A festa da firma

Por Daniela Souza | 06/10/2011 | Crônicas

A FESTA DA FIRMA

Roteiro de um desastre.....

 Texto: Daniela Souza

 

 

Era fim de ano com todas aquelas festas intermináveis.

Tem a festa da galera (só para a galera) tem a festa do departamento (só para o departamento) tem a festa da diretoria (só para a diretoria) e tem a festa da FIRMA.

 Eu sempre acho que: Se você tiver que escolher entre todas, a melhor é a festa da Firma, ela cumpre o papel de forma geral e é nessa festa que acontecem as mais improváveis barbaridades, as secretárias dançam “conga la conga” e coisas do gênero, senhores distintos e respeitáveis depois de alguns copos, abraçam e agarram  moças distraídas  na festa causando constrangimento, risadas de quem observa a situação de longe e assunto por anos intermináveis. Até garrafada na bunda (pasmem) você pode levar na hora de ir embora  e ainda ouvir em auto e bom tom um GOSTOSA!!!

Algumas pessoas esquecem que as festas coorporativas são a extensão do trabalho, e falam mais do que devem, falam para quem quiser ouvir sobre como são bons e eficientes, relatam quantas propostas de empregos receberam durante o ano e reclamam o quanto ganham pouco pelo que valem.

 Esse é o cenário típico e físico de uma festa de fim de ano da firma, ou uma parte dela, porque a festa mesmo começa bem antes, desde a primeira hora do dia até minutos antes no banheiro com a mulherada retocando a maquiagem.

 Mas não acaba aí, tem o cenário meteorológico (previsível) de um dia típico desses de final de ano.

 Pra quem mora abaixo da linha do equador em país tropical, nessa época, chuva torrencial é só um mero detalhe, ok?

 Mas, desde que você  não esteja em baixo dela em um campo completamente aberto com uma ventania de100 km/h. Isso é uma regra importante!

Deixando esse cenário ainda mais interessante você pode ter na bolsa um “guarda chuvinha” vagabundo comprado em barraquinha de camelõ.

E um trajeto simples como da empresa até o local onde o carro está estacionado, pode virar algo parecido como o caminho de Santiago de Compostela no quesito sacrifício.

 Ainda dá para piorar  se você não estiver sozinho e se a pessoa que te acompanha em um escândalo cinematográfico estiver  gritando SOCORRO !! SOCORRO!! Pendurado no seu pescoço!

 Esse agravante que grita socorro se chama Jeff

 Jeff junto comigo tentava chegar na festa, ao mesmo tempo que gritava pendurado no meu pescoço, eu nessa hora já segurando o guarda chuvinha de frente (porque aquilo não era um chuva, e sim um campo de batalha) ria impotentemente ao ponto de sair lagrimas do olhos que a chuva lavava no segundo seguinte. Não sei bem se o ataque de riso vinha do nervoso ou em resposta a  própria situação que era insustentável.

Nem a cena logo adiante de uma moça que não sabia se segurava o guarda chuva ou o vestido que o vento insistentemente tentava arrancar servia de consolo para a situação

Eu que nessa hora já estava molhada da cabeça aos pés, (isso inclui o cabelo) com a maquiagem toda derretida e com  aquele cheiro de cachorro molhado que só quem passa por essa situação conhece. Ouvi:

-Nossa, sua cara parece um “leite derretido” esta horrível, mais não tem problema porque seus olhos continuam lindos e intactos sem nenhum borradinho!

 Já tinha me conformado com  a minha dignidade escorrendo com a lavagem da chuva, mais “feia” foi demais...

 Mesmo sem entender qual era a compensação de estar horrível com a cara derretida pela   maquiagem mas com os olhos intactos, mais uma vez fui tomada por um ataque de riso, mas dessa vez eu sabia, era de nervoso. O jeito foi esperar, sentamos no chão, que a essa hora estava mais que limpo, só restava isso diante daquela situação, esperar aquela força avassaladora da natureza passar.

 Enfim a chuva passou, era chuva de verão

 Jeff mais tarde, foi perdoado pelo comentário mais devastador que a chuva, quando já no carro comigo, insistentemente indo para a festa da FIRMA, tirou da sua “Super Bolsa da Transformação” muitas e muitas maquiagens. E dessa vez com uma presença de espírito enorme disse:

-Vai, vai!   

-Arruma essa cara, não precisa de muito, nem fazendo força você fica feia!!

 E assim com a mesma espontaneidade de antes, mas agora em um elogio, a questão estava resolvida!!