A ESCOLA E A FORMAÇÃO DE HÁBITOS ALIMENTARES SAUDÁVEIS

Professor Me. Ciro José Toaldo[1]

 

As mais diversas áreas, tais como saúde, agricultura, educação, meio ambiente devem trabalhar em conjunto para desenvolver ações de educação alimentar e nutricional. É necessário que haja convergência das ações, de forma que a grande beneficiada seja a sociedade, que vai ser o alvo destas ações intersetoriais. (BRASIL, 2013, p. 30)

 

A escola, depois do ambiente familiar é o espaço para se permitir aos estudantes a formação de hábitos alimentares saudáveis. Por essa razão, o processo de educação alimentar e nutricional deve ser pautado na realidade, não podendo ser entendida como verdade absoluta e sobre a qual se pode intervir. Essa intervenção deve integrar a escola, a família e a comunidade.

Entretanto, nas implicações da sociedade consumista capitalista, difundiu-se uma alimentação desregrada e sem preocupação com a nutrição que é inerente à família e a escola. Mas, não se pode negar que há inúmeras recomendações de organizações nacionais e internacionais, para ser dada ênfase as políticas públicas relacionadas com a alimentação saudável[2] e nutricional, obviamente que caberá a escola este importante papel.

Nesse contexto, é consenso o potencial da escola como local privilegiado para que sejam difundidas práticas que desenvolvam ações de forma articulada, como evidenciado na epigrafe desta introdução, pois no âmbito escolar há a possibilidade de fornentar entre os alunos a valorização de uma alimentação saudável.

É necessário proporcionar uma educação que extrapola a mera aprendizagem de disciplinas, como português, matemática, geografia e que observa o ser humano integralmente e neste sentido, a alimentação é algo intrínseco ao ser humano e a sua formação.

Os parâmetros curriculares nacionais (PCN,1997), traz proposta educacional com objetivo de formar pessoas e autônomas e atuantes. Os conteúdos são divididos por áreas e ciclos, organizados de maneira que haja integração em cada parte do processo, ou seja, deve haver uma transversalidade que perpassam todas as atividades desenvolvidas com os estudantes e a questão a alimentação também é abordada.

Não são apenas os aspectos cognitivos que devem ser contemplados na educação, mas as diversas dimensões que formam o ser humano. Os estudantes como sujeitos de direitos e deveres devem ser despertados em todas as dimensões da vida, inclusive para terem uma alimentação nutritiva e saudável.

Entretanto, por ser a alimentação um fator de necessidade básica do ser humano, na sociedade em que estamos inseridos, tornou-se imensamente comum a questão da má alimentação, trazendo inúmeras consequências com desnutrição e a o sobrepeso e que a escola deve também ter atenção para esta problemática.

Nos dados apresentados pelo documento do Ministério da Educação, Educação Alimentar e Nutricional nas Escolas (Brasil, 2013), argumenta-se:

 

 A Constituição Federal de 1988 trouxe a alimentação como um direito fundamental, ao lado de outros direitos como saúde, educação, moradia, cultura, transporte e direito à informação e comunicação. Os direitos sociais são indissociáveis, ou seja, um não pode deixar de acontecer em detrimento de outro. No caso da alimentação escolar, exige de nós trabalhadores em educação uma constante defesa de uma alimentação saudável dentro das escolas. Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (p. 22)

 

 

Em que pese este direito constitucional, a alimentação nas escolas públicas brasileiras, ainda requer cuidados uma vez que nem todas as escolas contam com um profissional ligado a área de nutrição e também por serem tênues às intervenções para que a educação alimentar e nutricional se efetive desde o inicio da infância para que não se tornem adultos com problemas de saúde.

Desse modo, como argumenta PONTES (2016) para alcançar melhores resultados em relação à educação alimentar e nutricional visando melhores condições de vida e de saúde para seus alunos, deve ter maior atenção nas instituições escolares para ter um ambiente ideal e desenvolver ações de alimentação saudável, desenvolvidas de forma coletiva que venha contribuir para a ampliação de hábitos saudáveis e que estes possam refletir em seu ambiente familiar, assim passando aos seus responsáveis à importância e o conhecimento adquirido sobre a alimentação dentro da escola.

 

[1] Professor Mestre pela UFMS, concursado nas Redes Municipal e Estadual no município de Naviraí – MS.

[2] A preocupação com a qualidade de vida é um tema constante para grande parte das pessoas. No entanto, definir o conceito de “vida saudável” não é uma tarefa fácil. (UNIMED, 2008, p.07)