RESUMO

A mais linda virtude humana é ser gestor de suas próprias horas, de seus dias e anos de forma eficiente e eficaz. É tarefa sublime, porque pouca gente consegue fazê-lo consoante suas necessidades, prioridades, além de poucas pessoas terem esta competência metodológica de administrar o tempo de forma satisfatória. No atual pluralismo cultural e social em que se vive a humanidade, em que se busca fazer mais do que ser, é necessário gerir o tempo de maneira sábia, dando sentido e significado a ele. Percebe-se que a educação à distância exige do estudante uma postura responsável e disciplinar, no sentido de fazer as atividades estudantis com disciplina, no prazo e ritmo certos. Com absoluta certeza do dever cumprido, o aluno que exerce suas funções educacionais com uma gestão sistêmica alcança êxito e prazer ao estudar. Para tanto é necessário obedecer a princípios e padrões rigorosos e estabelecer estratégias de estudo, principalmente a pedagogia do aprender a aprender. Isso significa fazer uma junção de objetivos, desafios, aprofundamentos de leitura e escrita, além de metas a serem cumpridas. O aluno da educação à distância é um estudante adulto, maduro, que sabe o que quer, tem consciência de suas habilidades e toma atitudes na hora certa do jeito certo. Destarte, o estudante da ead goza de uma liberdade intensa, maravilhosa, prazer ao estudar e autonomia na construção de sua postura cidadã no mundo.

INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como tema a gestão do tempo a ser administrado pelo aluno de educação à distância. É de suma importância dissertar sobre este assunto, visto que o aluno desta modalidade educacional deve ser polivalente para organizar sua agenda de forma eficiente. O tempo é uma categoria da vida humana a ser administrado com sabedoria, para que haja eficácia em seu aproveitamento estudantil, bem como um resultado satisfatório no final do processo do curso. Partindo desse princípio, faz-se necessário questionar: O que é o tempo? O tempo é mesmo uma categoria que pode ser medida, mensurada? Por que a descoberta de si (quem sou eu?) é importante na administração do tempo? Quais as tarefas da vida humana que são consideradas imprescindíveis e por isso tornam-se propósito maior da vida? Quais são as áreas vitais da pessoa que devem ser geridas de forma eficaz para satisfazer suas necessidades? Quais são os ciclos pessoais a serem administrados para alcançar uma boa gestão do tempo? Como deve ser administrado o tempo para que o aluno da educação à distância?

   Percebe-se que o tempo não admite perdê-lo nem matá-lo, com desculpas ou até mesmo enganos na sua aplicação prática. Falar sobre este tema é descrever uma trajetória de pessoas aplicadas, ocupadas e acima de tudo valorizar diversas etapas da vida do estudante, de forma a aplicar prioridades a cada momento. Somente faz isso quem possui domínio de si, de sua identidade como responsável pela construção do conhecimento. Produzir conhecimento é perceber que na vida assumem-se diversos papéis sociais e estes exigem conhecimento científico e não apenas cumprir tarefas para preencher o tempo. Ter tempo é uma questão de prioridade. Quem não tem tempo não tem método para estudar e, por conseguinte, negligencia o que há de mais precioso em sua vida.

   O tempo exige do aluno disciplina, maturidade e acima de tudo, liberdade e autonomia. A disciplina é uma organização perfeita de afazeres, no sentido de não negligenciar cada minuto do tempo, nem criar necessidades extras e dispensáveis. Maturidade tem um sentido de ser adulto na busca do saber. Ser maduro é ter habilidades peculiares e adquirir outras a partir de suas competências e atitudes comprometidas com a civilização e avanço da história da humanidade. Liberdade é um fator fundamental na educação à distância, porque trata do essencial, do mais importante, em cada área do conhecimento. A partir disso o

 

 

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estudante constrói dentro do seu âmago uma estratégia prazerosa de estudar, sem pressões, sem cobranças e sem rigorismo. Tal liberdade é preponderante para que o estudante consiga atingir suas metas. Finalmente a autonomia. O principal papel da educação é desenvolver pessoas autônomas, conscientes do seu papel social, críticas que sabem o que quer e traduz em ações o saber adquirido. Portanto, essa autonomia é algo muito importante para fazer uma educação democrática, acessível e compartilhada.

O que é o tempo?

   Uma pergunta capciosa. Segundo Ferreira (1988, p. 629) tempo é: “A sucessão dos anos, dos dias, das horas, etc que envolve, para o homem, a noção de presente, passado e futuro. Momento ou ocasião apropriada (ou disponível) para que uma coisa se realize. Época. As condições meteorológicas. Estação, quadra”.

