RESUMO

Neste artigo demonstra o frevo enquanto prática pedagogica dançante. Para tanto pretende evidenciar Escola Municipal de Frevo Maestro Fernando Borges, destacando a pedagogia da imagem, Pierre Furter (1976), pela corporeidade, Hugo Assmann (1996). Este trata do intercambio entre educação e linguagem corporal, num abordagem onde o frevo acontece como atividade lúdica, criativa, forte e frenética, pela fazer pedagógico. A análise permite identificar elementos responsáveis por dialogo entre corpo e as expressões corporais que exibem sentimentos, emoções e formas acrobáticas corporalizadas. Argumentos centrais do artigo: corporeidade, energia pulsante, movimento, inventividade, valorização do frevo enquanto arte local, tradição e inovação. Nesta ótica o frevo adquire abordagem singular, diferenciada de tudo que se estudou. O pedagógico harmoniza com o cultural, numa perspectiva multisituada, envolto em cores, sons, brilhos e formas. A base empirica desta artigo está na fala dos sujeitos entrevistados na Escola de Frevo, destacando-se relações de troca, identidade cultural, música como elemento didático, coreografias corporais, habilidade base da criação dos movimentos, e outras categrias. A ênfase do artigo: identififcar e demonstrar como acontecem as práticas pedagógicas nas aulas de frevo. Enfim conclui-se que o frevo além de ser patrimonio imaterial da humanidade é um grande legado cultural e agora também prática pedagógica dançante.  

PALAVRAS CHAVE: Escola de Frevo, Prática Pedagógica Dançante, Corporeidade.

INTRODUÇÃO

As mudanças na sociedade contribuíram para a compreensão dos aspectos que envolvem as práticas pedagógicas no cenário escolar. É importante considerá-las como parte de um processo social maior, cuja dimensão educativa não se encontra apenas na esfera escolar, mas igualmente na dinâmica das relações sociais que produzem aprendizagens, assim como na sociedade que a circunda. Ao observar o desenho das práticas pedagógicas no atual tecido social, há que se pensar em práticas integradoras que vejam, não apenas o comportamento do aluno, mas a sua capacidade de participar e vivenciar práticas interacionistas, de múltiplas dimensões e relações, estabelecidas nos processos educacionais participativos. 2 Desta forma, os campos das múltiplas dimensões da prática pedagógica formam as características do cotidiano escolar, repletas de heterogeneidades e imbuídos de contradições. No processo de criação da Escola de Frevo consta como uma das características importantes deste, à forma como ele acontece, por meio de procedimentos, de improvisação ou elaborações coreográficas, que instigavam o aluno a ousar, a inventar, principalmente por ocasião dos eventos. Na intenção de melhor representar o jogo acrobático da dança, através de movimentos corporais circulares, expressos pela corporeidade na dança, a Escola de Frevo mantém atividades didáticas corporais que favorecem uma pedagogia dançante mediatizada pela corporeidade embasada na pedagogia da imagem, Pierre Furter (1966). A qual favorce a criatividade que, por não ser inata ao ser humano, precisa ser despertada em alguns aprendizes, daí a necessidade do sonho, do utópico, para se puder contemplar todo o mundo imaginário e imagético contido no íntimo destes passistas. O trabalho de criação de novos movimentos corporais constitui um dos elementos constante na proposta pedagógica escolar, tanto pelos resultados que foram capazes de promover, a médio e longo prazo, em termos de expressão cênica, como pela demonstração da capacidade de comunicação gestual dos conteúdos desejados. Outro ponto relevante a ser destacado é a presença da desmistificação dos preconceitos, que aos poucos foram sendo superados à medida que entravam em confronto com as novas concepções de corpo, de homem, de mulher, de mundo, de sociedade e de dançarinos. A dança realizada por rapazes e moças, vai sendo mais aceita por todos, sem grandes entraves e ou rotulações. Assim, a Escola de Frevo representa uma função social de relevancia, para a comunidade recifense, pois se propõe a levar conhecimento às novas gerações, objetivando o que há de mais expressivo na construção da humanidade, a transformação dos jovens em homens com plena liberdade para pensar, criar e desenvolver suas habilidades. Inclusive as cênicas dançantes. [...]