RIBEIRO, Erika Pereira[1]

 

RESUMO

Este trabalho inicialmente vem reportar o que é ludicidade, explicando sua origem e de que maneiras jogos e brincadeiras influenciam não somente em nosso cotidiano, mas também em nossa personalidade, vem explicar que o lúdico faz parte de todo o nosso desenvolvimento físico e mental; só que vai mudando com o passar do tempo, ou seja, evoluindo. No entanto, no século XXI, a ludicidade não tem a mesma importância de antigamente, como assim retrata o filme Tarja branca – a revolução que faltava, pois no filme os personagens conceituam o brincar de diversas maneiras, assim como ela também desempenha um papel importante no setor educacional que serão confirmados por embasamento teórico no decorrer do trabalho.

Palavras-chave: Ludicidade. Educação. Personalidade.

 

Quando pensamos ou falamos em ludicidade, a primeira coisa que nos vem em mente são os jogos e brincadeiras; mas é importante (re) lembrar, que alguns anos atrás, elas eram vistas apenas como um passatempo e com as diversas mudanças no setor educacional, a ludicidade adentrou-se os muros da escola, ganhando destaque como uma inovação na aprendizagem dos alunos, pois a mesma, além de ensinar de forma descontraída, facilita também a compreensão de algumas matérias difíceis. De acordo, com Freitas e Salvi afirmam que:

A ludicidade como recurso eficaz aplicado à educação difundiu-se, principalmente a partir do movimento da Escola Nova e da adoção dos métodos ativos. Acredita-se que brincando e jogando, o educando direciona seus esquemas mentais para a realidade que o cerca, aprendendo-a e assimilando-a mais fortemente. Por isso, pode-se afirmar que, por meio das atividades lúdicas, é possível expressar, assimilar e construir a realidade. Assim, é possível aprender qualquer disciplina utilizando-se da ludicidade, a qual pode auxiliar no ensino de línguas, de matemática, de estudos sociais, de ciências, de educação física, entre outras. (FREITAS e SALVI, s. d.; p.4)

 

Logo, Valle posiciona-se a respeito da ludicidade da seguinte maneira:

Ludicidade é envolver-se numa atividade, utilizando objetos, em geral brinquedos, que trazem prazer à criança. Neste contexto, o papel do professor seria ajudar o aluno a aprender novos conteúdos com o uso de estratégias e atividades prazerosas. (VALLE, 2008; p.10)

 

Sendo que o termo ludicidade, é de origem latina derivada da palavra lúdico do “ludus” que significa jogos, mas a ludicidade refere-se aos jogos pedagógicos, dinâmicas em grupo, cantigas de roda, brincadeiras, colagens, entre outros. A autora Roloff, discorre sobre ludicidade da seguinte maneira:

A palavra Lúdico vem do latim Ludus, que significa jogo, divertimento, gracejo, escola. Este brincar também se relaciona à conduta daquele que joga, que brinca e se diverte. Por sua vez, a função educativa do jogo oportuniza a aprendizagem do indivíduo: seu saber, seu conhecimento e sua compreensão de mundo. Na história de nosso desenvolvimento, sabemos que o ser humano tem recebido inúmeras designações: Homo Sapiens, porque possui como função o raciocínio para aprender e conhecer o mundo; Homo Faber, porque fabrica objetos e utensílios; e, Homo Ludens porque é capaz de dedicar-se às atividades lúdicas, ou seja, ao jogo. Pode-se dizer que o ato de jogar é tão antigo quanto à própria humanidade. Jogar é uma atividade natural do ser humano. Através do jogo e do brinquedo, o mesmo reproduz e recria o mundo a sua volta. (ROLOFF, s.d; p. 1)

 

A autora Sá afirma que o lúdico refere-se a uma dimensão humana que evoca os sentimentos de liberdade e espontaneidade de ação. Abrange atividades despretensiosas, descontraídas e desobrigadas de toda e qualquer espécie de intencionalidade ou vontade alheia. É livre de pressões e avaliações.

Sendo, que quando uma criança nasce, ela passa por todo um processo de estímulos, estímulos esses que visam o desenvolvimento físico e mental da criança; no qual deve-se compreender que existe diferenças de estímulos para cada faz etária. Logo, Barbosa descreve a brincadeira, como sendo:

 

 

 [...] uma atividade caracteristicamente humana, pois a criança não nasce sabendo brincar, tem como referência sua percepção de mundo, dos objetos e símbolos humanos significados pela mediação do outro.

Não há uma brincadeira natural, pois ela se constrói nas relações interpessoais e supõe uma aprendizagem social. A brincadeira não é inata. As duas fontes da brincadeira na criança são o adulto que cuida dela e vai introduzindo comportamentos lúdicos nessa relação e as descobertas das próprias crianças. (BARBOSA, s.d.;p.1)

 

 

Para exemplificar os diversos sentidos de brincar o filme Tarja Branca - A revolução que faltava, retrata diversas brincadeiras e opiniões que falam de forma subjetiva como os adultos e crianças, encaram a ludicidade que importância teve durante a infância e o que isso reflete hoje na vida de adulto.  No filme temos presença de várias pessoas comuns, assim como também pessoas famosas relatam como foi a sua infância e o curioso de tudo isso, descrevem de forma bem sucinta suas brincadeiras, cantigas e jogos; os personagens do filme destacam o quanto é importante brincar, tanto para criança quanto para o adulto, tendo como resultado o alcance da felicidade, bem como prazer. Lydia Hortélio, diz que o brinquedo é tudo que envolve o brincar. A roda, o jogo, a cantiga. É uma palavra que traduz desde o objeto com o qual se brinca, a estrutura brincante até o próprio fenômeno lúdico.

