Hamilton F. Nobrega 

O tema dificuldade na aprendizagem é algo que já vem sendo discutido há algumas décadas e inúmeras reflexões e estratégias tem sido aplicada com o intuito de diminuir o impacto na educação de crianças e adolescentes. Muitos autores descrevem a aprendizagem como sendo a capacidade que um indivíduo tem para perceber, conhecer, compreender e reter no consciente, as informações obtidas.

Nos últimos anos, a neurociência tem desenvolvido novos tratamentos, novas técnicas e tecnologias que permitiram aprofundar a compreensão de como a aprendizagem ocorre e modifica a estrutura neuropsicossocial do indivíduo. Nesse processo, cada estrutura do cérebro, que é onde ocorre a transmissão de informações e as reações químicas que promovem a aprendizagem, precisam estar integras para que se possa estabelecer conexões neurais e consequentemente, permitindo a aprendizagem.

Partindo desse pressuposto, falar em processo de aprendizagem envolve diretamente processos neurobiológicos, e estes, devem ser envolvidos, compreendidos e considerados no contexto educacional, dada a diversidade de capacidade cerebral dos indivíduos, que engloba as dimensões cognitivas, motoras, afetivas e sociais.

Uma breve pesquisa em artigos científicos e livros sobre o tema revela que nos últimos anos, o número de alunos com histórico de dificuldades de aprendizagem vem aumentando consideravelmente. Para os professores, lidar com alunos com dificuldades de aprendizagem, nem sempre é tarefa fácil. Alguns, por falta de conhecimento ou habilidade, acabam não percebendo isso e acabam por afirmar que aquele aluno ou aluna não aprende de jeito algum, sem refletir sobre o fato de que ele, professor, pode não estar utilizando estratégias de ensino que beneficiem as diferentes formas de assimilar que cada aluno pode ter, pois alguns fazem uso de receptores visuais, através de imagens e palavras escritas e outros reagem através de receptores auditivos.

Muitas escolas criaram classes especiais separadas das outras salas de aula, porém, classes especiais não são modelos de inclusão. São segregadoras e não promovem uma interação entre os indivíduos, causando prejuízo a aprendizagem.

Na atualidade já é possível observar a preocupação com a inclusão de pessoas com dificuldade físicas e motoras. Há ônibus adaptados a receber cadeirantes, rampas adaptadas nas ruas, elevadores para cadeirantes e livros em braile e audiolivros. No contexto educacional, deve haver capacitação e reciclagem constante dos profissionais da educação para garantir o principio fundamental das escolas inclusivas que consiste em “todos os alunos aprenderem juntos, sempre que possível, independentemente das dificuldades e diferenças que apresentem.”

Um número grande de instituições educacionais não está preparado de fato, seja em estrutura física, como no atendimento pessoal aos indivíduos com necessidade especial ou dificuldade de aprendizagem.  É imperativo para um processo educacional de aprendizagem efetivo em sala de aula, que haja uma educação inclusiva para os alunos com diferentes dificuldades de aprendizagem, como por exemplo, indivíduos com deficiência física, mentais, síndromes e/ou superdotados. Para isso, a escola precisa implementar um currículo que atenda à heterogeneidade intraclasse, em níveis distintos de desenvolvimento.

As instituições que não buscam se adequar a esse tipo de aluno, não está atingindo o seu objetivo principal, sua missão fundamental, que é educar e formar cidadãos. E precisam refletir sobre isso.

 

Referências

SELAU, B. Inclusão na sala de aula. 2 ed. São Luís/MA: Edufma, 2010. 130p.

SAMPAIO, S., FREITAS, I.B. Transtornos de dificuldades de aprendizagem: entendendo melhor os alunos com necessidades educativas especiais. 2 ed. Rio de Janeiro: Wak editora, 2014. 288p.