Joacir Soares d'Abadia

Oi! Pensai bem! O texto diz que "a cada folha que cai existe uma folha a mais no chão". Ops! Não é verdade que cada vez que uma folha cai existe uma folha a mais no chão, porque o texto só anunciou que ela caiu, porém, não falou onde? A folha pode ter caído em uma outra folha ou sobre outras mais...

A evolução de o seu cair faz com que a folha seja ela mesma uma folha que cai. Por isso qualquer juízo se possa emitir sobre o seu desenvolvimento até uma outra coisa. Apesar disso, não se pode interpretar uma realidade de forma unitária sem ter em conta uma atualização dos fatos sucessivos.

O que está na camada válida da interpretação é que o que se tem na atualidade. Ou seja, se deve perguntar a respeito do cair da folha. Assim, não fica dogmatizado o como se caiu a folha. Tem o quê? A responsabilidade do texto não cabe deixar de não duvidar dele. Quando a dúvida é feita o texto se mostra no seu contexto para possibilitar a interpretação. Todavia, o que se tem não é o modo de cair da folha, mais "a cada folha que cai". Aqui o limite se apresenta!

A análise que se precisa fazer é uma análise literária. Ele, o texto, teve uma história e por trás dele existe pessoas que a seu respeito fizeram várias interpretações (perguntas a propósito do texto).

Então, a cada folha que cai existe uma folha a mais que se cai. Agora o texto dá um passo para dar às claras do próprio texto: ele informa: "que cai". É uma sucessão unitária de fatos. Sucessão, quando é "a cada folha que cai" e é unitário pelo fato de ser "cada".

Flutuam as palavras com significados adequados: "folha" e "chão". Não obstante, conhecendo o texto se têm estas variantes: "cai" e "existe". Ah! Elas devem ter o seu texto como invariáveis. É imprescindível ter coesão interna para se abranger à conclusão correta do texto.

O texto, de forma literal, não teve coesão, já que seu arremate não levou em conta a coerência interna. Ele tem começo, meio e o fim, portanto.

Ele começa: "a cada folha que cai". Nele se encontra expressão que remete definição: "folha" e surge do mesmo modo variante: "cai". Isso, só na introdução? Não. O desenvolvimento (do texto apresenta tanto significado "folha" quanto variante "existe"): "existe uma folha". Encontra-se, agora, o texto em seu fim – a conclusão – : "a mais no chão". No acabamento está uma palavra com significado: "chão". Apesar disso, não se vê nenhuma variante que aparece na introdução: "cai" e no alargamento: "existe". A falta de coesão da conclusão é apresentar uma síntese que não se tem temas do início e nem do desenvolvimento. Ela da uma perspectiva válida que é apresentar outra possibilidade de reflexão: "o chão". Porém, não diz nada a respeito do tema em pauta: "folha" (seu modo de se esvair do seu próprio existir).

Destarte, a conclusão, em síntese, não carrega em si a responsabilidade em ser ponto fulcral do escrito, assim, ela torna-se inválida. Isso porque, a cada folha que cai existe uma folha a mais que cai. Pensai bem! Todo escrito diz por si mesmo o que aspira dizer, o que muda é somente a interpretação que se faz dele.