RESUMO

O ensino superior no Brasil sofre um cenário de várias patologias e será citada nesse artigo uma delas, que pode ser entendida como a falta de didática do corpo docente no que dificulta o aprendizado dos educandos. O objetivo do presente artigo é demonstrar que os professores de ensino superior precisam ser mais exigidos por parte das Instituições, em relação à didática, resultando numa participação ativa no processo ensino/aprendizagem, visto que os mesmos deverão estar aptos a ministrar aulas que sejam bem assimiladas pelo corpo discente. Os docentes deverão se preparar melhor para a situação atual e prezar por aulas atrativas que conquistem a atenção de seus respectivos alunos, construindo um ensino qualitativo e significativo, facilitando assim o processo de aprendizagem. A didática tornou-se um instrumento fundamental na formação docente.

Palavras-chave: Didática. Ensino Superior. Ensino-aprendizagem.

 

ABSTRACT 

Higher education in Brazil suffers from a scenario of several pathologies and one of them will be mentioned in this article, which can be understood as the lack of didactics of the teaching staff, which makes it difficult for learners to learn. The objective of this article is to demonstrate that higher education teachers need to be more demanded by the Institutions in relation to didactics, resulting in an active participation in the teaching / learning process, since they should be able to teach classes that are well assimilated by the student body. Teachers should prepare themselves better for the current situation and value attractive classes that attract the attention of their respective students, building a qualitative and meaningful teaching, thus facilitating the learning process. Didactics has become a fundamental instrument in teacher education.

Keywords: Didactics. Higher education. Teaching-learning.

 

1 - INTRODUÇÃO

A palavra didática é de origem grega e pode ser traduzida como “arte de ensinar”. A didática é entendida como a disseminação do conhecimento, de forma técnica, é vista como a ciência da educação que contribui com o processo de ensino/aprendizagem. É comum ressaltar que a didática resume-se em clareza, logicidade, planejamento e sistematização. O Docente, por sua vez, faz o papel do didata, que é aquele indivíduo que vai incentivar a produção do conhecimento através do seu método de trabalho, posicionando o aluno como um agente ativo, um ser pensante, crítico e reflexivo. Na condição do educando, vale ressaltar que apenas o ato de reproduzir passivamente no processo ensino/aprendizagem, subentende-se que não está havendo a construção do conhecimento. Na competência da prática docente, a didática deve permitir ao aluno a construção e a produção do conhecimento pleno. É muito comum nos dias de hoje, dentro de Instituições de ensino, escutar dos alunos a seguinte frase “Aquele professor é muito bom, mas não sabe ensinar, não tem didática”. Utilizando-se a didática de forma competente os docentes transmitem mais segurança e confiabilidade aos seus educandos, que por sua vez, têm se tornado mais exigentes e cautelosos na busca pelo conhecimento, visando sempre uma vida bem sucedida e muito sucesso no exercício da profissão.

Diante dessa perspectiva, o presente artigo procura responder a seguinte questão: de que forma o Docente universitário pode utilizar-se da didática como técnica facilitadora do processo ensino/aprendizagem?

Baseado no que foi exposto no texto acima, esse artigo visa mostrar através de revisão bibliográfica a importância da didática no ensino superior.

 

2 – DESENVOLVIMENTO

De acordo com Ferreira (2010), uma universidade moderna e adequada, que corresponda às necessidades atuais, deve possuir e formar professores com um perfil científico metodológico que atendam às competências necessárias, que implicam, principalmente em saber planejar, executar e avaliar didaticamente.

Para que a aprendizagem do aluno seja facilitada, pode-se supor a necessidade de que o professor utilize a didática, que na definição de Libâneo (2002), é uma disciplina que estuda o processo de ensino no qual os objetivos, os conteúdos, os métodos e as formas de organização da aula se combinam, de modo a criar as condições e os modos de garantir aos alunos uma aprendizagem significativa. Promover a aprendizagem significativa do aluno torna-se um desafio para o docente.

Gil (2010) aponta que, os estudantes universitários, por já saberem o que pretendiam, não exigiriam de seus professores mais do que competências para transmitir os conhecimentos e para sanar as dúvidas.

Como complementa Masetto (1998): Em nenhum momento, por exemplo, perguntava-se se o professor tinha transmitido bem a matéria, se havia sido claro em suas explicações, se estabelecera uma boa comunicação com o aluno, se o programa estava adaptado às necessidades e aos interesses dos alunos, se o professor dominava minimamente as técnicas de comunicação. Isso tudo, aliás, era percebido como supérfluo, porque, para ensinar, era suficiente que o professor dominasse muito bem apenas o conteúdo da matéria a ser transmitida (MASETTO, 1998, pag.12).

