DEISE DELOSS HEPP

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA PARA A PRODUÇÃO TEXTUAL

Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação como requisito parcial para a obtenção do título de Especialização    Lato Sensu em Interdisciplinaridade, chancelado pelas Faculdades Integradas de Palmas – FACIPAL, Professora Orientadora Ms. Vanda Maria Bertin Martins.

 

PALMAS – PR, FEVEREIRO DE 2003.

 

PROFESSORA ORIENTADORA

 

VANDA MARIA BERTIN MARTINS 

 

EPÍGRAFE

 

  “Mire e veja: o importante e bonito

 

   do  mundo, é isto: que  as  pessoas 

 

   não estão sempre iguais, ainda não 

 

   foram terminadas  –  mas  que elas 

 

  vão sempre  mudando.  Afinam  ou

 

  desafinam. Verdade maior. É o que

 

   a vida me ensinou.”                             

 

           (Guimarães Rosa)

 

DEDICATÓRIA

 

Dedico este trabalho:

 

Aos meus pais: Ida e Nelson (in memorian) que me deram a vida, 

 

carinho e dedicação e me ensinaram a ser uma pessoa digna.

 

Ao meu esposo Renato que sempre esteve ao meu lado,

 

colaborando para realização dos meus objetivos.

 

Às minhas irmãs: Elaine, Neila e Cleide que sempre me 

 

incentivaram a sonhar e a buscar o saber.

 

À professora Vanda, pelo apoio, amizade e conhecimento.

 

E à todas as outras pessoas que, inconscientemente,

 

nos fazem aprender algo.

 

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

 

                          A Deus, pela fé na realização dos meus sonhos                                                   

          

                     e luz que guia o meu caminho.

 

                     À minha mãe, pela dedicação, presença amiga e 

 

                     apoio constante na minha vida.

 

                     Ao meu esposo, pelo amor e compreensão em 

 

                     todos os momentos.  

 

                     À professora Vanda, pela orientação, 

 

                     conhecimento e estímulo.

 

                     Aos demais professores, pelo empenho 

 

                     dedicado ao saber. 

                      

                     Aos meus familiares, pelo auxílio e força nesta                                          

 

                      caminhada.

 

RESUMO

 

A pesquisa refere-se à "A importância da leitura para a produção textual”. É um estudo sobre as concepções que envolvem o processo da leitura, considerando-a como uma das aprendizagens mais importantes para a vida do ser humano, pois  ela é o ponto de partida para a aquisição/construção de todo conhecimento, possibilitando a formação de pessoas capazes de escrever com eficácia. Em torno da pesquisa envolveu-se questões  relacionadas ao problema que a escola vem enfrentando na prática cotidiana, em que os alunos não gostam de ler e escrever,  ocasionando dificuldades em muitas atividades desenvolvidas no processo educativo. Desenvolveu-se a pesquisa bibliográfica buscando embasamento teórico que possibilite a explicação e ajude na interpretação desse problema. Enfatizou-se sobre a importância de uma prática social da leitura, indicando algumas atividades estimuladoras de leitura e produção textual, como possível solução para a reversão do quadro atual, e ainda, o papel que o professor e a família exercem nessa situação. Percebeu-se que a escola precisa pensar a leitura como um ato interdisciplinar e repensar o processo educativo voltado à formação de leitores/escritores aptos a exercer sua cidadania.     

 

SUMÁRIO

 

FOLHA DE ROSTO.....................................................................i

 

PROFESSOR ORIENTADOR.......................................................ii

 

EPÍGRAFE................................................................................iii

 

DEDICATÓRIA..........................................................................iv

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS.................................................v

 

RESUMO...................................................................................vi

 

INTRODUÇÃO............................................................................9

 

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO...................................................... 

1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..................................

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA E JUSTIFICATIVA 

1.2 ABORDAGEM GERAL DO PROBLEMA 

1.3 QUESTÕES ESPECÍFICAS DA PESQUISA 

    1.3.1 QUESTÕES NORTEADORAS DO PROBLEMA......................

     1.4 PRESSUPOSTOS......................................................................

 

1.5 FATORES QUALITATIVOS DE ANÁLISE 

1.6 OBJETIVOS DA PESQUISA 

1.6.1 OBJETIVO GERAL 

1.6.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 

1.7 DEFINIÇÃO DE TERMOS 

1.8 METODOLOGIA DA PESQUISA 

1.8.1 TIPO DE PESQUISA 

1.8.2 ÁREA DE ABRANGÊNCIA 

1.8.3 PASSOS DA PESQUISA 

 

CAPÍTULO II -  FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................15

 

     2.1 NOÇÕES DE LEITURA................................................................................15

 

    2.2  A IMPORTÂNCIA DA LEITURA................................................................

   2.3 AS CONDIÇÕES SOCIAIS DA LEITURA................................

   2.4 A PRÁTICA DA LEITURA NA ESCOLA - UMA VIÁVEL PARA A PRODUÇÃO TEXTUAL..............................................................

   2.5 LEITURA E PRÁTICA SOCIAL...................................................

   2.6 OBJETIVOS E EXPECTATIVAS DE LEITURA...........................

       2.5.2 A LEITURA CRÍTICO-TRANSFORMADORA....................................

 

   2.6 A FORMAÇÃO DE LEITORES NA ESCOLA............................................

 

       2.6.1 O PAPEL DA FAMÍLIA NA FORMAÇÃO DA LEITURA ..................

   2.7 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL................................   

   2.8 LEITURA E INTERDISCIPLINARIDADE.................................                             2.9 ATIVIDADES ESTIMULADORAS DA LEITURA...........................

    2.9.1 ATIVIDADES DE PRODUÇÃO DE TEXTO A PARTIR DA LEITURA........................................................................................

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÃO.................................

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

Vivemos numa sociedade cada vez mais globalizada e heterogênea, com grandes avanços científicos, tecnológicos e informacionais, por isso é imprescindível uma educação voltada à formação global, gradativa e atualizada do ser humano, permeada por valores e concepções alicerçadas na importância da leitura.

 

A pesquisa propõe uma reflexão sobre a importância da leitura para a formação de alunos leitores e escritores. Pretende-se mostrar que através de práticas metodológicas inovadoras de leitura, baseadas no contexto social do aluno e com uma postura interdisciplinar, os professores têm condições de possibilitar ao aluno, o desenvolvimento de sua capacidade de comunicação, argumentação e produção de textos eficazes, bem como ampliar sua visão de mundo.

 

A leitura assume papel importante na vida do aluno quando é uma atividade constante, diversificada, incentivada e construída significativamente, numa relação de interação com o contexto social ao qual está inserido.

 

Dessa forma, uma prática social de leitura é imprescindível porque permite que o aluno experimente sentimentos, descubra conhecimentos e desvele o desconhecido. Através da leitura o aluno poderá ter condições de ser um ser crítico e participativo,  compreendendo os textos com mais profundidade  e percebendo a realidade social/histórica em que vive.

 

Nessa perspectiva, a pesquisa objetiva despertar e incentivar a capacidade de leitura no aluno para que se torne um leitor que saiba buscar o aperfeiçoamento crítico e reflexivo do mundo. Para isso, torna-se necessário uma transformação da crise da leitura na  escola. É preciso também, que os professores sejam leitores e comprometidos com o processo global de produção da leitura.

 

A formação do leitor na escola pressupõe uma prática diária de leitura que se inicia na sala de aula e se estende para a comunidade, através de projetos ou atividades interdisciplinares que envolvam os alunos, professores, bibliotecários, pais e demais pessoas.

 

Nesse sentido, o ensino da leitura precisa conter um significado mais amplo, mais político e menos instrumental, como vem acontecendo. Sabe-se das dificuldades enfrentadas pela escola, no sentido de superar os problemas de leitura e produção textual.Os alunos não gostam de ler e escrever e todo o processo educativo é ameaçado.

 

Por isso, fez-se necessário essa pesquisa, com um estudo mais aprofundado sobre a importância da leitura, entendendo seu processo de construção e as condições de acesso, que vêm contribuir no ensino de Língua Portuguesa e demais disciplinas, já que a leitura é a principal ferramenta para aquisição de todo conhecimento.

 

A facilitação da aprendizagem eficiente da leitura é um dos principais recursos que os professores dispõem para combater a alienação cultural e possibilitar a aquisição de diferentes pontos de vista do aluno, tornando-o um ser capaz não só de compreender a realidade, como também de atuar sobre ela.

 

Assim, o estudo foi organizado em dois capítulos. O primeiro traz as decisões iniciais, com referência aos Procedimentos Metodológicos adotados para elaborar a pesquisa. 

 

O segundo capítulo aborda a fundamentação teórica, buscando embasamento em diversos autores para explicação e/ou interpretação do problema. Também foram sugeridas atividades estimuladoras de leitura e escrita, as quais colaboram para uma possível solução do problema.

 

Em seguida, são apresentadas as considerações finais e conclusões sobre o desenvolvimento do trabalho.

 

 

 

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

 

  1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

 

            1.1. APRESENTAÇÃO DO TEMA  E JUSTIFICATIVA

 

           A pesquisa abordada está relacionada à importância da leitura para a produção textual, nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Levando-se em consideração que a leitura é uma habilidade imprescindível para a aquisição de todo conhecimento, torna-se essencial aprofundar o seu estudo, visando a formação de leitores competentes e, consequentemente, a formação de pessoas capazes de escrever com autonomia.

 

          Tendo em vista que a leitura faz parte do ensino de Língua Portuguesa e perpassa de maneira interdisciplinar o conhecimento de todo processo ensino-aprendizagem, é necessário que a sua prática não seja confundida com uma mera decodificação de sinais ou, simplesmente, reproduções mecânicas que impedem o leitor de compreender e interpretar o texto.

 

          

Sabe-se que falar, ouvir, ler e escrever são manifestações do uso produtivo da língua. Ler e escrever são atividades que, além de serem diferenciadas, fazem parte do crescimento e desenvolvimento integral do ser humano, pois o acesso a uma vida social integrada está na vivência de cidadãos bem informados que percebem-se no contexto e atuam no sentido de mudanças.

         

          Entretanto, o desenvolvimento do gosto pela leitura envolve uma ação coletiva de seres socialmente estruturados, porque a leitura é um ato coletivo entre o leitor e os demais leitores ao seu redor, em suas relações com o mundo. Por isso, o diálogo de textos entre alunos e professores amplia o conhecimento de mundo em diferentes pontos de vista.

 

          Nesse sentido, a responsabilidade do educador está em propiciar situações de aprendizagem, com práticas criativas de leitura que  viabilizem o gosto pelo saber, ler e escrever. Para a concretização desse desejo, cabe ao educador ser um pesquisador, planejando sua prática com convicção e entusiasmo, compartilhando seus saberes com os alunos.

 

         Assim, o ensino e a prática da leitura constituem a possível solução aos problemas relacionados ao baixo rendimento escolar dos alunos, a falta do gosto pela leitura e as dificuldades na produção textual. Propõe-se,  então,  a busca de  alternativas  que subsidiem a 

 

ação pedagógica para sanar essas dificuldades. Alternativas estas, que dêem ênfase a diferenciadas estratégias de leitura, despertando o gosto em ler, escrever, como também o desenvolvimento de habilidades interpretativas, necessárias na elaboração do pensamento concreto.

 

        Portanto, o tema da pesquisa torna-se importante porque há necessidade de aprofundamento teórico sobre a leitura, visando embasar e auxiliar a prática metodológica dos educadores para desenvolver, nos alunos, o gosto pela leitura, pois isso constitui-se num dos elementos fundamentais para produções textuais críticas.           

 

  1. ABORDAGEM GERAL DO PROBLEMA

 

          Atualmente, diante das inevitáveis mudanças científicas e tecnológicas no país, vemos-nos frente a uma sociedade desigual e competitiva que exige cada vez mais eficiência e aperfeiçoamento em todos os setores de trabalho.

 

         Observa-se que o problema da educação brasileira está estreitamente relacionado aos problemas estruturais de ordem política, social, econômica e histórica. A educação associa-se a um sistema  conjuntural   negativo,   no   qual    as   conseqüências  são 

 

constatadas na vida cotidiana da maioria da população que não tem acesso aos bens culturais e econômicos.

 

         A educação, sendo frequentemente submetida a uma ação política imediata e discriminatória, privilegia uma minoria de cidadãos que detém o poder. Falta uma política educacional coerente e democrática, capaz de garantir o acesso ao ensino formal e o crescimento intelectual a todos os cidadãos.

       

          Segundo SAVIANI, “a educação escolar é condição indispensável para que a cidadania se constitua”. (1986, p.75). Portanto, o ensino escolar deve viabilizar a cidadania como direito de todos.  No entanto, depara-se com a pouca atenção e descompromisso com a educação por parte da sociedade e do poder público, influenciando na ação pedagógica do educador e, inevitavelmente, prejudicando a qualidade do processo ensino-aprendizagem.

 

         Verifica-se uma desvalorização da imagem social e profissional do educador,  que é evidenciada  através dos baixos salários, da falta 

de material de apoio  e  ausência de  políticas  consistentes  para  sua formação, gerando assim, desânimo para qualificação permanente.

 

 Na escola, os problemas se repetem. Os recursos humanos capacitados    são   insuficientes,  há   falta   de  materiais  didáticos, 

 

pedagógicos e administrativos adequados e de qualidade, há falta de infra-estrutura física condizente ao número de alunos e também de aparelhos tecnológicos avançados que tornam o ambiente de estudo mais agradável e prazeroso.

 

        Percebe-se uma grande desmotivação por parte dos alunos, principalmente, quanto ao gosto em ler, pesquisar, desvendar  e produzir o conhecimento. Esse fator vem provocando problemas graves na expressão oral e escrita. Os textos produzidos são carentes de argumentação, de coesão e coerência.

