O QUE É HIPERATIVIDADE?

A hiperatividade é um distúrbio de déficit de atenção, onde seus aspectos mais marcantes e críticos são: desatenção, agitação, excesso de atividade, emotividade, impulsividade. E as crianças com esses transtornos, tem dificuldade em relacionar-se na vida social, familiar e educacional. As crianças hiperativas não pensam antes de agir. Como o autor e pesquisador Dr. Russel Barklei descreveu, elas tem dificuldade de seguir  regras. Na maioria das vezes elas entendem e conhecem as regras, mas a sua necessidade de agir rapidamente, reduz a capacidade de autocontrole. Isso resulta em um comportamento inadequado, geralmente inaceitável. O TDAH é uma doença que afeta de 3 à 5% da população escolar infantil, comprometendo o desempenho, dificultando as relações interpessoais, provocando baixa auto-estima (SMITH E STRICK, 2001). As crianças são frequentemente acusadas de “não prestarem atenção”, mas na verdade elas prestam atenção a tudo. O que não possuem é a capacidade para planejar com antecedência, e organizar respostas rápidas.           Segundo Goldstein (1994, P. 29), “a hiperatividade é melhor descrita como resultado da inconsistência e da incompetência do que como resultante do mau comportamento ou desobediência.” Muitos pais percebem cedo que há algo diferente no comportamento do filho, mas existem diversos outros problemas da infância que provocam comportamentos semelhantes aos que estão presentes na hiperatividade. Onde ocorre grande falta de informação a respeito desse transtorno. O objetivo do diagnóstico é auxiliar a criança e sua família. Os autores lembram com muita propriedade que “a maioria dos problemas não pode ser evitado, porém eles podem ser eficientemente administrado” (p. 49).

 A HIPERATIVIDADE VISTA DENTRO E FORA DA ESCOLA

Na escola é que a criança hiperativa vai demonstrar as características que definem a doença em dificuldade em se concentrar, não conseguir ficar envolvida certas atividades, movimentar-se e conversar constantemente. A difícil aprendizagem na escola agrava a hiperatividade, se a criança não prospera em seus afazeres, fica desmotivada e com a sua auto estima abalada, sentindo frustração, ocasionando intensa excitação e intensa raiva até mesmo maior que as das crianças comuns. Segundo Goldstein (1994, P. 106), “na idade escolar, a criança hiperativa começa a se aventurar no mundo e já não tem a família para agir como um amortecedor. O comportamento antes como engraçadinho ou imaturo, já não é tolerado”. A criança vai a escola, e precisa aprender que há regras e limites. Mas seu comportamento não se ajusta com as normas da escola. E ela necessita de uma atenção especial do professor, onde isto geralmente não acontece, e o professor dirige negativamente  a esta criança, por ela não estar fazendo o que dela se espera. Existe um consenso em que nas famílias com crianças hiperativas, existem um risco maior de surgirem todas as espécies de problemas. As famílias sofrem muito com o comportamento da criança hiperativa, e há até uma certa dificuldade para os pais aceitarem que existe um problema de comportamento no filho, que compromete sua aprendizagem e socialização. “O comportamento hiperativo pode desgastar e fragilizar a relação do casal, que devem administrar junta, os desvios comportamentais apresentados pelo filho”. (GOLDSTEIN 1994, P. 129). A vida familiar acaba se tornando difícil, os encontros dos familiares são sofrimentos e não causam prazer. Os pais se sentem impotentes diante dessa criança. O amor e a necessidade exagerada de protege-la quanto as possíveis conseqüências negativas de seu comportamento, como rejeição dos parentes, amigos e vizinhos podem levar a criança hiperativa ao isolamento social. O TDAH afeta o relacionamento social da família com amigos, vizinhos e parentes, isto porque a sociedade não vê o hiperativo como uma criança com dificuldade, ou até mesmo impossibilitada de ter autocontrole, mas sim como uma criança mal educada, sem limites.

A FALTA DE CONHECIMENTO DO PROFESSOR E A DIFICULDADE EM DIAGNOSTICAR A HIPERATIVIDADE DOS SEUS ALUNOS, TRATANDO OS MUITAS VEZES COMO INDISCIPLINADO

Os sintomas da hiperatividade são semelhantes aos da indisciplina, dificultando o diagnóstico. Mas suas características são diferentes. Segundo Julio Groppa, (1996, P. 84), “No plano individual, a palavra indisciplina pode ter diferentes sentidos que dependerão das vivências de cada sujeito e do contexto em que forem aplicadas”. A indisciplina é o descumprimento da regra, em qualquer situação. É aquele que atenta contra a ordem de determinado grupo. O indisciplinado é o que rebela, que não acata e não se submete, muito menos se acomoda, e agindo assim provoca rupturas e questionamentos. A indisciplina refere-se ao ato dito contrário á disciplina. É a desobediência, desordem, rebelião. A indisciplina ou disciplina depende do contexto familiar, escolar e social, de como é a vivência das crianças, dos valores que são passados para as mesmas. Depende das regras impostas em casa, e na sociedade e de como elas são repassadas, para que possamos ter uma resposta positiva da criança. Já a hiperatividade, ainda não tem uma causa única comprovada. “Sabe-se que a origem é genética e que seus portadores produzem menos dopamina, um neurotransmissor responsável pelo controle motor e pelo poder de concentração, que atua com maior intensidade nos gânglios frontais do cérebro, Isso explica o fato de os hiperativos não se concentrarem e esquecerem facilmente o que lhes é pedido. Pela alta incidência em meninos, cerca de 80% dos casos, acredita-se que o problema possa estar relacionado também ao hormônio masculino, testosterona. (REVISTA NOVA ESCOLA, Maio de 2000). O professor precisa conhecer mais sobre DDAH para não sair rotulando qualquer criança mimada como hiperativa. É preciso conversar com os pais e pedir que eles também observem as reações dos filhos, e mediante do problema, passar para um especialista para que a criança possa receber um tratamento individual.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AQUINO, Julio Groppa. Indisciplina na Escola, São Paulo: Summus, 1996.

BARKLEIY, Russel A. Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, Porto Alegre: Artmed Editora, 2002.

GOLDSTEIN,Sam & GOLDSTEIN, Michael. Hiperatividade: como desenvolver a capacidade de atenção da criança. Tradução: Marcondes, Maria Celeste. Campinas/SP: Papirus. 1994.

GENTILE, Paola. Indisciplinado ou Iperativo. In: Nova Escola. São Paulo. Edição Maio de 2000.