A EXPERIÊNCIA DA FORMAÇÃO EM SERVIÇO PARA OS PROFESSORES DO  NO MUNICÍPIO SOBRAL -CE

         

                                                                                                                                 Emanuel Alisson Damasceno

 

RESUMO

O presente estudo tem como objetivo verificar os impactos que o processo de formação em serviço tem provocado na atividade docente dos profissionais da rede pública de ensino. Trata-se de um estudo de caso de abordagem qualitativa que utilizou entrevista como método de coleta de dados. É realizada uma discussão acerca da formação docente ao longo da história, bem como, as implicações da formação docente na sociedade capitalista e os desafios atuais das ações de formação. Desta forma, é de grande importância a leitura de autores como Demo (2000), Libâneo (1999), Perrenoud (2000), Tardif (2010), entre outros. A experiência com os sujeitos da pesquisa foi fundamental, pois havia a necessidade de entender, através do olhar dos professores, como a formação pode contribuir para o desenvolvimento da educação como um todo. A análise dos resultados da pesquisa mostra que são muitas as contribuições do processo de formação docente que vão desde a melhoria do rendimento dos alunos, passando pela mudança nas relações entre os profissionais e pela promoção de conhecimentos essenciais à atividade docente e, sobretudo, na aquisição de mais autonomia. É preciso considerar a dimensão das ações de formação, pois é por meio dela que o professor pode posicionar-se sobre os problemas educacionais verificados no atual contexto da educação e sobre a realidade de sua própria formação.

 

Palavras-Chave: Formação Docente. Profissão Docente. Prática Pedagógica.

 

 

1 INTRODUÇÃO

O mundo tem passado por profundas mudanças que acontecem de forma muito acelerada. Neste contexto de intensas transformações é atribuída grande importância ao conhecimento e a informação. São importantes os debates sobre o assunto de como fica o professor neste novo cenário educacional e nessa nova relação estabelecida com os alunos.

Vários pensadores que discutem a temática educação têm voltado suas discussões para o processo de formação continuada de professores, haja vista, sua importância no atual contexto educacional e social.

Desta forma, é possível perceber que, assim como a sociedade muda constantemente, o papel do professor nesta sociedade também passa por mutações consideradas fundamentais. Hoje não há mais espaço para aquele professor, considerado o detentor e transmissor do conhecimento.

A escola, como instituição social responsável pela formação do indivíduo reconhece a importância da formação continuada com vista a melhorar as condições de ensino por meio da implantação de novas posturas e metodologias.

A formação continuada trás muitos benefícios aos professores entre os quais destacam-se: o intercâmbios com outros profissionais da educação, maiores e melhores alternativas de trabalho, a busca de inovação, o fomento à pesquisa como um processo de autonomia, entre outras contribuições.

Atualmente, a busca pela qualificação está cada vez mais presente na vida dos professores, pois os cursos de aprimoramento profissional e outros momentos de exposição de debates pertinentes ao processo de ensino-aprendizagem são considerados importantes para que o processo de qualificação ocorra de fato.

A importância de discutir esta temática consiste no fato de que a formação em serviço provoca no docente uma ação reflexiva acerca de sua prática, buscando melhorias nas atividades desenvolvidas no interior da escola. Para isto, exige-se nesta instituição, um professor preparado para trabalhar com conteúdos e informação diversas, com seus alunos e com os problemas presentes no dia-a-dia da escola.

O presente estudo tem como objetivo verificar os impactos que o processo de formação em serviço tem provocado na atividade docente dos profissionais da rede pública de ensino. É atribuída grande importância a realização da pesquisa, haja vista, os benefícios que a formação de professores tem trazido ao processo de ensino-aprendizagem.

A literatura consultada, constituída por autores como Demo (2000), Libâneo (1999), Perrenoud (2000), Tardif (2010), entre outros, foi de fundamental importância para o entendimento da temática, bem como, contribuiu para reflexão e formação de uma consciência crítica acerca da formação docente.

Participam da pesquisa 08 professores pertencentes à rede pública de ensino que passaram por um processo de formação.

A pesquisa está dividida em três capítulos. No primeiro será realizada uma discussão sobre o processo histórico da formação docente. Neste momento é abordada a história da formação do professor, como surgiu, quais as necessidades sentidas no passado que levaram os docentes a reivindicar qualificação profissional.

Será discutida ainda as implicações da formação docente na sociedade capitalista, bem como, os desafios atuais da implantação de tal processo em uma sociedade em constante transformação.

No segundo capítulo será apresentada a metodologia da pesquisa. Nesta etapa são apresentados os sujeitos em estudo e os instrumentos utilizados para a coleta de dados.

O terceiro e último capítulo tratará da análise dos dados coletados. Nesta etapa serão apresentadas as respostas dos docentes entrevistados acerca da formação em serviço. Este momento é considerado como fundamental, pois através do contato direto com os professores será possível verificar efetivamente os impactos da formação em serviço nas atividades exercidas na escola, nas relações entre os profissionais e no desenvolvimento de capacidade consideradas importantes no contexto da educação.

Portanto, a realização de um trabalho que contemple a formação docente faz os professores, a escola e toda a sociedade acreditar que é possível melhorar o processo de ensino-aprendizagem. Assim, implementação de ações de formação docente pode promover de forma efetiva uma educação de mais qualidade.

