A Identidade Humana representada no conto "O Boi Velho" de José Simões Lopes Neto
Por Valtenir Muller Pernambuco | 13/09/2015 | LiteraturaEste trabalho aborda a representação da identidade do gaúcho no processo de interpretação do conto “O boi Velho” de José Simões Lopes Neto. Objetiva-se neste estudo, analisar o perfil do ser humano e, especialmente, da identidade gaúcha construída através da obra prima do autor regionalista que retrata detalhe sobre o universo do gaúcho em um sistema aberto, e que registra, estabelece e reproduz significados e valores desta sociedade no interior do discurso. Para desenvolver esta proposta foi adotada a pesquisa bibliográfica na obra “O Currículo Como Prática de Significação” de Tomaz Tadeu Silva por se apresentar como um conjunto de problematizações históricas que envolvem as identidades e os significados e a obra “A Ordem Do Discurso” de Michel Foucault, que pela recorrência à problemática da subjetividade mostra o quanto essa temática é profícua e ainda promissora a esse campo de investigações. Nesta análise, constata-se, através de uma obra literária carregada de informações, a identidade do ser humano, seus valores e sua representação num contexto histórico regional. Simões Lopes Neto mostra que é possível chegar a uma reflexão crítica do ser humano, e ao mesmo tempo enaltecer a cultura de um povo com uma identidade própria- o gaúcho.
Abordaremos, inicialmente, a obra “O Currículo Como Prática de Significação” de Tomaz Tadeu Silva por se apresentar como um conjunto de problematizações históricas que envolvem, entre inúmeros aspectos, o sujeito gaúcho e o discurso gauchesco; as identidades e os significados. Assinalo assim a direção da leitura que fiz dessa obra, como uma abertura para se recolher elementos dispersos que compõem aspectos teórico-metodológicos a serem levados para a análise do conto, tais como: gênero, linguagem, identidades, ser humano, animais, política, valores e posicionamentos do autor.
E, para complementar, acerca do discurso, citaremos alguns estudos de Michel Foucault, especialmente “A Ordem Do Discurso” que, pela recorrência à problemática da subjetividade mostra o quanto essa temática é profícua e ainda promissora a esse campo de investigações. São pesquisas que refletem sobre a produção do sujeito em face de sua inscrição em determinadas formações discursivas, ou melhor, consideram o sujeito submergido por discursos e, em decorrência, abordam a subjetividade produzida pelo exterior, por meio de discursos.
O discurso advém de uma esfera de produção interligada com uma fonte ideológica ou identidade, pois através dos aspectos de linguagens, formas de pensar, costumes e ações que as identidades se compõem. Para a compreensão do leitor faz-se necessário mencionar nas colocações de Tomaz Tadeu da Silva, o que são identidades:
Identidade cultural ou social é o conjunto daquelas características pelas quais os grupos sociais se definem como grupos: aquilo que eles são. Aquilo que eles são, entretanto, é inseparável daquilo que eles não são, daquelas características que os fazem diferentes de outros grupos. (Silva,2003, p. 46)
Na análise de um texto devemos considerar as manifestações e os propósitos do mesmo, Focault considera o discurso como uma rede de signos que se conecta a tantas outras redes de outros discursos, em um sistema aberto, e que registra, estabelece e reproduz não significados esperados no interior do próprio discurso, mas sim valores desta sociedade que devem ser perpetuados. O discurso deixa de ser a representação de sentidos pelo que se debateu ou se luta e passa a ser, ele mesmo, o objeto de desejo que se busca, dando-lhe assim, o seu poder intrínseco de reprodução e dominação. O autor assim define o discurso:
O discurso nada mais é do que a reverberação de uma verdade nascendo diante de seus próprios olhos; e, quando tudo pode, enfim, tomar a forma do discurso, quando tudo pode ser dito e o discurso pode ser dito a propósito de tudo, isso se dá porque todas as coisas, tendo manifestado e intercambiado seu sentido, podem voltar à interioridade silenciosa da consciência de si. (Foucault,1970, p. 46)
Nesta relação entre identidades e discursos, compreender diferentes formas de linguagens como situadas significa reconhecer, primeiramente, que estas se realizam sob determinadas condições de produção, no conto em análise, se realizam em decorrência de uma situação de comunicação específica e são, assim, marcadas pelo tempo e lugar históricos em que encontram envolvidos os participantes dessas relações sociais, pelos campos sociais em que elas ocorrem, pelos propósitos comunicativos estabelecidos, bem como pelas linguagens, recursos e meios pelos quais os sentidos são expressos. A natureza dos discursos advém das relações sociais, e são marcados por posicionamentos étnicos, estéticos, políticos, entre outros.
