A FESTA DA DIVERSIDADE

Jane Ferreira Senra e Silva

Lucinaira Maria Cristo

As manifestações culturais apresentadas na festa de santa cruz de barra do bugres tiveram várias mudanças, podemos perceber algumas delas refletidas no Cururu, no Siriri e no São Gonçalo, Nas observações feitas no tempo em que antecedem a realização da festa, ao longo dela e posteriormente a esta, se percebeu que na memória dos mestres cururueiros havia sempre o “mesmo” relato. O Cururu e o Siriri, sempre estiveram presentes em suas vidas, não lembram como e quando aprenderam, pois a convivência com a tradição era algo continuo e próprio daquele povo. Segundo esses mestres, aprender a tocar viola de cocho e cantar Cururu é como aprender a falar.

Ou seja, vai se agregando novas palavras a partir das relações sociais, assim acontece com o Cururu, vai se dedilhando o instrumento, fazendo toadas e sem saber quando nem como surgiam os cururueiros que animavam as festas de santos. Hoje esse aprendizado não se dá de forma tão espontânea. Com tantas novas informações é difícil para um jovem interessar-se pelo Cururu, as crianças muitas vezes usam a viola de cocho como um brinquedo, tempos depois na adolescência, os interesses se multiplicam e a viola acaba sendo abandonada como coisa de criança.

O Siriri, dança alegre que acontecia nos enormes quintais repletos de mangueiras, cajueiros e outras árvores, costumava envolver crianças, homens e mulheres. Os hábitos alimentares que têm o peixe, licor de pequi, farofa de banana, Maria Isabel[1], carne com banana verde, como base da alimentação são os mesmos até hoje. O Cururu reza cantada em louvação a Deus realizado nas festividades religiosas praticadas somente por homens, também é uma característica peculiar de muitos moradores de Barra do Bugres.

Sendo que essas particularidades da identidade cultural também se expressam no artesanato com o tecer de redes, confecção de utensílios de cerâmica e madeira talhada que lembram hábitos indígenas, porém não dizem respeito apenas à comunidade de Barra do Bugres, mas a toda população nativa de Mato Grosso. Essas características transcenderam o tempo, se mantendo nos municípios ribeirinhos banhados pelos rios Cuiabá, Paraguai e seus afluentes, tornando-se hábitos tradicionais matogrossenses, e naturalmente da população da Barra do Bugres.



[1]Carne seca com arroz.