 

       Todavia, a escola, inserida nesse contexto capitalista, que preconiza o ter em vez do ser, acaba reproduzindo uma educação que serve para manter a estrutura social, política e econômica desse sistema, excluindo uma grande parte da população que continua na marginalidade. Por isso, não há grandes incentivos à leitura. Ela fica restrita a poucos grupos sociais. Dessa forma, a escola deixa de desenvolver a função social da leitura.

 

         Constata-se que a leitura para escrita tem sido o objeto de ensino na escola, ficando ausente a leitura como objeto de aprendizagem de diferentes conhecimentos. Os alunos  deparam-se com métodos tradicionais de ensino em que o professor é o dono do saber,  aquele  que  repassa o conhecimento e o aluno, o ser passivo, 

 

que apenas recebe  a informação, muitas vezes, desvinculada de sua realidade e difícil de ser compreendida.

 

            Além disso, a escola desconsidera a heterogeneidade dos alunos, com suas características individuais, ritmos de aprendizagem, interesses, aptidões e contextos familiares. A homogeneidade no ensino está ocasionando problemas de aprendizagem que repercutem, por vezes, em toda vida escolar do aluno.                

 

         Referindo-se  à biblioteca escolar, observa-se a precariedade em relação aos materiais. Faltam livros, revistas e periódicos variados e atuais. As bibliotecas não são prazerosas, pois os alunos não se sentem estimulados a ler. Muitos, só fazem a leitura durante as atividades da aula porque são cobrados pelos professores ou porque, em troca, recebem  uma nota.

 

          Já os professores, com cargas horárias excessivas e sem tempo para planejar e refletir sobre  as atividades, estão mais preocupados em passar os conteúdos das disciplinas, transmitidos de forma rígida, sem vida. Também, deparam-se com os meios de comunicação de massa, que são mais atraentes e inovadores, seduzindo o povo com as ideologias da classe dominante, prejudicando o desenvolvimento da leitura com senso crítico.

 

        Frente ao exposto, os diversos problemas relacionados à educação, ao ensino e à leitura estão marcados pela desigualdade social, política e econômica do país, bem como pelo descaso dos governos. Na escola, está sendo refletida a imagem de uma sociedade que exclui muitos e privilegia poucos, impedindo a realização de um trabalho educacional bem sucedido. Mas há aqueles que continuam lutando por uma educação democrática e igualitária, incentivando a leitura e os conhecimentos de forma integral.

 

1.3 QUESTÕES ESPECÍFICAS DA PESQUISA

 

. Como a leitura torna-se fundamental para a construção do conhecimento e o desenvolvimento da produção textual do aluno?

 

.  Qual é a função social da leitura?

 

.  Que recursos o professor poderá utilizar para o desenvolvimento do gosto pela leitura e escrita no aluno?

 

       1.3.1 QUESTÕES NORTEADORAS DO PROBLEMA

        

        .  Por que muitos alunos do Ensino Fundamental não possuem o gosto pela leitura e produção textual?

 

        .  Qual é a importância que a escola oferece para o desenvolvimento da leitura?   

 

        .  Como  despertar nos alunos a importância do gosto pela leitura e produção textual?

  

        .  Que tipo de textos despertam o interesse dos alunos para a leitura?

 

        .  A situação socioeconômica das famílias influencia no gosto pela leitura?

 

        .  Quais habilidades são desenvolvidas no processo da leitura e em que contribuem para os conhecimentos gerais do aluno?  

 

  1. PRESSUPOSTOS 

 

- A leitura, sendo uma das atividades cognitivas mais complexas, é, sem dúvida, aquela que participa da maior parte das situações escolares. É possível levar o aluno a perceber a importância da leitura no dia-a-dia, pois em todos os momentos ele precisa refletir, analisar situações e tomar posições a favor ou contra.  

 

 

- A leitura torna-se fundamental para a construção de qualquer conhecimento. Ela  influencia diretamente na produção textual do aluno, pois quem lê mantém-se bem informado, amplia o seu vocabulário, expressa-se de maneira clara e objetiva, toma conhecimento de suas habilidades e de tudo o que se passa ao seu redor, conseqüentemente, torna-se um leitor competente, produzindo textos eficazes.

 

  • A leitura  é a matéria-prima para a escrita. É através dela que o aluno terá mais segurança na organização de seu pensamento e maior facilidade de compreensão e adaptação no mundo, de forma a tornar-se um cidadão crítico e consciente de seus atos.

 

  • A função social da leitura é levar o aluno a uma interação verbal e social entre diferentes indivíduos, ligados a um contexto situacional e às expectativas sociais. Dessa forma, a leitura 

possibilita que o indivíduo interaja com a sociedade em que vive e entre em contato com os diferentes horizontes culturais, tornando-se um leitor de mundo.

 

         - Para o desenvolvimento do gosto pela leitura o professor precisa ser um pesquisador, ou seja, precisa conhecer o texto e gostar de ler para instigar e motivar os alunos a lerem. Na escola, esta atividade pode ser desenvolvida de diversas maneiras; partindo das situações reais dos alunos, através de métodos criativos que envolvam vários tipos de textos, despertando seus interesses pela leitura.

 

 - Além disso, é essencial a organização de uma biblioteca escolar prazerosa, atrativa, com livros, revistas, periódicos, jornais e outros textos que possam ir ao encontro das necessidades do aluno.  Na sala de aula, os livros, textos e outros materiais utilizados precisam ser objetos de prazer para o aluno, alargando para novas experiências e não um mero instrumento de aprendizagem para obtenção de uma nota. Por isso, motivar o aluno a partir do texto, considerando sua autonomia sobre a escolha da leitura e, orientados por certos critérios estabelecidos junto com o professor, serve de caminho para incentivar o gosto pela leitura.   

 

  1. FATORES QUALITATIVOS DE ANÁLISE

 

-     Noções de leitura;

    

     -     A importância da leitura;

 

  •   A prática de leitura na escola;

 

  •   Leitura e prática social;

 

  •   A formação do leitor na escola;

 

  •   O papel da família na formação da leitura 

 

  •    Leitura e Interdisciplinaridade;

 

  •    Leitura e produção de texto;

 

  •    Atividades estimuladoras da leitura e produção textual.

 

  1.  OBJETIVOS DA PESQUISA

 

  1. OBJETIVO GERAL

 

      Refletir sobre a importância de uma prática de leitura, com atividades metodológicas inovadoras que possibilitam ao aluno desenvolver sua capacidade de comunicação, argumentação e produção de textos eficazes, bem como ampliar sua visão de mundo para o exercício da participação social.

 

  1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 

  • Despertar a capacidade de leitura como forma de auto-expressão do mundo;

 

  • Identificar os motivos educacionais que impedem uma prática de  leitura que torne o aluno um leitor assíduo;

 

  • Despertar no aluno o gosto pela leitura para o seu aperfeiçoamento crítico-reflexivo do mundo.

 

  • Proporcionar formas variadas e criativas de leitura e escrita para o aprimoramento de seu conhecimento;

 

  • Orientar o aluno para perceber as dificuldades no processo de produção  textual para ampliação e revisão da aprendizagem;

 

  • Sugerir formas de organização da sala de aula para torná-la um ambiente prazeroso e atrativo de leitura;

 

  • Propiciar atividades estimuladoras de leitura para tornar as aulas interessantes e aperfeiçoar o desenvolvimento de produção textual.

 

  1. DEFINIÇÃO DE TERMOS

 

Leitura:  É a capacidade que o indivíduo tem para descobrir e analisar as entrelinhas de um texto, posicionando-se criticamente a favor  ou  contra  o   assunto.   De   acordo   com   os  PARÂMETROS 

 

CURRICULARES NACIONAIS, “A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto, a partir dos seus objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que se sabe sobre a língua.”(1997,p.53).

            

          Segundo ZILBERMAN, “Leitura é a interação verbal entre indivíduo socialmente determinados: o leitor, seu universo, seu lugar na estrutura social, suas relações com o mundo e os outros”.(1986, p.18). 

 

          Produção: É a ação ou efeito de produzir, criação.

 

         Aprendizagem: Ação ou efeito de aprender. Todo conhecimento adquirido e assimilado durante o processo de ensino-aprendizagem.

 

            Cidadão crítico: Indivíduo no gozo de seus direitos civis e políticos. Sujeito da história. Cidadão capaz de perceber os diferentes aspectos da realidade, situando-se no mundo e no meio cultural em que vive.

 

          Leitor: Indivíduo que lê ou que tem o hábito da leitura.            Segundo os PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: “Leitor  competente  é alguém  que, por iniciativa própria, é capaz de selecionar, dentre os 

trechos que circulam socialmente, aqueles que podem atender a uma necessidade sua.”(1997, p.54).

 

            Interdisciplinaridade: Não é entendida apenas como integração das disciplinas ou troca de conteúdos visando enriquecer o conhecimento, mas sim, como uma responsabilidade e um comprometimento com as pessoas e com as propostas para conhecer mais e melhor.

 

              Metodologia:  Estratégia que o professor utiliza no intuito de desenvolver a leitura num processo atrativo de forma a aguçar a imaginação do educando. Com base no MINIDICIONÁRIO LUFT: “Metodologia é a maneira de ordenar a ação segundo princípios. Modo de agir com técnica e organização.” (2001, p.456).   

 

            Texto: Na visão de FÁVERO e KOCH, “o texto consiste em qualquer passagem, falada ou escrita, que forma um todo significativo, independente de sua extensão. Trata-se, pois, de uma unidade de sentido, de um contínuo comunicativo contextual que se caracteriza pela coerência e pela coesão, conjunto de  relações responsáveis pela tessitura do texto.” (1983, p.25).   

 

  1. METODOLOGIA DA PESQUISA

 

  1. TIPO DE PESQUISA

 

        O estudo foi realizado através de pesquisa teórico-bibliográfica, pois para compreender os fatores que envolvem a problemática da leitura,  fez-se  necessário  buscar  embasamento  teórico  em  fontes 

 

bibliográficas como livros, enciclopédias, teses, jornais e impressos diversos, que auxilie na explicação e interpretação do problema.

 

        De acordo com CERVO E BERVIAN: “A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em materiais diversificados. Busca conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existente sobre um determinado assunto, tema ou problema.”(1996, p.48).

 

        A pesquisa bibliográfica propiciará a elaboração do trabalho, procurando explicar o problema a partir de referências teóricas  já publicadas sobre o assunto. O estudo dessa pesquisa foi desenvolvido a partir da caracterização qualitativa do tema a ser estudado para que, aprofundado o conhecimento, o educador possa encontrar melhores caminhos que despertem, no aluno, o desenvolvimento pelo gosto da leitura e escrita.

 

  1. ÁREA DE ABRANGÊNCIA

 

        A pesquisa foi desenvolvida na área de Educação, voltada aos professores  das séries iniciais do Ensino Fundamental, bem como para aqueles que atuam na disciplina de Língua Portuguesa, visto que o desenvolvimento do gosto pela leitura, desde as séries iniciais, é o suporte básico para que o aluno desenvolva suas habilidades de maneira eficaz em todas as disciplinas.

 

  1. PASSOS DA PESQUISA

 

Para a realização desta pesquisa, foram empreendidos os  seguintes passos:

 

  • Escolha do tema e  discussão com especialistas da área;

  • Seleção e leitura bibliográfica pertinente ao assunto;

  • Elaboração do projeto;

  • Apresentação do projeto para apreciação do orientador;

  • Leituras, análises e entendimentos das teorias;

  • Elaboração dos Capítulos e subcapítulos da monografia;

  • Contato e discussão da pesquisa com o professor orientador;

  •  Elaboração e análise dos textos pesquisados;

  • Apresentação dos resultados da pesquisa;

  • Revisão geral da monografia;

  • Encaminhamento para digitação e encadernação final;

  • Entrega da monografia;

  • Divulgação dos resultados.

 

 

CAPÍTULO II - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

 

      2.1  NOÇÕES DE LEITURA

 

De todas as atividades cognitivas, a leitura é, sem dúvida, aquela que participa da maior parte das situações, por isso ela é fundamental não só para o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, mas também para todas as áreas da vida humana.

 

As reflexões sobre o significado do ato de ler, bem como da necessidade de uma prática social da leitura são essenciais para o estudo sobre a importância da leitura para a produção textual, com ênfase na construção do conhecimento e a efetiva participação social de todos os indivíduos.

 

De acordo com FREIRE “O ato de ler não se esgota na decodificação pura da palavra escrita, mas se antecipa e se alonga na inteligência do mundo...A 

compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura implica as relações  entre o texto e o contexto” ( FREIRE, 1986,p.11). 

 

Nesse sentido, entende-se que a leitura compõe-se de um todo relacionado: decodificação, compreensão e relação com o mundo. A decodificação pode ser entendida como o processo inicial de contato com o mundo da escrita: a alfabetização. Processo esse que deve ser construído na relação entre a prática cotidiana da escola e fora dela, numa verdadeira socialização da linguagem.

 

 Com essa visão, entende-se que é lendo, desde o início da escolarização, que alguém se torna leitor e não aprendendo primeiro para poder ler depois, mesmo porque “não se ensina uma criança a ler: é ela quem se ensina a ler com a nossa ajuda e a de seus colegas e dos diversos instrumentos da aula, mas também a dos pais e de todos os leitores encontrados”(JOLIBERT, 1994, p.14).

 

Nessa perspectiva, ensinar não é mais inculcar, mas sim, ajudar alguém em seus próprios processos de aprendizagem. Ler é questionar algo escrito a partir de uma expectativa, numa verdadeira situação de vida. Ler envolve então, ler escritos reais, que vão desde um nome de rua, numa placa, até um livro, um jornal, etc., para usá-los no momento em que se precisa realmente deles.