2 BREVE HISTÓRICO DA FORMAÇÃO DOCENTE

Grandes pensadores do século XVII já preconizavam a necessidade da formação docente, a exemplo de Comenius, considerado o pai da didática moderna. Segundo ele, para o conhecimento se difundir entre os seres humanos seria necessário à formação de pessoas para tornarem-se multiplicadores do que ele afirmava como sendo princípios e fundamentos que permitiam ao homem colocar-se no mundo como protagonista.

O Estado, por sua vez, passou a criar as escolas normais como espaço de afirmação profissional, onde emerge um espírito de corpo solidário como afirma Nóvoa (1997, p. 16):

As escolas normais legitimam um saber produzido no exterior da formação docente, que veicula uma concepção dos professores centrada na difusão e na transmissão de conhecimentos; mas também um lugar de reflexão sobre as práticas, o que permite vislumbrar uma perspectiva dos professores como profissionais produtores de saber e de saber-fazer.

  

As escolas normais começaram a desenvolver a prática de formação ignorando o desenvolvimento pessoal na tentativa de alienar os professores para serem meros reprodutores das ideologias do Estado. Na perspectiva das escolas normais, o processo de formação produziria professores capazes apenas de reproduzir as relações sociais dos contextos em que as escolas estavam inseridas.

Atualmente este modelo de formação é considerado insuficiente visto que a sociedade contemporânea exige a construção de educadores reflexivos e capazes de transformar as condições de ensino no contexto escolar. É de grande relevância repensar de forma consciente sobre a formação do professor, para formar alunos críticos. Para isto, é que o professor tenha uma boa formação inicial e continuada.

A formação deve estimular uma perspectiva crítico-reflexiva, que forneça aos professores os meios de um pensamento autônomo e que facilite as dinâmicas de autoformação participada. Estar em formação implica um investimento pessoal, um trabalho livre e criativo sobre os percursos e os projetos próprios, com vista à construção de uma identidade, que é também uma identidade profissional. (NÓVOA, 1997, p. 25).

O autor defende que “a formação não se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de técnicas), mas sim através de um trabalho de reflexividade crítica sobre as práticas e de (re)construção permanente de uma identidade pessoal. Por isso é tão importante investir a pessoa e dar um estatuto ao saber da experiência”.

Especificamente no Brasil Libâneo (2010) esclarece que no período da predominância da pedagogia tradicional – que vai dos jesuítas até os anos que precedem o lançamento do Movimento dos Pioneiros da Educação Nova -, o estudo da educação se faz a partir da ideia da unicidade da Pedagogia nos moldes, inicialmente, da influência católica e, depois, herbatiana e positivista.

Contudo, as escolas normais prevaleceram no Brasil com cursos de formação do magistério com estudos pedagógicos no tempo do Império. Todavia, foram instituições instáveis, pouco eficazes para atender a demanda da formação de professores. Terminado o regime imperial e ao iniciar o período republicano por volta de 1889 Libâneo (2010. p 119) afirma que:

A noção de pedagogia como ciência unitária da educação começa a perder terreno com a introdução no Brasil do movimento da educação nova, iniciado na Europa no final do século XIX e logo expandido aos Estados Unidos, de onde vem, após a guerra de 1914, a influência mais forte na educação brasileira.

Ao iniciar a década de 80, os educadores progressistas conquistaram cada vez mais espaço no cenário nacional. Surgiu neste contexto a necessidade de discutir a ampliação da formação profissional de professores, reforçando o desejo dos docentes de melhorar suas condições de trabalho e de aprendizagem. Os professores ansiavam pela criação de programas que pudessem contribuir para a ampliação de seus conhecimentos e com isso melhorar seu desempenho em sala de aula.

Criadas algumas associações para defesa de melhorias na educação, fortalece o desejo por uma ampliação na formação dos educadores como Libâneo (2010, p. 129) aponta:

Criado num clima de crítica à estrutura sociopolítica vigente no país, esse movimento pela reformulação dos cursos de formação de educadores situa a crise da educação e da formação de educadores no quadro mais amplo da sociedade brasileira. A partir daí, orienta seus objetivos para a luta por uma educação voltada para a transformação social, pela valorização da escola pública e do magistério.

Neste momento intensifica a vontade dos educadores em criar espaços de estudos pedagógicos para caracterizar estudos destinados a formação de professores e não apenas identificar métodos e técnicas de ensino. Com efeito, em 1932, Anísio Teixeira propõe a criação da “Escola de Professores” no Instituto de Educação do Rio de Janeiro, incorporada em 1935 à Universidade do Distrito Federal. Foi à primeira escola de formação de professores em nível universitário. (LIBÂNEO, 2010, p. 122)

A experiência desta escola de formação surtiu grande efeito. Entretanto, foi interrompida pelo Governo Vargas que tinha como prioridade em sua gestão o desenvolvimento econômico do País. Vendo que o projeto de Anísio era significante para o desenvolvimento da educação, Vargas cria a Universidade do Brasil.

O objetivo era implantar em todo o território brasileiro um modelo de ensino superior democrático. Desta forma, ostentava-se a criação de um ensino universitário para todos. Entretanto, o que se viu foi à criação de uma universidade que ficaria restrita às elites e a maior parte da população ficaria à margem deste ensino superior.

