A IMPORTANCIA DA ANÁLISE DE CURTO PRAZO NAS MICROS E PEQUENAS EMPRESAS.¹

Daniel Duarte²

Marcelo Melo³

RESUMO

Em um curto prazo, a análise de índices é grande importância para a tomada de decisão nas empresas. A análise de variáveis contábeis como o balanço patrimonial, sempre olhando os ativos e os débitos, ajuda na decisão de investimento, financiamento, de compra e venda. As decisões de investimento e financiamento devem ser baseadas sempre nos fatores de risco x retorno.

PALAVRAS CHAVE: ANÁLISE, INDICES, DECISÕES, FINANCIAMENTO, INVESTIMENTO.

1 INTRODUÇÃO

A análise de curto prazo em uma empresa é a identificação dos índices de que a empresa atua, de variáveis contábeis, geralmente operacionais e a necessidade de investimento e financiamento.

A análise precisa desses fatores para que as decisões sejam tomadas de forma correta, em que o retorno esperado, seja o retorno esperada ou melhor. Para isso é preciso que as empresas explorem o balanço patrimonial para que seja bem analisado, principalmente as partes operacionais que são as partes que mais influenciam no curto prazo.

É importante temos em vista, que as decisões de investimento e financiamento não são feitas somente em longo prazo mas em curto prazo também. Quando é decidido investir a preocupação que mais permeia é a sobre o retorno esperado. Se tratando de financiamento, o que mais se preocupa é a as taxas dos detentores de capital.

Existem vários tipos de decisões a serem tomadas, decisões de compras, de vendas, que são as que permeiam o capital de giro. Segundo Neves (1996), as decisões operacionais estão relacionadas com a gestão do ativo circulante e dos débitos a curto prazo.

As micro e pequenas empresas, é visto como empresas que não precisam de se comportar como uma grande empresa, ou seja, fazer analises e identificar índices é só para grande empresas. Na verdade isso esta errado, todas as empresa precisam fazer identificação e analises financeiras, índices de liquidez, capital de giro, tudo isso é de grande importância para as empresas.

1 Paper apresentado à disciplina de Administração Financeira e orçamentaria , da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco - UNDB.

2 Aluno do 5º Período, do Curso de Administração de Empresas, da UNDB.

3 Professor Marcelo Melo 

De acordo com dados do Sebrae (Serviço de apoio as micro e pequenas empresas), em 2007, as micros e pequenas empresas fazem parte de mais da metade das empresas que empregam pessoas com carteira assinada. Varias MPEs são fundadas ao ano, mas também de acordo com essas pesquisas do Sebrae, boa parte dessas empresas são fechadas com um até três anos de existência.

Essas empresas são encerradas por falta de gestão de curto prazo, principalmente do capital de giro, em seguida são encerradas pela carga tributaria do País.

2 Organização

Dentre as micros e pequenas empresas, são poucas que analisam e se organizam no sentindo financeiro. A análise desses índices gera mais controle, sobre como investir, que decisão tomar, fornece informações sobre capital de giro dentre outros.

O nome diz, são micro e pequenas empresas, então logo pensamos, são mais fáceis de organizar pois são pequenas, os processos são menores e mais fáceis de controlar, não é preciso fazer um gigantesco investimento em sistemas, se já tiver uma organização mesmo com planilhas em Excel, já começa a se organizar. A força de uma micro e pequena empresa tem que começar pela organização. Ser bem organizada, quer dizer que a empresa tem que estar alinhada, tem que ter objetivos.

De acordo com o censo econômico publicado em 1998, pelo IBGE, sobre estrutura produtiva empresarial brasileira, os maiores prestadores de serviços são as micros, pequenas e medias empresas. Com esse dado vemos como é importante a micro e pequena empresa. As micros e pequenas empresas precisam estar bem organizadas, elas trazem um poder econômico muito forte. A micro e pequena empresa atrai mais empregos e mostra evolução do país, não só países em desenvolvimento que possuem micro e pequena empresa, países desenvolvidos também as possuem. É de pequena que uma empresa começa por isso precisa estar bem organizada quando for pequena para estar mais bem organizada quando crescer. Um exemplo de empresa assim foi a Netshoes, que já pensa em expandir seus negócios para outros países latino-americanos.

