e desenvolvimento de alunos com deficiências até bastante severas.
Se essa importância da tecnologia na educação já é verdadeira em relação a qualquer tipo de aluno, ela é muito mais ainda em se tratando de alunos com diferentes deficiências, pois se entendemos a cidadania como lugar maior do que estar ou ocupar em espaço físico dentro do meio social, devemos pensar que a escola deve possibilitar a todos, inclusive às pessoas com necessidades especiais, a participação nas ações e decisões que visem ao bem da comunidade.
Portanto o uso das Tecnologias Assistivas é de grande importância para que aconteça realmente a inclusão dentro de nossa sociedade. Conhecer quais são os recursos disponíveis que garantem autonomia e independência as pessoas deficientes é garantir a todos os direitos de ir e vir e de uma educação plena e de qualidade, que possibilite a formação de cidadãos críticos e participativos dentro da sociedade.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERSCH, R. Introdução a Tecnologia Assistiva. CEDI ? Centro Especializado em Desenvolvimento Infantil. Porto Alegre-RS, 2008.

COOK, A.M. & HUSSEY, S. M. (1995) Assistive Technologies: Principles and Practices. St. Louis, Missouri. Mosby - Year Book, Inc.


CORDE, Comitê de Ajudas Técnicas, ATA VII. Disponível em http://www.mj.gov.br/sedh/ct/corde/dpdh/corde/comite_at.asp > Acesso em 15 de jun. 2011

UNESCO. Declaração de Salamanca e Linha de Ação. Brasília, 1994.

MANZINI, E. J. Tecnologia assistiva para educação: recursos pedagógicos
adaptados. In: Ensaios pedagógicos: construindo escolas inclusivas. Brasília:
SEESP/MEC, p. 82-86, 2005

MANTOAN, M. T. E. A tecnologia aplicada à educação na perspectiva
inclusiva. mimeo, 2005.