   Pretende com isso buscar um conceito básico e claro sobre a categoria criada pelo ser humano no processo de mensurar o movimento dos seres, das estrelas, dos satélites, dos planetas e porque não dizer, do universo. Tempo é algo muito bonito, mas que precisa lidar com ele de forma livre e consciente.

   O conceito temporizar, segundo Ferreira (1988, p. 629) é “Adiar, retardar, demorar; transigir; haver-se com delongas; esperar outra ocasião”. Pode-se ver neste conceito uma maneira de agir e viver de forma atrasada ou indisciplinada. Temporizar é agir de forma negativa o tempo.

   Segundo Chauí (2000, p. 3), há um otimismo com relação ao tempo futuro que é algo até problemático, mas que é importante para este diálogo:

O século XIX é, na Filosofia, o grande século da descoberta da História ou da historicidade do homem, da sociedade, das ciências e das artes. É particularmente com o filósofo alemão Hegel que afirma que a História é o modo de ser da razão e da verdade, o modo de ser dos seres humanos e que, portanto, somos seres históricos.
No século passado, essa concepção levou à ideia de progresso, isto é, de que os seres humanos, as sociedades, as ciências, as artes e as técnicas melhoram com o passar do tempo, acumulam conhecimento e práticas, aperfeiçoando-se cada vez mais, de modo que o presente é melhor e superior, se comparado ao passado, e o futuro será melhor e superior, se comparado ao presente. Essa visão otimista também foi desenvolvida na França pelo filósofo Augusto Comte, que atribuía o progresso ao desenvolvimento das ciências positivas. Essas ciências permitiriam aos seres humanos “saber para prever, prever para prover”, de modo que o desenvolvimento social se faria por aumento do conhecimento científico e do controle científico da sociedade. É de Comte a ideia de “Ordem e Progresso”, que viria a fazer parte da bandeira do Brasil republicano. No entanto, no século XX, a mesma afirmação da historicidade dos seres humanos, da

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razão e da sociedade levou à ideia de que a História é descontínua e não progressiva, cada sociedade tendo sua História própria em vez de ser apenas uma etapa numa História universal das civilizações. A ideia de progresso passa a ser criticada porque serve como desculpa para legitimar colonialismos e imperialismos (os mais “adiantados” teriam o direito de dominar os mais “atrasados”). Passa a ser criticada também a ideia de progresso das ciências e das técnicas, mostrando-se que, em cada época histórica e para cada sociedade, os conhecimentos e as práticas possuem sentido e valor próprios, e que tal sentido e tal valor desaparecem numa época seguinte ou são diferentes numa outra sociedade, não havendo, portanto, transformação contínua, acumulativa e progressiva. O passado foi o passado, o presente é o presente e o futuro será o futuro.

  A ideologia que está por trás é desmerecer os fatos históricos vividos pelas pessoas do passado. Percebe-se que quando se atualiza no hoje o tempo, julga-se ser sempre superior aos antigos. E a nossa interlocutora diz que não: tudo é relativo e subjetivo a cada ser, pois o passado, o presente e o futuro são categorias a serem analisadas de forma cuidadosa. Portanto, não se pode dar uma absoluta verdade a esse julgamento de melhor ou pior. Tudo depende da maneira como se olha, se sente, se vive cada tempo. Por isso a ideia de progresso é preciso ser analisada cuidadosamente para não excluir o seu sentido e o seu valor intrínsecos.

Na evolução cultural do homem, o tempo não é uma categoria palpável, nem positivista. Não se pode provar a sua existência através de uma máquina ou no laboratório. É algo criado pela razão humana, que é capaz de frear a velocidade do pensamento. Não se pode demonstrar matematicamente como o tempo se processa no espaço físico. Nos limites do conhecimento humano percebe-se que o tempo não é um objeto a ser conhecido, mas uma estrutura mental profunda e capaz de convencer o ser humano de que o movimento dos seres no universo faz parte de um processo que não é empírico, mas racional.

  Existem estruturas na mente que só se pode sentir e conhecer através da sensibilidade.

  Cotrim (2010, p. 247, apud Kant) afirma:

Kant buscou saber como é o sujeito a priori, isto é, o sujeito antes de qualquer experiência. Concluiu que existem no ser humano certas estruturas que possibilitam a experiência (as formas a priori da sensibilidade) e determinam o entendimento (as formas a priori do entendimento). (...) As formas a priori da sensibilidade são o tempo e o espaço. Kant dirá que percebemos e representamos a realidade sempre no tempo e no espaço. Essas noções são “intuições puras”, existem como estruturas básicas na nossa sensibilidade e são elas que permitem a experiência sensorial.

  Essa faculdade de conhecer é puramente sensorial, não é provável com argumentos objetivos. A ciência positiva não possui o rigor de buscar uma resposta objetiva nesse sentido.

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