O Governo Getúlio Vargas cria em 1937 a Universidade do Brasil, que previa uma Faculdade Nacional de Educação e que, pelo Decreto-Lei nº 1.190 de 1939, recebeu a denominação de Faculdade Nacional de Filosofia, dividida em quatro seções: filosofia, ciências, letras e pedagogia – e mais uma, didática. É a primeira vez que aparece na legislação um curso específico de Pedagogia que formaria o licenciado para o magistério em cursos normais, oferecendo, também, o bacharelado para o exercício dos cargos técnicos de educação. (LIBÂNEO, 2010, p. 122 e 123).

Terminado a ditadura Vargas, o espírito do desenvolvimentismo inverteu o papel do ensino, colocando a escola sob os desígnios diretos do mercado de trabalho. Daí a ênfase na proliferação de escola capaz de formar mão-de-obra técnica, de nível médio, deixando a universidade para aqueles que tivessem vocação intelectual. Nesta época a constante busca pelo desenvolvimento do País era tão intensificada que não havia mão-de-obra qualificada para o magistério.

No início da década de 1970, o tecnicismo educacional adquire nova roupagem no contexto do Regime Militar. O pensamento educacional move-se em torno da elaboração de uma ciência da educação baseada no empirismo lógico e filosofia analítica.

Terminado o Regime Militar, em 05 de outubro de 1988 é aprovado o texto da Constituição da República Federativa do Brasil e quase oitos anos depois foi constituída a nova Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional (LDB nº 9.394/96) que define novas abordagens acerca da formação docente conforme define o Título VI dos profissionais da educação:

Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal. (SILVEIRA, 2002, p. 64 e 65)

Referente à preparação de educadores para o ensino superior aborda o Art. 66. “A preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado”.

Com a modernização faz-se necessário ao profissional docente ter a oportunidade de formação continuada. Contudo, foi aprovada a Resolução CP n.º1, de 30 de setembro de1999 que resolve:

Art. 1º. Os institutos superiores de educação, de caráter profissional, visam à formação inicial, continuada e complementar para o magistério da educação básica, podendo incluir os seguintes cursos e programas: III – programas de formação continuada, destinados à atualização de profissionais da educação básica nos diversos níveis; (SILVEIRA, 2002, p. 154)

Nessa Perspectiva, a formação de profissionais da educação vem ganhando força no contexto das reformas educativas ocorridas nos últimos anos no país. O processo de formação dos profissionais da educação e visto como mecanismo capaz de impulsionar o desenvolvimento de métodos que alterem de forma positiva a educação no contexto escolar. Assim é possível acreditar na transformação da educação, da escola e da sociedade.

Mediante este estudo Pimenta (2006) afirma que é “o professor que introduz os alunos no mundo da ciência, da linguagem, para ajudá-los a desenvolver seu pensamento, suas habilidades, suas atitudes. Sem professor competente no domínio das matérias que ensina, nos métodos, nos procedimentos de ensino, não é possível aprendizagens duradouras”.

3 IMPLICAÇÕES QUANTO A FORMAÇÃO DOCENTE NA SOCIEDADE CAPITALISTA

  

Vivemos uma época de muitas transformações, momentos de muitas incertezas. Assiste-se a uma valorização da produtividade, da competitividade nos diversos segmentos da vida humana, inclusive na educação. Neste sentido está incluída a figura do educador e os saberes que servem de base para a sua prática educativa.

Diante desta realidade, Pimenta (2006) diz que “a atividade docente vem se modificando em decorrência de transformações nas concepções de escola e nas formas de construção do saber, resultando na necessidade de se repensar a intervenção pedagógico-didática na prática escolar”.

A escola vivencia grandes desafios impostos pela sociedade que se democratiza e se transforma constantemente. Por isso é necessário que a instituição escolar corresponda a esta sociedade que se transforma constantemente. Neste contexto de grandes transformações, o professor precisa aprimorar e ampliar seus conhecimentos, melhorar suas relações interpessoais, visando à transformação da educação como um todo. A formação dos docentes e seu desenvolvimento profissional são condições necessárias nesta sociedade que se transforma a cada dia.

Por isso, Nóvoa (1997) afirma “é necessário que os professores adquiram maiores competências em relação ao desenvolvimento e implementação do currículo, pois as sociedades modernas exigem práticas de ensino que valorizem o pensamento crítico, a flexibilidade e a capacidade de questionar padrões sociais”.          

A educação do século XXI deve acompanhar o processo de mudanças que a sociedade exige como contribuição para a formação de um novo sujeito. O conhecimento se dá como expressão de liberdade, na medida em que temos consciência da realidade.

Muito se tem discutido a respeito da formação de professores, uma vez que está em foco à máxima recorrente que a educação é a solução de grande parte dos problemas existentes.

A formação pode estimular o desenvolvimento profissional dos professores, no quadro de uma autonomia contextualizada da profissão docente. Importa valorizar paradigmas de formação que promovam a preparação de professores reflexivos, que assumam a responsabilidade do seu próprio desenvolvimento profissional e que participem como protagonistas na implementação das políticas educativas. (NÓVOA, 1997, p. 27).