O autor de um determinado texto reproduz seu discurso de acordo com sua formação ideológica, ou seja, de acordo com a identidade em que ele está inserido, através da linguagem, estilo e crenças. No entanto, os discursos carregam interesses que marcam as posições assumidas pelos sujeitos que participam dessas relações e que, revelam relações de autoridade e poder entre eles.
Sobre o gênero em que este trabalho transcorrerá faz-se necessário tecer algumas colocações para contextualizar este conjunto de fatores que farão parte da análise.
O conto é uma obra ficcional envolvendo seres e acontecimentos de ficção, de fantasia ou imaginação. Como todos os textos de ficção, o conto apresenta um narrador, personagens, ponto de vista e enredo. Classicamente, o conto se define pela sua pequena extensão. Mais curto que a novela ou o romance, o conto tem uma estrutura fechada, desenvolve uma história e tem apenas um clímax. Num romance, a trama desdobra-se em conflitos secundários, o que não acontece com o conto. O conto é conciso e quase nunca é publicado isoladamente. Geralmente ele faz parte de uma obra maior. Como por exemplo: o conto “O boi velho”, de José Simões Lopes Neto, faz parte do livro “Contos Gauchescos”.
Para melhor compreensão consideraremos também algumas informações sobre a obra e o autor de Contos Gauchescos, tendo em vista a esfera de produção do discurso e a relação que o autor estabelece com a região a qual está retratando. Cremos que estes fatores influenciam fortemente na produção e formação discursiva do autor.
A obra “Contos Gauchescos” (1912) é considerada obra prima do autor regionalista que retrata detalhe sobre o universo do gaúcho, ressaltando principalmente as particularidades da fala desse povo. É interessante observar também, que o autor João Simões Lopes Neto apresenta como personagem de seus contos o gaúcho Bláu Nunes, e suas peculiaridades, assim como reforça certas características coletivas constantemente atribuídas, como a famosa generosidade, hospitalidade e também amizade. Através deste personagem o gaúcho é caracterizado como povo hospitaleiro, generoso e amigável.
Simões Lopes Neto (1865-1916) foi um escritor gaúcho nascido em Pelotas, Como escritor, ele procurou em sua produção literária valorizar a história do gaúcho e suas tradições. Publicou apenas quatro livros em sua vida: Cancioneiro Guasca (1910), Contos Gauchescos (1912), Lendas do Sul (1913) e Casos do Romualdo (1914). Tomaremos o conto O boi Velho para discorrer sobre estes aspectos do universo gaúcho. Mesmo que a ênfase no conto estende-se especialmente aos bois, muito se compreende sobre a generosidade do gaúcho através do personagem-narrador.
Do ponto de vista analítico, quando nos aproximamos do conto “o boi velho” é possível identificar as marcas de sua condição de produção regional como: o endereçamento quanto ao público receptor, as marcas lingüísticas, a idealização dos valores socioculturais, a autoria e o posicionamento do autor. Devemos considerar também, as alterações que decorrem da linguagem verbal para a linguagem escrita.
O autor dirige sua linguagem a um público específico, culturalmente educado, vejamos no conto: “Conte vancê as maldades que nós fazemos e diga se não é mesmo! Olhe, nunca me esqueço dum caso que vi e que ficou cá na lembrança, e ficará té eu morrer...”. Inicialmente o vocativo “vancê”, expressa a ideia de um direcionamento da narrativa. O personagem-narrador dirige-se ao um leitor. Considerar que o conto está sendo endereçado a um público limitado, tendo em vista os aspectos lingüísticos que se identificam com um determinado público, é uma característica que deve ser observada, contextualizada e aplicada ao mesmo.
