Parece redundância, mas as duas palavras se complementam, principalmente em se tratando de vendas, porque todos os dias somos bombardeados com propagandas e promessas enganadoras, com rodapés que não conseguimos ler e com atitudes que forçam a venda, como se ela fosse única e jamais o cliente irá comprar.

Exemplos? Tenho vários:

- fui comprar um veículo novo e o vendedor disse que o financiamento era com juros de 0,99% ao mês; ao ver as prestações, a velha amiga HP12C desmentiu o mesmo e ele, sem perder a postura, disse que a diferença era o IOF (imposto sobre operações financeiras). Por que não diz que a taxa correta é 1,18% a.m. ao invés de mentir e enganar o cliente?

- preciso de um novo aparelho celular e liguei a BrasilTelecom, no 0800 e fui logo identificando que se tratava de uma conta empresarial. Finalmente fui atendido e pedi preços de aparelhos que tivessem Bluetooth (sistema que transmite dados entre aparelhos sem a necessidade de fios e ligações) e indicaram vários. Pedi detalhes e indicaram um site, também direcionado as empresas e escolhi o modelo V3 com microfone. Ao comprar, o atendente tentou vender o V3 black que não tem o microfone e mesmo insistindo que o site mostra este aparelho, ele, além de agir hipocritamente, tentou usar falácias para me convencer.

- um amigo que atua em uma empresa que está passando por dificuldades de logística, disse ter recebido correspondência interna dizendo que o problema tinha sido solucionado. Entretanto, o mesmo continuava e em maiores proporções.

Fica a dúvida sobre o que leva os administradores a permitir que seus clientes sejam atendidos com hipocrisia e suas falácias? Será que esquecem de mensurar o mercado e não percebem o quanto estão perdendo junto ao mesmo?

No primeiro caso, antes de fechar qualquer acordo, não mais aceitarei proposta se não for por escrito, garantindo o que foi dito pelo que será feito; no segundo, assim que terminar o contrato que tenho, procurarei outra operadora ou serei mais exigente na negociação de um novo. No terceiro caso, ou a empresa limita a venda para que sua logística possa acompanhar ou, cria novos turnos na expedição antes que os clientes deixem de comprar. Hoje ninguém mantém estoque por longo período. Os clientes querem comprar hoje e receber ontem. A pressa aqui é a amiga da perfeição.

Então, por que continuamos comprando destas empresas? Será que somente elas podem nos ajudar? Tal qual na política, o ser humano esquece as falácias e volta sempre ao mesmo palanque, aplaudindo as besteiras e mentiras e esquecendo de cobrar as promessas passadas, aceitando as novas.

Somos os culpados que aceitamos goela a baixo tudo o que querem.

No ano passado, o reconhecimento de uma assinatura (firma) custava entorno de R 2,50; ontem fui reconhecer minha assinatura em 3 documentos: procuração e recibo de venda de um veículo e uma declaração de responsabilidade. Ao pagar, cai de costas porque o preço mudara para R 8,80 em se tratando de veículo automotor e R 3,40 qualquer outro documento. Questionei o atendente e ele, hipocritamente jogou sua falácia dizendo que:

- o estado autorizou (claro, aumento de receita pro estado e pro dono do cartório que tem uma mina de dinheiro em suas mãos);

- que em se tratando de veículo automotor, a responsabilidade no reconhecer a assinatura era maior ao passo que retruquei dizendo que as assinaturas de outros documentos não têm também responsabilidade por parte de quem a reconhece? Estava eu, não outra pessoa e assinei na frente dele, entregando um documento com fotografia que me identificou.

O cartório vende um serviço e aumenta o preço, dizendo que tem maiores responsabilidade junto a minha assinatura, ou seja, falácias e mais falácias para arrecadar mais, para vender mais.

E agora, como você e sua empresa se enquadram?

Oscar Schild, vendedor, gerente de vendas e escritor.
http://www.grandesvendedores.com.br