Narra a história que na antiga Grécia, na época dos grandes mestres da Filosofia Classica, os discípulos daquela altura tinham como finalidade buscar a sabedoria para desenvolver habilidades da vida e não para ter qualificações para futuros empregos. Isso é história para mentalidade da maioria, estudar só para ter conhecimento faz tempo que já deixou de ser costume, mas a realidade actual desmente que esse habito tenha ficado para o passado e a ausência de estatísticas do número de desemprego dos detentores de títulos universitários continua a alimentar um sonho cuja realização é, para muitos, uma simples miragem.

A razão para este texto é uma simples frase, que passo a citar: “-Senhor Doutor LAVA o meu carro vou-te pagar um 50” tudo levava a crer que nesta frase havia sido utilizada uma figura de estilo, até quando percebi que o “senhor Doutor” referido foi um meu colega da Universidade antes de este rumar a Africa do Sul cursar Mestrado em Desenvolvimento de Territórios Municipais. Esta situação me levou a refletir sobre o que vale um título universitário hoje em dia?

Existem sonhos que a sua grandeza se justifica pelo histórico. O sonho universitário é um desses, porque no passado, não muito distante, conferia uma serie de oportunidades como prestígio social, emprego e honrarias. Mas hoje é importante falar do que é pouco provável conseguir com títulos universitários, especialmente o emprego, que representa na perfeição o objectivo principal dos estudantes que ao sair da universidade estão convicto de que não terão se quer (1) um ano sem emprego.

Hoje em dia, não há cego que não enxerga que o destino dos universitários é tao duvidoso quanto é de um escultor de figuras rupestres. Um sucesso na vida para ele é provável mas não é garantido, aliás, aqui vale comparar que, quem opta por cultivar a habilidade de canto e futebol para o seu filho tem mais chances deste se dar bem no futuro do que aquele que esperar grandes coisas de um titulo universitário do seu filho.

Infelizmente, os indivíduos de classes media e baixa que adquirem qualquer título universitário hoje, quando não tiverem sorte, terminam a faculdade e percebem que aqueles amigos que desistiram da escola no nível médio e optaram pelo “Business” e outras alternativas de ganhar a vida estão muito adiantados em conquistas da vida e, o momento que levaram na faculdade que deveria ser oportunidade para vencer a pobreza constituiu um interregno para suas vidas e em alguns casos (não muito raros) voltam chamar de “Boss” o mecânico, o chapeiro, o armazenista e outros que na sua maioria se tornaram o que são, não graças às lições da escola, mas às lições da própria vida.

É verdade que, politicamente, o denominador comum atualmente é incentivar a escola para desenvolver habilidades de singrar na vida empreendendo, mas, em abono da verdade este é um argumento muito limitado e bastante evasivo para um país com condicionalismos e restrições de acesso ao crédito para quem quer iniciar negócio sem garantias.

Enfim, em todo caso, mesmo considerando válida a ideia de estudar para desenvolver habilidades de empreender, para o nosso país em particular, não deixa de ser preocupante perder tempo com a faculdade, isso se for verdade que o maior conhecimento se adquire pela experiência, pois, neste caso seria mais concebível e aplausível incentivar a criação de negócios próprios nas suas variadas formas possíveis desde a infância para que todos cresçam com habilidades aprimoradas de empreendedorismo.

Autor: Franquelino Agneves B. Basso