O uso coloquial da linguagem está direcionado ao público do campo, não necessariamente desprestigiado socioeconomicamente, mas que compartilha de uma mesma linguagem ou de expressões locais como é o caso: “... como unheiro em lombo de matungo de mulher.” Esta expressão comparatista é certamente reconhecida por um grupo de pessoas que compartilham da mesma, em sua linguagem.
Podemos identificar também o conhecimento que o autor compartilha com um publico específico, temos esta percepção no trecho: “A estância era como aqui e o arroio...”. O leitor que não conhece o local descrito imagina esta distância. Este recurso supõe um direcionamento do conto, primeiramente, a um público local, já em seguida o autor utiliza uma medida comum “como a umas dez quadras”, assim direciona-se ao público geral.
Ainda quanto à linguagem, observamos algumas expressões sociolingüísticas utilizadas naquele contexto regional: como exemplos: “mui” para referir-se a muito; “miúdos” e “traquinas” para referir-se a crianças; “pachorrentos” para contentes; “solito” referindo-se a sozinho e “cuscos” para cães. Estas e outras expressões caracterizam o conto como regional. Nos aspectos da linguagem podemos identificar no conto um grupo de indivíduos possuindo uma identidade cultural através das características distintas regionais que o faz diferente de outros grupos. O autor está submergido em um determinado contexto e, em decorrência disso, seu discurso reflete tais características. Além do mais o escritor, Simões Lopes Neto, escreve na condição de autor gaúcho em Contos Gauchescos.
O autor escreve para uma determinada época e público e, na função de autor, para uma representação ideológica a qual ele está “inserido”, e nesta função está representando um grupo de uma determinada identidade, neste caso o gaúcho. Durante todo o enredo o escritor procura uma aproximação com o leitor, especialmente no uso do vocativo. Vejamos alguns exemplos desta aproximação: “conte vancê” “pois veja vancê” e “que vancê pensa!”. Estas expressões que chamam a atenção do leitor é o método utilizado pelo autor para convidar o leitor a participar e refletir sobre o outro, duma gente Silva, uns Silvas mui políticos que se envolveram naquela judiaria com o boi velho. A comoção do autor caracteriza uma identidade. Pressupõe que todos os gaúchos estão comovidos com o enredo, e nisto notamos uma representação ideológica, a comoção regional de um grupo de pessoas, as características de um povo piedoso que se identifica com o autor.
É interessante observar que a linguagem utilizada no conto tem os aspectos de si mesma como um ícone da cultura gauchesca que é reforçada através dos aspectos da vida social e da localização geográfica, a estância dos Lagoões. Devemos voltar nossa atenção às relações que o autor promove com o leitor para mostrar sua imagem cívica de piedade, valores, reconhecimento e diálogo e é através deste conjunto de bons costumes que podemos identificar as marcas culturais que operam para fins de identidades; o desejo de estar pertencendo a um grupo social culturalmente educado favorece a produção e prestigia a ideologia e o poder desta identidade, o gaúcho.
Do ponto de vista sociocultural a crítica feita sobre o homem mau não está endereçada a uma família, mesmo que esta tenha causado tal incidência. Pouco se descreve sobre a característica daquela gente mui política, sempre metidos em eleições e enredos de qualificação de votantes, mas, muito se observa em suas atitudes. Mesmo assim o autor faz um apanhado sobre o ser humano e não especificamente a uma família. A expressão “é bicho mau, o homem” vem carregada, certamente, com uma crítica a necessidade de humanização, o autor se inclui neste desejo. Vejamos: “Conte vancê as maldades que nós fazemos e diga se não é mesmo!”. O uso do pronome nós referindo ao ser humano é uma reflexão sobre as atitudes inconvenientes que presenciamos no dia a dia. Percebemos que o conto nos faz refletir e produzir significados de modo reflexivo e crítico sobre a humanidade. A partir dessas relações sociais o discurso apresentado no conto reproduz significados e segundo Foucault, podemos elucidar que “o discurso pode ser dito a propósito de tudo” (Foucault, 1970).
