A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES LÚDICAS PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Por Lilian Dahiane Cavalheiro da Rocha | 08/10/2018 | Educação

Ilenair Lunardi

Ketiulli Taciane Semiguem

Lilian Dahiane Cavalheiro Da Rocha

RESUMO

Por meio desta pesquisa foi possível entender o quanto o lúdico pode ser um instrumento importante e imprescindível na aprendizagem, no desenvolvimento cognitivo, afetivo e social das crianças. O presente estudo teve como objetivo ressaltar a importância do lúdico na educação infantil, buscando embasamento teórico na bibliografia disponível, assim como as concepções de jogo de pensadores como: Piaget, Vygotsky, Winnicot, Kishimoto, a fim de entender como a criança aprende através da ludicidade no processo de ensino/aprendizagem, bem como no desenvolvimento global da criança. Para isso é preciso compreender o papel do educador mediador do conhecimento e de como o lúdico pode influenciar na relação do brincar com a aprendizagem e o desenvolvimento da criança. O propósito desse artigo é, porquanto, mostrar a importância dos jogos, brinquedos e brincadeiras para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças.

Palavras-chave: Desenvolvimento Infantil. Atividades lúdicas. Aprendizagem.

Introdução

O presente trabalho tem como objetivo ressaltar a importância das atividades lúdicas para o desenvolvimento infantil, fundamentando teoricamente como o brincar, os jogos, brinquedos e brincadeiras favorecem para uma aprendizagem significativa e de qualidade. O tema foi escolhido devido ao interesse de obter novos conhecimentos a respeito da prática pedagógica a partir das atividades lúdicas, as quais muitas vezes são deixas de lado até mesmo nas creches e pré-escolas.

Partindo do pressuposto que trabalhar atividades lúdicas em sala de aula traz muitos benefícios, faz-se necessário utilizá-las como instrumento pedagógico em momentos oportunos, com determinada finalidade e de forma construtiva e não somente como estratégia a ser usada para preencher os tempos livre, pois as atividades lúdicas proporcionam a assimilação de valores, a aquisição de comportamentos, o desenvolvimento de diversas áreas do conhecimento, o aprimoramento de habilidades, bem como, a socialização.

Nesta perspectiva é necessário reconhecer o papel fundamental do educador nesse processo, o qual atua como mediador e facilitador da aprendizagem, onde as atividades lúdicas tornam-se grandes aliadas vindo a contribuir e permitir que o ensino aconteça de forma dinâmica e prazerosa possibilitando às crianças participarem de diferentes experiências e realizarem suas próprias atividades, a fim de aprimorarem o seu desenvolvimento como um todo.

O lúdico quando trabalhado numa perspectiva pedagógica pode ser um instrumento de suma importância na aprendizagem, no desenvolvimento, cognitivo, afetivo e social na vida da criança. Segundo Szymanski (2006), “ao trabalhar com o lúdico partindo de ações pedagógicas que valorizam jogos, brinquedos, histórias infantis, música e poesia, para que as crianças desenvolvam a representação simbólica, são fundamentais no processo de aprendizagem”.

Embora o foco deste artigo seja o a importância da ludicidade para o desenvolvimento infantil, vale ressaltar que as atividades lúdicas favorecem o desenvolvimento em todas as etapas da vida, desde que sejam trabalhadas de acordo com as necessidades e peculiaridades de cada faixas etárias.

Na Educação Infantil, as atividades lúdicas devem proporcionam o desenvolvimento das áreas psicomotoras, perceptivas, de atenção, raciocínio, estimulação para o contato com os objetos, enfim, o desenvolvimento global da criança. No Ensino Fundamental, devem possibilitar o desenvolvimento de suas potencialidades intelectuais, físicas e criativas, permeadas pelo desenvolvimento social e interpessoal. No Ensino Médio, as atividades lúdicas precisam visar a participação, a solidariedade, a cooperação, o respeito do educando a si mesmo e ao outro, a análise crítica, a reflexão, a motivação e a participação em sala de aula, bem como, o prazer de aprender a aprender. Na educação de jovens e adultos (EJA), as atividades lúdicas necessitam ter como objetivo uma aprendizagem adequada à realidade do aluno e da sociedade em que está inserido. E por fim na Terceira Idade deve propiciar a promoção do conhecimento e a convivência com diferentes colegas de maneira natural, espontânea e responsável.

Este trabalho constitui-se de uma pesquisa bibliográfica tendo como recurso metodológico a análise de materiais já publicados na literatura e artigos científicos divulgados no meio eletrônico, sendo fundamentado nas ideias e concepções de autores como: Piaget, Vygotsky, Winnicot, Kishimoto, entre outros.

