A Evolução dos Métodos de Segurança na Engenharia

Cicero Jonas Silva Brito¹

Breno Leite Pereira¹

Pedro Leandro da Silva Neto¹

Pedro Vinicius Moreira Neves¹

Resumo: Neste trabalho foi realizado um estudo sobre como a segurança foi contextualizada desde os primórdios da engenharia, para desta forma analisarmos como ela se desenvolveu e como podem continuar a evoluir. Neste contexto, fizemos uma breve viagem ao Código de Hamurabi, e lá encontramos o que seria as punições dos construtores da época. No entanto, estes conceitos servem de base para que fosse criada uma responsabilidade para quem é responsável pelas obras, vimos que no decorrer do séculos subsequentes desenvolveu-se formas de tentar lidar com os riscos e os mesmos foram evoluindo, porém chegaram ao ponto em que os seres humanos perceberam que não são capazes de prever as forças da natureza, e que só os métodos já conhecidos tornam a segurança total algo ainda mais difícil de se alcançar, e isso nos leva a ter que buscar outros métodos para tornar os ambientes da obras em locais seguros e agradáveis e consequentemente melhoramos o resultado do trabalho. Palavras Chave:segurança.responsabilidade.

Introdução

Entender os aspectos da segurança em uma obra, tanto no desenvolvimento quanto no resultado e durante sua vida útil, é uma função fundamental do engenheiro civil. Muito tem sido discutido, no Brasil, a respeito da responsabilidade e consequências do rompimento de barragens. Esse trabalho tem por objetivo observar os métodos e técnicas de segurança para familiarização dos mesmos desde cedo dentro do curso de engenharia civil, entendendo a forma como eles evoluíram e como podem continuar a melhorar sua eficácia.

Breve História da Segurança na Engenharia

Há registros no código de Hamurabi, do que viria a ser a responsabilidade do engenheiro civil naquela época. Evidentemente, o engenheiro pagaria com sua vida, caso houvesse uma morte em decorrência da má execução de uma obra sua. Até o século XIX, todo o conhecimento a respeito de como uma obra deveria ser elaborada para que fosse segura e cumprisse a função para a qual foi desenvolvida, era totalmente empírico e dependia exclusivamente da experiência e dedução do engenheiro. Do século XIX até à década de 70, com o desenvolvimento da teoria da resistência dos materiais, dados mais concretos puderam ser utilizados para utilização do Método das Tensões Admissíveis. Consequentemente, desde a década de 70 até os dias atuais tem vigorado o método Semi-Probabilístico, onde a segurança é baseada nas observações feitas anteriormente, ou seja, das experiências da área.

Método das Tensões Admissíveis

Segundo Henriques(1998), esse método consiste em uma equação que apresenta um coeficiente de segurança, que na verdade, dificulta ainda mais a garantia da segurança de uma estrutura. Isso se deve ao fato de que, cada vez que novas pesquisas se aprofundam em mecânica estrutural e resistência dos materiais , este coeficiente diminui, tornando o resultado da equação mais abrangente e difícil de se identificar . Faz-se necessário avançarmos um pouco para outros conceitos e formas de gerenciamento que envolvam a segurança para assim contornarmos o déficit do coeficiente de segurança.

Segurança do Trabalho

De acordo com Alevato (1999 apud QUELHAS, ALVES, FILARDO, 2004, p. 2) “Mais do que cumprir a legislação existente, é um dever da alta administração das empresas proporcionar um ambiente de trabalho seguro e saudável.” Nesse contexto, ressalta-se que a segurança diminui consideravelmente o tempo e o custo da obra visto que reduz o número de interrupções causadas por acidentes. Evidentemente, os custos com o investimento em medidas de precaução de acidentes são lucrativos no produto final, e parte desses investimentos são direcionados à um grupo designado pela própria empresa, responsável pela inspeção, que é o principal agente garantidor de que o local a apresente condições adequadas de trabalho dentro das normas de segurança. Além do grupo da própria empresa, responsável pela inspeção, deve haver um segundo grupo de inspeções, mas desta vez, designado pelo órgão responsável pela empresa ou obra, como o CONFEA. Esse deverá realizar uma segunda inspeção que inclui o setor da empresa responsável pela primeira análise, a fim de minimizar os riscos de descaso com a segurança do ambiente de trabalho.

