A Gestão em Serviço Social nas Unidades de Pronto Atendimento
Por Renata Godoy Martins de Melo | 29/04/2020 | SaúdeRESUMO
Em breve resumo específico a grande necessidade de uma gestão em Serviço Social mais qualitativa e participativa. O meu expoente é a questão de uma gestão mais descentralizada sem perder o foco metodológico e sem se perder a égide da democracia, e do acolhimento mais humanizado do Serviço Social, frente ao sistema frenético das emergências das Unidades de Pronto Atendimento – UPA’S 24h.
Proponho em meu trabalho conclusivo, mergulhar com ética e com segurança na proposta de promover uma gestão de qualidade, no discernimento de compreender que as demandas sociais são transformadoras e não inertes, pois cada caso social, apresenta sua especificidade e magnitude.
Nós assistentes sociais somos profissionais propositivos, criativos e realísticos, capazes de orientar os usuários (pacientes) e familiares, e até a outros profissionais pertencentes a equipe Multidisciplinar, sem manipulação e sem cercear suas escolhas. Orientamos com metodologia e com determinação, através da instrumentalidade, acoplado à um fenômeno chamado de “gestão de amplitude ética”.
A Gestão em Serviço Social é uma metodologia organizacional participativa, de forma a garantir um desempenho mais produtivo e de qualidade, tendo em vista descentralizar as ações e as informações pertinentes a profissão de forma coesa e eficaz.
O Assistente Social é um profissional que luta pela garantia dos direitos dos usuários. O profissional do Serviço Social quando atua através da gestão organizacional participativa e através também da comunicação entre os usuários, e entre a Rede (órgãos públicos e filantrópicos) tornam-se mais flexíveis, mais descentralizados e mais dinâmicos; prevalecendo todos os que procuram o\a assistente social.
Palavras Chaves: assistente social, propositivos, UPA’S e ética.
ABSTRACT
In brief specific summary the great need for a more qualitative and participative management in Social Work. My exponent is the question of a more decentralized management without losing the methodological focus and without losing the aegis of democracy and the more humanized reception of Social Work, facing the frenetic emergency system of Emergency Care Units - UPA'S 24h.
I propose in my conclusive work, to dive ethically and safely in the proposal to promote quality management, in the discernment of understanding that social demands are transformative and not inert, because each social case presents its specificity and magnitude.
We social workers are purposeful, creative and realistic professionals, able to guide users (patients) and family, and even other professionals from the Interdisciplinary team, without manipulation and without curtailing their choices. We guide with methodology and determination, within a phenomenon called “management of ethical breadth”.
Management in Social Work is a participative organizational methodology to ensure a more productive and quality performance, with a view todecentralizing the actions and information relevant to the profession in a cohesive and effective manner.
The Social Worker is a professional who strives to guarantee the rights of users. The Social Work professional when acting through participative organizational management and also through communication between users, between the Network (public and and philanthropic) become more flexible, more decentralized and more dynamic; prevailing all seeking the social worker).
Keywords: social worker, propositional, UPA'S, and ethics.
INTRODUÇÃO
Nesses últimos anos, podemos afirmar que o assistente social se insere no interior do processo de trabalho em saúde, como técnico superior de interação entre os diversos níveis do SUS. Mesmo o assistente social esbarrando durante anos com as diversas burocracias, devido as políticas setoriais, sempre se buscou a integralidade das ações.
O trabalho do assistente social na saúde durante alguns anos, cumpriu e mesmo com tantas transformações benéficas, ainda cumpre com um papel particular de buscar o elo quebrado e distorcido pela burocratização das ações, entre as políticas de saúde e as demais políticas sociais e setoriais.
A legitimidade do Serviço Social no interior do processo coletivo de trabalho na saúde se construiu “pelo avesso”, ou seja, a sua necessidade se afirmou nas contradições fundamentais da política do SUS.
Não foi uma construção fácil para o assistente social, pois o agir profissional muitas das vezes esbarrou com ideias retrógadas ou alienadas de outros profissionais, que “acreditavam” que o Serviço Social fosse uma profissão caritativa ou puramente assistencialista; e quebrar esse estigma ou retirar essa falsa ideologia de messianismo foi uma tarefa árdua.
O assistente social através das expressões teóricas e juntamente com a prática tem provocado a reflexão aos demais profissionais da saúde e até dos usuários (pacientes).
Quando nós assistentes sociais lutamos por espaços e divulgamos com ética o nosso trabalho, através das práticas construtivas, os nossos verdadeiros objetivos profissionais tornam-se com mais visibilidade e a sociedade passa a reconhecer o nosso real valor.
O assistente social mesmo tendo o seu reconhecimento e seu espaço na área da saúde, fomenta também a discussão da importância da interdisciplinaridade como uma grande ferramenta para o trabalho, portanto, temos que compreender a interdisciplinaridade como um projeto profissional do Serviço Social, que vem se tornando crítico e construtor de uma competência teórica, técnica e ético-política. Vamos compreender que a interdisciplinaridade é uma relação horizontal, de objetivos claros e plurais.