A formação pode assumir diferentes aspectos, de acordo com o sentido que se atribui ao objeto da formação. Uma vez compreendida como processo de desenvolvimento da pessoa, se realiza de um processo de maturação interna abordando valores que são úteis para o processo ensino-aprendizagem.

Desse modo a formação de professores deve ser concebida como uma das componentes da mudança, em conexão estreita com outros setores e áreas de intervenção, e não como uma espécie de condição prévia da mudança. A formação não se faz antes da mudança, faz-se durante, produz-se nesse esforço de inovação e de procura dos melhores percursos para a transformação da escola (NÓVOA, 1997).

Percebe-se que a formação de professores deve propiciar situações que viabilizem a reflexão e a tomada de consciência das limitações sociais, culturais e ideológicas da profissão docente. Assim sendo, a formação continuada é fundamental para o bom funcionamento da prática pedagógica.

A “formação continuada” é uma realidade no panorama educacional brasileiro e mundial, não só como uma exigência que se faz devido aos avanços da ciência e da tecnologia que se processaram nas últimas décadas, mas como uma nova categoria que se passou a existir no “mercado” da formação contínua e que, por isso, necessita ser repensada cotidianamente no sentido de melhor atender à legítima e digna formação humana (...). A “formação continuada” hoje precisa ser entendida como um mecanismo de permanente capacitação reflexiva de todos os seres humanos às múltiplas exigências / desafios que a ciência, a tecnologia e o mundo do (não) trabalho colocam. (FERREIRA, 2006, p. 19 e 20).

A crescente incorporação da ciência e da tecnologia no processo educacional requer do profissional docente cada vez mais conhecimentos e habilidades para lhe dar com as mais diversas situações do ambiente escolar. Pois, enquanto mais se modernizam os métodos de ensino, mais conhecimentos se exigem do professor.

De acordo com Ferreira (2006), “um professor em sintonia com seu tempo deverá ter, como horizonte de aperfeiçoamento, um processo de aprendizagem contínua, estando em condições de responder às demandas e aos desafios do tempo presente”.

É necessário então, entender que as práticas educativas neste contexto contemporâneo se tornam mais eficazes quando caracterizadas pelo acúmulo de conhecimentos e informações. E decorrência das muitas transformações econômicas, sociais e culturais verificadas nos últimos anos as atenções têm se voltado para o campo da educação. Este interesse tem resultado no desenvolvimento de reformas educativas. Nesta perspectiva, a atuação e a formação docente são questões que passam por profundas discussões no meio político, acadêmico, nos meios de comunicação, entre outros.

É necessário, pois, criar as condições para uma aprendizagem contínua, que possa reforçar a autonomia do docente para aprender permanentemente, aperfeiçoando as suas competências intelectuais e técnicas, de forma a transformá-lo no legítimo gestor do seu processo de aprendizagem. Uma formação continuada concebida como uma ajuda aos professores para que possam modificar e rever a relação estabelecida na sua prática, percebendo-se como profissionais da educação, ou seja, como docentes atuantes que diagnosticam e compreendem os processos pedagógicos e que, por isso mesmo, detém melhores condições de participar de maneira efetiva da elaboração da proposta pedagógica da escola. (FERREIRA, 2006, p. 195).

Diante da intensificada mudança que passa o sistema educacional Ferreira (2006) entende que a educação continuada tem se constituído uma busca permanente dos professores, seja pelo despertar da consciência de que é preciso manter-se atualizado constantemente para poder conduzir um processo de formação com pertinência e que tenha relevância social.

A capacidade de entender e estabelecer relações do conhecimento com o educando coloca o professor em permanente estado de busca da compreensão dos fatores que determinam e condiciona a prática do educador, despertando nele um espírito de luta pela sua transformação.

A escola entendida como instituição de implementação de políticas públicas educacionais para a garantia de um dos direitos sociais, a educação, está perpassada por conflitos de interesses relacionados ao mundo do trabalho, à apropriação dos bens culturais e materiais socialmente produzidos.

O sistema capitalista exige da escola, mesmo que de forma implícita, a construção de habilidades de competitividades e até mesmo de construção de poder na busca de acumulação de capital e na busca de acumulação de saberes tecnológicos.

Ferreira (2006) Atualmente o espaço escolar se constitui de um lugar onde exteriorizam-se, com extrema clareza e precisão, a razão da escola, originada no contexto das relações de poder social, constituída, basicamente, de uma concepção de classista de saber científico e de regras de controle social.

A partir da segunda metade do século XIX o sistema de produção capitalista transformou rapidamente a ciência em força produtiva. Com isso Farias (2009) afirma que “o conhecimento passa a ser vital para a acumulação capitalista, trazendo implicações não apenas para a produção em si, mas também para toda organização social”. Neste cenário algo importante é preciso acontecer,

(...) o reconhecimento da necessidade de mudar o referencial teórico da formação, sair de um referencial técnico-instrumental para um referencial que priorize a complexidade da prática docente. (...) o trabalho do professor ocorre sempre em situações específicas. “(...) a realidade educativa em que o professor atua é complexa, mutável, frequentemente conflituosa, e apresenta problemas que não são facilmente categorizáveis e nem sempre possibilitam soluções a priori”. (FARIAS, 2009, p. 76)

Contudo, faz-se necessário entender que a nova organização do trabalho do profissional docente nos dias atuais passa pela reflexão sobre a reestruturação capitalista do processo produtivo e formação de um novo trabalhador.