Muitos personagens do filme relatam o quanto foi importante a fase de brincadeiras, tanto é que durante o filme uma das pessoas afirmam que não queria deixar de ser criança. Além disso, eles também conceituam que brincar é uma ação humana e significa liberdade, uma maneira de dar vida a alma.

Uma das entrevistadas, afirma e questiona que as crianças hoje em dia, preferem ir ao shopping ao invés de brincar; hoje perdeu-se a magia das brincadeiras, as crianças do século XXI estão tomadas pelo desejo impulsivo pela adesão tecnológica, preferem está trancafiada entre quatro paredes do que ter o contato direto tanto com a natureza quanto com as pessoas. Assim, como Lydia Hortélio não entende a importância do videogame, considera como um brinquedo pobre, no qual não precisa de ninguém para interagir é apenas necessário o cumprimento das regras do jogo.

 Além disso, uma outra pessoa afirma que os pais procuram ocupar todas as horas dos filhos com as mais diversas atividades possíveis, não deixando espaço/tempo para as brincadeiras, e talvez essa seja uma das causas de termos muitos adultos preocupados e frustrados.

De acordo, com a entrevista que realizei, foi me relatado que “uns dos brinquedos/brincadeira da época era o barquinho de miriti, peteca (bolinha de gude), jogo de pião e outros; pois nessa época não tínhamos a presença tão forte da tecnologia como temos hoje, antigamente as próprias crianças produziam seus brinquedos” (J. L. 51 ANOS) como já citado o barquinho feito de miriti e também antes as famílias eram grandes, então as crianças se reuniam para brincar.

Talvez, seja por esse motivo que certas matérias, nós profissionais da educação optamos muitas das vezes por adotar a ludicidade nas aulas, pois vivemos em uma época totalmente virtual, dificultando desta maneira a interação de aluno-aluno e até mesmo aluno-professor, pois com o avanço da tecnologia o ser humano tornou-se um ser mecânico incapaz de atender regras/comando ou até mesmo vivenciar em sociedade, pois durante a infância não sob o verdadeiro significado de brincar, o quanto é relevante não só a palavra brincar, mas sim o ato de brincar para a construção da personalidade e caráter.

 

Brincar é um ato natural e prazeroso, acessível a todo ser humano independentemente da faixa etária e da classe social. É uma ação livre e espontânea e, ao mesmo tempo, uma atividade exploratória que contribui para a formação da personalidade do sujeito. (PEREIRA, s. d.; p.7)

 

 É necessário, introduzir a ludicidade durante as aulas, pois não deixa de ser um método de ensino-aprendizagem, mas é necessário levar em consideração quais os objetivos que se deseja alcançar durante a realização do mesmo.

Então, levando em consideração o filme, a opinião de Lydia Hortélio, a entrevista realizada e mais as fontes bibliográficas; ficou evidente que ato de brincar sofreu inúmeras transformações de geração para geração e hoje muitas perderam com o passar do tempo seu encantamento dando espaço apenas coisas superficiais, ou seja, tecnologia que te dá prazer por um tempo limitado, quanto que brincar, além de fazer um bem para alma, você leva lembranças para toda a vida.

     

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Maria Irene Bora. O brincar como atividade principal e organizativa do trabalho pedagógico. Disponível em: http://construindohistoriahoje.blogspot.com.br/2016/10/o-brincar-como-atividade-principal-e.html

FREITAS, Eliana Sermidi de e SALVI, Rosana Figueiredo. A ludicidade e a aprendizagem significativa voltada para o ensino de geografia. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/89-4.pdf

HORTÉLIO, Lydia. A importância do brincar. Disponível em: http://www.familiarte.com.br/familia-e-sociedade-/entrevista-com-lydia-hortelio-sobre-a-importancia-do-brincar

PEREIRA, Aldeídes Gomes. A ludicidade como recurso pedagógico para a aprendizagem da leitura e da escrita. Disponível em: https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:yxpjMkr0hFAJ:https://ufrr.br/pedagogia/index.php%3Foption%3Dcom_phocadownload%26view%3Dcategory%26download%3D104:aldeides-gomes-pereira%26id%3D18:2013-2%26Itemid%3D211+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&client=firefox-b

ROLOFF, Eleana Margarete. A importância do lúdico na sala de aula. Disponível em:http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/Xsemanadeletras/comunicacoes/Eleana-Margarete-Roloff.pdf

SÁ, Neusa Maria Carlan. Conceito de lúdico. Disponível em: http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo3/ludicidade/neusa/conc_de_ludico.html

TARJA Branca – A revolução que faltava. Direção: Cacau Rhoden. Produção: Juliana Borges. Brasil. Ano: 2014. Gênero: Documentário

VALLE, Tânia Gracy Martins. Práticas educativas: criatividade, ludicidade e jogos/ Tânia Gracy Martins Valle, Vera Lúcia Messias Fialho Capellini In: Práticas em educação especial e inclusiva na área da deficiência mental / Vera Lúcia Messias Fialho Capellini (org.). – Bauru: MEC/FC/SEE, 2008. v. 12: il. Disponível em: http://www2.fc.unesp.br/educacaoespecial/material/Livro12.pdf

 

 

[1] Graduada Letras/Hab. Língua Inglesa, especialista em Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa e Estrangeira.