 

A compreensão, por sua vez, envolve relações mais profundas que subjazem ao texto escrito. Segundo SILVA(1983), são necessários  os  seguintes  componentes  para  a compreensão de um 

 

texto: conhecimento  das  palavras,  raciocínio na leitura, atenção às ideias explícitas pelo autor, capacidade para obter novos significados, identificar e organizar trechos que se relacionam, conhecimento dos recursos literários e capacidade para leitura.         

 

A leitura, portanto, é um instrumento de compreensão do que se vê ou se sente, fazendo relação individual com o meio, com as pessoas e com os objetos; para ampliar-se a novas leituras e novas relações. Nesse desejo, quanto maior for o número de relações estabelecidas, maior será a riqueza de conhecimentos adquiridos.

 

Segundo LEFFA “Ler para alguns autores é extrair o significado do texto. Para outros é atribuir um significado. As diferenças entre as duas acepções são discutidas e uma definição mais abrangente é proposta”. (LEFFA, 1996, p.9).

 

Nessa perspectiva, a leitura é um processo de significação que envolve a representação do mundo. Na visão de LEFFA (1996), ler consiste, na sua essência, em olhar para uma coisa e ver outra. A leitura não se dá por acesso direto à realidade, mas por intermédio de outros elementos da realidade. Nessa triangulação da leitura, o elemento intermediário é aquele que, muitas vezes, não é visível, mas precisa ser compreendido. Por isso, a verdadeira leitura só é possível quando se tem o conhecimento prévio do mundo, reconhecendo as imagens fragmentadas e relacionando-as com a sua vida.

 

Levando em conta que não se lê apenas pela palavra escrita, mas também através de sinais não-lingüísticos, é possível ler o próprio mundo que nos cerca. No entanto, a visão de mundo a ser dada depende da posição em que cada pessoa está em relação a  ele. Diferentes posições refletem diferentes segmentos da realidade.

 

 Portanto, numa concepção mais geral, ler é usar segmentos da realidade para chegar a outros segmentos. Dentro desta noção, tanto a palavra escrita como os objetos podem ser lidos, desde que sirvam como elementos intermediários, indicadores de outros elementos. Esse processo de acesso indireto à realidade, é a condição básica para que ocorra o ato da leitura.

 

Um verdadeiro ato de leitura faz supor o reconhecimento da dimensão sócio-histórica da linguagem, das injunções de poder  e das diferentes posições dos sujeitos nos textos. Conforme ORLANDI, as condições em que a leitura se processa “abrangem o contexto histórico, social, ideológico, a situação, os interlocutores e o objeto do discurso, de tal forma que aquilo que se diz significa em relação ao que não se diz, ao lugar social do qual se diz, para quem se diz, em relação ao que diz, aos outros discursos, etc.”(ORLANDI, 1994, p.37).

 

A partir disso, verifica-se que a leitura não é um ato isolado; cada leitura resulta da contribuição do leitor ao interagir com o texto, da experiência do autor ao elaborar o texto e da relação entre o texto  e  os  outros textos que concorrem com ele. Pode-se dizer que a 

 

leitura  é um processo triangular no qual fazem parte o próprio texto, os agentes da interação e o próprio contexto.

 

Conforme CYRRE os sentidos de um texto não nascem do nada, são criados, são construídos em confronto de relações que são sócio-historicamente permeados pelas relações de poder. De um mesmo texto, pode-se extrair leituras diferentes. Logo, “o texto não preexiste a sua leitura, e leitura não é aceitação passiva, mas é construção ativa; é no processo de interação desencadeada pela leitura que o texto se constitui.”(CYRRE, 1998, p.220).

 

Assim, há várias possibilidades de interpretar um texto, mas há limites. Certas interpretações se tornarão inaceitáveis se não levarmos em conta a coerência entre seus vários elementos. O texto que admite várias leituras contém em seu interior temas que têm  mais de  um significado  e que,  por isso, apontam para mais de uma possibilidade de leitura.

 

 Um dos aspectos mais intrigantes da leitura de um texto é a verificação de que ele pode dizer coisas que parece não estar dizendo; além das informações explicitamente anunciadas, existem outras que ficam subentendidas. Para realizar uma leitura eficiente, o leitor deve captar tanto os dados explícitos quanto os implícitos.

 

Em vista disso, pode-se dizer que a leitura, além de ser uma questão social e cultural, é uma questão de evolução, em relação à bagagem cultural do leitor. Compreende-se assim, a leitura como um processo interativo que depende mais do leitor do que do próprio texto para se obter legibilidade. A leitura é um jogo social no conjunto entre quem escreve e quem lê contra as forças ideológicas que causam confusão.

 

Enfatizando o fenômeno cognitivo/social da leitura, com ênfase no processo da construção do sentido, LEFFA (1999) apresenta as diferentes linhas teóricas que tratam da leitura em três grandes abordagens: as ascendentes,  as descendentes e  as  conciliadoras. O processo da leitura, dentro dessas três teorias, objetiva descrever cada uma delas como pontos de vista dinâmicos, em mudança constante, à medida em que interagem durante o processo extremamente complexo da leitura.  

 

 A primeira delas vai até o final dos anos 60, é a  abordagem ascendente, que estuda a leitura da perspectiva do texto, onde a construção do sentido é vista basicamente como um processo de extração. Assim, ler é extrair sentidos pelo leitor enquanto decodificação dos elementos linguísticos contidos no texto. O aspecto mais importante da leitura, nesta perspectiva textual, é a obtenção do conteúdo que subjaz ao texto.

 

Para LEFFA “O conteúdo não está no leitor, nem na comunidade, mas no próprio texto”(LEFFA, 1999, p.18). Daí que a construção do significado não envolve negociação entre leitor e o texto; o significado é simplesmente construído através de um processo de extração. Então ler é extrair esse conteúdo, e a leitura será tanto melhor quanto mais conteúdo extrair.

 

Por outro lado, a segunda abordagem teórica, iniciada a partir dos anos 70, descreve a leitura como um processo de atribuição de significados, em que ler é atribuir sentidos ao texto. O sentido é construído de modo descendente, acionado por conceitos que estão baseados na experiência de vida do leitor, e envolvem conhecimentos linguísticos, textuais e enciclopédicos, além de fatores afetivos. O uso dessas diferentes fontes de conhecimento envolve um processo de atribuição de sentido na leitura de um texto, buscando os episódios relevantes em sua memória e desse modo construindo a compreensão de um texto.

 

Nesse sentido, afirma LEFFA: 

A perspectiva da leitura, com foco no leitor, procura descrever o que acontece em sua mente quando lê um texto. O leitor pode ser até menos ou mais refratário ao texto, permitindo ou não que seja tocado por ele, mas não é um elemento passivo, que apenas extrai significado do texto. Caracteriza-se por ser ativo, atribuir significado, fazer previsões, separar amostras, confirmar e corrigir hipóteses sobre o texto.(LEFFA, 1999, p.27). 

 

Por fim, a abordagem conciliadora, pesquisada nos anos 80, pretende não apenas conciliar o texto com o leitor, mas descrever a leitura como um processo interativo/transacional, com ênfase na relação com o outro. “A leitura deixa de ser um encontro furtivo com o texto ou consigo mesmo para ser um encontro permanente com o outro. O leitor passa finalmente da categoria de excluído para a de participante”(LEFFA, 1999, p.14). 

 

Nessa perspectiva, a leitura não é vista como um processo isolado, mas estudada dentro de um contexto maior em que o leitor transaciona com o autor através do texto, num contexto específico, causando mudanças em todos os envolvidos. 

 

Segundo LEFFA: “Ler deixa de ser uma atividade individual para ser um comportamento social, onde o significado não está nem no texto nem no leitor, mas nas convenções de interação social em que ocorre o ato da leitura”(LEFFA, 1999, p.30). 

 

 Assim, a leitura como comportamento social coloca em questão o problema da exclusão do leitor, dentro e fora da sala. Na sala de aula, o aluno é muitas vezes solicitado a ler um texto que não foi escrito para ele, exigindo-se pré-requisitos que não os têm, por isso não tem como inserir-se na comunidade dos consumidores de texto. 

 

Portanto, a aquisição do conhecimento e o consequente sucesso  na  escola  são  obtidos  pela  leitura  de  textos  escritos, se 

trabalhados com o domínio das práticas sociais em que o aluno está inserido, assim, haverá apropriação do sentido e da função do texto.

 

Da mesma forma que uma educação pode transformar um indivíduo para ser leitor, ela poderá também excluí-lo do universo da leitura. Essa exclusão pode iniciar-se na escola, onde o aluno é levado a ler os textos de uma determinada maneira, e continua vida afora, dentro de um determinismo social avesso à qualquer transformação. Logo, a leitura é usada para moldar o pensamento e o comportamento de pessoas dentro de uma forma conservadora, numa visão imutável da sociedade.

 

Entretanto, CORACINI (1995), apresenta uma concepção de leitura, que considera o ato de ler como um processo discursivo, no qual   há  uma  interação  entre   leitor   e   o  autor,   ambos,   sócio-

historicamente determinados e ideologicamente constituídos. Não é o texto que determina as leituras, mas o sujeito heterogêneo e participante de uma determinada formação discursiva. Nessa ideia de sujeito, o leitor é o ponto de partida da produção de sentido.

 

Assim, dentro do paradigma social da leitura, a construção do sentido também pode ser vista como um processo de interação, baseado numa experiência social globalizada. Ou seja, quando a interação ocorre, as pessoas mudam e ao mudar mudam a sociedade a  qual  estão inseridas. No  caso da  leitura,  a transformação ocorre 

porque ler é desvelar o desconhecido. Então, o indivíduo que aprendeu a ler, torna-se pela leitura um verdadeiro cidadão, capaz de compreender, fazer inferências com o texto e interagir com ele no mundo. 

 

  1. A IMPORTÂNCIA DA LEITURA

 

A leitura é uma atividade essencial a qualquer área do conhecimento e mais essencial ainda para a vida do ser humano, pois   possibilita   a   aquisição   de   diferentes   pontos   de   vista  e 

alargamento de experiências, desenvolvendo a originalidade, autenticidade, o senso crítico e o progresso intelectual.

 

Para SILVA, “Ler é em última instância, não só uma ponte para a tomada de consciência, mas também um modo de ser, existir, no qual o indivíduo compreende e interpreta-a com a expressão registrada pela escrita e passa a compreender-se no mundo”.(1986, p.43).  

 

É através da prática da leitura que o leitor toma conhecimento da importância do pensamento e da atividade crítica para a compreensão do mundo em que vive. Além disso,  passa a participar mais intensamente na sociedade, a interferir e perceber problemas existentes,  bem   como,   ser   capaz   de   comunicar-se   com   mais 

facilidade, de sugerir, criticar e, consequentemente, produzir textos mais coerentes, coesos e eficazes.

 

Vista desta forma, a leitura exerce papel fundamental na produção de texto, pois é por meio dela que o aluno amplia seu vocabulário, desenvolve sua capacidade de raciocínio, de organização de idéias, argumentação e análise crítica dos fatos, escrevendo, assim, com mais eficiência, disponibilidade, qualidade e  discernimento da realidade.

 

Nesse entendimento, o ato de ler e escrever não pode ser reduzido  a  seu  aspecto  mecânico,  mas  deve  ser  concebido como 

processo de significação fundamental para a plena formação do indivíduo.

 

Segundo FOUCAMBERT, “Ler significa ser questionado pelo mundo e por si mesmo, significa que certas respostas podem ser encontradas na escrita, significa poder ter acesso a essa escrita, significa construir uma resposta que integra parte das novas informações ao que já se é”.(1994, p.5).

 

A leitura e a escrita são meios de expressão, comunicação e organização do pensamento, num movimento constante de atribuir e compartilhar significados. Por intermédio da leitura e escrita, ao mesmo tempo, o indivíduo tem acesso ao conhecimento elaborado pela humanidade e pode contribuir para esse mesmo acervo.

 

Considera-se o ato de ler de grande importância, porque é um meio de facilitar a comunicação entre as pessoas, interligando idéias e sentimentos, inteligências e vontades, proporcionando a cada um a ampliação de conhecimentos e, conseqüentemente, a libertação do analfabetismo cultural que ainda atinge grande parte da nossa população.

 

Segundo SILVA “ler é, numa primeira instância possuir elementos de combate à alienação e ignorância.”(1992, p.76). Na compreensão desta definição está subentendido a dicotomia das classes sociais, mantida pela ideologia da classe que está no poder. Por isso, dominar o mecanismo da leitura e ter acesso àqueles livros que falam    criticamente e a respeito dessa estrutura  injusta e discriminatória da nossa sociedade, é ser capaz de detectar aqueles aspectos ideológicos que servem para alienar, massificar e forçar o povo a permanecer na ignorância.

 

Dessa forma, SILVA afirma que: “A pessoa que sabe ler  e executar essa prática social em diferentes momentos de sua vida tem possibilidade de desmascarar os ocultamentos feitos e impostos pela classe dominante, posicionar-se frente a eles e lutar contra eles”(SILVA, 1992, p.76).

 

A prática constante da leitura aprimora a capacidade de discernimento do real, conduzindo o leitor a um exercício crítico da realidade em que vive, descobrindo-se como ser histórico e social, com uma perspectiva de vida na busca de novas soluções aos conflitos existenciais. É pela leitura que o ser torna-se capaz e conhecedor do mundo sem precisar viajar de lugar para lugar. 

 

Segundo CARNEIRO a leitura “abre caminho para o enriquecimento intelectual propiciando um banho de reflexão e uma manipulação de idéias” (CARNEIRO, 1984, p.13). Percebe-se que a leitura é um instrumento insubstituível de atualização e de aperfeiçoamento profissional. Vários tipos de textos apresentam-nos conhecimentos  teóricos e práticos de forma continuada, permitindo uma investigação permanente. Portanto, a leitura é indispensável a todos e é fundamental para o progresso da ciência e da arte.  

