A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO EM LIBRAS DO(A) PROFESSOR(A) OUVINTE NA EDUCAÇÃO BILÍNGUE DO ALUNO SURDO E METODOLOGIAS PARA O ENSINO DE LIBRAS E DE PORTUGUÊS ESCRITO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

RESUMO
O estudo aborda a importância da capacitação/formação em Língua Brasileira de Sinais de professores ouvintes para a educação de Surdos no ensino regular pautada no prisma do bilinguismo; apresenta metodologias e sugestões de atividades para o ensino de Libras como L1 e Língua portuguesa como L2 a Surdos nos anos iniciais do ensino fundamental; tem sua metodologia de execução estruturada em um levantamento bibliográfico de cunho exploratório com abordagem qualitativa que discute os resultados por meio de análise de conteúdo. Os resultados demonstraram que os prejuízos causados à formação escolar de indivíduos surdos, se dão em virtude de pouca ou nenhuma qualificação em Libras dos professores da sala comum e/ou de metodologias de ensino inadequadas à sua condição. Conclui-se que tais prejuízos lhe afetam o desenvolvimento escolar, linguístico e social e, que a reversão deste quadro está no maior contingente de docentes capacitados/formados em Libras e consequentemente de seu uso neste processo de escolarização.
Palavras-chave: Capacitação em Libras. Bilinguismo. Libras como L1. Língua portuguesa como L2. Metodologias.
 

1. INTRODUÇÃO
Na perspectiva atual da educação brasileira, a Escola deve promover acesso ao ensino e permanência nela à população sem distinção em qualquer sentido, como também, formas de respeito à diversidade e às especificidades de seu alunado na significância plena de suas ações institucionais, políticas e didático-pedagógicas.
Neste sentido, este artigo visa discutir questões inerentes à importância da formação em Língua Brasileira de Sinais (Libras) pelos professores ouvintes e uso dela no ensino e aprendizagem do aluno surdo; sobre o ensino de Libras e de Língua portuguesa a alunos surdos no ensino fundamental, na perspectiva do Bilinguismo.
Assim, ao se reportar a uma atuação docente com resultado significativo no processo de ensino e aprendizagem de alunos surdos, vale ressaltar que a “Libras deve ser priorizada em todo e qualquer espaço educativo, pois a Libras deve servir de base à apreensão de conhecimentos” (MIRANDA; FIGUEIREDO; LOBATO, 2016, p. 29) e, em se tratando do ensino e aprendizagem do Português “para que em seguida seja ensinada a segunda Língua – Língua portuguesa em sua modalidade escrita” (IBIDEM, p. 29).
No Brasil, o decreto nº 5.626 que regulamenta a Lei 10.436, a chamada “Lei de Libras”, discorre sobre a formação e atuação de profissionais no ensino de Libras, destacando no capítulo III, no artigo 4º, inciso III que:
a formação de docentes para o ensino de Libras nas séries finais do ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior deve ser realizada em nível superior, em curso de graduação de licenciatura plena em Letras/Libras ou Letras: Libras/Língua Portuguesa com segunda língua (BRASIL, 2005, p. 2).
Esta Lei também discorre, em seu artigo 13, sobre o ensino da modalidade escrita da Língua portuguesa como língua segunda para pessoas surdas, figurando como ação de docentes atuantes na educação infantil, no ensino fundamental e no médio, sendo eles licenciados em Letras com habilitação em língua portuguesa ou não (BRASIL, 2005). O que evidencia a importância da formação em Libras pelos diversos professores para que ela ocorra de fato.
No entanto, no cerne da relação Libras e profissionais da educação, especificamente os que atuam no ensino regular, percebe-se a Libras, de certa forma, figurar fora dos “anseios” de capacitação por muitos professores, o que é reforçado por Santos (2015) ao afirmar que no âmbito escolar, quando se trata de situações que dependem do uso de Libras, muitos docentes não têm capacitação alguma ou adequada para atender às pessoas surdas.