No processo de formação o professor precisa se preparar para dar conta de um conjunto de atividades pressupostas ao seu campo profissional. Hoje, há a necessidade da concepção de uma formação voltada para o desenvolvimento de uma ação educativa capaz de preparar os discentes para a compreensão e transformação da sociedade a qual estão inseridos.

Nessa (re)significação da Teoria do Capital Humano, a política governamental traz para o foco central a educação como forma de integrar as sociedades cada vez mais ao processo produtivo. Assim, privilegia o professor como protagonista central desse processo, que passa a ser uma peça-chave na reforma do sistema de ensino. Forma-se esse professor, no entanto, em rígidos paradigmas educacionais que privilegiam um modelo de formação baseado na racionalidade técnica, na qual, inevitavelmente, acontece a separação pessoal e institucional entre a investigação e a prática, muito embora se diga que os professores precisam de formação para se tornarem críticos, reflexivos e pesquisadores. (FARIAS, 2009, p. 79 e 80).

Por mais que queira ocultar esta informação, o sistema educacional segue uma lógica perversa de acumulação e concentração do capital, perdendo o caráter de legitimação do que é viável para o bem coletivo. Ou seja, a educação como produtora de emancipação humana para o convívio social.

Os cursos de formação podem ajudar na compreensão de que o exercício da docência não pode se restringir ao uso de modelos de ensino previamente estabelecidos. Hoje as ações formadoras decorrem das várias mudanças sociais, econômicas e culturais que acontecem de forma muito rápida, colocando novas questões para a escola e conseqüentemente, para a prática docente.

4 OS DESAFIOS ATUAIS DA FORMAÇÃO DOCENTE

 

O desafio da formação do professor se coloca cada vez mais aguçado diante das fortes demandas impostas pela sociedade. A preparação do educador deve realizar-se de maneira a torná-lo um profissional qualificado, plenamente consciente do significado da educação.

Para o enfrentamento de exigências colocadas pelo mundo contemporâneo, são requeridos dos educadores novos objetivos, novas habilidades cognitivas, mais capacidade de pensamento abstrato e flexibilidade de raciocínio, capacidade de percepção de mudanças. Para tanto, repõe-se a necessidade de formação geral e profissional implicando o repensar dos processos de aprendizagem e das formas do aprender a aprender, a familiarização com os meios de comunicação e o domínio da linguagem informacional, o desenvolvimento de competências comunicativas e capacidades criativas para análise de situações novas e cambiantes. (PIMENTA, 2010, p. 94)

O investimento na formação e na atuação profissional do educador não pode reduzir-se a uma suposta qualificação puramente técnica. Ela precisa ser também política, ou seja, expressar sensibilidade às condições histórico-sociais da existência dos sujeitos envolvidos na educação. E é sendo política que a atividade profissional se tornará intrinsecamente ética.

Tardif (2010) considera que “enquanto grupo social, e em virtudes das próprias funções que exercem, os professores ocupam uma posição estratégica no interior das relações complexas que unem as sociedades contemporâneas ao saber que elas produzem e mobilizam com diversos fins”. Entretanto, por exigência ética a atividade profissional deve se realizar como investimento intencional sistematizado na consolidação das forças construtivas das mediações existenciais dos homens.

A atividade profissional precisa assegurar a capacidade de avaliação ética dos processos envolvidos em sua prática educacional, de modo que possa agir eticamente, ou sejae, articular as suas determinações pessoais às exigências decorrentes da dignidade dos sujeitos educandos e dos direitos universais legítimos da própria sociedade.

Muitas vezes constata-se que as mediações formativas não sensibilizam a decisão pessoal ética de assumir o compromisso com a construção da cidadania e de outros valores úteis ao desenvolvimento pessoal do sujeito pelo fato de que, conforme Tardif (2010, p. 40):

A relação que os professores mantêm com os saberes é a de “transmissores”, de “portadores” ou de “objetos” de saber, mas não de produtores de um saber ou de saberes que poderiam impor como instância de legitimação social de sua função e como espaço de verdade de sua prática. Noutras palavras, a função docente se define em relação ao saberes, mas parece incapaz de definir um saber produzido ou controlado pelos que a exercem.

A formação docente deve ser pensada como o conjunto de atividades desenvolvidas em exercício com objetivo formativo, realizadas individualmente ou em grupo, visando tanto ao desenvolvimento pessoal como ao profissional na direção de uma melhor preparação para a realização da atividade educacional.

Pimenta (2006) discute que “o enfrentamento de novas exigências educacionais e novas realidades das práticas educativas inclui, também, repensar os processos de ensino e aprendizagem. Há uma efetiva transformação na concepção de conhecimento, em decorrência do surgimento de novos paradigmas da ciência, das inovações tecnológicas e comunicacionais”.

Hoje, diante da realidade do contexto educacional, torna-se muito difícil para o educador efetivar aulas produtivas para o processo de desenvolvimento moral e intelectual do educando.

