A Geopolítica do Genocídio

Por Leôncio de Aguiar Vasconcellos Filho | 28/06/2025 | Política

A recente guerra entre Israel e o Irã, com a entrada dos EUA nos seus últimos dias (definidores da “vitória” por meio de covardes ataques de Donald Trump aos persas) define bem o jogo de interesses no Oriente Médio, fundamentado numa geopolítica que remonta ao final da Segunda Guerra Mundial. Naquele período, os EUA estabeleceram bases militares nos países derrotados e então líderes do antigo Eixo: Alemanha, Itália e Japão, além de muitos outros Europa e mundo afora, foram forçados a abrigar bases militares dos EUA. O objetivo sempre foi sufocar quaisquer tentativas de insurgências internas nos territórios outrora adversários, bem como nos de potências até hoje aliadas.

No Oriente Médio não é diferente, eis que engana-se quem pensa que todos os países árabes são inimigos de Israel. O Egito já com os israelitas firmou a paz por meio dos Acordos de Camp David, em 1979, ao passo que a Jordânia, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, o Catar e outros são meramente não simpatizantes, não deixando de comercializar com o Estado Judeu. O Catar, a exemplo de outros da região, também abriga uma estrategicamente bem posicionada base militar dos EUA, pronta, como as demais, para não só esmagar rebeliões contestadoras, como dar respostas a potenciais altas dos preços do petróleo, no passado consubstanciadas com as Crises do Canal de Suez e do Golfo, e, nos mais recentes dias, por meio da ameaça, feita pelo Parlamento Iraniano e em resposta às agressões de Israel, de fechar o Estreito de Ormuz. Se isso ocorresse, o preço do óleo remanescente dispararia e a economia dos EUA, dependentes do maior recurso natural da região, mergulharia numa séria depressão. Reparem que os EUA só recrudesceram o uso da força, sob o pretexto de aniquilação do programa nuclear, após a resposta parlamentar persa.

Isso denota que, se os EUA realmente desejassem regimes democráticos aos países árabes e ao Irã, como bem alegam, já haveriam derrubado os sistemas antagônicos (convenientemente reduzidos em relação aos supracitados Emirados Árabes Unidos e Catar, bem como à Arábia Saudita e ao Egito, ditaduras rivais do Irã e genuinamente muito piores, eis que, desta forma, os patrulhamentos das bases militares sobre ditos “inimigos”, a fim de não permitir rebeliões regionais com consequentes aumentos dos preços do petróleo, são muitos menos custosos e bastantes mais implacáveis). Por isso sempre sustentam, midiaticamente, a narrativa de que países da região com políticas econômicas nacionalistas são, necessariamente, adversários. Do contrário, por que até hoje não derrubaram a teocracia iraniana, instalada com a Revolução Islâmica de 1979? Vejam que, posteriormente aos ataques “exitosos” dos EUA, Israel desviou seu foco e cessou suas agressões diretas ao Irã, passando a bombardear, de novo, a Faixa de Gaza, geograficamente situada na direção oposta.

É a geopolítica do genocídio.