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Assim, incluir alunos surdos na escola regular acarreta desafios e obstáculos relacionados à comunicação, interação, conhecimento e capacitação de professores que traduzem as próprias barreiras do ensino (SOUZA; SILVA; BUIATTI, 2015), como também, professores em formação ou capacitação em Libras, como resultado, devem conhecer os variados contextos da Língua de Sinais para desenvolver e ministrar aula a eles (MONTEIRO, 2008 apud PENHA; PENHA, 2014).
Diante disto, em meio a desafios e obstáculos, conquistas e avanços da comunidade surda em relação às suas formas de adquirir conhecimento, no sistema educacional, professores que fazem parte do cotidiano escolar do aluno surdo, no âmbito do ensino fundamental regular, devem estar envolvidos com a causa da comunicação deste discente dentro do ambiente escolar. O que acarreta ao estudo levantar a seguinte problemática: quais os prejuízos causados ao aprendizado do indivíduo surdo em decorrência da falta do uso da Libras no seu processo de formação escolar?
Seguindo nesta discussão, tomam-se como norteadoras as seguintes interrogativas: os professores, atualmente, estão preparados para ministrar aulas para alunos surdos no ensino fundamental? Qual é a importância para a aprendizagem do Surdo, o profissional docente possuir formação em Libras?
A partir deste cenário, o objetivo geral do estudo é discorrer sobre a importância da formação em Libras de professores ouvintes que atuam em classes regulares do ensino fundamental que contenham alunos surdos, como forma de desenvolver uma prática docente na perspectiva de ensino bilíngue promovendo de maneira significativa a aprendizagem destes alunos.
Considerando estes pressupostos, à pesquisa, formularam-se os seguintes objetivos específicos: caracterizar a importância do uso da Libras pelo professor ouvinte na formação educacional do aluno surdo; apresentar metodologias de ensino de Libras como primeira língua (L1) e de Português, na modalidade escrita, como segunda língua (L2) a Surdos nos anos iniciais do ensino fundamental.
Assim, para debater e apresentar informações, o trabalho constitui-se em Revisão Bibliográfica, elaborado entre 08/17 a 01/18, valendo-se de fontes como: livros, artigos, trabalhos acadêmicos, revistas, sites e outras que discutem a temática onde, dentre fontes e autores, destacam-se: Brasil (2010; 2014), Damázio (2005; 2007), Decreto nº 5626/2005, Gonçalves e Festa (2013), Moreira (2017), Pereira (2014), Quadros (2000; 2004), Quadros e Schmiedt (2006), Salles et al. (2004), Silva e Silva (2015), Silva e Silva (2016) Silva et al. (2015) entre outros.
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A motivação para a realização deste estudo se deve às aspirações profissionais do autor em atuar no ensino de alunos surdos utilizando metodologias que envolvam a Libras como língua de instrução e/ou como ferramenta de interlocução entre professor e aluno de modo a construir ambiente que favoreça uma aprendizagem significativa e inclusiva destes alunos pautado na concepção de ensino bilíngue para Surdos.
A escolha da temática e do viés para o debate propõe o trabalho ser mais uma visão à abordagem do tema com intuito de tornar-se objeto de consulta e estudo em relação ao ensino de Libras e de Língua portuguesa para Surdos, o que justificativa a proposta da pesquisa; tendo na conscientização dos profissionais da educação em geral e, em especial os professores, a importância de sua formação no âmbito da Língua Brasileira de Sinais para o ensino de alunos surdos.
Para isso, o artigo assim foi secionado: a princípio, abordou-se a importância da formação de professores ouvintes em Língua Brasileira de Sinais para o ensino e a aprendizagem dos alunos surdos e os prejuízos causados à formação destes pela falta do uso de Libras no seu processo educacional; em seguida, apresentou-se estratégias metodológicas e sugestões para o ensino de Libras e Português escrito para Surdos no ensino fundamental; por fim, construiu-se discussão sobre o conteúdo explanado e a conclusão.