A História científica do século XIX

Isac Ferreira

Resumo

O artigo salientará sobre a História científica do século XIX, embasado no texto de Paulo Rodrigues Ribeiro, contido no livro "A História da História", de Maria Amélia Garcia Alencar, 2005. Tratará também do nascimento da sociedade burguesa, vinculada a busca de razão contida no Estado, vinculada com interesses políticos.

Palavras-chaves: burguesia, nacionalismo, método erudito.

Introdução

Segundo o autor Paulo Rodrigues Ribeiro, a finalidade desse estudo é apontar o nascimento de uma história científica no século XIX e estabelecer as ligações entre os estudos históricos e o nacionalismo. Página:43. Parágrafo: 1º.
Ele nos diz que, a história científica está estreitamente relacionada com a afirmação de uma sociedade burguesa e capitalista, na qual, a ciência histórica afirma-se como razão de Estado vinculada aos interesses políticos. Página: 43. Parágrafo: 2º.
Com o surgimento da burguesia inicia-se uma nova relação entre o povo e a sociedade. A soberania dá lugar à cidadania. A força política passa da transcendência para a imanência. Com isso, o nacionalismo origina-se. Página: 44. Parágrafo: 1º.
Os governantes passam a usar o nacionalismo para despertar no povo um sentimento de pertencimento, tornando-se o eixo da relação dos indivíduos com a nova sociedade. Página:44. Parágrafo:2º.
É por isso que a história se baseia no nacionalismo e na identidade nacional para explicar e investigar o passado de uma sociedade, buscando sua origem. Página: 44. Parágrafo: 3º.
Desta forma, a possibilidade de verdade do conhecimento histórico está ligado à erudição, assumindo uma forma de um discurso racional, cujo objetivo era fortalecer o Estado. Página: 44. Parágrafo: 4º.
Paulo Rodrigues Ribeiro cita Glénisson para confirmar a sua idéia, no qual diz que "O historiador passou a criticar os documentos produzidos pelo Estado. A história tornou-se uma ciência empírica, baseada em regras agrupadas, reexaminadas, aperfeiçoadas, fundidas num sistema coerente". Página: 45. Parágrafo: 1°.
Os governantes em seu dirigismo cultural estimularam a organização da pesquisa voltados à erudição moderna, com o objetivo de aprofundar o estudo da história nacional. Página: 45. Parágrafo: 2°.
Durante o século XIX uma enorme massa de documentos foi colocada à disposição do historiador. Página: 45. Parágrafo: 3°.
O método erudito acabou tirando o caráter religioso do pensamento histórico, ou seja, para determinado algo ter acontecido devia existir provas ou fontes que comprovasse este fato. Página: 45. Parágrafo: 4º.
Para alguns representantes da Escola Metódica Francesa, a história era uma ciência dos fatos humanos do passado. Página: 45. Parágrafo: 5º.
Com o modelo capitalista de produção e os princípios burgueses de sociedade deram origem a um novo ambiente intelectual na Europa que, foi propício ao desenvolvimento de idéias políticas, buscando ideais de liberdade e felicidade. Página:46. Parágrafo: 1º.
Em meio a todos esses ideais, havia os pró e contra o capitalismo. A história como conhecimento científico é influenciada pelas estruturas sociais resultantes. Página: 46. Parágrafo: 2º.
Ribeiro faz uso de um texto de Odália para nos mostrarmos à importância do século XIX, que segundo ela "Não importa o que falamos ou pensamos, nós sempre estaremos recorrendo a este século". Página: 46. Parágrafo: 3º.
Pensadores que defendiam a livre liberdade de todos tornaram se preponderantes, devido a Independência dos EUA e à Revolução Francesa. Página: 46-47. Parágrafo: 4º.
O autor Ribeiro cita novamente um texto de Odália para dizer que o século XIX não pode ser estudado sem considerar o século XVIII, pois seus projetos nasceram, na maioria, dos ideais originários do Século das Luzes. Página: 47. Parágrafo: 1º.
O sistema econômico conhecido como livre-empresa segue as idéias liberais, em que as pessoas devem tomar as suas próprias decisões econômicas. Página: 47. Parágrafo: 2º.
A livre-empresa defende a não interferência do governo nos assuntos econômicos. Página: 47. Parágrafo: 3º.
As marcas do liberalismo na vida social serão sentidos na concepção do individualismo burguês que, para eles, a liberdade é tão importante quanto o bem-estar de qualquer comunidade. Página: 47. Parágrafo: 4º.
O pensamento do século XIX passou a ver a concorrência como um benefício a toda sociedade, que na concepção deles, levaria os a atingir o progresso. Página:47. Parágrafo: 5º.
Eles exaltavam a concorrência, pois só dominariam os indivíduos mais capazes. Página: 48. Parágrafo: 1º.
Os conceitos de cultura e civilização na Europa foram criados através das concepções de progresso. O etnocentrismo foi o suporte ideológico para o novo colonialismo do século XIX. Página: 48. Parágrafo: 2º.