3 Micro e pequena empresa e a informação

As micros e pequenas empresas para ser desenvolvida precisa de informações. Vivemos em um mundo que cada informação pode ser decisiva na hora da tomada de decisão, enquanto, a quantidade de informações menos importantes pode atrapalhar essa tomada de decisão. Essas informações não são geradas somente pela administração financeira.

Para gerar essas informações é preciso de outras áreas de atuação como por exemplo a contabilidade. Vemos abaixo a importância de cada área profissional na micros e pequenas empresas.

  • Contabilidade:

A contabilidade é como se fosse um grande “banco de dados”, por gerar muita informação contábil que auxilia na tomada de decisão é também de um processo de controlar a empresa. A contabilidade de uma empresa precisa ser integra, flexível e transparente para que ela seja eficiente. A contabilidade gera informações patrimoniais, um exemplo é o Balanço patrimonial (que toda empresa deve saber e ter) que divide, ativo e passivo (e patrimônio liquido). A contabilidade todas as entradas e saídas, tudo o que a empresa faz, precisa ser contabilizado.

A administração financeira precisa sempre andar junta com a contabilidade, justamente para oferecer de melhor forma os índices financeiros. Existe uma dependência entre essas duas áreas, não adianta ter uma ótima administração financeira se não existe uma boa contabilidade e vice e versa.

A contabilidade pode até fornecer dados pequenos para a micro e pequena empresa, mas é necessário para que a empresa seja bem controlada e organizada. O micro e pequeno empreendedor precisam exigir do contador esses dados fornecidos para a contabilidade para a tomada de decisão.

  • Economia

 

A Economia é uma área de grande importância para a analise de curto prazo nas micro e pequenas empresas. Há dois aspectos, a importância de saber o que acontece na economia local e na mundial e o outro é entender variáveis econômicas que dão apoio às analises.

A importância de conhecer e saber do cenário econômico é entender que existem variáveis que afetam a empresa. Perceber alta do dólar, o aumento de juros e impostos por parte do governo.

O outro aspecto é conhecer as variáveis econômicas, saber o que é alavancagem, o que Gitman, considera como o uso dos ativos ou recursos, com um custo fixo para aumentar o retorno. Conhecer o que é o ponto de equilibro e o custo marginal. Tudo isso influencia na organização da empresa.

  • Estatística

 

O conhecimento técnico da estatística proporciona uma enorme diferença nas analises financeiras. O conhecimento de derivadas, de construção de gráficos é de grande importância para as micros e pequenas empresas.

  • Marketing

 

O profissional de marketing ou o conhecimento do marketing, é importante para a busca de clientes, sobre as necessidade do cliente em busca de melhora. Não adianta ter uma ótima e organizada parte financeira, se seu produto não agrada o seu cliente. O conhecimento de marketing vai apoiar nesse ponto o micro e pequeno empresário. O estudo de pesquisa de mercado, o composto de marketing (Preço, Praça, Produto e Promoção), estudos sobre layout.

  • Sistema e Pesquisa Operacional

O sistema operacional é grande servidão para analise financeira, atualmente mais ainda, porque a tecnologia avançada proporciona cada vez mais rapidez na informação, gera rápidos relatórios e guarda dados importantes. É necessário o investimento em sistemas operacionais.

A pesquisa operacional ajuda na tomada de decisão através de métodos realizados como por exemplo o método do simplex. Em alguns métodos consegue-se uma solução ótima e em outras consegue varias opções para a tomada de decisão.

As analises de curto prazo não dependem somente da administração financeira mais do conjunto de área para poder atuar de forma eficiente.

4 Referencial Teórico

  • Tipos de Análises Financeiras

- Análise Isolada: Se a empresa trabalha com um aspecto especifico

- Análise Operacional e Financeira intertemporal: Permissão para a análises das atividades anteriores.