 

Na visão de BAMBERGER:

A  leitura é um dos meios mais eficazes de desenvolvimento sistemático da linguagem e personalidade. Trabalhar com a linguagem é trabalhar com o homem. A linguagem favorece a remoção das barreiras educacionais de que tanto se fala, concedendo oportunidades mais justas de   educação,   principalmente,   através   da   promoção  do  desenvolvimento  da linguagem e do exercício intelectual, e aumenta a possibilidade de normalização pessoal do indivíduo.”(1985, p.10).

 

Nesse sentido, a leitura estimula, completa e permite ao indivíduo outros modos de comunicação, por isso ela é a melhor forma possível de melhorar a expressão em todos os níveis. No entanto, a leitura é uma atividade que requer do leitor assimilação, conhecimento, interiorização e reflexão. Por isso, é importante que o professor  ofereça  à  criança  várias  atividades de pesquisa, leitura e debates, oportunizando-a para que faça suas próprias  construções e reflexões sobre o que leu.

 

Entende-se que aquele que lê  percebe o mundo com mais clareza, posicionando-se adequadamente frente às situações que exigem informação, com leitura crítica e interpretativa. Para que isto ocorra com nosso aluno é preciso que se estimule e exercite, logo no início da escolarização, o hábito da leitura.

 

 A grave falta ou crise da leitura vem provocando problemas graves na expressão oral e escrita dos alunos, como: produção de textos  sem  coesão,  coerência  e  argumentação,  escrevendo  frases 

pobres, totalmente desvinculadas da realidade; também dificuldades em entender situações problemas de matemática e em outras disciplinas. 

 

Na concepção de CAGLIARI: “o aluno muitas vezes não resolve problemas de matemática não porque não saiba matemática, mas porque não sabe ler o enunciado do problema”(CAGLIARI, 1992, p.148).

 

Pode-se perceber que a leitura é uma habilidade que intervém em todos os campos intelectuais e sociais, pois perpassa de maneira transversal o conhecimento, contribuindo para a construção do conhecimento de várias áreas.

 

 É importante ressaltar que muitos dos problemas que o aluno tem, por exemplo, em matemática, talvez não seja um problema de matemática, mas de leitura, compreensão, ou de interpretação do assunto, ou do enunciado do problema. Sendo assim, a prática da leitura não deve ser atividade exclusiva da disciplina de Língua Portuguesa, mas sim fazer parte e ser constantemente estimulada em todas as áreas do conhecimento.      

 

Ler é indispensável para poder debater, participar de reuniões, entrevistas, bem como para  redigir artigos, livros e outros textos. É através da leitura que o aluno terá  maior facilidade de compreensão, 

interpretação e adaptação no mundo, de forma a tornar-se um cidadão crítico e consciente. 

 

Segundo ZILBERMAN “A leitura utilizada como instrumento formativo afasta   o   homem  dos   vícios,  da   hipocrisia,  da  banalidade,   da   vulgaridade, 

sobretudo, do tédio e da angústia. De uma boa leitura o homem ressurge consolado, otimista e disposto a continuar a luta que empreendeu até o final” (ZILBERMAN, 1988, p. 26).  Assim, quando se descobre o prazer que a leitura é capaz de proporcionar ao leitor, se descobre e se adquire inúmeros conhecimentos e informações que podem ser úteis em sua vida diária.   

 

As necessidades de formação e de informação exigem leitura e muita  leitura. É  por meio da  leitura que geralmente se adquirem os 

 

léxicos científicos e técnicos; e a quantidade e a riqueza desses léxicos especializados cresceram de maneira considerável desde há um século, em relação à acumulação de conhecimentos. Por isso, a leitura se faz e se fará cada vez mais na tela, em ritmos que podem escapar ao controle do leitor.

 

Segundo MORAIS (1996) a leitura já é indispensável na vida cotidiana, mesmo fora da esfera profissional. Os textos escritos substituem a informação falada, individual, nos aeroportos e estações, lojas, bancos. Já não se trata de ser capaz de ler apenas o nome dos  anúncios, ou  o  número do  telefone  de  alguém, mas de 

saber ler a informação por computador, os boletins de previsão meteorológica, os catálogos, as instruções para a utilização de equipamentos eletrodomésticos, etc.

 

Essa exigência é ainda mais importante na vida profissional, porque as ofertas de trabalho não-qualificado estão diminuindo. Os cargos de trabalho qualificado, inclusive os de trabalho manual, incluem uma aprendizagem teórica. As auxiliares de enfermagem, por exemplo, ou os mecânicos, assim como os secretários e os técnicos fazem estudos teóricos. Assim, “O aprendiz não aprende apenas olhando fazer e fazendo...Profissionalmente, a leitura saiu há muito tempo do círculo dos intelectuais para penetrar toda atividade”(MORAIS, 1996, p. 21).

 

O ingresso na maioria das profissões de prestígio ou medianamente valorizadas se faz por meio de estudos superiores e estes, implicam muitas horas de leitura e escrita. Dessa forma, deve-se reconhecer que a importância da leitura e da escrita estão presentes em todas as áreas profissionais, contribuindo para o desenvolvimento social.

 

Portanto, a leitura é essencial para mudanças no homem e no mundo, porque com ela fazem-se transformações e realizam-se objetivos, interpretam-se fatos, situações e sentimentos, alastram-se experiências, humanamente infinitas, em direções diversas, buscando no encontro com o outro (pessoa, livro ou lugar) o desejo pelo saber e o aperfeiçoamento de nossa cultura.

 

  1.  AS CONDIÇÕES SOCIAIS DA LEITURA

 

A leitura não é um ato solitário; é um ato coletivo, pois envolve uma relação entre indivíduos, uma troca de experiências e, consequentemente, uma concreta visão de mundo. 

 

SOARES afirma ser a leitura “a interação verbal entre indivíduos, e indivíduos socialmente determinados: o leitor, seu universo, seu lugar na estrutura social, suas relações com o mundo e com os outros; o autor, seu universo, seu lugar na estrutura social, suas relações com o mundo e os outros”.(1998, p. 18).  

 

Dessa constatação, pode-se dizer que a leitura depende de indivíduos e de várias condições sociais. Nessa relação, os valores atribuídos à leitura são diferenciados, pois reafirmam a divisão das classes sociais, num contexto social determinado pela força da cultura dominante que têm as relações de produção, de distribuição, de divisão do trabalho e de consumo. Assim, é preciso que a leitura seja olhada do ponto de vista da ordem social, analisando as suas condições sociais de acesso e produção para entender também, a sua crise que assola toda a sociedade brasileira.

 

Em nossa cultura, o acesso à leitura é considerado como intrinsecamente bom. Atribui-se um valor positivo absoluto: ela trará benefícios óbvios e indiscutíveis ao indivíduo e à sociedade. Entretanto, essa interpretação traduz, uma perspectiva unilateral, porque  os  valores  atribuídos  `a  leitura  expressam a  visão, numa 

sociedade de classes, dos grupos que mantêm a posse e o controle dos modos de produção.

 

Nessa reflexão, os valores  que as classes dominantes atribuem à leitura são diferentes daqueles atribuídos pelas classes dominadas. Enquanto as classes dominantes vêem a leitura como fruição, lazer, ampliação de horizontes, de conhecimentos e de experiências; as classes  dominadas  a   vêem,  pragmaticamente,  como  instrumento 

 

necessário à sobrevivência, de acesso ao mundo do trabalho, à luta contra suas condições de vida.       

 

Conforme SOARES (1998), crianças e pais das camadas populares vêem a aprendizagem da leitura como um instrumento para obtenção de melhores condições de vida, ou seja, a leitura é avaliada em função de interesses utilitários. Já as crianças e pais das classes favorecidas vêem a leitura como mais uma alternativa de expressão e comunicação.

 

Em nossa sociedade capitalista, reforça-se essa diferenciação do  valor da leitura  para dominantes e dominados, pois ela confere à 

escrita  um papel discriminatório. Da língua escrita apropriam-se as classes dominantes, fazendo dela o discurso da verdade, apresentando-a como saber legítimo, todavia, o  seu acesso pelas camadas populares pode significar, assim, a renúncia do seu saber, sujeitando-se ao saber e ao discurso do dominante.

 

Essa diferenciação de acesso à leitura e à escrita é uma barreira que se concretiza não só por mecanismos de sonegação de material escrito às camadas populares, mas também por mecanismos de distribuição seletiva desse material, o qual impõem a forma de consumo de certos livros, revistas, jornais para dominantes e outros para dominados. Essa situação tem o intuito, ideologicamente, de reprodução desse sistema capitalista.  

 

Segundo SOARES a valorização do acesso ao mundo da escrita, em sociedades capitalistas, é carregada de conteúdo ideológico, pois “alfabetização - passo primeiro e fundamental nesse processo- tem o caráter de um rito de passagem que, conduzindo as camadas populares ao limiar de um mundo discursivo novo, ao mesmo tempo pode destituí-las de seu próprio discurso, resguardando-se, assim, a hegemonia do discurso dominante”(SOARES, 1998, p.24).       

 

Devido a essa situação, entende-se que a educação terá que ser, acima de tudo, uma tentativa constante de mudança de atividade.   O  que  se  pretende  é  uma  pedagogia  que  comece pelo 

diálogo, pela comunicação, por uma relação humana, que dê condições ao próprio povo de acesso à leitura e à escrita, sem rejeitar seu conhecimento de mundo, mas que, permanecendo na escola, tenha uma consciência crítica do mundo em que vive.

 

Essa preocupação é também a de FREIRE, quando ele afirma: “não se pode mais pensar em educação que aceita escândalo de um povo marginalizado, passivo, não crítico, não se pode mais aceitar a educação com o discurso oco e verbalizado”(FREIRE, 1992, p.101).    

 

A educação deve fazer o homem cada vez mais consciente de sua necessidade de leitura e de escrita, que deve ser usada sempre de maneira crítica e com consciência de suas limitações. Faz-se necessário  também  que  os  professores procurem aprofundar seus 

 

conhecimentos teóricos e desenvolvam o hábito de refletir sistematicamente sobre a sua prática pedagógica.

 

Analisando em ângulo geral, pode-se dizer que a leitura não é um hábito da cultura do povo brasileiro, pelo descaso dado à educação, pelo fato de que a grande maioria do povo não tem acesso aos benefícios sociais que a familiaridade com a leitura proporciona, pelo fato de que essa estrutura social se organiza em reservar esses benefícios às elites letradas e muitos outros. Por isso, verifica-se uma crise da leitura em nosso país e uma necessidade urgente de ampliar o número de leitores.

 

A crise da leitura em nosso país deve ser inserida no quadro maior  da  crise  sócio-econômica  brasileira,   pois   desde  o  período colonial, vem ocorrendo discriminação e marginalização no processo de formação de leitores.

 

Neste contexto, as causas fundamentais da crise da leitura não estão vinculadas somente a presença e influência da televisão em nossa sociedade, como parece explicar o senso comum. Essa crise advém, fundamentalmente, da participação desigual das classes sociais no que tange ao acesso e `a fruição dos conhecimentos veiculados pela escrita e das formas arbitrárias e mascaradas de se conceber  e de se produzir a leitura. 

 

Com uma reflexão sobre a crise da leitura SILVA afirma que: “...o ato de ler, se efetuado dentro dos moldes críticos, é um ato perigoso para aqueles que legitimamente dominam o poder”(SILVA, 1992, p.12).

 

 Isso porque, segundo o autor, ler é conhecer e portanto, perceber as forças e relações existentes no mundo da natureza e dos homens, explicando-as; porque a escrita tem sido utilizada como instrumento de domínio de uma classe sobre as outras. O acesso a mesma  significa liberdade à classe dominada, por isso o interesse pela permanência do analfabetismo; e, finalmente, porque as possibilidades  do exercício da crítica através da leitura de livros, são 

bem maiores do que aquelas proporcionadas por outros veículos de comunicação. 

     

Nessa visão, a leitura, muitas vezes, representa perigo, é por isso que se explica ainda a sua crise. Ao poder não interessa que os leitores  estejam  bem  informados  e  críticos.  A leitura permite uma 

ligação entre o saber teórico e sua concretização através da ação. “O livros quando bem selecionados e lidos, estimulam a crítica, a contestação e a transformação – elementos estes que colocam em risco a estrutura social vigente e, portanto, o regime de privilégios”(SILVA, 1986, p.78).     

 

Logo, todo o cuidado com as leituras de livros didáticos é pouco. Muitas vezes, esse tipo de livro torna-se sinônimo, somente, de livro didático e não de uma leitura crítica junto às classes trabalhadoras do nosso país.

 

Nesse sentido, a superação da crise da leitura pode ser iniciada com a democratização da leitura por meio do acesso à bons livros. É necessário que o aluno tenha acesso a uma variedade de livros, filmes, revistas, jornais, de bibliotecas e professores bem qualificados, remunerados e com disposição e tempo para planejamento coletivo. Então, poderá haver verdadeiro trabalho com a leitura e escrita. 

 

Assim, constatamos que o acesso à leitura e à escrita é restrito a poucos e  pode ser tanto um instrumento de reprodução da ordem social existente, quanto também pode e deve ser espaço de libertação, pois a leitura é, fundamentalmente, um processo político. Por isso, todos os educadores que formam leitores desempenham um papel político que poderá  estar  ou  não  comprometidos  com a  transformação  social, conforme estejam conscientes do contexto social e das contradições presentes nas condições sociais da leitura.

 

  

2.4  A PRÁTICA DA LEITURA NA ESCOLA – UMA VIÁVEL PARA A PRODUÇÃO TEXTUAL 

 

Numa sociedade como a nossa, ler torna-se fundamental não só como passaporte garantido ao seu usuário na produção cultural-científica mais sofisticada, mas também como instrumento para aquele  que precisa assinar contratos, ler bulas de remédio, procurar empregos, ler jornais. Em todos os campos culturais, informativos, documentais, políticos, literários, artísticos, a leitura é o meio privilegiado de partilha, reflexão, estudo, luta e opção. 