A cultura intelectual passa a ser o conceito utilizado para definir cultura, segundo a superioridade da classe burguesa em relação aos outros segmentos sociais. E a linguagem é mais um elemento que confirma essa superioridade. Página: 48. Parágrafo: 3º.
A democracia progrediu no século XIX com os movimentos burgueses e operários que, afirmavam que o povo devia obedecer apenas a poderes legítimos. Página: 49. Parágrafo: 1º.
Uma das razões da democracia moderna é a liberdade de expressão, que se baseia na consolidação dos direitos do homem e do cidadão. Página:49. Parágrafo:2º.
De acordo com a cidadania, nasce em cada cidadão, um certo sentimento de pertencimento a um grupo social determinado com o qual o indivíduo passa a ter direitos civis e políticos. Página:49.Parágrafo:3º.
O direito de cidadania implica em, um todo, de criar ou construir uma memória coletiva como princípio fundamental de Nação como, por exemplo, a língua, seus costumes, suas tradições, etc. Página:49-50. Parágrafo: 4º.
Ribeiro busca reforçar a sua opinião em Lovisolo, para quem "A história tornou-se uma ciência que busca encontrar ou resgatar a nacionalidade ou história de um determinado povo". Página:50. Parágrafo:1º.
Os historiadores passaram a estudar a reconstrução do passado nacional construindo assim, à memória coletiva. Ribeiro cita Pollak, quando diz que "A referência ao passado serve para manter a harmonia dos grupos e das instituições que compõem uma sociedade". Página: 50-51. Parágrafo:2º.
O mundo ocidental assistiu a um alargamento da memória coletiva no fim do século XVIII e a preservação da memória nacional e seu constante reavivamento tornou-se apanágio dos governos. Página: 51. Parágrafo: 1º.
A preservação da memória nacional restringiu a consciência nacional. Ribeiro, a partir daí, faz referência a Le Golff "Os esquecimentos e os silêncios da História são reveladores desses mecanismos de manipulação da memória coletiva". Página: 51. Parágrafo: 2º.
Para Ribeiro, o século XIX inventou métodos de erudição, permitindo o desenvolvimento cientifico da história, baseado na crítica documental. Página: 52. Parágrafo:1º.
O ponto de vista clássico da história se baseia na tradição, valorizando as experiências individuais e coletivas, tendo um caráter crítico de estabelecer lições a partir de exemplos retirados do passado, possuindo um valor ético e moral. Página: 52. Parágrafo: 2°.
Para os iluministas os erros do passado eram decorrentes de uma razão desarticulada e ineficaz. Página: 52-53. Parágrafo: 3º.
Os padrões iluministas se fundamentavam nas conclusões newtonianas acerca do conhecimento científico da natureza. Ribeiro utiliza-se de um texto de Wehling para afirmar que o problema central do iluminismo foi não saber conciliar os fenômenos que se seguiam e se tornavam rapidamente dominantes. Página: 53. Parágrafo: 1°.
O conhecimento histórico restringe-se à memorização. Página: 53. Parágrafo:2º.
Durante o século XVIII o empirismo ganha força com David Hume, para quem a dimensão espaço-temporal é o referencial de toda a teoria do conhecimento e da moral. Página: 54. Parágrafo:1º.
Ribeiro nos fala que toda ciência tem que se conhecer a sua história natural. Página: 54. Parágrafo: 2º.
Sobre o problema de sucessão foi Vico, que no século XVIII, tentou solucioná-lo, pois encontrou no conceito de cultura uma forma de romper com o mecanismo predominante. Página: 55. Parágrafo: 1º.
O significado de cultura para Vico, era a descoberta de uma natureza humana, essencial e permanente, fundamentada na ação coletiva dos indivíduos e nas suas relações com o meio físico. Os traços culturais possuem a sua própria historicidade, pois a sucessão define o homem como ser cultural. Página:55. Parágrafo: 2º.
Vico só ganhará o seu reconhecimento no século XIX, quando Kant realizará uma conclusão lógica do racionalismo com o empirismo, abrindo caminho para o idealismo e o positivismo. Página: 55. Parágrafo: 3º.
A reflexão kantiana sobre o conhecimento histórico não é sistemática, mas é grande a sua influência no futuro desenvolvimento das concepções modernas de histórias. Ribeiro faz uso de Wehling para afirmar "A história busca a identidade coletiva no passado e no presente, sua origem e seu desenvolvimento". Página: 56. Parágrafo: 1º.
O historicismo surge de uma afirmação dos novos grupos sociais que se tornaram elementos para Kant. Página: 56. Parágrafo: 2º.
A história surge no século XIX para tentar solucionar os problemas de sucessão de fases e transições por meio de uma lei científica. Página: 56-57. Parágrafo: 3º.
A dimensão espaço-temporal de um determinado acontecimento tornou-se o objeto intelectual do historiador. Com isso, ele se torna mais objetivo. Página: 57. Parágrafo: 1º.