Estamos hoje, todos nós educadores, perplexos ao verificarmos a escola cativa da violência, os professores oprimidos em seu fazer profissional, tendo de pedir licença a bandidos e traficantes para poder trabalhar. Como pode, em condições tão desumanas, o professor encontrar sentido em seu fazer cotidiano? Como pode o professor construir relações de dignidade em sala de aula, quando as relações de violência e opressão social calam sua voz e seu fazer? Como educar para a cidadania, para a solidariedade, mergulhado em um mundo deteriorado em suas referências éticas? Como caminhar na esperança da humanização em um mundo tão selvagem? (PIMENTA, 2006, p. 104).

A violência é um problema social que está presente nas ações dentro da escola e se manifesta de diversas formas entre todos os envolvidos no processo educativo. Contudo, contraria o que se planeja executar nos sistemas de ensino, pois a escola é lugar de formação da ética e da moral dos sujeitos nela inseridos, sejam eles alunos, professores ou demais funcionários.

Nas escolas, as relações do dia a dia deveriam traduzir respeito ao próximo, através de atitudes que levassem à amizade, harmonia e integração das pessoas, visando atingir os objetivos propostos no projeto político pedagógico da instituição. No entanto, torna-se difícil colocar em prática o que é posto no papel em virtude dos graves problemas existentes em sala de aula.

Diante destas condições acima apresentadas, o professor tem a necessidade de estar sempre se atualizando, buscando novos saberes, novos métodos, instrumentos que o auxilie na transmissão das informações, apresentando formas inovadoras de aperfeiçoamento do conhecimento para poder, de forma autônoma, solucionar os problemas dos envolvidos no processo ensino-aprendizagem.

A sociedade contemporânea requer uma educação voltada para a capacitação profissional cujos envolvidos devem ser cidadãos críticos e reflexivos, visto que esta não é apenas uma necessidade, e sim, uma exigência do mercado atual. É importante ressaltar que na era da globalização um dos grandes desafios da sociedade atual é ter um sistema educacional que promova e viabilize a formação de indivíduos preparados para essa realidade, com níveis de aprendizado compatíveis com a necessidade social existente.

 

5 METODOLOGIA

A pesquisa é um estudo de caso de abordagem qualitativa. Representa uma investigação que segundo Yin (2001, p. 21) “contribui de forma inigualável para a compreensão que temos dos fenômenos individuais, organizacionais e políticos”. Ainda segundo o autor, o estudo de caso vem sendo uma estratégia comum de pesquisa em várias áreas de conhecimento, tais como: Psicologia, Sociologia, entre outras.

O estudo de caso pode trazer grandes contribuições para a pesquisa qualitativa no campo da educação. Esta proposta metodológica é fundamental, pela profundidade de interpretação e investigação dos fenômenos humanos e sociais.

Portanto, o estudo de caso tem como finalidade, realizar um exame amplo a respeito de determinado fenômeno. Este método de abordagem contribui para o entendimento profundo acerca de uma unidade, ou seja, de uma instituição, de um grupo, de um acontecimento, reunindo dados de forma detalhada sobre o objeto a ser estudado.

Adotei este tipo de pesquisa pela vontade de obter maior familiaridade com o fenômeno em estudo, pois o objetivo é aprofundar conhecimentos e entender melhor, através da interação com escritos e com os participantes, a experiência da formação em serviço realizada com os professores do 5º ano no município de Sobral durante o ano de 2012.

5.1 PARTICIPANTES

Com o objetivo de conhecer a formação em serviço realizada pela secretaria municipal de educação no município de Sobral- CE, estabeleci como participantes da pesquisa 08 professores que passaram por um processo de formação continuada.

O intuito é compreender através de diferentes visões, o que os professores pensam acerca da formação em serviço e se esta corresponde às necessidades dos professores em sua ação docente.

A escolha dos professores do 5º ano se deu através da acessibilidade para com os mesmos e o interesse dos educadores em responder o questionário e com isso apresentar o que a formação em serviço trouxe de positivo para a atuação da prática docente. Mediante a disponibilidade destes profissionais é que coloquei em prática o desejo em conhecer de forma aprofundada a experiência da formação contínua vivida por estes docentes no ano de 2012 no município acima mencionado.

5. 2 INSTRUMENTOS

Após o estudo bibliográfico, foi redigido o texto conforme entendido pelas leituras realizadas, as quais proporcionaram maiores conhecimentos e informações sobre o assunto. Posteriormente, foram elaboradas as perguntas (em apêndice) para a entrevista junto aos professores.

Como instrumento de coleta de dados utilizei um questionário aberto com 09 perguntas relacionadas ao processo de formação continuada dos docentes. O questionário aberto é apropriado para este tipo de pesquisa porque conforme Ribeiro (2012, p. 55) “o questionário aberto visa prover o pesquisador de maior conhecimento sobre o objeto de pesquisa”. É importante comentar que antes da realização do questionário, procurei esclarecer aos participantes sobre os objetivos da pesquisa.

Todos os entrevistados foram muito amistosos, receptivos e responderam com atenção a todos os questionamentos. As respostas serão apresentadas e interpretadas no capítulo a seguir.

 

6 ANÁLISE DE DADOS

O objetivo deste capítulo é analisar os dados coletados junto aos professores que passaram por um processo de formação. Serão apresentadas aqui, as respostas dos professores, bem como, farei a interpretação das mesmas, correlacionando-as com as teorias de autores como Demo (2000), Libâneo (1999) e Perrenoud (2000).