Para Gil (2010), durante muito tempo, não se manifestou em nosso país, nenhuma preocupação com a formação do professor para atuar no Ensino Superior.  

O referido autor, afirma que a principal alegação para essa ausência é a de que a Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal para o Ensino Superior (CAPES) estabelece o tempo médio de dois anos para a conclusão de um curso de Mestrado. Sendo assim, torna-se difícil para um candidato ao grau de Mestre ter que cursar disciplinas de caráter didático-pedagógico além das disciplinas correspondentes ao seu centro de interesse e ao mesmo tempo, desenvolver as atividades necessárias para a conclusão da pesquisa (GIL, 2010). De acordo com Gil (2010), algumas instituições de ensino superior passaram a oferecer cursos de Metodologia do Ensino Superior e Didática do Ensino Superior. Esses cursos, que geralmente têm carga horária de pelo menos 360 horas e oferecem um resultado positivo para o processo ensino/aprendizagem.

Dessa maneira, a valorização do ensino e da formação pedagógica do professor universitário deveria demandar, em primeiro lugar, na alteração do modo como as questões pedagógicas são entendidas e tratadas na universidade, para assim, superar a crença de que para ser bom professor basta conhecer profundamente e conseguir transmitir com clareza determinado conteúdo, ou, no caso do Ensino Superior, a crença de que basta ser um bom pesquisador (PACHANE, 2009).

Libâneo (2002) afirma que dentro desse processo, o núcleo da atividade do professor é a relação ativa do aluno com a matéria de estudo sob a sua direção. O processo de ensino consiste de uma combinação adequada entre o papel de direção do professor e a atividade independente, autônoma e criativa do aluno. Conforme o pensamento de Libâneo (2002), a didática é uma matéria de estudo e um instrumento de trabalho docente que se ocupa de investigar as relações entre o ensino e a aprendizagem. Ela faz a ponte entre a teoria pedagógica e a prática educativa escolar, portanto, pode-se perceber a sua importância e pode-se deduzir que a efetivação do processo de ensino e aprendizagem realmente eficaz somente ocorrerá mediante a sua presença. Todavia, de acordo com Gil (2010), por questões diversas, a maioria dos professores universitários não dispõe de preparação pedagógica, tendendo a conferir pouca atenção às questões de natureza didática.  Sabe-se que o professor deve ter competência pedagógica. O termo “competência” significa entre outras coisas, ter capacidade, aptidão (FERREIRA, 2010, p.343). Neste sentido entende-se que ter competência é estar apto para desenvolver determinada atividade, para saber fazer tal atividade. O termo “pedagógico” significa “Teoria e ciência da educação e do ensino” (FERREIRA, 2010, p.1435). Diante desses conceitos, pode-se dizer que competência pedagógica significa saber ensinar.

Para Vasconcelos (2000), é a competência pedagógica que pode se tornar o diferencial de qualidade do professor. O professor verdadeiramente comprometido com o desempenho de seu papel docente de forma rica e multifacetada é aquele que preocupa com o todo da formação daqueles que se pretende que sejam, além de profissionais competentes, cidadãos atuantes e responsáveis.  No entanto, sabe-se que o professor tem um papel mais importante que o de confirmar ou não, que o de dizer certo ou errado às perguntas ou respostas do aluno, porque o professor é aquele que guia e que tem autoridade para guiar.

Para Libâneo (2002), o papel do professor é o de planejar, selecionar e organizar os conteúdos, programar tarefas, criar condições de estudo dentro da classe, incentivar os alunos, ou seja, o professor deve dirigir as atividades de aprendizagem dos alunos afim de que estes se tornem sujeitos ativos da própria aprendizagem.

De acordo com Masetto (2003), o corpo docente ainda é recrutado entre profissionais, dos quais se exige um mestrado ou doutorado, que os torne mais competentes na comunicação do conhecimento. Deles, no entanto, ainda não se pedem competências profissionais de um educador no que diz respeito à área pedagógica e à perspectiva político-social. A função continua sendo a do professor que vem para “ensinar aos que não sabem”. Masetto (2003) afirma que: Em geral, esse é o ponto mais carente de nossos professores universitários, quando vamos falar em profissionalismo na docência. Seja porque nunca tiveram oportunidade de entrar em contato com essa área, seja porque a veem como algo supérfluo ou desnecessário para sua atividade de ensino (MASETTO, 2003. p.15). Discorre Masetto (2003), que não basta ter apenas “a graduação”; é preciso e necessário que o profissional da educação esteja em constante aprendizado, sendo que o mínimo que se pode exigir dele é a graduação. O professor que não busca o conhecimento, que não se especializa, perde oportunidades de crescer tanto pessoal quanto profissionalmente.