- Análise Comparativa: Acontece sempre com empresas de mesma atividade. Comparam os índices das empresas.

- Análise Vertical: Analisa a estrutura em um determinado período de tempo.

- Análise Horizontal: Intertemporal, permite a análise de anos anteriores.  

A análise financeira é iniciada pelo EBITDA, que demonstra o resultado operacional verdadeiro da empresa. Pode ser usado também na medição do potencial da empresa em gerar caixa. EBITDA pode ser definido como o resultado operacional sem a presença dos impostos.

Receita Liquida – Tudo o que não seja realmente operacional nos custos e despesas operacionais.

  • Índices de Liquidez

Análise de liquidez é mensurada pelo potencial em que a empresa tem de concluir suas obrigações em um curto prazo, ou seja, na data do vencimento, ou seja, é a capacidade da empresa em tornar seus produtos (ou estoque) em caixa. É importante entendermos sobre a liquidez em um curto prazo para a tomada de decisão. A análise não nos dá só esse conceito, mas também como outros como Capital de giro, que é normalmente usado como ferramenta para medir a liquidez geral dentro da empresa. Temos o índice de liquidez corrente, que é usado para medir a capacidade da empresa em cumprir suas obrigações de curto prazo. Índice de liquidez seco que é semelhante ao de índice de liquidez corrente, só muda que não é calculado os estoques por ser ativo de menor liquidez.

Esses índices são divididos em quatro:

  1. Índice de liquidez corrente:

Calculados a partir de dados de ativos de curto prazo e passivos de curto prazo:

Liquidez Corrente = Ativo circulante (ou de curto prazo) /Passivo circulante (ou de curto prazo)

Se o resultado for maior que 1, mostra que os ativos de curto prazo cobrem os passivos de curto prazo.

Se for igual a 1, mostra que os ativos cobrem os passivos mas não tem folga para investir em outras coisas.

Se for menor que 1, mostra que as disponibilidades não cobre as obrigações.

Liquidez Seca: Não calcula os estoques por serem ativos de menor liquidez.

LS= (Ativo Circulante – Estoques) / Passivo Circulante

Liquidez Imeditada: Só mede as disponibilidades, por ser um calculo de curto prazo.

LI = Disponibilidades /  Passivo Circulante

Liquidez Geral: Situação a longo prazo.

LG = (AC + Realizavel a longo prazo) / (PC – Passivo não circulante)

  • Índice de atividade:

Mede a velocidade da empresa em tornar seu ativo em caixa. Isso envolve muito nas Micros e Pequenas empresas, que devem por objetivo aumentar essa velocidade para que o capital de giro seja mais rápido, assim tornando mais rápido a conversão de ativos em caixa.

- GCR (Giro de Contas a Receber):

Informa a quantidade de vez em que os créditos que foram concedidos à empresa se tornam caixa.

GCR = RECEITA LIQUIDA/CREDITOS A RECEBER

Em que receita liquida é uma conta patrimonial. Quanto maior esse índice, melhor.

- PMR (Prazo Médio de Recebimento);

Indica o prazo de dias, da venda até o recebimento. É importante a análise desse índice para que a empresa diminua mais esse prazo, quanto mais rápido a conversão de venda em receber, melhor. Ajuda no capital de giro, que é um dos fatores principais para que uma micro ou pequena empresa feche.

PMR = 365/GCR

- GCP (Giro de Contas a Pagar): Pagáveis.

Indica quantas vezes os pagamentos ocorrem dentro da empresa. Outro índice que deve ser analisado com cuidado, a empresa deve manter um equilíbrio nos seus pagamentos.

GCP = Custos dos produtos/Fornecedores

- PMP (Prazo Médio de Pagamento): Pagáveis.

Quantidade de dias para recebimentos dos insumos e para o pagamento dos mesmos.

PMP = 365/GCP

 

 

- GE (Giro dos Estoques):

Informa quantas vezes o estoque foi convertido em vendas. É bom para as MPEs para trabalharem com estoques mínimos, sabendo assim quanto é o giro de seu estoque.