Por outro lado as características atribuídas aos animais tais como: companheiro e saudades do companheiro representam os sentimentos dos humanos. Na comparação entre os animais com os humanos percebe-se uma inversão de valores. Enquanto que o homem é chamado de bicho mau, os animais recebem estas características que são atribuídas aos homens. Com esta perspectiva, observamos que o autor prestigia os costumes dos animais, expõe as características deles e aponta uma comparação entre homens e animais. Assim, o leitor é capaz de fazer este comparativo e refletir sobre as atitudes dos seres humanos durante a história da humanidade, tanto na relação entre si como na relação com os animais.
Quanto aos posicionamentos do autor há os pontos de tensão e a busca pelo dramático que reforçam o a condição do ser humano como um ser dramático em suas ações e sentimental em suas reflexões. No conto vemos fortemente este momento de tensão aprofundado pelo autor que toma sua posição sobre o fato utilizando uma linguagem gauchesca e bem narrada que é capaz de comover o leitor. Vejamos a seguir o momento que o narrador apresenta esta relação entre humanos e animais no conto:
O peão puxou da faca e dum golpe enterrou-a até o cabo, no sangradouro do boi manso; quando retirou a mão, já veio nela a golfada espumenta do sangue do coração...
Houve um silenciozito em toda aquela gente.
O boi velho sentindo-se ferido, doendo o talho, quem sabe se entendeu que aquilo seria um castigo, algum pregaço de picana, mal dado por não estar ainda arrumado... – pois vancê creia! – soprando o sangue em borbotões, já meio roncando na respiração, meio cambaleando, o boi velho deu uns passos mais, encostou o corpo ao comprido no cabeçalho do carretão, e meteu a cabeça, certinha, no lugar da canga... e ficou arrumado, esperando... (...)
E ajoelhou... e caiu... e morreu...
Apesar de o conto documentar os costumes da região pastoril, percebe-se nele um sentimentalismo por parte do autor que permeia os sentimentos do leitor que é convidado a refletir sobre as ações do homem. Esta característica torna o conto uma representação da região daquele contexto histórico, produzindo assim significados sobre a identidade daquele povo. Percebemos a intenção do autor em relacionar dois grupos no conto: Um grupo que se comove com o incidente sobre o boi velho, o gaúcho e; outro grupo que sem piedade tira a vida do animal, o ser humano em geral.
De acordo com Silva (2003), a identidade cultural são as características pelas quais os grupos sociais se definem como grupos. Neste sentido a utilização que Simões Lopes Neto faz do regionalismo lingüístico não visa o pitoresco, como acontece na maioria das manifestações artísticas ditas regionais, mas é um dos recursos que se faz identificar o conto às características sociais de um grupo, o gaúcho do campo. O autor não caracteriza fisicamente os personagens do conto, poucas palavras se diz a respeito deles, apenas cita os Silva, a descrição está mais sobre a faceta moral. Os personagens humanos aparecem em segundo plano. Ou seja, o autor focaliza sobre as más ações dos humanos e sobre as boas características dos animais,
Nesta perspectiva, ele retrata um grupo regional e identifica com determinadas características com o propósito de apresentar a identidade deste grupo, mais especificamente uma família, que é apresentado como político, metido em eleições. O autor passa a ideia de que estas características continuam fazendo parte de tal grupo ao longo dos anos. Mesmo com poucas citações sobre esta temática, o autor não deixa de referenciar um grupo “metido em eleições e enredos de qualificação de votantes” e relaciona-o como um grupo sem piedade. Outra característica que o narrador enfatiza é a ganância e o anseio por dinheiro, como podemos perceber no conto: “... que não engordava mais e que iria morrer atolado no fundo dalguma sanga e... lá se ia então um prejuízo certo, no couro perdido...”. Ao citar esta combinação de características do grupo, podemos perceber, na análise do conto, que Simões Lopes Neto também apresentou a política com uma temática em seus contos, como podemos concluir através deste conto em análise.
A temática sobre animais também é uma das características dos Contos Gauchescos. No conto “O boi velho” os animais aparecem em primeiro plano, muito se descreve sobre eles, a valorização dos animais, especialmente neste conto, é uma das características dos sertões gaúchos sobre a qual o autor pretende identificar uma característica regional onde os animais fazem parte da vida e das atividades familiares.