 Hokama (2011) considera que o docente deve estar centrado no aluno, em suas capacidades e possibilidades para aprender. Deve atuar como agente responsável pela condução do processo de ensino e aprendizagem, e estar comprometido com uma educação para a mudança, assim como indica a nova perspectiva da Didática. Para autora, o educador deve enxergar o aluno como agente do processo educativo, considerando suas aptidões, suas necessidades e interesses, incentivando-os a buscar as informações que contribuam para o desenvolvimento de suas habilidades, bem como na modificação de atitudes e comportamentos e na construção de novos significados.

De acordo com Ferreira (2010), o professor deve estar qualificado e capacitado para o exercício de sua atividade; precisa ser criativo e ativo, entre outras competências. Qualificação e formação continuada impactam positivamente na preparação de um docente apto para exercer suas atividades dentro da realidade na qual irá atuar. Um professor criativo buscará por meio de sua didática e através de atividades significativas e diferenciadas, motivar o aluno para a aprendizagem, levando sempre em conta que cada aluno aprende de uma forma (FERREIRA, 2010). Ferreira (2010) aponta que a educação, em sua essência e trabalhada sob os padrões didáticos e metodológicos, constrói um ser humano inteligente, conhecedor, disciplinado e bem sucedido. Entre muitas outras questões, a Didática torna-se ponto fundamental para caracterizar uma educação universitária centrada no processo educacional compatível e necessário aos tempos atuais, visto que é concebida como o estudo do processo de ensino e aprendizagem e envolve formas de organização do ensino, uso e aplicação de técnicas e recursos pedagógicos, controle e avaliação da aprendizagem, postura docente e objetivos políticos, pedagógicos e críticos acerca do ensino (FERREIRA, 2010).

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste artigo foi deixar claro que a didática é de extrema importância para a formação do docente do Ensino Superior nos dias de hoje. No passado acreditava-se que para ser um bom docente bastava o domínio pleno do conteúdo a ser disseminado. Conforme foi evidenciado neste artigo, atualmente é exigida a prática do ensino reflexivo, crítico, participativo. O processo ensino/aprendizagem não pode se retratar apenas na reprodução do conteúdo apresentado pelo docente, deve ser incentivada a produção e, em paralelo, o desenvolvimento de competências. É real que nos dias de hoje uma grande parcela dos profissionais do conhecimento não trabalham de forma eficaz a prática da didática, deixando assim uma frustração em grande parte dos alunos. O papel do docente é sempre buscar ministrar aulas no ambiente de aprendizagem que sejam atrativas, que prendam a atenção dos educandos, que sejam interativas, que todos se envolvam com o conteúdo proposto para que possa refletir diretamente, de forma positiva, na aprendizagem dos discentes. Diante das considerações apresentadas, ao final deste estudo foi possível arrematar que a didática deve ser considerada como uma ferramenta educacional muito importante e necessária à prática docente no Ensino Superior.

REFERÊNCIAS

FERREIRA, M. A. “A didática na formação docente do ensino superior.” 2010. 343 p. Monografia (Especialização em Docência do Ensino Superior) – Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro, 2010.

GIL, A. C. “Didática do Ensino Superior.” 1. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

HOKAMA, M. G. “Didática do Ensino Superior.” UNISEB INTERATIVO. [2011].

LIBÂNEO, J. C. “Didática: velhos e novos Temas.” Goiânia: Edição do autor, 2002.

MASETTO, M. (Org.). “Docência na universidade.” Campinas: Papirus, 1998, pag 12.

MASETTO, M. “Competência Pedagógica do Professor Universitário.” 4. ed. São Paulo: Sammus editorial, 2003.

PACHANE, G. G. Formação de Professores para a docência universitária no Brasil: uma introdução histórica. Aprender – Caderno de Filosofia e Psicologia da Educação. Vitória da Conquista. Ano VII. Nº 12. p. 25-42. 2009.

VASCONCELOS, M. L. M. C. “A Formação de Professor do Ensino Superior.” 2. ed. São Paulo: Pioneira, 2000.