A área da saúde continua requisitando o profissional do Serviço Social, reafirmando-a como importante espaço de intervenção profissional. Cabe ressaltar que são múltiplas demandas e desafios no cotidiano do trabalho do assistente social. A conjuntura atual exige do profissional uma sólida formação, que articule conhecimento teórico, conhecimento prático e compromisso ético.
A Saúde faz parte do Tripé da Seguridade Social, assim como a Assistência Social e a Previdência, pois a Saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício; conforme artigo 2 das Disposições Gerais do Sistema Único de Saúde, Lei número 8080 de 19 de setembro de 1990.
Com o passar dos anos, após a Constituição Federal de 1988 foi implantado o SUS – Sistema Único de Saúde e conforme as transformações societárias, o SUS vem sendo aprimorado pela sociedade em diversas articulações democráticas. Ao longo desse tempo Decretos e Resoluções vem sendo implantados para a melhoria e qualidade de vida para toda população brasileira. Dentre essas transformações, surgiram as Unidades de Pronto Atendimento – UPA’s 24h.
As Unidades de Pronto Atendimentos foram instaladas em diversas cidades do Brasil e são responsáveis pelos atendimentos de saúde de média complexidade, compondo uma rede organizada em conjunto com a atenção básica e a atenção hospitalar.
As Unidades também possuem o objetivo de diminuir as filas nos prontos-socorros dos hospitais, evitando que casos de menor complexidade sejam encaminhados diretamente para as Unidades Hospitalares, além de ampliar a capacidade de atendimento do Sistema Único de Saúde.
O Serviço Social tem uma função tão abrangente dentro das Unidades de Pronto Atendimento – UPA’s que até surpreende os demais profissionais. A interdisciplinaridade é de suma importância para nós assistentes sociais, justamente por sermos profissionais propositivos, criativos, articuladores e mediadores. Nossa intervenção social é de suma importância para os usuários. O nosso valor é reconhecido quando proporcionamos um bom trabalho.
O trabalho do assistente social quando é baseado em uma gestão organizacional e democrática, não tem como representar erros; pelo contrário, constrói um trabalho fortalecedor, mesmo sendo em uma Unidade de Pronto Atendimento – UPA.
DESENVOLVIMENTO
A rotina de toda UPA é frenética e sempre os casos sociais de média e alta complexidade surgem no seio da saúde pública. Se analisarmos através de um olhar mais crítico, perceberemos que o meio social influencia a questão saúde.
Saúde não é mais uma palavra singular em seu contexto histórico, mas sim uma questão com totalidades, que se amplia em universos de profissionais, que somam com a área da medicina. O médico não atua mais sozinho, a questão saúde é uma questão psicossocial.
O assistente social é um profissional que enxerga além da doença física, pois ao ouvir o usuário (escuta social), consegue observar e diagnosticar o problema, ou a questão social problema do mesmo. A intervenção do Serviço Social é totalmente democrática, com o intuito de garantir os direitos sociais, desburocratizando os meios e crescendo o acesso à Rede.
O que seria essa Rede?
A Rede é um complexo de órgãos federais, estaduais, municipais, privados e do terceiro setor, que conforme a demanda e a necessidade da resolução do caso social, o indivíduo é encaminhado pelo Serviço Social a esses órgãos, para que consigam ter acesso aos atendimentos em prol das suas necessidades.
O assistente social sabe como desburocratizar os atendimentos e sabe ser um excelente mediador quando a dificuldade se apresenta de forma proposital, inusitada ou realmente sem intenção negativa.
Nós assistentes sociais desburocratizamos até o que parece impossível, apesar das dificuldades e o nosso Código de Ética nos ampara e nos fortalece para lidarmos com as situações problemas.
Quando o indivíduo está bem, pode ter certeza que o meio social em que ele está inserido não está sofrendo nenhuma lesão. O social reflete no emocional e vice-versa. Quando o usuário tem acesso as políticas públicas, logo enaltece a qualidade de vida e a saúde não fica comprometida.
A Gestão do Serviço Social é um curso que auxilia demais aos profissionais (assistentes sociais), tendo em vista abrir um leque de ideias, de forma estrutural, organizativa e intelectual.
O assistente social passa a ser um gestor mais comprometido com as questões sociais, a nível vertical e também horizontal, sem deixar a burocracia generalizada (costumeira) invadir sua linha metodológica de pensamento e ação.
“Somos profissionais propositivos, criativos, realísticos e buscamos sempre a metodologia dialética, com o intuito de contemplarmos os direitos sociais e as políticas sociais aos usuários.”
A Lei 8080 /90 do SUS – Sistema Único de Saúde completou vinte e nove anos, mas na realidade o SUS real está longe do SUS Constitucional. O SUS foi criado para todos, ou seja, para todos os usuários de todas as classes sociais, etnias, gêneros, etc... Nosso papel não é ser um profissional de enfeite nas Unidades de Saúde, mas sim, de propormos metodologias democráticas, para que TODOS tenham realmente acesso. Não podemos permitir dentro das políticas públicas de saúde um contexto discriminatório e dificultoso.