Sustentabilidade Social e Organizacional

Conceitos associados ao de Gestão Sustentável, onde a mesma busca integrar práticas que antes eram vistas apenas como um mero cumprimento da legislação, como: o comportamento ético da empresa e se desenvolvimento zelando pela sua força de trabalho e suas famílias, além de zelar também pela sociedade e pelo meio ambiente. A responsabilidade social visa à atuação das empresas em duas vertentes: a organização interna e a externa. Nesse sentido, podemos novamente citar como interno, tudo o que foi citado anteriormente, como o ambiente de trabalho. Por outro lado, no quesito organização externa, há a participação da empresa nos interesses da comunidade, boa postura no cenário competitivo comercial e a responsabilidade ambiental. Partindo da ideia de que todos esses pontos ajudam no desempenho da empresa, naquilo que deve ser primordial, como suas responsabilidades básicas. Esse tipo de ação é necessário para uma maior transparência de qual é o objetivo, e quais são as metas que uma empresa busca alcançar.

Gestão do Risco

O conceito de risco, na linguagem corrente, tem caráter de perda, algo negativo a ser levado em consideração. Em uma linguagem mais técnica, o risco associado a um evento ou acontecimento resulta do produto da quantidade que pode ser perdida ou ganha, pela probabilidade de tal evento. Há diversas aplicações da gestão dos riscos na engenharia civil, nas áreas que envolvem análise e a tomada de decisões; pode-se dizer que a própria gestão de segurança, é também, dos riscos. Na engenharia, exige-se uma caracterização da situação, do ambiente, do tempo e das condições para dessa forma haver um cálculo mais exato dos riscos e suas consequências. Os riscos envolvem decisões técnico-econômicas que se desenvolvem na obra já em atividade, porém quando se trata da opinião pública e a participação social, estes conceitos técnicos muitas vezes se fazem insuficientes, incompletos ou inadequados.

Estrutura da Gestão do Risco

As características das principais componentes da gestão do risco são: A avaliação do risco e o controle dos riscos:

Avaliação do risco: representa um avanço na identificação de vulnerabilidades e na análise do desempenho do sistema face a cenários hipotéticos, na caracterização racional das incertezas e na seleção de medidas para garantir objetivos de segurança com níveis de risco toleráveis; 2) o controle do risco: representa a realização de ações de prevenção, ou de manutenção de níveis de risco e de protecção, com objectivos de segurança eventualmente muito abrangentes do ponto de vista social e económico incluindo, nomeadamente, ações de protecção civil. A avaliação do risco poderá determinar a “distância” a estados de insucesso e poderá orientar a decisão no sentido de aumentar essa “distância” ou de controlá-la. (ALMEIDA, 2005, p. 5).

Considerações Finais

É indubitável que a segurança total de uma obra não pode ser garantida, seja durante ou depois do processo de construção, mas compreendemos que a experiência pode ajudar a prevenir que muitos acidentes se repitam. Porém, a experiência e estudo nos dá um entendimento de quão extenso é o campo da segurança, e que quanto mais nos aprofundamos, mais aumentamos o tamanho do coeficiente da segurança. Nesse contexto,é evidente que a gestão do risco se torna algo cada vez mais difícil de se mensurar e ela deve estar aliada também a uma boa gestão empresarial. Neste trabalho, fomos capazes de identificar o quão importante é a participação de todos os envolvidos na obra durante sua execução, e garantir a saúde física e mental destas pessoas faz com que a obra, a qual elas fazem parte, reflita esses cuidados. Não obstante, o fato de que há agentes externos à obra que também devem ser zelados, como o meio ambiente, a sociedade e até a concorrência, para que a empresa esteja sempre trabalhando de forma correta de forma ética e profissional, garantindo assim uma melhora significativa na qualidade do serviço.

Referências

ALMEIDA, António Betâmio de. Gestão e análise do risco em engenharia. O caso dos vales com barragens – Exemplo de aplicação na engenharia civil e actividades em Portugal. 2005. Disponível em: http://www.civil.ist.utl.pt/~joana/artigos%20risco%20ABA/pub-2005/ABA-encontro%2 0risco05.pdf. Acesso em: 14 maio 2019.

HENRIQUES, A. A. Segurança Estrutural. Porto: Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, p. 1-17, 1998. Disponível em: https://web.fe.up.pt/~aarh/se/acetatos.pdf. Acesso em: 13 fev. 2019.

QUELHAS, Osvaldo; ALVES, Micheli; FILARDO, Paulo. As práticas da gestão da segurança em obras de pequeno porte: Integração com os conceitos de sustentabilidade. Revista Produção Online, Florianópolis,v.4, n.2, jun.2004. Disponível em: https://www.producaoonline.org.br/rpo/article/view/309. Acesso em: 30 abr.2019.