FORMAÇÃO CONTINUADA: ENQUANTO ESPAÇO FORMATIVO NA RESSIGNIFICAÇÃO DA PRÁTICA

                                                                                                                                                               

Josiane de Lana Claudino Nascimento – [email protected] 

Maria do Carmo F. dos S. Silva[email protected] 

 Jusenir Batista Montalvão[email protected] 

Carla Andressa Santos Muniz[email protected] 

 

O presente artigo traz uma abordagem sobre a importância da formação continuada nos espaços das instituições de ensino, com objetivo de incitar a reflexão acerca desses momentos formativos e na ressignificação da pratica pedagógica.  

 É imprescindível para o docente conciliar teoria com a prática, sendo que este deve assumir a responsabilidade de estar constantemente participando das formações continuadas, possibilitando dar um novo sentido as suas ações frente aos temas abordados nos momentos de estudo a fim de orientar e refletir sobre sua prática docente. Considerando que a práxis do professor contribui efetivamente para o desenvolvimento integral dos bebes e crianças bem pequenas primando pelo respeito às minucias das infâncias tendo como  eixos norteadores o educar e o cuidar.

Em nosso país a Educação Infantil vem ganhando valorização no âmbito escolar e isso favorece para que haja conscientização sobre a importância das experiências com crianças nessa modalidade. Nunes (2000, p. 9) afirma que a formação continuada é um processo de construção constante do conhecimento e desenvolvimento profissional.

 A formação continuada deve ser entendida como parte do desenvolvimento profissional que acontece ao longo da atuação docente, possibilitando um novo sentido à prática pedagógica, contextualizando e ressignificando a atuação da docência. Dessa forma, sua formação e como se constitui durante sua carreira são elementos fundamentais para que se compreendam as práticas pedagógicas dentro das instituições de Educação Infantil. Tornar-se docente é um processo de longa duração, de novas aprendizagens e sem um fim determinado (NÓVOA, 1999).

Por meio da formação pretende-se que os sujeitos se apoderem dos princípios que subsidiem permanentemente a relação teoria e prática, para tanto, a condução dos processos formativos na unidade de ensino toma como eixo as práticas vivenciadas no contexto educativo e a produção permanente de conhecimentos sobre estas, bem como a recondução e ressignificação numa perspectiva crítica de educação, partindo das necessidades vivenciadas na instituição.

Acreditamos que a ação pedagógica na Educação Infantil só se constituirá em um trabalho de qualidade na medida em que a Unidade, por meio da Formação Continuada de seus profissionais entenda que a criança é um sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivência, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura (DCNEI, 2010),  conforme a Politica Municipal de Educação Infantil Construindo Caminhos:

É preciso pensar a formação continuada para a etapa da Educação Infantil, a partir de suas próprias demandas, definindo prioridades, focos de ação, modalidades de formação e interesses gerais. Não se trata de escolhas aleatórias, antes essas escolhas devem ser éticas: sustentadas a partir de demandas reais, que revelam compromisso e seriedade com o trabalho junto a crianças, bebês e famílias; criticidade sobre a condição profissional na Educação Infantil; atualização de conhecimentos científicos, tecnológicos, metodológicos, normativos e legais, próprios do cuidar-educar na creche e na pré-escola; meios de garantir a cidadania da criança/bebê e a propagação da defesa dos direitos da criança (RONDONÓPOLIS, 2016, p. 167-168).

 

Partindo desse pressuposto, um dos principais objetivos do processo da formação continuada é de entrelaçar a teoria e a prática sobre a realidade, de maneira a obter a melhoria na qualidade do processo pedagógico. Nota-se assim que esse espaço de formação é de fundamental importância para a práxis pedagógica, pois de acordo com Freire (1996), somos seres inconclusos e por isso necessitamos nos formar sempre. Ainda de acordo com esse autor:

[...] Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino, continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade. (FREIRE, 1996, p. 32)

 

Nessa perspectiva no Município de Rondonópolis a HTPC (Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo) foi instituída a partir de 2004, com encontros semanais de duas horas consecutivas dentro da sua carga horaria laboral ressaltando que a legislação Municipal assegurou aos docentes esse espaço para ser dedicado ao trabalho pedagógico coletivo entre professores e Equipe Gestora nas instituições de ensino, com a finalidade de fortalecer a unidade, o desenvolvimento profissional docente e a qualidade das vivências no processo ensino/aprendizagem proporcionadas às crianças.