 

Desenvolvimento

A ludicidade está intrínseca no ser humano desde a pré-história. A brincadeira ou ato de brincar é uma atividade natural, saudável e pode ser encontrada em diversos grupos humanos, e em diferentes períodos históricos. Com isso é possível constatar que ao longo da história muitos pensadores deram suas contribuições sobre as concepções e o uso dos jogos como recursos/instrumentos pedagógicos, de modo a proporcionar o desenvolvimento integral das crianças.

Muitos autores tem mostrado as vantagens de se utilizar o jogo como instrumento pedagógico para que o ensino/aprendizado e consequentemente o desenvolvimento infantil, aconteça de forma prazerosa.

Sendo o jogo integrador, por meio dele a criança desenvolve o respeito, a cooperação, buscando superar o clima de competição, bem como, busca traçar estratégias ao executar jogadas. Kishimoto (1994) afirma que “o jogo estimula a exploração e a solução de problemas e, por ser livre de expressões e avaliações, cria um clima adequado para a investigação e a busca de solução”.

Para Rizzo apud. Souza (2006), “o jogo cria situações favoráveis à discussão em grupo, fazendo a criança refletir, desprendendo-se da ação motora pura”.

Os jogos sempre constituíram uma forma de atividade própria do ser humano. De acordo Kishimoto (1997Parte superior do formulário

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), “o jogo é tão importante na vida da criança como o trabalho é para o adulto”, por isso é de suma importância que a educação seja fundamentada antes de tudo no jogo, o qual deve ser estimulado, principalmente na primeira infância, já que é responsável pelo auxílio nas evoluções psíquicas e por ser esta uma fase que marca a vida do indivíduo.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil - RCNEI (BRASIL, 1998) “nas brincadeiras, as crianças transformam os conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos gerais com os quais brincam” e por ser tão importante para o desenvolvimento das crianças o jogo (ou lúdico) é um assunto de interesse para os profissionais da educação e ainda afirma que,

O jogo tornou-se objeto de interesse de psicólogos, educadores e pesquisadores como decorrência da sua importância para a criança e da ideia de que é uma prática que auxilia o desenvolvimento infantil, a construção ou potencialização de conhecimentos. (BRASIL, 1998, p.210).

O psicólogo Jean Piaget (1990) no decorrer de suas pesquisas também deu grande importância ao lúdico para o desenvolvimento infantil, segundo ele, “a atividade lúdica é o berço das atividades intelectuais da criança, sendo por isso indispensável à prática pedagógica”. Também para Piaget (apud Almeida 1974, p 25), “os jogos não são apenas uma forma de desafogo ou entretenimento para gastar a energia das crianças, mas meios que enriquecem o desenvolvimento intelectual”.

Para Winnicot,

O jogo é a melhor maneira da criança comunicar-se, ou seja, um instrumento que ela possui para relacionar-se com outras crianças. Brincando, a criança aprende sobre o mundo que a cerca e tem a oportunidade de procurar a melhor forma de integrar-se a esse mundo que já encontra pronto ao nascer. (WINNICOT,1975, p.78)

 

Em suas análises sobre o jogo Vygotsky (1989), estabeleceu uma relação entre este e a aprendizagem, afirmando que o jogo contribui para desenvolvimento integral da criança, ou seja, o desenvolvimento intelectual, social e moral, o qual se dá por meio das interações sociais, resultando na aprendizagem.

Wallon (1981), na sua concepção de jogo diz que toda a atividade exercida pela criança é lúdica, pois para ele “o jogo é uma atividade espontânea, livre, com o qual todas as crianças devem ter a oportunidade de brincar”, alegando ainda que o desenvolvimento ocorre por meio das aquisições motoras obtidas através do primeiro contato estabelecido pelo corpo com o meio exterior.

De acordo com Friedmann,

O jogo implica para a criança muito mais do que o simples ato de brincar. Através do jogo, ela está se comunicando com o mundo e também está se expressando. Para o adulto o jogo constitui um “espelho”, uma fonte de dados para compreender melhor como se dá o desenvolvimento infantil. Daí sua importância. (FRIEDMANN,1996. p 14)

 

A partir dessas concepções sobre o jogos e a ludicidade de modo geral, é possível concluir que para esses pensadores as brincadeiras e os jogos são atividades lúdicas que desempenham um papel de extrema importância para o desenvolvimento integral da criança, bem como ressaltam o papel fundamental das instituições de ensino e principalmente do educador nesse processo, pois o lúdico constitui-se de um instrumento importante e imprescindível na aprendizagem, no desenvolvimento cognitivo, afetivo e social das crianças.

            Embora muitas vezes o jogo toma outro enfoque na educação sendo mais utilizado como forma de divertimento e algumas vezes até incluir a competição, seu objetivo primordial é estimular o desenvolvimento integral da criança, sendo um facilitador na aprendizagem e possibilitando a relação interpessoal entre as crianças.