 

Segundo nos diz FOUCAMBERT: “não existe um só campo em que a verdadeira  prática  da  democracia  não  passe  pelo  acesso  do  maior  número de 

pessoas à escrita. Não há partilha possível do poder sem a partilha do acesso à escrita. A desigualdade na utilização da escrita constitui o ponto de estrangulamento de toda a vida democrática”. (FOUCAMBERT, 1994, p. 25). 

 

Neste sentido, compete à escola que queremos não mais apenas a transmissão do patrimônio científico e cultural consagrado, mas a responsabilidade, entre outros, pela formação do leitor. Essa é uma tarefa, fundamentalmente, necessária também para a formação de pessoas capazes de produzir textos coerentes e eficazes.

 

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa: 

 

O trabalho com leitura tem como finalidade a formação de leitores competentes e, consequentemente de escritores, pois a possibilidade de produzir textos eficazes tem sua origem na prática de leitura, espaço de construção da intertextualidade e fonte de referências modelizadoras. A leitura, por outro lado, nos fornece a matéria-prima para a escrita: o que escrever. Por outro lado, contribui para a constituição de modelos: como escrever.”(PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS, 1997, p.53).     

 

 

Ler e escrever são atividades que se complementam, pois tanto uma quanto a outra fazem parte da realidade que é sempre uma produção humana. Nessa dimensão, a relação que se estabelece entre leitura e escrita não é mecânica, pois quem lê muito têm grandes possibilidades de escrever bem, já que a leitura é que fornece a matéria para a escrita. É nesse contexto, que o ensino deve ter como meta formar leitores que sejam também capazes de   produzir textos coerentes, coesos, adequados e ortograficamente escritos, para que assim, a relação entre essas duas atividades deva  ser compreendida.

 

Formar um leitor competente é formar alguém que compreenda o que lê, que possa ler o que está escrito nas entrelinhas, que estabeleça relações entre o texto que lê e os outros textos já lidos, atribuindo vários significados adequados, a partir de sua leitura de mundo. Pelo processo de leitura, o leitor consegue realizar um trabalho ativo de construção do significado do texto, a partir de todos os conhecimentos que traz para o mesmo.

 

Um leitor ativo constrói sentido antes de começar a ler o texto. Do mesmo modo, o aluno que ainda não sabe ler, também “lê”. Assim, mesmo não decifrando todas as palavras pode antecipar o sentido do texto, a partir de gravuras, da tipografia, de infinitas imagens e fatos que o acompanham no seu cotidiano.

 

Aprender a ler e a escrever é antes de mais nada aprender a ler o mundo, entender o seu contexto, não numa manipulação de palavras, mas numa relação que envolve linguagem e realidade.

 

Conforme FREIRE: “...uma compreensão crítica do ato de ler, que não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura  da  palavra  daí  que  a  posterior   leitura   desta   não  passa   presidir  da 

continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançado por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto”(FREIRE, 1992, p. 120).

 

Considerando essa visão, pode-se dizer que um leitor competente só pode constituir-se através de uma prática constante de leitura de textos diversos e não limitar-se a utilização de textos exclusivamente escolares. É preciso buscar textos que circulem socialmente, envolvendo todas os alunos, inclusive aqueles que ainda não sabem ler convencionalmente.

 

Para que a leitura na escola possa se constituir em objeto de aprendizagem e não de ensino, como atualmente tem sido, é preciso que ela faça sentido ao aluno. Todavia, deve-se preservar sua natureza e complexidade. É trabalhando com uma diversidade de textos e de combinações entre eles que o aluno passa a entender os diferentes “para quês” que implicam a leitura. Cabe a escola, portanto, oferecer-lhes os textos do mundo, pois não se formam bons 

 

leitores solicitando aos mesmos que leiam apenas durante as atividades na sala de aula ou porque o professor pede ou quer.

 

Uma prática constante de leitura na escola deve admitir várias leituras, pois um texto não pressupõe uma única interpretação, uma vez que o seu significado constrói-se pelo esforço de interpretação do leitor, a partir não só do que está escrito , mas do conhecimento que 

traz para o texto. É necessário que o professor compreenda o que há por trás dos diferentes sentidos atribuídos pelos alunos aos textos.

 

É necessário enfatizar que formar leitores participantes das mudanças sociais, implica oferecer-lhes textos e materiais de leitura rica, justamente no momento em que são iniciantes no mundo da escrita. Gostar de ler e escrever é algo que depende do tipo de trabalho que se realiza com o leitor e do que isso acrescenta à sua qualidade de vida. Nesse sentido, todas as áreas têm o papel de fazer esse trabalho com o aluno, mas é a área de Língua Portuguesa que deve fazê-lo de modo sistemático.

 

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa:

 

A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto, a partir dos seus objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que se sabe sobre a língua:  características  do  gênero,  do  portador, do sistema de escrita, etc. Não se 

 

trata simplesmente de extrair informação da escrita, decodificando-a letra por letra, palavra por palavra.Trata-se de uma atividade que implica, necessariamente, compreensão na qual os sentidos começam a ser constituídos antes da leitura propriamente dita. (PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS, 1997, p. 53).

  

Com a interação da leitura e escrita, numa constante diversidade    de    modalidades    oportunizadas   ao    aluno,    este 

desenvolverá o gosto pela escrita, produzindo bons textos, de forma agradável e dinâmica, pois essa prática é mais facilitada quando o aluno sente a importância do ato de ler e passa a adquirir o gosto pela leitura e escrita.

 

Não é tarefa da escola acusar os alunos por não saberem produzir bons textos, se no entanto, lhes falta o maior aliado que é a prática da leitura. Deve-se então, trabalhar de forma contínua com a leitura em todas as áreas, incentivando-os ao hábito da mesma porque, em consequência, produzirão textos melhor estruturados e ricos em idéias.

 

Para que o aluno possa produzir bons textos é preciso, primeiramente, que tenha acesso a eles, conhecendo-os, tanto por meio da leitura, como da análise de suas características. Para isso, é necessário ler muito para os alunos e de maneira variada; propor que leiam diariamente uma parte de um livro, revista ou jornal; analisar com eles a organização de um texto; pedir que analisem os próprios  textos,  tendo  como  critérios  os  aspectos  já trabalhados; 

 

propor que escrevam e que submetam sua escrita à apreciação dos colegas e do professor;  mostrar-lhes que ler para revisar é diferente de ler simplesmente e orientá-los para que façam rascunhos e que os guardem para poderem analisar o próprio percurso criador.

 

Com atividades contextualizadas e significativas ou outras, os alunos poderão ficar seduzidos pela leitura e produção textual e, perceberão que os textos são provisórios, podendo mudá-los, mas que, mesmo assim, vale a pena escrevê-los.

 

Para CAGLIARI, “A leitura é uma atividade assimilação de conhecimento, de interiorização, de reflexão. Por isso, a escola que não lê muito para seus alunos e não lhes dá a chance de ler muito,  está fadada ao insucesso. E não sabe aproveitar o melhor que tem para oferecer aos seus alunos”(1995, p. 159).

 

 A  leitura nesses moldes, é uma atividade imprescindível a ser desenvolvida na escola, pela sua função na formação de indivíduos capazes de ler e escrever com sucesso e autenticidade. Além disso, é pelo processo da reflexão ou cotejo da leitura que o leitor se tornará mais pleno para criticar e tomar posse da palavra, para impedir o cerco da discriminação e exigir espaços de libertação. 

 

Para GERALDI (1995), a leitura deve estar integrada à produção de texto. Este cria a imagem dos “fios” para analisar o processo  de  leitura. É o encontro desses fios que produz a cadeia de 

 

leituras construindo o sentido de um texto. Nessa perspectiva, o texto é o lugar onde esse encontro se dá.

 

Assim, a escola deve ser o espaço de interação textual, de diálogo entre leitor-texto-contexto, no sentido de uma leitura conscientizadora que leve o aluno a escrever para produzir conhecimento, inserindo-o na produção histórica do conhecimento.

 

O  papel do professor é mediar o conhecimento, orientando, organizando e encaminhando atividades desafiadoras e interessantes aos alunos. Por isso, o professor deve ter clareza dos objetivos a serem atingidos com seus alunos. Segundo SILVA, “As crianças demonstram seu envolvimento com atividades e assuntos a serem discutidos, mas cabe ao professor saber aproveitá-los para palavras-chave, texto de leitura, lista de palavras”(SILVA, 1994, p. 19).           

 

Nem todos os alunos têm motivação para escrever, por isso a leitura deve ter um significado concreto. Ela oportuniza a escrita e a interpretação. Pela leitura o aluno amplia seu vocabulário e o mundo das palavras, melhorando assim, a produção textual.

 

Ensinar a escrever é ensinar a pensar e a criar, é ensinar a conceituar, de modo a poder apropriar-se da realidade, interpretando-a.  Partindo  disso,  pode-se  dizer  que  a  produção de 

 

textos é uma prática social, pois com a escrita fazemos história e lendo, conhecemos as histórias que os outros escreveram.

 

Não  se pode mais pensar a escrita separada da leitura, assim como não se pode separar a leitura da prática social. Tanto uma quanto a outra fazem parte da realidade e possibilitam potencializar o processo de humanização.

 

2. 5   LEITURA E PRÁTICA SOCIAL

 

A leitura é uma prática social que remete sempre a outros textos e a outras leituras. É o caminho que leva a formação de um leitor que, entre outras coisas percebe e forma relações com um contexto maior. Ao ler um texto, o ser humano aciona o seu sistema de valores, crenças e atitudes que refletem perspectivas dos grupos sociais aos quais está exposto. 

 

Essa concepção de leitura está ligada à concepção de texto sendo esse um tecido, um todo unificado e organizado, construído de 

modo que o sentido de uma de suas partes não pode ser entendido sem que se estabeleçam relações entre essa e as demais. Em qualquer texto, o significado das frases não é autônomo e elas só têm sentido na relação que mantêm entre si, entre o conjunto do texto e entre o contexto em que se encontra inserido.

 

O ato de ler é via de acesso aos bens culturais registrados pela escrita. Conforme SILVA: “O exercício do pensamento e da ação sobre a natureza somente é possível porque o homem possui linguagem (oral e escrita): o elemento essencial para a produção, transmissão e recepção de conhecimentos, bem como para a sua incessante exploração do mundo.”(SILVA, 1988, p.22).  

 

No entanto, é preciso ter claro que a constituição dos processos de significações na leitura, a qual viabiliza a atuação do homem na sociedade, dá-se em condições sócio-históricas determinadas. Isso equivale dizer que quando alguém lê, por exemplo, está participando do processo  de produção de sentidos que faz de um lugar e com uma determinada direção histórica.

 

A leitura considerada como atividade humana e prática social, tem sua história e sua organização nas formas de interação que se desenvolvem na dinâmica das relações sociais. Entende-se que  o trabalho com a leitura em sala de aula constitui-se num processo de construção   de   sentidos   quando   ele   se   volta   não   só  para  o 

reconhecimento das marcas do texto, mas, principalmente, quando situa o texto no conjunto das relações sociais.

 

Por isso, pode-se dizer que o trabalho com a leitura, quando inserido no processo social, não pode ser neutro. Ele carrega em si uma orientação que tanto pode contribuir para a construção de uma sociedade democrática como servir-lhe de obstáculo.

 

Conforme ROTTAVA (2000) a leitura como prática social envolve o propósito de que ler é utilizar-se da  linguagem para determinado objetivo, bem como para alguém e em certas circunstâncias. A leitura está ligada a diferentes propósitos do leitor que, por sua vez, estão ligados ao contexto situacional e às expectativas sociais. 

  

Uma prática constante de leitura na escola pressupõe o trabalho com a diversidade de objetivos, modalidades e textos que caracterizam as práticas de leitura de fato. Nesse enfoque, diferentes objetivos exigem diferentes textos e, cada qual, por sua vez, exige uma modalidade de leitura. Há textos que podem ser lidos por partes, outros que se pode ler rapidamente, outros ainda bem devagar. Há leituras em que é necessário atenção, outras são lidas por prazer, por informação, etc.

 

2. 5.1  Objetivos e expectativas de leitura

 

A determinação de objetivos para a leitura possibilita a compreensão do texto, desde que o leitor defina ou saiba o porquê da sua leitura. A compreensão de um texto é muito mais que recuperar os seus aspectos referenciais (quem, onde, quando, porque...), é sobretudo envolver o leitor enquanto ser histórico e neste envolver encontra-se  o processo da leitura. Essa compreensão acontece como 

 

resultado da interação texto-leitor-vida, a vida de cada um e, dessa forma, nunca é só, mas constrói-se em cada leitor.  

 

Definir objetivos para a leitura  é, segundo KLEIMAN (2002), uma estratégia metacognitiva que diz respeito ao controle e regulamento do próprio conhecimento. Esta estratégia pode ser favorável para o leitor iniciante e não foi acostumado à reflexão. Neste sentido, o professor pode, a princípio, determinar os objetivos da leitura como forma significativa de desenvolvimento do aluno. 

 

A outra estratégia determinada pelos objetivos, relaciona-se à formulação de hipóteses. Tal postura baseia-se no pensamento de que a leitura é uma espécie de adivinhação, pois o leitor ativo, realmente engajado no processo, elabora hipóteses e as testa, à medida que vai lendo o texto. Este procedimento favorece o leitor na compreensão do texto, pois, ao levantar hipóteses, postula conteúdos e  ao utilizar o  seu conhecimento prévio, os elementos formais, bem 

como algum grau de informatividade vindo do título, datas ou ilustrações, são organizados e ele realiza uma estrutura textual. 

