A chamada teologia da prosperidade, doutrina em voga nos nossos dias e fortemente difundida pelo movimento neo-pentecostal, advoga a tese segundo a qual, todos o crentes evidenciam publicamente sua verdadeira fé e novo nascimento em Jesus ao determinarem para si mesmos uma vida prospera e sem problema físico algum;enquanto os que não praticam a tal confissão positiva são oprimidos pelo diabo ou crentes de pouca fé. O grande problema da teologia da prosperidade não é apregoar que Deus cura todas as doenças, pois também isto, os cristãos verdadeiros fazem, nem apregoar que Deus abençoa materialmente seus filhos fiéis, mas fazer destas coisas o cerne e o núcleo principal da doutrina cristã. O que a teologia da prosperidade faz em contrario à escritura é negligenciar a essência em prol do acessório.
Para entendemos melhor convém definirmos o que vem a ser a o conceito de essência. A essência é aquele elemento de alguma coisa, o qual se for retirado, tal coisa perde sua identidade; a essência é aquilo sem o que a coisa não é ela mesma, mas outra. Por exemplo, qual é a essência do gênero humano? Ou melhor, o que faz o Homem ser Homem? Por ventura é o braço, ou cabelo ou os olhos? Se os olhos fossem retirados, o Homem continuaria ser Homem ou não? É obvio que sim, de outra forma os cegos não seriam seres humanos, portanto, os membros citados não podem corresponder à definição de essência. Então, o que faz o homem ser homem, distinguindo-o de todas as outras espécies, isto é, qual sua essência? É certamente a sua parte espiritual, composta de vontade e racionalidade. E quanto à religião cristã, qual é sua essência? Qual é o elemento sem o qual não é possível existir o cristianismo? Certamente que é a revelação de Deus aos homens através de Jesus Cristo, mediante o qual é possível religar-se com Deus pelo perdão dos pecados, e receber a vida eterna; se a definição em apreço for retirada não é possível existir cristianismo. O que a chamada teologia da prosperidade faz é justamente jogar fora a essência do cristianismo, sua identidade, e supervalorizar o acessório, ou aquilo que é menos importante, ou até irrelevante, a saber, a conquista de bens materiais, saúde, e sucesso; seria o mesmo que definir o ser humano como animal que possui cabelos, dentes e unhas, ou coisa que o valha.
Na verdade, a verdadeira teologia bíblica protestante é que deveria ter o nome de teologia da prosperidade, pois, a verdadeira teologia é que ensina a verdadeira prosperidade, de forma alguma se constituindo uma teologia da penúria, só porque refuta a teologia da prosperidade como doutrina herética, a qual se consagrou com este nome.
No evangelho segundo escreveu João, no capítulo 6, Jesus Cristo censura veementemente os adeptos da teologia da prosperidade dos seus dias no momento que alguns dos tais procuraram o Senhor, não por causa dos sinais miraculosos que Jesus fazia, os quais eram provas de sua missão divina, mas por que Cristo havia multiplicado os pães e eles haviam enchido a barriga. Disse o Senhor:

" Em verdade, em verdade vos digo que me buscais, não pelos sinais miraculosos que vistes, mas porque comestes do pão e vos fartastes."

Em seguida o Senhor oferece a verdadeira prosperidade e o verdadeiro pão que constitui a essência do evangelho, e os exorta a buscar esta prosperidade e este pão que nunca perecem:

"Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o filho do homem vos dará, porque Deus, o pai, o marcou com o seu selo."

O que o Senhor estava dizendo para os "Edir Macedos" da vida é que eles deveriam trabalhar, isto é , orar, jejuar, desejar, se esforçar, empregar grande energia, para adquirir os bens espirituais dos quais a vida eterna é o maior deles. Para o Senhor Jesus e para a verdadeira teologia, carros, casas, sucesso financeiro etc., são bens perecíveis e, portanto inferiores, os quais jamais podem ser escolhidos em detrimentos dos bens eternos.
A grande falácia dos proponentes da agora evidenciada falsa teologia da prosperidade, é justamente inverter os valores que Deus estabeleceu pela sua sabedoria e justiça, da mesma forma como Lúcifer fez ao tentar seduzir o Senhor a transformar a pedra em pão. Para o Senhor as coisas eternas são mais relevantes que as perecíveis, e inverter esta ordem é se rebelar contra o criador. O que verdadeira teologia da prosperidade advoga, a qual não tem nada a ver com a de Kenneth Hagin, tampouco com a de Edir Macedo na sua forma mais decadente ainda, é que as coisas eternas e espirituais devem ser prioridade na vida cristã sendo o restante secundário. Infelizmente o que se evidencia nestas casas de negócios pseudo-evangelicas, nunca é a salvação, a necessidade de santidade, a volta de Jesus, o amor e ajuda aos pobres, que são a essência da fé cristã, pelo contrário, a Tônica é sempre aquela mesma ladainha: "você tem de sacrificar (dinheiro) para conquistar (dinheiro)!Deus te deu o melhor, portanto dê o seu melhor(dinheiro) para Deus!" Enquanto isto o povo está perecendo do verdadeiro pão espiritual que é a palavra escrita (bíblia) e encarnada de Deus (Jesus).