Segundo Kishimoto (1997), ao analisar o papel do jogo na educação infantil, fundamentando-se na natureza dos objetivos da ação educativa destaca que,

Ao permitir a manifestação do imaginário infantil, por meio de objetivos simbólicos dispostos intencionalmente, a função pedagógica subsidia o desenvolvimento integral da criança. Neste sentido, qualquer jogo empregado na escola, desde que respeite a natureza do ato lúdico, apresenta caráter educativo e pode receber também a denominação geral de jogo educativo” KISHIMOTO (1997p. 90).

 

            Sendo assim a escola deve utilizar mais esse recurso tão rico em seu currículo, pois, os jogos e brincadeiras não ajudam apenas no desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo, mas também ajudam a criança a descobrir e desenvolver sua criatividade.  É importante também lembrar que o jogo na faixa etária de Educação Infantil é fonte de alegria e prazer e que o verdadeiro jogo possibilita a superação das dificuldades que as crianças encontram.

Na educação infantil é possível utilizar os jogos e as brincadeiras para desenvolver o cognitivo, a motricidade, a imaginação, a criatividade, a interpretação, as habilidades de pensamento, tomada de decisão, organização, regras, conflitos pessoais e com outros, as dúvidas entre outras. As atividades lúdicas podem ser consideradas, tarefas do dia-a-dia na educação infantil.

Portanto compete ao professor ter criatividade para poder trabalhar com brincadeiras, as quais precisam ser planejadas, para que tudo se encaminhe de forma pedagógica e produtiva para que as crianças possam brincar e adquirir conhecimento de forma mais prazerosa, tornando assim o jogo um aprendizado e não simplesmente uma obrigação. Acredita-se que na presença dos jogos, a criança estimulada terá maior interesse pelas atividades propostas, desta forma levando-a a um maior desenvolvimento.

 

Conclusão

A utilização do jogo nas escolas foi, por muito tempo, criticada, mas é evidente sua contribuição para a aprendizagem em diversos aspectos como: motor, afetivo, social, cultural, psíquico, entre outros, sendo assim condição para o desenvolvimento infantil, já que as crianças assimilam e podem transformar a realidade quando jogam.

No entanto, deve-se ressaltar que a ludicidade e a corporeidade manifestadas no jogar, não devem ser desprezadas, pois reconhecer sua importância é reconhecer que a criança necessita delas para seu desenvolvimento como um todo, ao mesmo tempo que eles preparam a criança para a vida adulta, já que oferecem a elas experiências, que treinam destrezas necessárias para sua sobrevivência.

Sabendo-se que o conhecimento é construído por meio das interações da criança com o mundo, os jogos e brincadeiras representam tanto uma atividade cognitiva, quanto social, pois através das mesmas as crianças exercitam suas habilidades físicas, crescem cognitivamente além de aprenderem a interagir com outras crianças. Sendo assim os estímulos são muito valiosos no processo de ensino-aprendizagem.

Ao proporcionar à criança um ambiente com atividades que estimulem o raciocínio lógico, a troca de ideias e problemas reais a serem vencidos, o professor estará propiciando à criança um “desenvolvimento” que será usado em todas as áreas do conhecimento e da vida.Parte superior do formulário

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Educar ludicamente, ou seja por meio de jogos, brinquedos e brincadeiras tem um significado muito profundo e está presente em todos os segmentos da vida e tem por finalidade promover a interação social, o desenvolvimento das habilidades físicas e intelectuais dos educandos, levando-o a viver em grupo, trocar ideias, saber ouvir e participar de jogos variados de forma ordenada, interiorizar regras de convívio em grupo, tudo de maneira envolvente, alegre, participativa e desafiadora, preservando o desenvolvimento da criança e sua condição de felicidade, sorrir, brincar e aproveitar essa melhor fase da vida.

            Em súmula, uma educação lúdica só será bem sucedida se o educador/professor conhecer do que se trata, onde poderá desempenhar um papel de observador, ser um participante ou um organizador, com o intuito de melhorar o jogo, reconhecendo que através do brincar, o ele tem a oportunidade de conhecer o nível de desenvolvimento das suas crianças.

 

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil/ Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental.- Brasília: MEC/CEF, 1998.

 

FREIDMANN, Adriana. Brincar: crescer e aprender: o resgate do jogo infantil. São Paulo: Moderna, 1996.

 

KHISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogo, brinquedos, brincadeiras e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, 1997.

 

SOUZA, Aline Corrêa. Música, Movimento e Artes Visuais.1. Ed. São Paulo: DCL, 2006. – (Coleção Novos Caminhos: formação continuada na sala de aula/ coordenação Aline Corrêa de Souza, Lucila Souza P. Ferraz).

 

WINNICOTT, D.W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.

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