Serão expostas, portanto, as opiniões dos professores acerca da formação em serviço. Acredito que a interpretação das respostas dos docentes é de substancial importância para compreensão do processo de formação de professores.

6.1 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS

Antes de expor as respostas, é importante ressaltar que os professores entrevistados foram muito receptivos. Responderam a todas as indagações com muita atenção e simpatia. Ao professor “A” foi perguntado sobre qual o importância da formação em serviço. Sua resposta foi: “a formação é muito importante porque contribui para a discussão acerca do nosso trabalho. Creio que a formação continuada vem contribuir não só para a melhoria da qualidade do ensino, mas, também para nosso crescimento enquanto seres humanos”.

As palavras do professor “01” expressam muito bem a importância da formação em serviço para o desenvolvimento dos profissionais da educação. A respeito da importância da aprendizagem adquirida nos cursos de formação é fundamental apresentar as reflexões de Demo (2000, p. 21) quando comenta que: “para que um aluno possa aprender bem, é mister que o professor saiba aprender bem”.

Ao professor “02” foi perguntado em que medida a formação em serviço, realizada pela secretaria municipal de educação de Cariré, contribuiu para o melhoramento do processo de ensino. O docentes respondeu que: “contribuiu consideravelmente para o desenvolvimento da leitura e compreensão dos alunos, principalmente, as séries iniciais, onde é a base de toda aprendizagem. Desenvolveu o trabalho dos professores para com os alunos e criou estratégias para o ensino”.

O professor destacou um ponto muito importante e delicado no contexto das escolas públicas que é a leitura e compreensão, aspectos em que os alunos têm apresentado muitas dificuldades em sala de aula. O processo de formação continuada aplicado junto aos professores entrevistados tem dado ênfase a este problema, visto que as dificuldades de leitura e compreensão têm desencadeado um quadro preocupante de fracasso escolar e os cursos de formação podem ajudar os professores por meio da introdução e uso de novas metodologias capazes de transformar esta situação a qual se encontram os alunos.

Ao professor “03” foi indagado se os conteúdos trabalhados durante as formações tiveram relação com os que são trabalhados em sala de aula. Segundo o professor: “sim, todos os conteúdos foram direcionados as necessidades dos alunos, orientando e incentivando os professores a colocá-los em prática. Acho de fundamental importância a formação continuada porque desperta em nós professores sobre a necessidade de estar sempre inovando nossa prática no intuito de melhorar não somente as condições de aprendizagem dos alunos, mas, também suas condições de vida”.

Este deve ser o papel da formação em serviço, de fornecer aos professores todas as condições materiais e subjetivas para que o aluno desenvolva sua capacidade de aprender a cada dia e, sobretudo, melhorar suas condições de vida. A experiência da formação continuada leva os professores a uma ação reflexiva acerca das questões que envolvem o processo de ensino-aprendizagem.

Foi perguntado ao professor “04” se a formação em serviço lhe trouxe alguma mudança significativa em sua prática docente. O professor mostra em sua resposta que a formação continuada contribui também para aproximar educadores através da troca de experiências e vivências, conforme observado sua fala: “sim. Porque me proporcionou conhecer novos colegas de trabalho e com eles fui ganhando mais experiência devido à troca de idéias, opiniões e conhecimentos de vivência escolar”.

O trabalho do educador e sua formação interligados, já que o êxito do trabalho está associado a uma boa formação e de um saber aguçado e bem elaborado que corresponda às exigências e as expectativas da sociedade contemporânea. A troca de experiências é uma excelente alternativa para que os docentes juntos transformem para melhor o processo de ensino-aprendizagem.

Perguntei ao professor “05” se o curso de formação em serviço conseguiu envolver os demais membros da comunidade escolar na busca de resultados satisfatórios em termos de aprendizagem. O educador respondeu que: “infelizmente não houve esse envolvimento devido à falta de conhecimento educacional existente na comunidade escolar que trabalho, mas de pouco a pouco estamos trabalhando o envolvimento de todos”.

Foi bom ter a certeza de que os professores estão envolvidos e convictos de que a formação pode trazer muitos benefícios na aprendizagem dos alunos e na melhoria das relações pessoais e profissionais no contexto escolar.

Segundo Perrenoud (2000) “a formação do professor, é fundamentada a partir de experiências vivenciadas no cotidiano da profissão docente que interferem na prática pedagógica, desde a formação inicial até o exercício contínuo do magistério em sala de aula”.

Assim, entende-se que a escola é um contexto social marcado por relações e pela troca. É o lugar onde se pode desenvolver plenamente o exercício da cidadania por meio de uma aprendizagem constante.

Ao professor “06” foi perguntado se o curso lhe ajudou a lidar com questões educacionais atuais, como o avanço da tecnologia, dentre outras. O docente respondeu que: “sim. Pois para se ter uma boa prática docente é necessário inovar as formas de trabalho e consequetemente de aprendizagem.

É possível observar que o professor respondeu sucintamente, mas convicto de que é necessário inovar. Segundo Libâneo (1999, p.77) “o professorado, diante das novas realidades e da complexidade de saberes envolvidos presentemente na formação profissional, precisaria de formação teórica mais aprofundada”.

