A Enfermagem moderna é um componente essencial na organização da atenção à saúde de um cidadão cada dia mais crítico e consciente de seus direitos e deveres, pois ela está inserida em uma sociedade que almeja inovações. Desta forma, o principal elemento responsável pelo cuidado e atenção especial ao enfermo tem sido o (a) Enfermeiro(a), por isso mesmo ele(a) deve ser exemplar e acima de tudo elegante.

A elegância (interprete-se elegância como correção) do(a) Enfermeiro(a) tem estreitas conotações com o seu modo de ser e de viver.

É elegante no seu modo de se vestir, na organização de sua mesa, pasta ou bolsa, na discrição com que se refere aos colegas de trabalho, na delicadeza com que atende seus pacientes e na simplicidade com que agradece cada gesto. Aceita homenagens não como se lhe fossem devidas, mas por polidez para com aquele que o (a) homenageia.

É elegante no caminhar, na direção do seu carro ou no oferecer seu assento no metrô ao idoso, nas reuniões e, principalmente, no antiexibicionismo evitando o branco transparente ou o jaleco desabotoado. Mas é muito mais elegante na sua conduta familiar procurando não levar para casa os detalhes do trabalho nem o contrário.

É ainda elegante no tratamento dispensado aos pacientes tímidos e na assistência justa aos indisciplinados, escutando-os com paciência e autoridade, dispensando-lhe um tratamento individualizado. Na cordialidade com que trata os outros membros da equipe multiprofissional, o corpo administrativo, os auxiliares de limpeza, porteiros e todos que o (a) atendem ou lhe prestam auxílio no cuidado com o humano, seu protegido. Educa-se constantemente para vivenciar o código de Ética de Enfermagem e toda a legislação.
Evita longas conversas nos corredores pois sabe que é sinal de desrespeito aos clientes.
Utiliza materiais com cautela, evitando o desperdício. Limita-se ao telefone somente em casos urgentes e breves. Não fuma, nem faz uso do chiclete. Além de ser antieducativo é anti-social.

Nos intervalos, seu lanche é discreto e, assim que o termina, cuida de fazer a higiene bucal no banheiro mais próximo. Cumprimenta a todos ao chegar e ao sair do local de trabalho. Ao entrar nas unidades procura dar um bom dia otimista aos clientes e funcionários.
Quando precisa faltar, ou tiver faltado, não inventa doenças ou lutos (quem está sempre doente precisa ser aposentado, entrar de licença para se tratar ou ser substituído, pois se acredita que o próprio trabalho pode estar matando-o). Não atrapalha o trabalho dos outros e não adquire o hábito detestável de reclamar por tudo e por nada. Suas queixa são bem elaboradas, documentadas e encaminhadas a quem de direito pode resolver o problema. Junto a cada queixa apresenta, no mínimo, duas prováveis soluções.

Tem o hábito de estudar por algumas horas todos os dias, para que não se torne cada dia menos Enfermeiro. Reserva um período da semana para compartilhar os estudos com sua equipe e tomar decisões mais científicas e atualizadas.
Sendo superior sabe que uma posição firme e coerente exige compreensão e calma. Um líder não é superior aos seus colegas, mas o seu par no sucesso do cliente, por isso, jamais duvida de sua competência quando este lhe encaminha um problema difícil de solucionar.

Em situações administrativas críticas em saúde, o Enfermeiro elegante sempre assume a liderança, sabendo utilizar a competência de cada um que estiver por perto.
É elegante também no seu tom de voz e nas expressões. Não fala alto, não critica, não fofoca, não é desleal, não negligencia nem usa de má fé ignorando a dor alheia. Sabe vestir-se correta e apropriadamente, sem chocar as pessoas. Sabe que, dentre tantas variantes, as pessoas verdadeiramente elegantes são fiéis a um determinado estilo que as façam sentir-se bem, sem desleixo.

Os cabelos são bem tratados e em ordem. Afinal, não há beleza que resista as mechas espetadas e as raízes descoloradas. Sabe que há roupas diferenciadas para a praia (malhas coladas ao corpo, chinelos e bonés), para a festa (brilho), para a faxina (camisetas, bermudas e chinelos). Um bom Enfermeiro recebe o bastante para pagar pelo menos uma faxineira por semana, então deixe o serviço para ela.

O (a) Enfermeiro (a) elegante é cortêz e bem educado. Trata com deferência (sem subserviência) os seus superiores, com simpatia e cordialidade os seus iguais e com polidez os seus clientes. É atencioso (a) e solícito(a) para com os familiares procurando ser justo(a) e benevolente quanto aos sinais e sintomas, falando a verdade, mas sem chocar as pessoas. Ao sair do ambiente de trabalho deixa-o mais em ordem do que o encontrou. Não quebra a palavra dada, não se atrasa, não se retira antes do horário estabelecido, não falta aos compromissos sem motivo justo, jamais utiliza gíria ou palavrão, não mente nem é indiscreto(a), muito menos vulgar.

Cumprimenta a cada um de seus pares na ocasião de cada aniversário. Se precisar chamar alguém ao longe, não grita nem corre ao seu encontro, mas envia alguém lhe informando que deseja lhe falar ou acelera o passo. Sabe que o mau-humor e as queixas íntimas são inadmissíveis. Em vez de reclamar do salário e das condições de trabalho ou estudo, o Enfermeiro elegante se aperfeiçoa e busca outro emprego, compatível com sua competência. E se participa pacificamente de uma greve é com consciência política e não para tirar férias. Ao usar o Dr. o faz como estímulo ao aperfeiçoamento constante.

Está ciente dos valores de cada procedimento e do quanto cada ação sua interfere na promoção, proteção, recuperação e reabilitação do paciente. Recorre ao COREN, ABEN ou Sindicato sempre que necessário. Está ciente que a correção moral e o apuro social não é privilégio de alguns, mas de todo aquele que está em harmonia consigo mesmo e com o próximo, com o seu tempo e com o mundo em que vive. Embora algumas opiniões aqui transcritas pareçam demasiado exigentes, vale lembrar que o (a) Enfermeiro(a) está em destaque e é a figura máxima em uma unidade de saúde, além disso, perante sua equipe serve-lhes de modelo, guia ou mestre para toda a vida.
Dra. Marislei Espíndula Brasileiro