O assistente social pode sim, participar de gestões metodológicas, dentro de um parâmetro amplo e dialético. A forma como implantar essa gestão precisa ser planejada, embora o assistente social saiba que tal planejamento possa ser moldado conforme a realidade for respondendo, pois a sociedade não é inerte. O planejamento dentro de um projeto de gestão pode sofrer transformações, tendo em vista as relações humanas estarem inerentes ao meio social. O importante é mesmo diante das transformações, não perder o foco e chegar aos objetivos qualitativos.
O Gestor precisa ser prudente e ter responsabilidades, mas sem cercear os colaboradores. Um bom gestor sabe ouvir, sabe repassar as informações, sabe propor e aceitar idéias, na busca de construir uma gestão democrática e harmoniosa.
O planejamento social precisa de um líder ou até mesmo mais de um, mas com o objetivo de liderar construtivamente, através de uma metodologia dialética e proporcionando a cada colaborador diversas chances de mostrar suas potencialidades e suas grandezas. Cada colaborador sentindo-se importante na trajetória do planejamento de um programa ou de um projeto, do princípio até o fim.
Na realidade, a cada gestão ou melhor, a cada assistente social gestor, as idéias parecem não ter fim, pois para nós profissionais do Serviço Social, cada projeto lançado, as portas se abrem para novas oportunidades construtivas, crescendo, ampliando e transformando o cotidiano. Cada ciclo uma novo desafio!
O Serviço Social tem se preocupado com as mudanças da sociedade e tal preocupação acelera quando há percepções de retrocessos. As mudanças sociais precisam estar engajadas com o “não desmonte dos direitos sociais conquistados por lutas em prol das políticas públicas. O Gestor precisa ser bastante criativo e não pode demonstrar insegurança diante das dificuldades, e as vezes o ato de recuar não é de desistência, mas sim de resistência e estratégia, para que em momentos mais significativos, possa mostrar o real valor das junções das idéias.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A área da Saúde é uma grande escola para os assistentes sociais. Não desmerecendo as demais áreas em que o Serviço Social atua, mas na saúde pública, principalmente nas Unidades de Pronto Atendimento em que a demanda é de Média e de Alta Complexidade, o assistente social tem uma forte atuação que caminha na direção fortalecedora ao projeto ético político, seguindo os princípios e as diretrizes do Sistema Único de Saúde.
O assistente social vem transcendendo a ação direta com os usuários e atuando com metodologias de planejamento, gestão, assessoria, recursos humanos, etc... Nessa perspectiva, podemos perceber a evolução e a necessidade da importância do aprendizado / especialização em Gestão, em que considera a qualificação como formação primordial.
Essa formação condiz e fortalece o profissional de Serviço Social na área da Saúde, onde poderá desenvolver suas ações em dimensões complementares e indissociáveis, como:
- Mobilização, Participação, Investigação Social, Planejamento, Assessoria e Qualificação.
A Gestão em Serviço Social contribui para a defesa das políticas públicas na saúde, embora a Rede acionada pelo assistente social seja um complexo determinante também para a melhoria do SUS.
O assistente social é um profissional que sabe lutar com ética sobre a garantia dos direitos sociais, para o fortalecimento da participação social e das lutas dos sujeitos sociais, bem como para a viabilização do SUS, inscrito na Constituição de 1988 e nas Leis 8080 e 8142 de 1990.
O assistente social atuante na UPA 24 horas faz um trabalho de Gestão bem articulado, embora seja uma dinâmica emergencial, mas dentro de uma linha de pensamento e de atitude bem amplificada, coligado as Redes (órgãos públicos, filantrópicos e do terceiro setor) como forma de encaminhar os usuários ao coletivo, com o propósito de melhorar o estado de saúde dos mesmos e dos familiares.
O curso de Gestão em Serviço Social ampliará os horizontes daqueles que como eu, Renata, poderão compreender cada colaborador. Cada profissional de outras áreas que integram a saúde são peças chaves, importantes para a promoção da saúde. Atuar em conjunto e ao mesmo tempo respeitando cada espaço profissional é uma forma madura de gestão, cumprindo com responsabilidade as estratégias sociais.
A gestão é dialética na atualidade e isso é inegável. Podemos construir e reconstruir respostas, enquanto as estratégias de ações estão sendo implantadas e incorporadas. As complementações ocorrem na eminência das respostas e a qualidade da gestão torna-se mais eficaz e transformadora.
Um verdadeiro gestor em Serviço Social sabe que a produtividade não pode ser uma engrenagem social isolada, sendo assim torna-se uma gestão precária. A questão da produtividade merece estar acoplada a questão da qualidade. Uma gestão de qualidade gera a produtividade e a junção de ambas as características, só demonstram a maturidade do líder ou do gestor.
A importância do olhar mais arrojado do assistente social é capaz sim, de proporcionar sem medo, uma gestão mais democrática. O assistente social deve sempre se colocar de forma ativa diante das expressões das questões sociais, tendo em vista promover a reconstrução de um perfil profissionais mais sócio técnico e ideológico político. Um verdadeiro gestor em Serviço Social precisa ter a mente ampla e criar um clima de confiabilidade entre os membros da equipe, onde todos são vistos como colaboradores construtivos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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