Os historiadores vêem que é só através da objetividade que eles conseguiram uma visão realista do passado, possibilitada pela crítica documental. Página: 57. Parágrafo: 2º.
As interpretações históricas fundadas no tempo deram origem ao historicismo, que foi uma valorização do conhecimento histórico. O termo está vinculado a uma crença metodológica que diz respeito à explicação dos fenômenos a partir de sua função e do lugar que ocupou e do papel que desempenhou num processo de desenvolvimento. Página: 57. Parágrafo: 3º.
Hegel elaborou uma filosofia da história afirmando que a natureza e a própria história são a explicação, a manifestação da idéia. Página: 57-58. Parágrafo: 4º.
Leopold Von Ranke formulou um pensamento mais objetivo e científico, no qual seus postulados transformaram os procedimentos críticos em princípios metódicos e regras que deram consistência científica à pesquisa histórica. Página: 58. Parágrafo: 1º.
Os estudos históricos ganharam, na França, um forte impulso após os escritos de Michelet que, usou do nacionalismo para reconstituir a alma do seu povo. Página: 58-59. Parágrafo: 2º.
A Escola Metódica Francesa, que fincou seus pés nas academias e instituições, colocou em prática o programa científico de Ranke. Página: 59. Parágrafo: 1º.
Em 1876 chega ao fim à tradição historiográfica francesa até então caracterizada pela defesa de ideais políticos e religiosos. Página: 59. Parágrafo: 2º.
Para Langlois e Seignobos a história não passa de aplicação de documentos, concebidos como aqueles testemunhos que são voluntários. A heurística é o primeiro passo para o trabalho histórico. Depois de realizado o inventário, o documento deve ser submetido a uma série de operações analíticas. A primeira delas é a crítica externa e a segunda é a crítica interna. Página: 59-60. Parágrafo: 3º.
Após as operações analíticas inicia-se a fase de síntese, que é composta por várias etapas. Página: 60. Parágrafo: 1º.
A Escola Metódica Francesa prega uma isenção metodológica e científica do historiador e tem como objeto privilegiado o Estado. Certos fatos obedecem a uma ordem cronológica. Página:60. Parágrafo: 2º.
No século XIX, os termos historismo e historicismo são intercambiáveis. Página: 61. Parágrafo: 1º.
O historicismo voltou-s contra o jusnaturalismo. O pensamento dominante no século XIX procurou estabelecer um tipo de padrão para o desenvolvimento do processo histórico. Página: 61. Parágrafo: 2º.
O historicismo se divide em três fases: historicismo filosófico caracterizou-se pelo antimecanicismo; historicismo romântico é a fase puramente histórica; historicismo cientificista abrangeria todo o real. Página: 61. Parágrafo: 3º.
Através do historicismo fundou-se uma ciência da história, com o objetivo de promover o aperfeiçoamento do homem. Os principais representantes do historicismo são Hegel e Ranke. Página: 61-62. Parágrafo: 4º.
Para o filósofo alemão Hegel a idéia é o poder lógico que orienta o cenário da história como realização de si mesma. E os filósofos são instrumentos de sua manifestação. Página: 62. Parágrafo: 1º e 2º.
A transição revela a conexão necessária para uma significação lógica de um princípio de totalidade, de articulação do particular com o geral. Página: 62. Parágrafo: 3º.
Segundo Hegel o ideal no mundo é o pensamento, que não é algo especial, mas é o essencial e dele se produz todo o resto. Página: 62. Parágrafo: 4º.
O desenvolvimento é contínuo e invariável sendo a idéia objetiva e universal, a história torna-se um dos movimentos da idéia em seu processo temporal é lógico e universal e científico e racional. Página: 62-63. Parágrafo:5º.
O legado do sistema helegiano para a história foi o de processo e de movimento. A história é o progresso da razão e é o desenvolvimento do espírito no tempo. Página: 63. Parágrafo: 1º.
Segundo Ranke a preocupação central da história é despojar a ciência e a linguagem científica de tudo aquilo que lhe é exterior. Página: 63. Parágrafo: 2º.
Ranke diz que a história não deve comportar pronunciamentos sobe casos jurídicos controvertidos. O historiador deve agir com cautela e imparcialidade. Página:63. Parágrafo:3º.
O historiador não deve julgar o passado. O seu papel é mostrar o sucedido tal como efetivamente sucedeu. O historiador de fazer falarem as forças do passado. Página: 64. Parágrafo: 1º.
As exposições históricas representam as relações de significado expressas na forma narrativa em totalidades significativas. Página: 64. Parágrafo: 2º.
Ranke privilegia o acontecimento político de curta duração que, passará a se chamar historizante. Página: 64. Parágrafo: 3º.

Referências Bibliográficas

RIBEIRO, Paulo Rodrigues. A História científica do século XIX. In. A história da história. Goiânia-GO.: Ed.Universidade Católica de Goiás, 2005, pp. 43-64.