 O professor qualificado é aquele que possui conhecimentos, saber pedagógico e que está conectado com os avanços da sociedade contemporânea. Assim sendo, o professor poderá desenvolver seu trabalho de forma a corresponder com as expectativas da sociedade.

Foi perguntado ao professor “07) quais os benefícios pedagógicos obtidos com a formação em serviço. O docente comentou que: “com o trabalho bem direcionado e bem desenvolvido conseguimos o título de escola nota 10. Este é nosso objetivo. Por isso, nós professores devemos investir constantemente numa formação continuada já que esta nos proporciona uma maior reflexão sobre nossa atividade pedagógica”.

A formação em serviço direciona a prática docente para novos caminhos. O educador deve mostrar para si mesmo e para a sociedade que tem capacidade para observar, refletir, perceber e a formação continuada pode contribuir para isso.

Por último, foi indagado ao professor “08” sobre quais as transformações percebidas em seu trabalho com a realização deste curso de formação continuada. Segundo o professor: “o curso de formação proporcionou entender efetivamente como se desenvolve a aprendizagem, além de melhores resultados na aprendizagem dos alunos. O que marcou também foi a compreensão de que o professor constrói sua identidade e se firma como profissional da educação no seu fazer pedagógico e através das relações construídas no interior da escola que proporcionam a cada dia uma nova aprendizagem”.

Pela entrevista realizada com os professores pude compreender que a formação continuada assume um papel muito importante tanto no processo de aprendizagem e aprimoramento dos alunos como dos professores, pois ajuda a desenvolver uma consciência reflexiva acerca da prática docente.

Portanto, são vários os objetivos e benefícios da formação em serviço. Esta afirmação permite considerar que assim como a sociedade está mudando, o papel do professor neste contexto social também deve mudar. A formação de professores é de grande relevância para o melhoramento das condições de aprendizagem dos alunos. É também fator de crescimento profissional e pessoal.

Contudo, é importante ressaltar que a formação de professores não deve ficar limitada ao ambiente escolar. É fundamental considerar a vida pessoal do professor. Compreender seus anseios, suas dificuldades, suas motivações é de total relevância para melhorar se desempenho profissional.

Foi possível perceber que para os professores entrevistados a formação em serviço vem a ser um suporte para que o educador consiga trabalhar e exercer sua função na sociedade. As respostas dos docentes permitiram compreender os principais motivos para que a formação continuada aconteça.

Segundo os professores a formação em serviço consiste em um projeto que visa à qualificação, à capacitação docente para uma melhoria de sua prática, por meio do domínio de conhecimentos e métodos que favoreça a uma aprendizagem mais eficiente e sólida. Esta reflexão remete às palavras de Libâneo (2004, p. 227) quando comenta que: “a formação continuada é o prolongamento da formação inicial, visando o aperfeiçoamento profissional teórico e prático no próprio contexto de trabalho”.

A experiência com os sujeitos da pesquisa foi fundamental para a compreensão de que é necessário formar professores capazes de atuar com segurança dentro e fora da sala de aula, pois o atual contexto social, marcado pelo avanço científico e tecnológico exige, no campo da educação, a atuação de profissionais habilitados para formar alunos aptos a reflexão. Por isso é importante envolver todos que fazem a comunidade escolar a participar e usufruir dos benefícios da formação em serviço.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Antes de apresentar qualquer resultado é importante descrever o caminho percorrido até aqui. Primeiramente procurei fazer um breve histórico sobre a formação docente.  Neste momento apresentei como os processos de formação de professores ocorreram ao longo do tempo. Logo após, foi discutido sobre as implicações da formação docente na sociedade capitalista. Apresentei neste tópico, as transformações ocorridas na sociedade capitalista e seus reflexos no contexto da educação. Foi exposta ainda a questão dos desafios atuais da formação docente em uma sociedade em constante transformação.

No segundo capítulo apresentei a metodologia do trabalho, sendo um estudo de caso de abordagem qualitativa. Foram apresentados também os participantes da pesquisa e os instrumentos utilizados para a coleta de dados.

No terceiro capítulo foi realizada a análise dos dados coletados por meio de entrevista com os professores participantes. Foi a partir deste momento que obtive maior familiaridade com o tema em discussão. A aproximação com os docentes, bem como, a manifestação em suas falas, de seus anseios, vontades e limitações contribuíram consideravelmente para o entendimento de que a formação em serviço configura-se como uma excelente estratégia para transformar o ensino e as condições de aprendizagem dos alunos e, sobretudo, para melhorar as relações entre os educadores e demais funcionários.

Portanto, o processo de formação em serviço oferece aos professores situações que possibilitam a troca de saberes entre professores. Nessa perspectiva, a formação destes profissionais é concebida como a construção do conhecimento pelo sujeito o que é, muito importante para o exercício da profissão docente.

Vivenciando a experiência dos professores entrevistados houve uma grande percepção de que as contribuições da proposta da formação em serviço para docentes são inúmeras, principalmente para a construção da identidade profissional dos docentes.

Desta forma, é importante que novos estudos sejam realizados no sentido de mostrar a importância da formação em serviço para os educadores, alunos e para a sociedade como um todo. A discussão sobre a formação de professores deve ser, portanto, fomentada dentro e fora da escola, visando a transformação das condições de ensino, assegurando aos professores meios para a reflexão e aos alunos melhores condições de aprendizagem.

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