A Feirinha de quarta.

Estava quente e abafado, o céu empalidecera, ameaçava uma tempestade. Mais uma vez havia muita gente no mercado, especialmente na feirinha. João lançou-lhe apenas um olhar rápido, depois baixou os olhos e leu o cartaz do preço.
- Deus me ajude! ? disse, e começou a sair.
Uma linda moça de cabelos castanhos e mãos grandes, que passava o cartão, foi até ele e indagou amavelmente sobre o que poderia lhe servir.
- Obrigado ? disse João em voz baixa, olhou-a gravemente nos olhos, mostrando a grande ruga na testa. ? Não é com você que quero falar, mas com o gerente da loja, Sr. Patinhas.
Ele ficou parado no meio da loja, vendo-a afastar-se, hesitada voltou a sua ocupação.
Tudo estava em promoção na feirinha: abacaxi, pepino, laranja, banana, verduras; empilhamentos em dezenas, tudo nutritivo e de bom gosto. João olhou devagar para todos os lados, depois deu uma ajustada firma nas partes, como a um galo a encher o peito, endireitou as pregas da calça e suspirou firme.
Havia muitas pessoas na loja. Gente de todo tipo, agitadas, correndo para não perderem a promoção do dia, como se o mesmo fosse acabar naquele instante, sacoleiras, carrinhos trombando um com outro, sextas por cima das frutas, uma bagunça, mas todos ali com o mesmo objetivo. Um jovem com aspecto subnutrido de quem só se alimenta de vegetais, "cara de alface", atendia na balança, pesava tudo: laranja, tomate, abacaxi e vivia em meios a pepino. Diante do "cara de alface", um cavalheiro sarcástico, havia empurrado suas batatas, como se as mesmas estivessem quentes, de forma agressiva, empunha em seus gestos, certa autoridade, talvez querendo intimidar. Mas o Jovem subnutrido estava ali para por ordem, se não, o "furdunço" estava realmente armado. ? Vamos respeitar a fila e o trabalho do assalariado, minha gente!
João de longe observava calado, seus olhos corriam a loja em busca do Sr. Dos Anéis, alias, Sr. Patinhas. Minutos se passaram e naquela aglomeração de gente, carinhos e sextas, lá estava o majestoso, todo maravilhado com a cena pensava: "muito dinheiro iria entrar". João se aproximou e foi logo falando: - Desde quando vendem-se alface recheado de lagarta?
Sr. Dos Anéis um tanto surpreso com a pergunta, sem hesitar, respondeu rápido. ? Levasses alface com lagarta? Então tu me deves dinheiro! Pagou apenas pelo alface, o que foi de recheio não foi cobrado. João não acreditava no absurdo, perplexo, ouvi sem questionar, pois era inacreditável. Sentiu que não adiantava discutir com aquele cara de "onça", era melhor recuar, procuraria um novo diálogo em outro momento. Saiu pela tangente, pegou o abacaxi e seu pepino, pesou, colocou-os embaixo do braço e foi embora. Concluiu que, o rio sempre correrá de encontro ao oceano.