Neste conto os bois recebem a atenção e são personagens protagonistas do enredo. O autor apresenta-os com os nomes: Cabiúna e Dourado. As descrições sobre eles, as atividades que eles realizavam chamam a atenção do leitor, são dois pais da paciência, como mestres naquele piquete, são descritos como inteligentes e gentis em todo o conto. A preocupação com a descrição dos animais torna evidente que o autor quer relacionar o comportamento destes com o comportamento e os valores humanos.
Essa relação está informada no inicio do conto através da expressão: “Cuê-puxa!... é bicho mau o homem!”. Enquanto que para os animais o autor assim relata “ – o boi velho berrava de saudades do companheiro e chamava-o, como no outro tempo, para pastarem juntos, para beberem juntos, para juntos puxarem o carretão, ...”. Sobre esta relação ficam claro ao leitor as intenções de Simões Lopes Neto.
Nem todos os animais do conto receberam esta atenção. Apenas os bois protagonistas eram elogiados pelo narrador. No conto, o autor apresenta os urubus que, por sua natureza, devoravam o Dourado: “os urubus abriam-se num trotão, lambuzados de sangue podre, às vezes meio engasgados, vomitando pedaços de carniça... Bichos malditos, estes encarvoados!...” fica claro nas entrelinhas, que o ser humano nunca gostou desses animais. A descrição deste cenário, não está em destaque, no entanto, não faz parte das intenções a qual o autor quer chegar.
A partir dessas considerações concluímos que o conto “O boi velho” levou este título porque o autor quis enaltecer a cultura gaúcha que valoriza os animais, e considera como auxiliares das produções na região dos pampas, tanto para puxar carretões, arrumar a terra para o plantio, quanto para a carne. Neste conto o narrador preocupa-se em apresentar os animais em primeiro plano. Este esforço se observa até mesmo na inversão de valores, como já comentamos anteriormente.
Outro fator que podemos concluir é a exaltação do ambiente gaúcho, especialmente a região dos pampas, onde se passa o enredo do conto. As descrições sobre o ambiente dão valor a este aspecto. Vejamos:
A estância era como aqui e o arroio como a umas dez quadras; lá era o banho da família. Fazia uma ponta, tinha um sarandizal e logo era uma volta forte, como uma meia-lua, onde as areias se amontoavam formando um baixo: o perau era do lado de lá. O mato aí parecia plantado de propósito: era quase que pura guabiroba e pitanga, araçá e guabiju; no tempo, o chão coalhava-se de fruta: era um regalo!
E ainda:
Quando entrava o inverno eles eram soltos para o campo, e ganhavam num rincão mui abrigado, que havia por detrás das casas.
Sobre os personagens protagonistas humanos, está uma família, sobre a qual sabemos que era política e metida em qualificação de votantes. O narrador não a apresenta com boa índole sobre ela, pois a intenção está em apresentar o homem como bicho mau e valorizar os animais e a natureza.
E sobre clímax, o narrador apresenta de uma forma espetacular, com detalhes, com precisão, prendendo a atenção do leitor em todo o conto e ao mesmo tempo fazendo reflexões sobre o caráter do ser humano diante de tamanha façanha causada pelo ser humano.
Em resumo, concluímos esta análise com profundas reflexões sobre as características do ser humano, considerando o conto em análise e uma serie de outras literaturas que nos fazem conhecer sobre este ser e suas ações durante toda a história. Suas atitudes perante os animais e perante o seu semelhante. Nestas reflexões que o autor enfatiza constantemente nos prende para levar ao nosso conhecimento o que muitos querem dizer.
Então, através de uma obra literária carregada de informações peculiares do ser humano e rica em detalhes naturais, Simões Lopes Neto, através de sua obra “Contos Gauchescos”, nos prende a atenção e mostra que é possível chegar a uma reflexão crítica do ser humano, e ao mesmo enaltecer a cultura de um povo com uma identidade própria- o gaúcho, especialmente nos detalhes do conto “o boi velho”.
Bibliografia:
SILVA, TOMAZ TADEU DA, o Currículo Como Prática De Significação. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2003.
FOUCAULT, Michel. A Ordem Do Discurso. Aula Inaugural. 1970.
NETO, José Simões Lopes. Contos gauchescos. Editora Martins Livreiro.