 

Segundo KLEIMAN: “a leitura que não  surge de uma necessidade para chegar a um propósito não é propriamente leitura; quando lemos porque outra pessoa nos manda ler, como acontece freqüentemente na escola, estamos apenas exercendo atividades mecânicas que pouco têm  a ver com significado e sentido.”(KLEIMAN, 2002, p.35).

 

Percebe-se que o adulto, muitas vezes, como modelo de leitura para o aluno, tem grande responsabilidade na  atividade de leitura do aluno e, portanto, na sua formação de leitor. Nesse sentido, é importante que o professor defina com seus alunos os objetivos de leitura que perpassa nas atividades escolares.

 

De acordo com KLEIMAN (2002), a forma do texto determina, até certo ponto, os objetivos de leitura, ou seja, há um grande número de tipos de textos, como: romances, fábulas, biografias, notícias ou artigos de jornal, artigos científicos, ensaios, editoriais, manuais didáticos, receitas, cartas, etc. Assim, os objetivos do leitor em cada um são diferentes, pois o objetivo ao ler um jornal é diferente daquele quando se lê um artigo científico, ou quando se lê um romance.

 

 Por isso, a clareza na definição dos objetivos com o aluno contribui para  a compreensão do texto, incentivando-o para o gosto 

pela leitura. Também, as atividades bem organizadas e estruturadas possibilitam um trabalho de qualidade com a leitura. Passos como: levantamento de dados, ativando os conhecimentos prévios dos alunos, leitura silenciosa, oral e partilhada, com momentos de confronto de ideias do autor, do leitor e do professor, facilitam para uma verdadeira interação de conhecimentos.

 

 Nesse sentido, a escola têm o papel de facilitar o acesso ao universo da leitura, podendo contribuir na formação de diferentes leitores sociais, dos quais possuem diferentes propósitos de leitura, como: ler para ampliar conhecimentos, ler por prazer, ler para viver uma fantasia, ler por paixão, ler para socializar-se, ler por descoberta ou mágica. No entanto, o que a escola não pode deixar acontecer é que o aluno não goste de ler, porque isso mostra sua incompetência diante do crescimento social/intelectual e humano de um indivíduo em formação.

 

2.5.2  A  leitura crítico-transformadora

 

A produção da leitura implica o domínio de um conjunto de habilidades e de conhecimentos necessários para o processo de produção de sentidos e a concretização de uma leitura efetivamente crítica.

 

Segundo BORBA (1996), esses níveis de conhecimento são prévios à leitura e podem ser abrangidos em três: o conhecimento lingüístico (aquele que é implícito na maioria das vezes e faz com que falemos português como falantes nativos); o conhecimento textual (o conjunto de noções e conceitos sobre o texto, o qual se adquire com o contato com todo tipo de texto e facilita a compreensão do leitor) e o conhecimento de  mundo (aquele  que se adquire ao longo da vida do leitor). Juntos, eles permitem a construção e reconstrução dos sentidos do texto, levando o leitor para o exercício de uma leitura crítica.

 

Uma leitura crítica pode ser apreciada nas palavras de SILVA: “A leitura crítica sempre leva à produção ou construção de um texto: o texto do próprio leitor. (...) Assim, este tipo de leitura é muito mais do que um simples processo de apropriação passiva de significados evocados; a leitura crítica deve ser caracterizada como um projeto, pois concretiza-se numa proposta pensada pelo ser-no-mundo, dirigida ao outro e à dinamização da cultura.”(SILVA, 1988, p.74).

 

   O exercício dessa leitura crítica, que leva à conscientização e elevação do homem, pressupõe algumas exigências, definidas por SILVA (1988), sendo: a constatação, o cotejo  e  a  transformação. A  constatação é o desvelamento dos significados pretendidos e indicados no texto,  enquanto que o cotejo, é a reflexão  das idéias do texto, através de questionamentos, problematização e apreciação com criticidade. A partir desses atos, o leitor experimenta novas alternativas e é aí que acontece a transformação.

 

Um trabalho com a leitura, no sentido de formar um leitor crítico, consciente consiste no ensino de habilidades lingüísticas, baseadas no texto, visando promover no aluno a capacidade de perceber relações entre palavras, reconstruir relações lógicas e temporais e inferir na intenção do autor, a partir da compreensão da estrutura global do texto.

 

Na visão de KLEIMAN, “Se o aluno perceber a estrutura lingüística dá suporte ao pensamento e às intenções do autor, ele conseguirá ler criticamente: se ele apenas souber como classificar partes dessa estrutura, a conscientização lingüística crítica é impossível.” (KLEIMAN, 1993, p.94).   

 

A leitura de um texto, do mesmo modo que resgata a leitura de textos anteriores, conduz, por sua vez, à leitura de outros textos. Nesse sentido, a maturidade do leitor, que leva à criticidade, constrói-se ao longo da intimidade com muitos textos. Pode-se dizer que é essa construção de leitura crítica que possibilitará, consequentemente, a produção de textos críticos, contextualizados na realidade.

  

A atividade de leitura e produção textual, no entanto, ao mesmo tempo em que é individual, no sentido de que cada leitor incorpora a história de suas leituras, é social na medida em que a compreensão da realidade, proporcionada pela compreensão crítica da leitura, permite ao leitor atuar sobre ela. É assim que a leitura estabelece a mediação entre o ser humano e a realidade.

 

Considerando todos esses aspectos, o professor precisa contribuir para mudar as condições de produção da leitura e escrita do aluno, trabalhando com diversos materiais disponíveis na escola e no convívio social para dar-lhe lugar e acesso ao mundo da leitura e escrita com significado.

 

Sabe-se que todos os tipos de livros proporcionam conhecimentos ao leitor, porém, entende-se que os livros de literatura possibilitam uma melhor compreensão do mundo, dos valores sociais e culturais da sociedade. Através da leitura de contos, histórias, poemas, etc. a criança  tem  acesso a diferentes mundos, dando asas à imaginação. Assim, a literatura é a forma mais alta e sistematizada de elaboração da fantasia, sendo um auxiliar para o trabalho de leitura e escrita que objetivam um trabalho para a vida.

 

Na visão de SILVA, “Ao leitor do texto literário cabe então não só compreender, mas também imaginar como realidade poderia ser diferente; não só compreender, mas transformar e transformar-se; não só transformar, mas sentir o prazer de estar transformando”(SILVA, 1986, p.26).

 

Nessa perspectiva, a leitura constitui-se como instrumento de aquisição, produção e transformação do conhecimento, quando levada a efeito crítica e reflexivamente e quando estiver vinculada aos problemas  existentes na estrutural social que o indivíduo faz parte.

 

Portanto, um trabalho de leitura crítica será significativo para  o aluno, se o professor levar em consideração e estimular a leitura criativa do texto, através da curiosidade crítica; a interpretação criativa,  através  da  reconstrução das possibilidades de significação 

 

do texto e, finalmente, a integração criativa, por meio de especulações criadas pelo leitor em interação com seus colegas.

 

   

2.6  A FORMAÇÃO DE LEITORES NA ESCOLA

 

Pensar em leitura na escola, implica refletir sobre um dos maiores objetivos que compete à escola hoje, entre outros, que é a sua responsabilidade na formação de leitores. De acordo com SILVA, um dos objetivos básicos da escola é o de “formar leitores críticos da cultura, cultura esta encontrada em qualquer tipo de linguagem verbal e/ou não verbal”(SILVA, 1985,p.85).  

 

Formar leitores não é moldá-los dando forma ao que não existe, ignorando toda a história anterior dos sujeitos envolvidos, desconhecendo seus horizontes (suas falas ou fantasias) e apagando a sua constituição enquanto leitores, mas sim, tornando-os capazes de se posicionarem perante a sua própria trajetória como leitores.

 

Cabe ao educador preocupado com a formação do leitor considerar seriamente a leitura como desencadeadora de processos cognitivos, de diálogos interiores, de reflexão, de crítica, de partilha e de comunhão. Isto significa dizer que: “para formar leitores devemos ter paixão pela leitura”.(KLEIMAN, 1993, p.15). 

 

O desejo real pela leitura presente na vida e na prática do professor é um exemplo para o aluno, pois a sua coerência e autenticidade permearão o seu trabalho, no sentido de cativá-lo ao prazer ou gosto pela leitura.

 

  Percebe-se que quando a criança chega na escola, já é uma boa leitora do mundo. Desde muito cedo começa a observar, a antecipar, interpretar e interagir, dando significado aos seres, objetos e situações que a rodeiam na busca de sentido para compreender o mundo letrado. Por isso, o professor possui papel de destaque na aprendizagem e desenvolvimento da leitura como atividade alegre, cativante e prazerosa.

 

O professor-leitor é estímulo de leitura para seus alunos quando desperta o interesse deles ao falar sobre o que já leu ou está lendo, quando conta histórias, analisando em que texto e contexto  ela se insere e quando vai mostrando, lendo ou fazendo uma crítica sobre algum livro, revista ou jornal.

 

Assim, os alunos sentem a necessidade de ler e escrever pelo fato de poder começar a discutir a realidade com o professor e mostrar ao mestre e a si próprio o valor de sua capacidade de raciocínio e organização.  “O  professor  é,  alguém que  estuda,  lê  e expõe sua leitura e seu gosto, tendo para com o texto a mesma sensibilidade e atitude crítica que espera de seus alunos”.(MAGNANI, 1989, p.94).

 

Seguindo essa linha de pensamento, o professor é um contínuo aprendiz, por isso, deve ser o facilitador da aprendizagem do aluno, ajudando-o a sentir-se valorizado, estimulado e capaz. O educador precisa conhecer o processo de desenvolvimento físico/mental/social da criança, estudando sempre, a fim de melhor compreendê-la e entender sua maneira de agir, para que ela sinta autoconfiança no professor e prazer em aprender.

 

Afirma BITTENCOURT: “para aprender a criança precisa sentir-se bem na escola. Precisa sentir-se amada pelo professor. Precisa sentir que o professor está ali para ajudá-la”(BITTENCOURT, 1981, p.27). 

 

Na prática pedagógica, torna-se indispensável que o professor seja um sujeito histórico/social comprometido com o processo educativo, realizando um trabalho com competência, dedicação, coletividade, conhecimento, reflexão, criatividade, sensibilidade,   criticidade, entusiasmo, alegria e amor para orientar o aluno e mediar o processo da leitura e escrita, de forma que o aluno tenha êxito e interesse em aprender cada vez mais.

  

Acompanhar o aluno durante o seu processo de aprender a ler e  ensiná-lo  a  usar  a  leitura  de  maneira   adequada  em  diversas 

situações sociais, é uma tarefa séria, mas necessária para a integração do indivíduo na sociedade.   

 

Entendendo que a leitura é a base de aprendizagens múltiplas na escola e que é, instrumento de poder e transformação, acredita-se numa escola questionadora que ofereça pluralidade de materiais aos alunos, primando para que o pensar seja o seu bem maior.

 

Para a realização desse objetivo, estudar é preciso, ouvir é necessário e ter uma biblioteca diversificada é fundamental. A biblioteca deve ser a alma da escola e base de todo projeto pedagógico comprometido com o processo de leitura. Se é através da linguagem simbólica que chegamos mais facilmente ao pensamento reflexivo, crítico e criativo, é imprescindível uma boa biblioteca para   que o aluno seja um sujeito alfabetizado, que lê e produz textos de maneira crítica e eficaz.

     

Em vista disso, na visão de AGUIAR, et.al.(1986),quanto mais o indivíduo estiver exposto aos estímulos dos livros, melhor leitor ele será e, consequentemente, um ser humano mais rico também.

 

O livro precisa circular entre alunos, pais, professores, serventes, merendeiras, alcançando até aqueles que não sabem ler convencionalmente. Junto aos livros encontram-se muitas histórias, medos, anseios, dúvidas, desejos, afazeres, dizeres e sabedorias... É um universo de conhecimentos que abre caminhos para o entendimento do mundo.

  

 

Para a formação do leitor, a escola deve ampliar o espaço da biblioteca para toda comunidade escolar e demais que desejam ler e conhecer, por meio de projetos que a preenchem de materiais variados impressos e, principalmente, de pessoas interessadas ao mundo da leitura.

  

Pode-se dizer, portanto, que ao promover a formação de leitores, recupera-se o compromisso da educação e da escola com a instauração da leitura não como hábito imposto, sutil, nem como um ato provocado e descompromissado, mas como ato político e democrático, na medida em que significa decisão, ato voluntário de leitores considerados cidadãos.

 

2.6.1  O papel da família na formação da leitura 

 

A educação para a leitura é um processo que não cabe unicamente à escola, pois a leitura começa antes da escola e continua para a sociedade. Isto implica dizer que o desenvolvimento pelo interesse na leitura, é um processo que se inicia na família, aperfeiçoa-se na escola e tem continuidade pela vida afora.

 

  De acordo com BAMBERGER: “Todos os professores, pais e pedagogos precisam estar seriamente convencidos da importância da leitura e dos 

 

livros para a vida individual, social e cultural, se quiserem contribuir para melhorar a situação”(BAMBERGER, 1991, p.91). 

 

Além da escola, grande parte da responsabilidade de motivar para a leitura é também dos pais, que devem proporcionar aos filhos o acesso às publicações e incentivá-los ao mundo da leitura. A família precisa ter presente a idéia de que a leitura perpassa todas as ações e tarefas realizadas dentro de casa, tais como ler o rótulo de um alimento, ler um manual de instrução, um livro, uma revista ou jornal, dentre outras. Além disso, esses incentivos estarão permitindo o acesso da criança ao universo da escrita.

 

Esse processo de leitura deve ou deveria iniciar-se no convívio familiar, mas infelizmente a realidade em nosso  país é de que  a grande maioria da população é carente de leitura e sem condições de poder aquisitivo para o acesso aos materiais de leitura.