GE = Custo dos produtos/Estoques

- PVE (Prazo Médio de Vendas do Estoque):

Indica a média de dias em que os estoques permanecem na empresa.

PVE = 365/GE

  • Índice de Endividamento:

Mede o grau de atuação de terceiros na empresa.

- IEG (Índice de Endividamento Geral): Avaliação do capital próprio e o capital de terceiros.

IE = Passivo circulante + Passivo não circulante/Ativo Total

TABELA, para demonstrar a origem do capital.

  • Índice de rentabilidade:

Mede a lucratividade na empresa.

- MRB (Margem do Resultado Bruto):

MRB = Resultado Bruto/Receita Liquida

- MRO (Margem do Resultado Operacional):

MRO = Lucro Operacional/Receita Liquida

- ROA (Retorno Liquido sobre o Ativo):

ROA = Lucro Liquido/Ativo Total

 

 

  • Capital de Giro

É o capital que financia as atividades da empresa, dando assim uma continuidade nos processos de pagar despesas, de estocar e no financiamento dos fornecedores também. Sem esse capital de giro bem administrado, a empresa corre um grande risco.

Os índices acima explicados servem para auxiliar nesse capital de giro, sempre demonstrando como a empresa deve se portar e qual decisão tomar. As micros e pequenas empresa quebram pela má administração desse capital de giro.

O estudo do capital de giro é divido em dois, são eles:

- Ciclo das operações Liquida:

ILC = ATIVO CIRCULANTE/PASSIVO CIRCULANTE

- Capital Circulante Liquido:

CCL = ATIVO CIRCULANTE – PASSIVO CIRCULANTE

5 Conclusão

As micros e pequenas empresas são empresa de pequeno porte mas que tem uma representatividade muito grande nacionalmente, por nível de empregabilidade com carteira assinada. São empresas fortes, mas que muitas delas duram muito pouco por falta de organização, pela falta de aplicação das áreas demonstradas, de uma administração financeira melhor aplicada.

A análise de curto prazo é importante para a tomada de decisão. O curto prazo envolve algo chamado capital de giro, que é o ponto em que muitas micros e pequenas empresas esbarram e acabam fechando. O capital de giro é importante pois é ele quem vai fazer o ciclo de comprar, estocar e vender, depois comprar, girar, dando assim um lucro que talvez seja cada vez maior.

A aplicabilidade desses índices em micros e pequenas empresas não vão ser o mesmo de uma empresa de grande porte, pois em uma grande empresa, os números são mais complexos mas vai ser essencial para a controladoria da empresa. As áreas representadas também devem ter uma dependência uma pela outra para que os objetivos se alinhem. 

 

  

6 Referencias

  • GITMAN, Lawerence J. Principios da administração financeira. 7. Ed. São Paulo. 2002 Análise financeira, pag. 100 a 106.
  • GITMAN, Lawerence J. Principios da administração financeira. 7 ed. São Paulo. 2002. Análise Financeira, Análise de liquidez, pag. 109 a 111
  • GITMAN, Lawerence J. Principios da administração financeira. 7 ed. São Paulo. 2002. Análise financeira, Análise de atividade, pag. 111 a 115.
  • GITMAN, Lawerence J. Principios da administração financeira. 7 ed. São Paulo. 2002. Análise Financeira, Análise de atividade, pag. 115 a 117.
  • GITMAN, Lawerence J. Principios da administração financeira. 7 ed. São Paulo. 2002. Análise Financeira, Análise de atividade, pag. 120 a 123.
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  • OLIVEIRA, Antonio; MULLER, Aderbal; NAKAMURA, Wilson. A UTILIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES GERADAS PELO SISTEMA DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL COMO SUBSÍDIO AOS PROCESSOS ADMINISTRATIVOS NAS PEQUENAS EMPRESAS. Disponibilizado em: http://sottili.xpg.uol.com.br/publicacoes/pdf/revista_da_fae/fae_v3_n3/a_utilizacao_das_informacoes.pdf. Acesso em: 11/05/2015.
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