Dessa forma, pretende-se que as HTPCs sejam espaços democráticos de estudo, reflexões sobre as práticas, troca de experiências e de aprendizagens. Acredita-se que isso só será possível desde que todos estejam motivados, daí a importância do papel do coordenador pedagógico que traz pra esses momentos de formação as necessidades elencadas pelo grupo e que este se mobilize em relação ao desenvolvimento da leitura crítica e implantação das ações propostas nesses encontros.

Compete ao coordenador pedagógico ser articulador, oferecer condições para que os professores trabalhem coletivamente às propostas curriculares, em função de sua realidade e particularidade da sua turma; ser formador, oferecer condições ao professor para que se aprofunde em sua área específica e trabalhe bem com ela; ser transformador, tendo o compromisso com o questionamento, ou seja, ajudar o professor a ser reflexivo e crítico em sua prática.

Nesta mesma direção, Garrido, em relação ao papel do coordenador pedagógico, afirma que:

O coordenador pedagógico é um agente fundamental no processo de formação continuada, a qual favorece a tomada de consciência dos professores, incentiva e estimula a superação de problemas, propicia condições para o desenvolvimento dos profissionais, tornando-os autores de suas próprias práticas (2000, p. 65)

 

Dessa forma, cabe ao coordenador envolver os docentes com estudos pertinentes a Educação Infantil, relacionando a teoria/prática, tendo como foco a criança enquanto protagonista, bem como estudo sobre a legislação e demais normas legais vigentes.

 Nesse sentido, a formação continuada deve ser entendida como parte do desenvolvimento profissional que acontece ao longo da atuação docente, possibilitando um novo sentido à prática pedagógica, contextualizando novas circunstâncias e ressignificando a atuação do professor.

Portanto percebesse que a teoria e prática são indissociáveis para o fazer pedagógico e que os momentos de formação continuada individual e coletiva dentro dos espaços educacionais são imprescindíveis num movimento que compreende o compartilhamento de experiências entre pares e a autonomia de cada professor acerca da responsabilidade do seu próprio desenvolvimento profissional. Isto implica em oportunizar espaços de discussão para que a formação aconteça em um processo contínuo e integrado ao cotidiano, configurada não somente como necessidade, mas como direito e premissa para a oferta de uma Educação de qualidade.

Em síntese a formação continuada é uma oportunidade de compreender e ressignificar a práxis pedagógica nessa importante etapa da educação básica a fim de atender as necessidades e especificidades de bebês e crianças bem pequenas, contribuindo de modo eficaz no desenvolvimento integral em seus aspectos físicos, cognitivos e motor.

 

Referências  

BRASIL. Ministério da Educação. Secretária de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil / Secretária de Educação Básica. Brásilia: MEC, SEB, 2010 

GARRIDO, E. Espaço de formação continuada para o professor-coordenador. In: BRUNO, E. B. G.; ALMEIDA, L. R. & CHRISTOV, L. H. S. (orgs.). O coordenador pedagógico e a formação docente. 8. ed. –São Paulo: Loyola, 2000.

NUNES, Cely do S. C. Os sentidos da formação contínua. O mundo do trabalho e a formação de professores no Brasil. Campinas, SP: Unicamp, 2000. 

NOVOA, A. Profissão professor. Portugal: Porto, 1999. 

RONDONÓPOLIS. Secretaria Municipal de Educação. Política Municipal de Educação Infantil: Construindo Caminhos, 2016. 

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários a Prática Educativa. São Paulo. Ed. Paz e Terra. 1996.