 

Outra questão relevante é de que os pais trabalhadores não possuem tempo e, muitas vezes, não dispõem de um tempo para ler com seus filhos. O cansaço físico ou mental é atribuído como desculpa, no entanto, o pior de tudo é a falta de consciência da importância do papel dos pais na formação de filhos leitores e escritores.

 

O que deve ficar claro para alunos e professores é que não se lê apenas na escola e somente para a escola, mas se lê na escola porque ela ajuda na construção de seres críticos e participativos na sociedade e, em casa porque o exemplo é valioso para a formação do sujeito leitor.

 

Deseja-se uma leitura para a vida, portanto esta não pode se limitar  apenas  à  sala  de  aula,  onde os alunos ficam, na maioria, 

quatro horas por dia, mas sim praticá-la desde a família e ir muito além.

 

Portanto, pode-se dizer que da mesma forma que os professores são modelos de formação para a leitura, a função da família, como modelo, também é decisiva e primordial nesse processo. O que se precisa é  uma consciência e esclarecimento da importância dessa questão no ambiente familiar.  

 

2.7  LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL

 

Considerando as inúmeras funções da escola como instituição social, aponta-se a formação do sujeito histórico/social/cultural nas relações que se estabelecem entre os exercícios que englobam a leitura e escrita.

 

Segundo CARVAJAL & RAMOS, “Aprender a ler e escrever é um processo cognitivo, mas também é uma atividade social e cultural que contribui para criar vínculos entre a cultura e o conhecimento.”(2001, p.23). Assim, quando a escola ensina a ler e a escrever, além de possibilitar a aprendizagem dos conteúdos educativos de cada área do currículo, está ensinando também as crianças a usar a linguagem como instrumento de comunicação entre as pessoas e as culturas.

 

Ensinar a ler e a escrever textos diversos, em diferentes contextos, com variedade de intenções e com diferentes destinatários é uma maneira de interligar a sala de aula e o mundo, desenvolvendo no aluno a capacidade de leitura e escrita crítica.

 

Todo texto (oral ou escrito) faz parte de uma estratégia global através da qual a pessoa busca atingir determinado objetivo, sendo o instrumento mediante o qual atua-se na realidade, criando ou modificando situações.

 

De acordo com GERALDI (1991) “texto é uma seqüência verbal escrita formando um todo acabado, definido e publicado.”(GERALDI, 1991, p.101). Sendo o texto o resultado de uma atividade discursiva entre sujeitos, entende-se que um texto apresenta-se como uma totalidade em que tudo o que é dito e escrito está inter-relacionado.

 

Toda criança que ingressa na escola é capaz de comunicar-se com outras pessoas em qualquer ocasião, pois domina a língua materna. Esse domínio linguístico ocorre de forma natural ao longo dos primeiros anos de vida do indivíduo.

 

No entanto, a escola apresenta ao aluno o discurso de uma leitura e escrita desvinculadas de seu contexto social. A prática de leitura e escrita, baseadas na realização de exercícios mecânicos de gramática, com correções e avaliações ineficazes, inibem a espontaneidade e o gosto do aluno em ler e escrever. O texto produzido é visto como um produto final, sem haver uma revisão. Tal situação evidencia a grande dificuldade de expressão oral e escrita, bem como uma leitura e interpretação deficiente.

 

Nesse sentido, faz-se fundamental a afirmação de GERALDI: “Considero a produção de textos (orais e escritos) como ponto de partida (e ponto de chegada) de todo o processo ensino-aprendizagem da língua”( GERALDI, 1991, p. 135). 

 

Para a produção de textos  orais e escritos, o aluno necessita firmar-se como autor, sendo responsável pelo seu texto, sabendo-se que a produção destes não é algo a ser feito rapidamente, sem o sabor da experiência vivenciada, mas numa prática constante, pois a leitura e a escrita devem ser trabalhadas e não ensinadas.

 

Assim, a sala de aula deve ser um espaço privilegiado para a realização das atividades de leitura e escrita, que são essenciais ao domínio da língua. É imprescindível que o professor compreenda que a língua padrão deve ser ensinada aos poucos, em um ambiente de completo respeito à maneira de falar do aluno.

 

Na visão de POSSENTI (1996), não se aprende a língua por exercícios, mas por práticas significativas. Por isso, é fundamental que as atividades escolares possibilitem ao aluno oportunidades para falar, ouvir, escrever, ler e reescrever. Dessa forma, a produção de textos torna-se significativa a partir do momento em que os alunos lêem, discutem, escrevem, analisam e reescrevem constantemente.

 

Assim,  a produção de um texto quando envolve interlocutores, um tema, uma finalidade e um contexto de produção, torna-se significativa para o aluno. O tema deve ter relação com os interesses do aluno e possibilitar espaços de debates, leituras organizadas, diálogos, enfim, atividades de leitura e interação. Mais uma vez a leitura é a base da aprendizagem da escrita, juntamente com a interação de conhecimentos e experiências entre todos os participantes.

      

Essa relação é percebida nas palavras de CARVAJAL & RAMOS: “Aprender e ensinar a ler e a escrever são fatos relevantes, funcionais e significativos  quando  aquilo  que  lemos  e  escrevemos  tem  uma  finalidade, um 

 

sentido, e responde às necessidades funcionais e aos interesses e às expectativas dos alunos e quando sua conquista é resultado de uma atividade compartilhada e negociada entre aluno e professor em uma escola participativa, cooperativa, flexível, integradora e democrática, que possibilite o encontro e o contato cotidiano com diferentes textos e a interação entre colegas”(CARVAJAL & RAMOS, 2001, p.24). 

 

Portanto, acredita-se que a leitura e a reflexão do aluno sobre seu texto melhora o processo de produção textual, por isso o aluno leitor será um aluno/escritor quando, mediado pela ação do professor, for capaz de pensar sobre o mundo e  realizar atividades de revisão e reescrita de seu texto. Além disso, a auto-avaliação  do aluno sobre sua produção deve ser estimulada, porque aprimora o espírito crítico e o senso de justiça, permitindo ao aluno perceber o seu crescimento diante das atividades propostas.

 

  1.  LEITURA E INTERDISCIPLINARIDADE

 

O caráter sociocultural, interativo e complexo da aprendizagem e do conhecimento exige que a escola se organize e ofereça os meios e os recursos necessários para que o aluno se transforme no principal ator de seu próprio processo de aprendizagem, de compreensão, de construção e de recriação do mundo. Para essa organização é inevitável  pensar  o  processo  educativo  de   maneira   global,  com 

 

práticas interdisciplinares que contribuem eficazmente para a formação do aluno como um todo.

 

Conforme LÜCK (1994) frente aos novos desafios e necessidades do homem e da sociedade, o educador precisa buscar novas práticas que não sejam mais aquelas construídas mediante a ótica da linearidade, da fragmentação  do saber e distanciamento da realidade, mas sim, práticas interdisciplinares que promovam a reflexão e as soluções frente às dificuldades relacionadas ao ensino e à pesquisa.

 

Concorda-se com a afirmação de LÜCK, quando diz:

A educação tem por finalidade contribuir para a formação do homem pleno, inteiro, uno, que alcance níveis cada vez mais competentes de integração das dimensões básicas – o eu e o mundo – a fim de que seja capaz de resolver-se, resolvendo os problemas globais e complexos que a vida lhe apresenta, e que seja capaz também de, produzindo conhecimentos, contribuir para a renovação da sociedade e a resolução  dos problemas com que os diversos grupos sociais se defrontam. (LÜCK, 1994, p.83). 

 

Percebe-se hoje, a necessidade de considerar as dimensões do eu  e  o  mundo,  num  contexto  global,  porque  o  homem  é um ser 

inteiro e complexo, no qual vai constituindo-se a partir dos conhecimentos e situações que lhe são proporcionados e vivenciados na escola e na comunidade.

 

Verifica-se que a história da educação brasileira, ao longo dos anos, foi marcada por um ensino fragmentado, tradicional e tecnicista. A escola tradicional impede o indivíduo de pensar por si mesmo, de construir uma relação educativa baseada na colaboração. As escolas são formadas por compartimentos fechados, horários fragmentados e docentes separados por disciplinas. Essa situação hoje, necessita de reorganização, por isso a interdisciplinaridade  e os projetos escolares vêm colaborar nessa mudança.

 

Segundo FAZENDA:

A Interdisciplinaridade é o processo que envolve a integração e engajamento de educadores, num trabalho conjunto de interação das disciplinas do currículo escolar entre si com a realidade de modo a superar a fragmentação do ensino. Objetiva a formação integral dos alunos, a fim de que possam exercer criticamente a cidadania, mediante uma visão global, de modo a serem capazes de enfrentar os problemas complexos amplos e globais da realidade atual. (FAZENDA, 1991, p.101).

 

Nessa perspectiva, a interdisciplinaridade é uma nova postura na relação metodológica entre quem ensina e aprende. Parte-se para a substituição da concepção fragmentária para uma concepção unitária do ser humano, através da integração de conceitos ou disciplinas, a fim de promover o conhecimento de forma mais ampla, e que as aprendizagens sejam significativas, permitindo ao aluno compreender o mundo em sua complexidade.

 

As mudanças na educação, especificamente, na superação da compartimentação do saber, são necessários para a construção de sujeitos autônomos, críticos, morais e éticos, capazes de resolver os problemas que os afligem.

 

Segundo MORIN (2000), uma compreensão integral do ser humano dirige-se ao homem como totalidade aberta. À educação são necessários saberes que orientem as ações dos educadores no sentido do todo, da globalidade e complexidade dos conhecimentos.

 

De acordo com essa visão, faz-se necessário pensar a escola como um espaço democrático, igualitário, em que todos tenham direito ao ensino, à cultura e à educação. Para isso, a leitura vem como uma possível solução aos problemas existentes na escola.

 

 Desenvolver muito mais que a capacidade de ler nos alunos, e sim o gosto e o compromisso com a leitura, é tarefa da escola, pois mobilizar o aluno internamente a aprender a ler e ler para aprender requer esforço. Os professores precisam fazer com que os alunos percebam a leitura como algo interessante, desafiadora, conquistada aos poucos e plenamente.  

 

A leitura, presente nas atividades das diferentes áreas do saber, é uma habilidade que pode ser trabalhada de maneira interdisciplinar, contribuindo para que o aluno perceba-se como ser global, autônomo e responsável pela sua construção.

 

 Para a realização de um trabalho interdisciplinar, precisam-se de condições como: humildade, comunicação, criticidade, criatividade,  compromisso,  trabalho  em  equipes. Também, a ação

pedagógica se dá pelo desenvolvimento da sensibilidade, da interação, do diálogo, da observação, da mediação e espera pelo todo na criação.

 

      Os projetos de trabalhos interdisciplinares devem partir de uma situação próxima à realidade do aluno, situação essa que seja interessante para ele e lhe proponha questões as quais precisa dar respostas. Por isso, as atividades interdisciplinares convidam a repensar a natureza da escola e da prática educativa, para que os alunos participem ativamente da construção do conhecimento, realizando uma aprendizagem mais significativa.

 

É nessa perspectiva que o trabalho com projetos exige dos professores uma prática interdisciplinar, a qual não se realiza sozinha, mas por pessoas que formam uma equipe comprometida com  a  integração  dos  conteúdos. Tal  equipe  deve estar disposta a 

proporcionar todo tipo de esclarecimentos ao grupo, debatendo conceitos e ideologias, avançando na resolução dos problemas.

 

Conforme SANTOMÉ (1998), a interdisciplinaridade é um processo e uma filosofia de trabalho que entra em ação na hora de enfrentar os problemas e questões que preocupam em cada sociedade. É preciso insistir no papel da negociação entre todas as pessoas que compõem a equipe de trabalho.

 

Nesse sentido, um trabalho interdisciplinar pode ser compreendido como sendo um ato de troca, de reciprocidade entre as disciplinas, ou melhor, de áreas do conhecimento, visando a integração dos conhecimentos, num movimento de ação-reflexão-ação, contextualizando o novo saber em sua totalidade.

 

Segundo JAPIASSÚ (1976) “a interdisciplinaridade caracteriza-se pela intensidade das trocas entre os especialistas  e pelo grau de integração real entre as disciplinas no interior de um mesmo projeto de pesquisa...”(1976, p.35).  

 

Nesse sentido, o fio condutor das ações educativas está no compromisso  profissional  coletivo  para  desenvolver   uma  prática 

significativa. Sabendo-se que a construção do conhecimento se dá de maneira dialógica, é preciso haver uma comunicação entre os especialistas de cada área do saber para promover uma melhor complementaridade. Busca-se, na verdade, um intercâmbio de saberes que, juntos, formam um todo.

 

Com essa nova atitude, o professor não é mais reprodutor do conhecimento, mas sim, um sujeito-pesquisador que parte dos problemas reais do seu contexto e trabalha junto com seus alunos, incentivando-os na busca de novas informações, para que ampliem a sua compreensão da realidade.

 

Portanto, acredita-se que uma prática interdisciplinar que prioriza a leitura nas várias áreas do conhecimento, estará formando um aluno-leitor que é capaz de sentir, pensar e agir como sujeito crítico-social. Para esse desafio, o comprometimento dos professores deve ser coletivo, de maneira que se estabeleça conexões com a realidade do aluno, a fim de que as atividades interdisciplinares de leitura proporcionem desvelamento dos problemas da realidade e contribuam para uma educação séria e de qualidade.

 

  1.  ATIVIDADES ESTIMULADORAS DA LEITURA

 

Sabe-se que a leitura exerce um papel fundamental para toda a vida do indivíduo. Por isso, os primeiros contatos com a leitura são essenciais para a formação de um bom leitor. Se ela for apresentada de forma lúdica, agradável e significativa, se estará proporcionando não só o nascimento de um verdadeiro leitor, mas também de um escritor.

