A EJA RESTAURANDO DIREITO A EDUCAÇÃO

 

*MENDONÇA, Eliane Carvalho Viana de

*SANTOS, Luciana Dias dos.

Resumo:

 

A modalidade de ensino EJA tem como foco contribuir para que os jovens e adultos que não foram escolarizados no período correto, possam ter a oportunidade de frequentar instituições escolares. A inclusão desses iletrados novamente ao âmbito escolar requer uma atenção maior do professor em relação ao planejamento das aulas, pois para que todos possam ser alfabetizados, é fundamental que o profissional da educação leve em conta as diferentes realidades e a forma de ministrar suas aulas, considerando que os alunos já veem para a sala de aulas após uma longa jornada de trabalho.

Palavras-chave: EJA, instituições escolares, professor, alfabetizado, alunos.

*Pós- Graduandos da EJA, Instituto Pan-Americano de Educação.

  1. Introdução:

 

            A referente pesquisa traz uma abordagem teórica acerca da história da EJA, enfocando de que forma essa modalidade de ensino contribui contra o analfabetismo abordando ainda estratégias para que o ensino da EJA aconteça de forma satisfatória. Segundo os Parâmetros Curriculares (2000) a EJA tem o objetivo de restaurar o direito à educação negada aos jovens e adultos, oferecendo a eles igualdade e oportunidades para a entrada e permanência no mercado de trabalho e qualificação para uma educação permanente. Portanto a educação é um direito de todos principalmente a aqueles que não puderam ter acesso ao ensino regular na idade apropriada, a EJA inclui esse jovem ou adulto a sociedade, que é cada vez mais exigente.

2. Desenvolvimento:

 

A história da educação de jovens e adultos no Brasil e as iniciativas governamentais neste sentido são muito recentes. Fazendo um retrospecto da evolução da EJA, através de leituras realizadas constatamos que no período Brasil Colônia a educação a população adulta era especificamente religiosa e não educacional, como a organização social e política era fundada nas grandes propriedades, e a mão-de-obra era escrava, não se via a necessidade de qualificação desses trabalhadores.

Moura (2004) comenta que,

A educação de adultos teve início com a chegada dos jesuítas em 1549. Essa educação esteve, durante séculos, em poder dos jesuítas que fundaram colégios nos quais era desenvolvida uma educação cujo objetivo inicial era formar uma elite religiosa (p.26).

No Brasil Império a partir de reformas educacionais, o ensino noturno começava a ser recomendado para alunos analfabetos. Dessa forma em 1876, foi feito um relatório pelo ministro Jose Bento da Cunha Figueiredo, que apontava a existência de 200 mil alunos que frequentavam aulas noturnas.

Segundo CUNHA (1999), com o desenvolvimento industrial, no início do século XX, iniciava-se um processo lento, mas crescente, de valorização da educação de adultos. A alfabetização dos adultos era entendida como um meio do país progredir, pois com independência política tornava-se necessário o fortalecimento da sociedade política dessa forma incentivar e apoiar alfabetização dos adultos era um bom motivo, devido à ampliação da base de votos.

Anos depois após a Segunda Guerra Mundial Com a criação da UNESCO (Organização das Nações Unidas Para a Educação), a Ciência e a cultura, crescia assim a preocupação com a educação em massa dos adultos.

Apesar da criação da UNESCO a partir de 1945, final do governo Vargas a democratização do acesso à educação formal, estava totalmente vinculada a ideais modernizadores, e a educação passou a ser considerada como forma de qualificar a mão de obra. Contudo ao se detectar altos índices de analfabetismo no país a UNESCO começou a solicitar aos países integrantes, que educassem os adultos analfabetos. Partindo desta iniciativa da UNESCO o governo vigente naquele período por volta de 1947, lança a 1ª Campanha de Educação de Adultos, com isso teve inicio a uma grande discussão a cerca dos analfabetos e da educação existente no Brasil.

A Educação de Jovens e Adultos estava totalmente ligada a questões econômicas, algumas transformações, movimentos e iniciativas foram criados incentivando a educação e consequentemente a EJA. Alguns movimentos eram notáveis que eram resultantes de uma sociedade capitalista que acreditava que se não houvesse educação profissional, conforme essa modalidade foi considerada, não haveria desenvolvimento industrial no país.

