A FÉ


Tem um episodio sobre a fé que fala de um homem, ateu. Este indagado sobre sua postura religiosa respondeu convicto e rapidamente;
_Eu sou ateu, graças a Deus!
Desde os primórdios da humanidade sabe-se que as pessoas já desenvolveram a fé. Quando um raio partia uma arvore ao meio e o que restava era só cinzas os homens olhavam assustados o resultado do poder da natureza e com temor reverenciavam um poder maior,invisível muitas vezes, mas que quando manifesto, seus propósitos eram aterradores.Logo começaram a evidenciá-los em forma de totens, com figuras de animais geralmente predadores e ferozes que conheciam bem, a partir daí fizeram bustos e ídolos que acreditavam serem os seres mágicos que manipulavam a natureza e consequentemente também conduziam suas vidas.
Diante da pequenez do ser humano, alem de sua compleição física não das maiores e de sua forma toda desprovida de ferramentas naturais para enfrentar cruamente a natureza, diferente de seus concorrentes predadores ou não, ao homem prevalece a melhor das ferramentas, o seu cérebro, maior e privilegiado com a razão, o raciocínio.
Mas contra os violentos humores da mãe natureza resta ao homem construir abrigos resistentes e ainda assim, no seu âmago a idéia de um ser superior que ele deve reverenciar, já que quando morrem para onde vão os pensamentos? Para onde vão os sentimentos?
Surge o medo, pois para tudo o que vê e ao que precisa vencer, o homem constrói ferramentas, ele pensa e faz.
Mas como vencer algo que não se vê?O que existe do lado de lá?
Pois a vida existe onde existe este corpo e esta mente, onde ele interage e se sente vivo. Mas quando esta com aquele semelhante gélido, estático ali parado na sua frente e nada pode fazer fica complicado para sua mente raciocinar, para sua mente ter razão e pensar.
Não tem como perguntar para aquele ser parado ali na sua frente como esta sendo aquela experiência, como ele esta se sentindo?
Ele não responde e logo ira virar pó como muitos outros anteriores a ele.
Como na hora em que dorme o homem também fica estático e tem sonhos, ele vê ali certa semelhança e como nos sonhos visitamos lugares mágicos e vemos coisas que nunca vimos antes logo se associa àquela situação do morto a situação dos sonhos.
Mas também ele se lembra que existem os pesadelos, e estes são terríveis, toda sorte de desgraças acontecem naquele espaço de sonolência e as lembranças que ficam são aterradoras.
Cabe então rezar para aquelas forças mágicas e terríveis que viram o mundo ao avesso e esperar na fé que esta força superior a sua lhe dê guarida.
Reverenciar aquele poder tremendo, pois com certeza ele terá o poder de guiá-lo e protege-lo dos flagelos desde que este homem mostre-se submisso a este poder.
Notadamente a fé tem uma particularidade enorme com a emoção, pois é onde a razão não consegue adquirir sustentação e estabelecer resultados metódicos e explicáveis que surge o fenômeno da fé.
Onde os homens perdem o poder de vasculhar e exemplificar com razão as circunstancia que desdobram determinado fenômeno lês atribuem a fé, desde os primórdios tem sido assim.
Paralelamente a tecnologia tem crescido e muito mais cresceu no século XX e com um salto maior no inicio do século XXI.
Consequentemente a razão tem conquistado maior espaço e a fé que sempre esteve em lado contestador á da razão luta por seu espaço e mantem-se também absoluta em seu espaço. Pois ainda não conseguiu formar uma opinião radicada na razão sobre a pós-morte.
Tem acesso as informações com muito mais facilidade que a cinqüenta anos atrás,mas também existe ai uma situação análoga,pois com a mesma facilidade que tem se acesso as informações referentes a ciências,também tem-se acesso as novas abordagens religiosas que habitam nosso cotidiano.
Novas do tipo que uma abordagem comumente usada como a vida após a morte deixou de ser tão impactante, visto que com a explosão demografia, o surgimento dos grandes centros, a morte começou a ter uma conotação menos espiritual e mais física.
Preza-se hoje em dia o conforto na vida aqui, neste plano e o pós morte traz ainda inquietações, mas que a maioria das pessoas preferem protelar para a hora que ela chegar.
Neste ponto, numa sociedade que vive de disputas e conquistas, vale-se mais a luta pelo quinhão material,desde que isto foi encontrado nas escrituras e coube como uma luva numa sociedade capitalista e democrática.A fé continua,mas já com uma conotação de prosperidade,pois os poderes grandiosos podem também agora suster-nos nestas necessidades.
Na razão conquistaram-se a vacina contra a varíola, a catapora, o sarampo, troca-se rins, corações, pulmões, etc...
Não acharam nada para combater a morte e ter uma vida eterna, mas acharam-se paliativos para uma prolongação desta vida. Os deuses foram generosos e agora podemos nos preocupar com outras coisas.