 

Dessa forma, para que a leitura produza resultados positivos na criança, logo no início da escolarização, é necessário que se organize um ambiente favorável à leitura com um espaço adequado, calmo e sem interrupções e uma seleção variada de livros, revistas, jornais, panfletos que estimulam sua curiosidade.

 

Entende-se que não basta apenas colocar o livro nas mãos da criança, é preciso orientá-la para obter uma visão de todo o material de leitura, de maneira que ao ler um livro não pule as páginas, mas sim, que leia a capa, as orelhas, o prefácio, a numeração enfim, toda a sua composição, indicando os cuidados com o mesmo. Também é necessário incentivar o diário de leitura, que registra todos os livros que lê, anotando o nome do autor, título, editora, número de páginas e breve caracterização ou avaliação do livro.

 

Buscando incentivar o gosto pela leitura, o professor deve usar várias estratégias. É grande valia o trabalho com a Literatura Infantil, em que pode-se criar na sala de aula o “Cantinho de Leitura” ou “Mercadinho do Livro”, onde a criança poderá manusear os livros de histórias à vontade, escolhendo aquele que irá ler.

 

A promoção de momentos de leitura diária, mesmo que sejam alguns minutos, são importantíssimos para a formação do leitor. Segundo BAMBERGER: “é melhor ler por quinze minutos todos os dias do que meia hora um dia sim outro não”.(BAMBERGER, 1991, p.70). Além disso, na hora da leitura todos deverão concentrar-se na atividade, inclusive o professor que será o exemplo para os outros.

 

Para os alunos que ainda não estão totalmente alfabetizados, o professor é o elo ao mundo da leitura, pois, através de narrações de histórias, irá despertar sua vontade em ler.

 

Sugere-se uma hora de “Leitura Recreativa”, onde os alunos lêem os livros livremente, recriam, modificam as cenas, acrescentam novas  situações,  criando  novos rumos para a história. Além disso, é válido proporcionar momentos de leitura livre, no pátio, debaixo de uma árvore, em outra sala, em casa.

 

A “Hora do Conto” é outra atividade importantíssima para estimular a leitura. Contar histórias para as crianças e fazer com que elas as contem com suas palavras é uma tarefa que  possui um grande valor educativo.

 

É através do conto que a criança constrói o mundo das ideias abstratas e vive experiências que enriquecem o seu conhecimento real, povoando sua imaginação com elementos de fantasia.

 

Torna-se interessante criar a hora do conto como atividade em que as crianças possam escolher a forma de trabalhar a história que leram ou ouviram, inventando um final diferente, fazendo dramatizações ou construindo personagens de sucatas para contá-la novamente.

 

Ao ouvir uma história, a criança fica presa às imagens que se sucedem mais facilmente à sua mente. Por isso, a história transmitida pela voz do professor, auxiliado pela mímica de gestos e da  sua expressão fisionômica, prepara o terreno para o livro e desperta o desejo de ler.

 

Assim, o professor tem um papel decisivo na iniciação da leitura, mas que poderá se transformar em prazer ou até aversão, dependendo da maneira como é trabalhada na prática.

 

 Segundo BAMBERGER: Os fatores decisivos nesse processo são o prazer proporcionado pelo livro, que começa a ser experimentado em idade pré-escolar (através da narração de história infantil e da leitura em voz alta), o ensino da leitura acompanhado pela satisfação no progresso e no êxito, levando em conta ao mesmo tempo as múltiplas possibilidades e necessidades, e o encorajamento de toda e qualquer motivação possível para ler. (BAMBERGER, 1991, p.93).   

 

Concorda-se que a motivação é um processo interno, onde o professor incentiva ou estimula; e o aluno se motiva ou não. A tarefa de incentivo à leitura deve apresentar-se com o atrativo das atividades lúdicas e insistir na criatividade. O estímulo deve ocorrer sob o signo da criatividade para responder às exigências de aperfeiçoamento pessoal e assim, suprimir a influência uniformizada tradicional.

 

Portanto, levar o aluno a  gostar de ler e descobrir o valor lúdico do livro é uma tarefa de caráter interdisciplinar, pois tornar o aluno um leitor competente é tarefa de toda a escola. O aluno motivado poderá adquirir o hábito da leitura para toda a vida, fazendo com que o interesse e a motivação reflita em seu modo de vida.

 

De acordo com SILVA, “em essência, a leitura caracteriza-se como um dos processos que possibilita a participação do homem na vida em sociedade, em termos de compreensão do presente e do passado e em termos de possibilidade de transformação sócio-cultural futura”. (1988, p.20).

 

Um trabalho criativo com o livro literário ou outro, orientado pelo professor, poderá ser trabalhado ou incentivado da seguinte forma:

 

. Leitura do livro e debate com a participação de todos;

 

. Apresentação do livro só mostrando gravuras para as crianças fazerem a interpretação da história;

 

. Mostrar as gravuras do livro, pedindo que as crianças investiguem as personagens  e criam uma nova história;

 

. Dividir a história em partes para que cada grupo monte o restante e apresente oralmente ou com teatros;

 

. Leitura de um livro pelo professor por capítulo, incentivando o acesso do aluno a textos longos;

 

. Confecção de desenhos, dramatizações, colagens, fantoches, pinturas, cenários, músicas, poemas, a partir de histórias;

 

. Exposição dos trabalhos criados pelos alunos na escola.

Também são necessários materiais e atividades como:

 

 . Dispor de uma biblioteca com bons livros e diversos materiais de forma colorida e atrativa para o aluno;

 

 . Proporcionar leituras em plataformas digitais;

 

.  Promover festivais de leitura, em que os alunos tornam-se atores de histórias diversas;

 

. Fundar o “Clube do Livro” para que os alunos se comprometam em comprar livros durante o ano;

 

. Socialização de livros entre colegas ou empréstimos com visitas a outras bibliotecas do município.   

            

Acredita-se que muitas outras propostas poderão ser apresentadas na área da leitura, com vistas à melhoria e qualidade do ensino da leitura, de maneira que o aluno torne-se um bom leitor.

 

  1.  Atividades de produção de texto a partir da leitura

 

Percebe-se que o contato frequente com os livros familiariza a criança com a escrita. Quando a criança lê sentindo prazer, descobre a mágica dos livros, some o medo e aumenta o desejo pela leitura. Levar a criança a ler pelo prazer, por achar gostoso, por descobrir um mundo de coisas novas, é uma tarefa gratificante.

 

Nesse sentido, da leitura pode-se levar à produção textual. Isso é possível partindo de algumas atividades que podem ser utilizadas  para  dinamizar  a  produção  de  bons  textos,  de   modo 

agradável e significativo. Supõe-se, no entanto, um ambiente atraente e alunos motivados. Essa motivação é acionada por um preparo prévio via leitura, debate, exposição, análise, observação, pesquisa ou convite à imaginação. Aqui estão algumas sugestões:

 

. Reescrever uma história mudando o final triste, absurdo, engraçado e outros;

 

. Escrever uma história misturando personagens, a partir de duas ou mais histórias diferentes;

 

. Produção de texto a partir de desenho cego – ao formar círculos com cinco alunos em cada um, cada aluno recebe uma folha de papel e inicia um desenho. Trinta segundos depois dá-se um sinal e a folha é passada para o colega ao lado, o qual continua o desenho e, assim, cada folha passa pelos participantes. Concluído nesse trabalho, cada aluno, no verso da folha, produz um texto tendo como fonte motivadora o desenho que está na sua folha;

 

. Produção de texto a partir de propagandas – cada aluno recorta várias propagandas e as ordena numa sequência. Depois elabora o texto que servirá para ser lido, colocado no  mural ou jornal da escola.  A partir desta produção, também pode-se estudar diferentes tipos de linguagem e escrevê-las;

 

. Produção textual a partir de painel de figuras – cada grupo monta um determinado painel utilizando recortes de revistas ou de jornais. Após, os grupos trocam os painéis entre si e produzem um texto, interpretando a figura proposta;

 

. Texto com gravuras – coloca-se uma gravura numa folha. Os alunos escrevem ao redor da figura palavras que a imagem sugere. Num segundo momento, os alunos expõem suas idéias e,  individualmente ou em grupos, produzem textos a partir das palavras relacionadas;

 

. Texto adicionando elementos – todos iniciam a elaboração de um texto livre. O professor espera alguns minutos e tira um objeto de uma caixa e orienta aos alunos para que o mesmo seja introduzido no texto. Espera-se mais um pouco e tira-se outro objeto e assim, sucessivamente, até que todos os objetos estejam incluídos no texto dos alunos;    

 

. Leitura individual e coletiva compartilhada através de plataformas digitais;   

 

. Produção de texto a partir de criação de personagens – pede-se aos alunos criarem personagens e após escreverem suas características. Num segundo momento, pedir para que lhes dêem vida, criando uma história em torno deles.

 

Portanto, outras atividades diversificadas podem e devem ser planejadas pelo professor, na escola, em interação com os demais professores, pois o processo da leitura e escrita é tarefa interdisciplinar, somando-se a isso, a leitura vem como meio eficaz para a produção textual e vem despertar a consciência crítica do leitor inexperiente, rumo a transformação de uma sociedade capitalista desigual e excludente.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÃO

 

Através desta pesquisa, entende-se que a leitura é de grande importância para o desenvolvimento intelectual/social e cultural do ser humano. Ela é uma atividade cognitiva, permanentemente humana, que possibilita a reflexão, ampliação e compreensão do mundo, da realidade que nos cerca e do meio o qual vivemos.

 

Pode-se dizer que a leitura é fundamental não só para o processo ensino-aprendizagem, o qual percorre a maior parte da carreira escolar do aluno, mas para todas as áreas da vida humana. Sua presença é exigida no dia-a-dia, no trabalho, no lazer e em todos os momentos precisamos ler, refletir, argumentar e tomar posições.

 

Dessa forma, a leitura torna-se essencial para a construção de todos os conhecimentos. Ela influencia diretamente na produção textual do aluno, pois quem lê mantém-se informado, amplia seu vocabulário,  expressa-se  de  maneira  clara,  toma conhecimento da 

realidade e, torna-se um leitor capaz de também produzir textos eficazes.

 

Nessa visão, a leitura, considerada a mais geral das habilidades, acaba determinando o sucesso ou o fracasso escolar. A falta de domínio da leitura ocasiona dificuldades para a escrita, nas diversas áreas do saber, pois a compreensão de um texto é imprescindível para o entendimento realização de qualquer atividade. Portanto, a leitura é um ato interdisciplinar, porque perpassa o conhecimento em todos os campos do saber humano.

 

Compreende-se o quanto é necessário a conscientização da escola, da família e da sociedade sobre a importância de saber ler e escrever bem para o crescimento do aluno dentro e fora da vida escolar. Verifica-se que dependendo do modo como é apresentado o mundo da leitura à criança, fará dela um leitor ou não.

 

Formar leitor, não significa somente  a mera decodificação de palavras, mas a compreensão do texto, ligando-o à um contexto social, fazendo uma leitura de mundo e assumindo um papel atuante para a transformação social. A partir disso, entende-se que ler é um processo complexo, gradativo e reflexivo, pois implica entender, interpretar, analisar e compreender  o que leu.

 

Acredita-se que formar  bons leitores/escritores depende de uma prática constante de leitura e também de uma prática contínua de produção de textos. Por isso, o aluno se interessa e aprende a gostar de ler e escrever quando for lhe disponibilizado diversos materiais de leitura que despertem a sua curiosidade.

 

 Esse trabalho com a leitura deve ser diário e ocorrer tanto na sala de aula, quanto na biblioteca e ainda, alongar-se para casa. Além disso, o professor também deve conceber a leitura como um ato de fruição, prazer, emoção, criação e, penetrar, junto com o aluno, no mundo da leitura, incentivando-o para o prazer de ler e escrever.

      

O exercício da leitura, interação e produção textual desencadeia no aluno o domínio crescente da língua-padrão, bem como o seu crescimento enquanto sujeito que escreve/produz. Nesse sentido, a leitura é a matéria-prima para a escrita, porque é através dela que o aluno terá mais firmeza na argumentação e maior facilidade de compreensão do mundo, de forma a tornar-se consciente de seus atos.    

 

Constata-se que a compreensão de um texto é um processo que  se  caracteriza  pela  utilização  do  conhecimento  prévio  que  o  

leitor tem adquirido ao longo de sua vida. É mediante a interação dos diversos níveis de conhecimento - o linguístico, textual e o conhecimento de mundo - que o leitor consegue construir o sentido do texto. Nessa visão, a leitura é considerada um processo interativo e o professor deve proporcionar os meios para que essa interação aconteça.

 

Se o objetivo da escola é de que o aluno aprenda a ler, produzir e a interpretar com eficiência, então precisa-se de bons materiais de leitura e escrita, biblioteca bem equipada e professores bem qualificados e comprometidos com as mudanças de ensino, de maneira que proporcionem situações de interação de textos, de discussão, de reflexão, de cooperação e de participação.

 

Percebe-se que num país como o nosso, marcado pelas desigualdades sociais, um grande número de crianças não tem acesso aos materiais de leitura e escrita, por isso a escola é um lugar importantíssimo para o desenvolvimento da  verdadeira leitura. O papel do professor competente, motivador e leitor, favorece o aperfeiçoamento do aluno no ler, escrever e  no pensar.

 

Dado o exposto, pode-se concluir que a leitura é um ato   político,  porque,  em  nosso  contexto social, ela pode ser usada como instrumento de domínio de uma classe sobre a outra, como  também pode transformar esse mesmo contexto. Entretanto, é a leitura crítico-transformadora que poderá dar condições de libertação ao povo perante a sua ignorância e possibilitar a integração social. 

 

Por isso, para o processo que envolve a leitura exige-se muito esforço tanto dos professores, dos alunos, quanto dos pais e comunidade, porque precisa-se da leitura para uma produção textual que leve à construção do conhecimento e obtenção da participação social.      

 

     

 

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