Conforme ainda aponta a Literatura Educacional uma nova visão sobre o problema do analfabetismo foi surgindo, junto com uma nova tendência pedagógica de alfabetização de adultos, Paulo Freire teve grande contribuição nesse processo educacional, no final da década de 50 e inicio da década de 60, devido sua idealização a uma educação voltada às camadas mais carentes, partindo das historia e vivência com a realidade, perspectiva essa que fundamentava a EJA a partir de princípios da educação popular.

A ideia que foi surgindo foi a de que o processo educativo deveria interferir na estrutura social que produzia o analfabetismo. Freire ainda enfatizava que a alfabetização é o domínio de técnicas para escrever e ler em termos conscientes e resulta numa postura atuante do homem sobre seu contexto. Essas ideias de Paulo Freire se expandiram no país e este foi reconhecido nacionalmente por seu trabalho com a educação popular e, mais especificamente, com a educação de adultos.

No ano de 1965, o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) com uma perspectiva centralizadora e doutrinária, a política educacional deste período se caracterizou por uma concepção produtivista, impulsionada pela teoria do Capital Humano, fortalecendo exclusivamente um modelo industrial-urbano com padrões capitalistas de produção e consumo.

Em 1971 a Lei nº. 5.692 (BRASIL, 1971) regulamenta o Ensino Supletivo (esse grau

de ensino visa a contemplar os jovens adultos) , ensino esse que teve procura da grande demanda que buscava profissionalização dando assim extensão a obrigatoriedade escolar.

A partir de 1985 com a redemocratização do país, o MOBRAL foi extinto e a Fundação EDUCAR passou a ocupar seu lugar, porem a mesma foi extinta por volta de 1990, onde a EJA passou a ser responsabilidade do setor público.

Nos anos 90 foi o momento da revitalização de todos os movimentos em prol da educação de Jovens e Adultos, foi publicada oficialmente é promulgada a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n° 9394/96, na qual a EJA passava a ser considerada uma modalidade da educação básica nas etapas do ensino fundamental e médio com especificidade própria, substituindo a designação Ensino Supletivo.

A partir daí foram organizados vários Fóruns que contribuirão muito para essa modalidade de ensino, que deixou de ser considerada como uma educação usada a fins políticos, onde era necessária a utilização de materiais didáticos adequados, juntamente com técnicas pedagógicas apropriadas, alem da especialização dos profissionais que trabalhavam com esse público.

Conforme citações anteriores, a EJA atende jovens e adultos que não puderam ser alfabetizados no ensino regular, são alunos que vão para o ambiente escolar após longas jornadas de trabalho o que pode acarretar em evasão escolar. Dessa maneira o professor deve ter um objetivo ao propor os conteúdos no ambiente escolar, respeitando o contexto social de cada individuo, de forma que a interdisciplinaridade aconteça, ou seja, explorada. Deve ser um ensino holístico e não fragmentado ou reduzido aos meios tradicionais de ensino.

Em suma para alfabetizar um adulto, é necessário ouvi-lo. Sempre os indagando por que quer aprender a ler e escrever? Tudo isso deve ser considerado para que a aprendizagem ganhe sentido. Portanto, o educador que é atuante em turmas de jovens e adultos precisa além de boa formação acadêmica ser alguém comprometido com a realidade de seus alunos; alguém que tenha consciência dos direitos e deveres dos cidadãos e que esteja engajado com as mudanças sociais e políticas.

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3. Considerações Finais:

Conforme foi citado e compreendido conclui-se que a modalidade de ensino EJA passou por uma longa história de evolução.

O jovem retorna a EJA em uma busca de certificação o que teoricamente o colocaria no mercado de trabalho e teria o seu lugar na sociedade garantido, tendo com isso o resgate da autoestima e passando a ser visto como um cidadão comum.

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4. Referências Bibliográficas:

 

- CUNHA, Conceição Maria da. Introdução – discutindo conceitos básicos. In: SEED-MEC Salto para o futuro – Educação de jovens e adultos. Brasília, 1999.

Disponível: http://www.moodle.ufba.br/mod/book/view.php?id=9945&chapterid=9315>. Acesso em 24/11/2013

Disponível: <http://www.mundoeducacao.com/educacao/educacao-para-jovens-adultoseja.htm>. Acesso em 24/ 11/ 2013.

MOURA, Maria da Gloria Carvalho. Educação de Jovens e Adultos: um olhar

sobre sua trajetória histórica/ Maria da Glória Carvalho Moura – Curitiba:

Educarte, 2003.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: MEC/SEF, 2000. .