Que a Grécia é o grande berço da sociedade ocidental, não há como negar! Como professor de História, fico indignado quando alguns alunos inescrupulosos fazem perguntas para acabar com a aula: professor por que estudar a Grécia se eu estou no Brasil?

Após respirar profundamente e não perder a cabeça, numa fracção de segundos, na cabeça passa muita coisa, mas devo dar resposta ao aluno. Não sei, pelo fato de estar no magistério algum tempo, mas percebo mudanças e, perguntas como a feita acima, torna-se um meio para engrenar a aula de História.

O importante é demonstrar ao aluno que esta ciência é importante. Obviamente que não se deve mencionar, mas se for o caso mencione, num primeiro momento enaltecendo que foram os criadores dos Jogos Olímpicos (geralmente os jovens são fascinados pelo esporte), depois destaque os aspectos políticos, como a democracia e, cite as mudanças daquela da Grécia para a nossa atual. Esporte, política, teatro, a própria história deve ser destacada, bem como a deslumbrante filosofia, algo empolgante, uma vez que é considerada a mãe de todas as demais ciências.

O gancho foi feito e pode se continuar adentrando no campo da guerra, outro tema de fascínio, deste os tempos do cavalo de Tróia de Homero e, passando por Esparta e Atenas, as Guerras Médicas e chegando ao período da decadência grega, justamente pela pretensão destas duas potências, uma querendo ser mais que a outro.

Dos encantos da Grécia Antiga, não podem ser esquecida a riqueza de sua mitologia, quanta história e narrativas que continua despertando, em pleno século XXI, a cinematografia de Hollywood. Não tenho a menor dúvida que os Gregos viveram séculos a frente de nosso tempo, infelizmente nem todos tiveram a oportunidade de aproveitar estas delícias, não esqueçam que aquela era uma sociedade escravista. Mas, em que pese toda a dimensão da discrepância social, o legado da Grécia Antiga é imenso e, novas pesquisas e descobertas serão efetivas por tantos cientistas que continuam procurando por novas fontes que continuarão demonstrando a superioridade desta civilização.

Bem, perceba que é necessário ter um domínio do conteúdo, às vezes alguns alunos desejam nos desestabilizar, mas também temos a questão de vivermos na sociedade do faz de conta, do consumismo, impedindo de se ter autenticidade, ou seja, ser tentado de deixar de buscar o “ser”, como fizeram tantos filósofos gregos, desprendendo-se de tudo (leia a história de Sócrates), inclusive do famigerado “ter” para viver essencialmente o “ser”. Este sim é o grande quesito que demonstra a fascinação de estudar, cada vez mais, com fascinação, os Gregos Antigos.