A imensidão do nada.

Muito tempo atrás.

Era muito feliz.

Naquela casa exuberante.

Todo mundo está vivo.

A casa era antiga e bela.

Fazia tudo que gostava.

A família não tinha tradição.

Eu não ligava para os dias.

Achava as noites interessantes.

Tinha que ter uma religião.

Entao acreditava.

 Em  nossa senhora. 

Era jovem bonito.

Tinha saúde.

 Não pensava que existia morte.

 Também  inteligente.

Não precisa sequer ter esperança.

A família tinha por mim.

Foi um tempo cheio do passado.

Mas tarde quando precisei pensar.

Nessas coisas.

Já não tinha sentido o pensamento.

A respeito de suas existências.

Quando imaginei.

Os pressupostos  da vida.

Dos seus significados.

O motivo das  suas razões

A vida não tinha mais sentido.

Pelo menos para mim.

Fui, com efeito, a suposta.

 Sombra  imaginária.

De uma vida passada.

Da existência perdida.

Como se nada disso.

Tivesse um dia existido.

Já não era quase nada.

O mundo sem significado.

Entao perguntei.

O porquê fui menino.

Quantas vezes diante das árvores.

Protegido pelas sombras.

Imaginei a distância do infinito.

Quando a mim o fluido do tempo.

Vagando na dimensão dos nadas.

Os serões de um ruído sem fim.

Só sei que fui o que não deveria.

Ter sido.

Mas se não fosse.

Teria também sido.

Mas fui e dessa forma determinou-se.

O magnífico mundo.

Algumas pessoas entenderam.

O significado dessa passagem.

Nem mesmo deus.

Tinha sido misericordioso.

A unidade de um círculo.

Uma roda que girava.

Pelo seu lado oposto.

Numa dialética escrava.

Que tempo longe.

Eu estava tão perto.

Não sabia.

Os significados de poder.

Sentir a ausência.

Hoje como se tivesse num corredor.

Andando sem direção.

Sentindo o vento bater em meu rosto.

Travando o meu coração.

Tentando encontrar.

 A proteção das paredes.

Da velha casa na fazenda.

Serra da moeda.

Mas as paredes da casa caíram.

Não existem nem mesmo os sinais.

Mas  lá viveu aquela criança.

 Com medo dos seus próprios passos.

Hoje acabou tudo.

Ate mesmo a criança.

A vida teria que ser assim.

Cada pessoa tem sua história.

De vida.

Das decisões.

Dos medos.

Das escuridões.

Dos trilhos.

E das imaginações.

Já tremeram os sentimentos.

Dos meus olhos.

Jorraram lagrimas.

Figurativas.

 O meu rosto ficou pequeno.

Tive medo de quem seria eu mesmo.

Quando todos partiram.

 A fazenda foi vendida.

Sem motivação para o sorriso.

O mundo tornou uma coisa de vácuo.

Muita temeridade.

Já sabia que os deuses foram invenções.

 O filho da luz.

Mas os olhos perderam.

O desejo de a alma sentir.

As dualidades ficaram.

 Por contas deles.

Sem metafísica.

Sem teoria.

 O mundo passou e não passou.

Encontrei outra vez.

A gravidade da ausência.

Da dimensão do infinito.

Uma realidade metafísica.

Uma pessoa inteira.

Pensando no tempo.

Na sua inexistência.

E nas ausências das finalidades.

Posteriormente parou.

No silêncio de uma ocasião.

Era tão profunda a ligação.

Desse pensamento.

Que nem mesmo o olhar.

Saberia do seu entendimento.

Variáveis intermináveis.

Uma negando a outra.

E outras se afirmando.

Como se existisse.

Uma longa história.

Para ser contada.

Mas os olhos foram-se fechando.

A noite chegou-se.

Antes do entardecer.

E iniciou uma interminável madrugada.

O tempo estava sozinho.

Abandonado em algum lugar.

Do infinito esperando.

Que ele mesmo passasse.

Foram os grandes sinais ausentes.

De todos os tempos da imaginação.

Edjar Dias de Vasconcelos.